Amar Vicente era como viver uma primavera interior em meio ao caos do inverno exterior. Eu queria tê-lo só para mim. Queria guardá-lo em meu despedaçado coração. Queria que ele fosse a cola que daria conta de unir todos os caquinhos que ele mesmo fez o favor de desunir, queria que ele pegasse em minha mão e jurasse que ficaríamos juntos. Eu queria muitas coisas, mas eu não queria nada como eu queria Vicente.

Ele passou por mim, lançando um olhar que fez os meus olhos encherem-se de lágrimas. Dessa vez eu não ia chorar. Apertei os olhos, sequei as lágrimas que escaparam e sorri pela minha conquista. Eu precisava fazer algo a respeito ou acabaria entrando em uma crise pior. O curioso é que eu jamais pensei que fosse capaz de amar alguém assim, alguém que não tinha coragem de compartilhar uma vida comigo, alguém que pensava que eu não passava de uma diversão.

Por favor, Deus, leve-me dessa vida se eu não conseguir vivê-la.

Meus pensamentos tornavam-se cada vez mais pessimistas, depressivos. Cerca de 10 minutos passaram. Como minutos podem parecer uma eternidade?

Vicente saiu da sala. Um belo sorriso estava estampado em seu rosto.

— Parabéns, Rebeca, você foi escolhida para a viagem.

Eu estava feliz, mas não consegui responder. A única coisa que vinha a minha mente para dizê-lo era “eu te amo”.