Angela não conseguia aprender a lidar com o emocional. O coração estava pesado, a mente à mil e a noite mais longa do que realmente era. Então começou a se desesperar, porque teria que acordar cedo, talvez passar o dia inteiro trabalhando no hospital, e não teria fôlego para isso. Não tem fôlego para isso. Uma gigantesca teoria do caos começou na sua cabeça, e tinha cada vez menos vontade de se levantar no dia seguinte. E se um pequeno caos já tivesse acontecido? E se viesse um furacão no dia seguinte? Não queria enfrentar essas coisas. Estava cansada. A respiração estava rápida demais. Estava morrendo. Iria morrer.

— Angela? Você está bem?

A voz de Fareeha a fez abrir os olhos num susto. Tinha se esquecido que não estava sozinha ali.

— Ansiedade... — respondeu baixinho, tentando respirar de forma mais calma.

— Devia ter me acordado antes. — Com toda a delicadeza do mundo, a namorada fez com que se virasse na cama e a puxou mais pra perto para poder abraçá-la.

E então começou a cantar bem baixinho alguma música de dormir em árabe, como se estivessem numa multidão e quisesse que apenas ela ouvisse.

Angela sabia que aqueles pensamentos não iriam desaparecer, mas não conseguia nem acreditar na sorte que tinha de ter Fareeha ali com ela. Estava tão acostumada a deitar e chorar sozinha no silêncio que ainda lhe era muito estranho ter alguém que a acolhesse e cantasse para que ficasse mais calma.