Before The Sunrise escrita por Ágatha Rivera


Capítulo 5
Negado!


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo narrado pelo Freddie! Aaaaaaaaai queria saber o que vocês vão achar! Digamos que dois dos lances que aparecem aqui eu não consegui esconder, mas ainda tem muitos super bem escondidos! Beijoooos.



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5. Negado!


Freddie


É isso aí. O maior (e provavelmente melhor) evento do ano estava para acontecer, Stella D’Amore iria completar 17 anos. Mês que vem. Como ela sempre convidava quase o colégio inteiro, eu naturalmente estaria na lista. Mas adivinha só?

Eu não ia poder ir!

– O QUÊ? – gritei, demonstrando que estava aceitando muito bem aquilo e com toda a maturidade. – POR QUÊ?!

Ah, quase ia esquecendo! Tudo bem, eu sei que não é a coisa mais normal do mundo eu pedir aos meus pais permissão para ir à tal festa 3 semanas antes dela acontecer e, ainda por cima, uma vez que Stella nem tinha feito o convite. Mas era uma antiga tática minha: eu tinha que pedir antes de mostrar meu boletim; daí, uma semana mais ou menos depois, eu mostrava minhas notas terríveis e ficava de castigo; no dia da festa, escapulia silenciosamente de casa e, no outro, dizia: “Mas vocês me deixaram ir antes de me colocarem de castigo! Eu não sabia que não podia!”

HAHA, eu sei que sou demais. Só que, dessa vez, não deu certo.

– Você sempre volta da festa dessa menina bêbado e rindo à toa! – repreendeu meu pai, Edward Gilbert, entredentes, naquela voz autoritária. – Por isso, este ano, eu e sua mãe decidimos não deixá-lo ir.

Bêbado?! QUALÉ! Eu nem vomitava! Um pouco mais animado do que o normal, talvez.

Apelei para o olhar de cachorrinho sem-dono. Minha mãe estremeceu, com pena; eu podia ler em seu rosto que Norah Gilbert estava arrependida de ter concordado com meu pai, que queria me abraçar e sussurrar em meu ouvido que eu podia ir.

– Por favor, pai. Juro que dessa vez vou me comportar.

Mamãe começou a sair de trás dele. Mas meu pai a impediu, bloqueando seu caminho com o braço.

– Não. Está decidido.

Fuzilei-o com os olhos. Depois encarei minha mãe, que moveu os lábios sem som para me dizer algo como “desculpe”.

Suspirei, eu sabia que nada mais ia adiantar. Marchei para meu quarto.

Fechei a porta com raiva, deitei na cama, pus meus fones de ouvido e topei o som.

Eu estava tentando não pensar, mas as palavras me vinham à cabeça sem que eu as permitisse.

“Bêbado”. Eu chego tão ruim assim em casa?

Claro que não, Fred, seu pai está exagerando como sempre! Isso não é novidade...

Eu não consigo me lembrar de NADA do que acontece comigo depois de 2 horas nas festas da Stella!

Só por isso quer dizer que você fica bêbado? Você não é de beber.

Não, eu não era de beber, mas... nas festas da Stella, eu bebia. Bebia muito. DROGA, BEBIA PRA CARALH*! Por quê?! O que acontecia comigo nessas festas?

Acho que eu e você sabemos por quê.

Suspirei. Sim, eu sabia.

Liz.

Verdade seja dita, eu não gostava daquelas festas. Nem eu, nem Brian. Mas todo mundo que era convidado ia, do contrário ficava com fama de antissocial. Bem, apesar de eu achar que era exatamente isso que o Brian era, ele não queria essa fama, e nós ficávamos fazendo companhia um ao outro.

Isso é, até que eu começava a beber.

Brian costumava sair cedo da farra, portanto nunca tinha chegado a me ver em meu pior estágio. Eu não tinha nenhum orgulho disso. Mas como diabos poderia ficar sóbrio com Elizabeth Johnson paquerando Jake Hanson a festa inteira?

Eu senti meus olhos arderem.

Ela nunca vai gostar de você, Freddie, sussurrou minha mente. Aceite isso.

Acontece que eu já tinha aceitado. Meu coração é que não.

Ele não suportava vê-la derreter-se toda por um mauricinho metido a besta.

Só então percebi que estava chorando. Merda, xinguei, e limpei meu rosto com as costas do braço. Só Deus sabe tudo o que eu já fiz por Elizabeth Johnson. Todo dia me arrumava para ir ao colégio. Às vezes largava o Trevor, meu melhor amigo, para ir conversar com ela e as amigas na hora do intervalo. Tinha até mesmo feito amizade com Brian (alguém aí ainda não percebeu que o cara é gay?)! E, fala sério, a minha vida inteira eu fui tipo homofóbico! Tudo bem que graças a essa amizade meu preconceito passou, e agora eu considerava o Brian uma ótima pessoa, mas... A questão é que foi muito difícil.

E eu tinha feito tudo isso por ela. Uma ingrata que amava o Jake Hanson, e nem ao menos notava meus esforços ou o meu desejo...

Pare, ordenei a mim mesmo. Pare com isso AGORA, ou não vai conseguir dormir.

Decidi escutar a voz da consciência. Diminuí um pouco o volume do meu iPod e saí da cama para tirar o edredom dela.

Cheguei ao travesseiro, cobri-me com o lençol, não quis nem ir colocar o pijama. Voltei a topar o volume, e, depois de algum tempo, apaguei.

***

– MEU DEUS, MEU DEUS, MEU DEUS! – Catherine cantarolava feito retardada. – Não acredito que esqueci, não-acredito-que-esqueci-não-acredito-que-esqueci! Com que roupa eu vou, com-que-roupa-COM-QUE-ROUPA?

– Ei, Catherine. Não rimou! – desdenhei. Ela me fuzilou com os olhos.

– RÁ, RÁ, RÁ, engraçadinho!

– Não, é sério. Você sempre rima.

Lizzie, Nicole e Sophie caíram na gargalhada.

Era verdade, não era? Catherine, sempre que começava a cantarolar desse jeito, gostava de rimar. Segundo ela, ficava mais bonitinho.

Eu ri logo depois. Achei que Catherine fosse ficar furiosa, mas ela revirou os olhos e sorriu.

– Tá, eu estava sem criatividade pra rimas.

– Sem graça, Cathy! – provocou Sophie.

Cathy abriu a boca para falar alguma coisa, mas Sophie a interrompeu, abrindo um sorriso doce de “estou brincando”. Eu também sorri. Ah, eu gostava de Sophie. Não do jeito que me sentia em relação à Liz, mas a garota era bonitinha e simpática.

Ao fim de sua risada, Nicole nos chamou a atenção:

– Ei, gente, olha ali o Aiden!

Foquei minha visão no local para onde ela estava apontando, e realmente o vi. Fiz uma careta e senti algo parecido com desconfiança.

Aiden era popular, mas já tinha sido mais. Desde que parara de andar (tanto) com Jake Hanson e companhia, fora rebaixado no ranking. Ninguém sabia exatamente por que a amizade deles tinha esfriado, mas Aiden ainda falava com tanta gente e era considerado tão bonito que nem um desacerto de contas com o Mais Mais do colégio foi suficiente para bani-lo da Sociedade dos Populares.

Ele era alto e forte. Tinha cabelos escuros como carvão e os olhos azuis. Na moral, sem querer soar gay, mas já soando, na minha opinião as garotas deviam gostar mais dele do que do Jake Hanson! Jake nem era tão bonito assim (será que estou falando isso por puros ciúmes?). Só porque era loiro, cabelo liso e surfista, as garotas corriam atrás.

Eu senti meu ego murchar à medida que ele se aproximava, ao mesmo tempo em que o sentimento de desconfiança e a tensão masculina no ar entre nós dois crescia.

Até que ele olhou diretamente para nós e sorriu para Nicole.

– Hey, Nikki! – cumprimentou, passando um braço pela cintura dela e lhe dando um beijo na bochecha. Queria eu poder cumprimentar assim todas as garotas bonitas!

Nicole deu uma risadinha boba.

– Ah... oi, Aiden. – Ela sorriu indiscretamente.

Cathy tinha um olhar cheio de malícia para os dois. Ela me encarou, e eu balancei as sobrancelhas sugestivamente. Não ia me importar se a tonta da Nicole ficasse com o Aiden.

Aiden piscou para Nicole e voltou-se para Catherine.

– E aí, Catherine, como vão as coisas?

– Bem – ela respondeu com sua voz de flerte. Depois, abriu um sorriso. – E com você?

– Também. E você... – ele focou os olhos em Lizzie. – Já estudamos na mesma sala, não é?

Lizzie era a única que não parecia interessada em Aiden. Quando ela sorriu forçadamente para aquela pergunta, eu tive a felicidade de descobrir que não era só isso – mas que, assim como eu, ela tinha uma inimizade por aquele cara.

– É, foi ano passado. Elizabeth Johnson.

– Ah, sim, claro! Lizzie Johnson, a queridinha dos professores – zoou ele.

Realmente, Lizzie costumava atrair a atenção dos professores. Hoje, nem tanto por suas notas, mas por seu jeito tímido e comportado na sala, acho.

– Fazer o que, né? – Lizzie deu de ombros, com seu sorriso mais falso e amarelo no rosto.

Vai entender, pelo visto Aiden era um dos poucos caras com quem eu não precisava me preocupar em relação a roubar a Liz de mim, e eu sentia essa total antipatia não-identificada por ele!

– E você, cara?

– Frederick Gilbert – forcei-me a ser simpático, e me saí dez mil vezes melhor do que Liz.

– Aiden, o jogo – lembrou um loiro do olho verde que estava ao lado dele. Como era mesmo o nome do garoto...?

– Ah, sim, claro! Bom, tchau, gente.

– Tchau – dissemos em coro. Alguns de nós mais animados do que outros.

Ele sorriu de um jeito “sou um deus e você não”, que nunca na minha vida eu seria capaz de imitar, antes de desaparecer de nossa vista.


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Notas finais do capítulo

E aí? Olha, pra falar a verdade, nessa parte da história o Brian ainda tá indeciso se é gay ou não, ele nunca admitiu, mas o Freddie fala que o Brian é porque o Freddie tem certeza que o Brian é. (E será que é?) Você, o que acha?