Enquanto cobria seus ouvidos e permanecia com os olhos fechados, seu mundo parecia pequeno dentro daquele armário. Enquanto tentava não ouvir os sons de sua mãe sendo espancada no quarto ao lado, o medo se alastrou sobre ele. Era apenas uma criança. Ele se encolhia na solidão, com seu choro silencioso, até ouvir o som de peso se espatifar no chão. Foi quando começou a soluçar e a chorar mais alto, o forçando a tirar as mãos de seus ouvidos, e coloca-las em sua boca, tampando o som.

Isso iria parar como? Com sua mãe morta, e seu padrasto espancando ele quando lhe desse vontade. Primeiro sua mãe era espancada, ele se escondeu no armário, chorou alto, e a porta fora arrombada, e um braço adulto o puxou a força pelo couro cabeludo, ele tentou escapar, mas seus socos eram fracos demais. Gritava esperando alguém ajudá-lo, mas ninguém o ouvia enquanto era arrastado escada abaixo. Foi uma questão de segundos horríveis ver sua mãe com o olho inchado, com boca e nariz, ambos sangrando, se apoiando no balcão da cozinha, até sentir os punhos grossos de seu padrasto acertarem sua cara, e ver sua mãe tentando te proteger, mas sem sucesso. Sentindo como se um tijolo tentasse ser quebrado em sua cara, podê ver o relance de sua mãe fincando uma faca nas costas do gigante, que berrou uma dor insuportável.

O garoto se levantou quase quebrando seus braços para conseguir. Sua mãe e seu padrasto travavam uma briga, enquanto o garoto via borrões colidindo e sentindo uma dor na cabeça horrível, mas pode ouvir risos, viu um borrão se aproximar dele, também pôde sentir o gosto de metal apertando de dentro da sua boca. Escutou risadas brutais e psicóticas. Ouviu vozes, mas não as compreendia, sentiu uma mão segura-lo pelas costas.

Sua visão e audição voltaram, seu padrasto o segurava com um sorriso, colocando uma faca em sua boca, e olhando com seus olhos fundos e sombrios, quase sem alma, pôde escutar:

— Por que está tão sério?