Ruined Dreams escrita por WeekendWarrior


Capítulo 15
Cruel World


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Coloque!

James forçava a aliança contra meu anelar. Minha vontade era de empurrar aquela aliança a goela abaixo dele, mas apenas deixei-o me aprisionar novamente. Me sentia assim com esse anel em meu dedo, aprisionada novamente.

— Pronto – ele sorriu – É assim que deve ser, meu amor. Agora sente-se aqui.

Apontou para a cama e assim fiz, sentei-me na borda.

— Precisamos conversar e você sabe. Sei que acha que não me ama mais, mas entenda, – suas mãos seguraram meu rosto de modo a fitá-lo nos olhos – nosso amor é maior que tudo isso. Entendeu? Iremos passar por isso juntos. Vou provar que mudei. Eu mudei, Elizabeth.

Ele sorria, era um sorriso puramente sincero, porém cheio de ameaças. Toquei as mãos de James.

— Deixe-me ir, por favor…

— Não! – gritou e se afastou – Que porra, Elizabeth! Estou acatando a você! Estou agindo como um bom homem, vindo atrás de você do modo certo, pois você bem sabe, eu poderia muito bem chegar aqui, estourar os miolos daquele desgraçado e levá-la a força… mas não! Estou te dando a chance de fazer a escolha certa…

Ri de canto para impedir as lágrimas de caírem. Mudou? James não mudou nada! Ele acha que está dando-me a chance de escolher, porém a escolha se desfez no momento que ele atravessou a porta de minha casa e ele sabe disso. O homem sabe que não tenho escolha. Ele bem sabe que me perdeu do modo que ele sempre temeu, perdeu meu amor e usará meus sentimentos contra mim.

— O que você quer, Jim?

O moreno se abaixou em minha frente, seus mãos em meus quadris.

— Quero que volte para mim, farei diferente dessa vez. Será que não vê? Mudei por você. Não aguento viver sem você, meu amor. Provarei que mudei. Eu realmente mudei, querida.

— Se me ama e mudou… deixe-me livre.

Ele sorriu cínico.

— Para que volte para aquele homem? Nunca! Você é minha diante Deus e aos homens. E para provar meu amor e mudança, deixarei seu amante vivo.

Uma lágrima solitária escorreu sem minha permissão.

— Jim…

— Ssh! – seus dedos tamparam meus lábios – Seja sábia e escolha o certo – falou num tom ameaçador.

Eu sentia a ameaça em cada palavra de James e o medo de ser violentada atravessava meu corpo. Tudo estava perdido.

— Não irá machucá-lo… – balbuciei.

— Por mais que essa seja minha vontade… não.

— Promete?

— Sim.

— Jure.

— Eu juro.

Encarei os olhos castanhos mentirosos e passei a mão por entre os cabelos bem aparados de meu marido.

— Eu vou com você, Jim. Mas se você machucá-lo ou matá-lo, saiba que… – puxei os cabelos dele com força para que doesse – eu me mato, James, eu me mato. Eu tiro a droga da minha vida.

Sim, se algo acontecesse à Jake por conta de James, por minha causa, eu me mataria.

James se levantou e beijou-me nos lábios.

— Primeiro quero que faça uma coisa. Prove que está comigo pra sempre e tudo estará bem. Enfim poderemos partir.

— Diga.

— Se desfaça dele. Tudo que o disse ou prometeu, desminta. Não sei o que disse ou o contou, Elizabeth, mas desfaça e pra sempre. E isso não é um pedido, estou mandando.

Deu-me um olhar gélido e saiu do quarto, trancando a porta atrás de si. Enfim deixei as lágrimas caírem. Queria libertar o grito preso em minha garganta, mas impedi-me de fazê-lo.

Escutei vozes atrás da porta, vozes masculinas, obviamente dos capangas de James. Deitei na cama e deixei o mundo cair sobre meus ombros. Eu sempre soube que isso aconteceria, que ele me acharia e me desmoronaria, me destruiria em um milhão de pedaços.

Só de pensar que eu estava feliz minutos antes, estava tudo bem, tudo em seu devido lugar. Eu sabia que estava andando sobre cacos de vidros, tentando arduamente não cortar meus pés, porém agora os vejo ensanguentados.

As lágrimas escorreram em memória a momentos felizes com Jake. Vejo que não perderia somente a ele, mas sim a tudo que aqui conquistei. As amizades, o emprego, a felicidade… Haviam tantas coisas que simplesmente voaram ao ar, sucumbiram na escuridão, desfizeram-se em um milhão de pedaços dentro de minhas mentiras.

— Me perdoe, Jake. Me perdoe.

Sussurrei para o nada, para o vazio, para o vento, na esperança de que minhas palavras chegassem até Jake.

Um lado de meu rosto ainda ardia, o corte sobre minha sobrancelha havia para de sangrar mas doía. Tudo parecia doer na verdade, os impactos no chão, meus cotovelos, ombro esquerdo e quadril. Minha alma doía.

Tudo foi tão rápido, num segundo tinha meu amor em meus braços, logo em seguida o tinha partindo, batendo a porta com força atrás de si, dando uma partida furiosa em sua caminhonete. Meu coração se desfez, minha alma morreu, tudo em questão de segundos. Meu mundo desmoronou diante de meus olhos e nada podia eu fazer.

E o último olhar que ele direcionou-me? Cheio de repulsa. Como se não acreditasse no que seus olhos viam, o que seu corpo sentia e eu não negava.

Estava acabado, era o fim. Porém eu sei do que James é capaz, o bronzeado o mataria sem pensar duas vezes e por um milagre divino, não o fez. Talvez Deus esteja atendendo a minhas preces, bom, a parte delas.

Se for para que Jake fique bem eu aceito o que está por vir, aceito meu futuro, qual um dia já experimentei no passado. Farei o que James está mandando-me, colocarei um fim no que nunca deveria ter começado e agora parecia-me a única coisa certa que fiz na vida. Eu simplesmente mataria a mim e a Jake, mataria nosso amor.

 

Jake

Via tudo vermelho enquanto dirigia em direção minha casa. Sentia meu pescoço e parte do rosto pegar fogo, apertava o volante com força, meus nódulos ficando brancos. Respiração descompassada e peito arfante.

No fundo eu tremia de ódio e desespero. Negava-me o que acontecia, o que ocorria em minha vida. Elizabeth casada? Pelo amor de Deus! Seria isso real? Estaria isso mesmo acontecendo? Estou sonhando? Tendo um pesadelo? Minha cabeça parece dar pontadas.

Minha vontade é de socar algo até a morte, gritar, urrar. Acelero o automóvel pela estrada deserta em direção minha casa, onde posso extravasar meu ódio.

A respiração não desacelera, meu coração bate rápido, sinto que posso ter um enfarte a qualquer momento. Passo minha mão esquerda sobre o rosto e sinto os dedos frios, um tanto trêmulos.

Meneio a cabeça negativamente pensando em Elizabeth. Casada! Ela é casada. Mentiu pra mim, mentiu pra todos. Seu marido apareceu em sua porta e ela não negou, ficou lá encarando-me como se não fosse culpada de nada.

Ela mentiu, mentiu, mentiu e mentiu. Me iludiu, fez-me cair de joelhos aos seus pés, fez-me acreditar que era o único homem em sua vida. Deus, eu sabia! Sabia que tudo estava bom demais para ser verdade.

Mais uma vez controlei minha raiva e apertei o volante com força. Chegando em casa pude pensar com mais coerência, pude impedir-me de matar alguém ou destruir alguma coisa. Sentia-me devastado, meu peito doía. Não sabia bem o que era, talvez angústia juntamente do ódio.

Ódio por ela ter mentido e eu acreditado. Mas como eu saberia? Nunca que desconfiaria. Isso é tão errado, quase surreal.

A tive em meus braços todo esse tempo enquanto a mesma pertencia a outro, estava fadada a outro homem esse tempo todo. Só de pensar que cogitei em pedi-la em casamento um calafrio correu minha espinha.

Seitei-me na beirada do sofá e coloquei a cabeça entre as mãos. Minha mente não parava, me torturava, me culpava. O olhar desesperado que Elizabeth lançou-me, o último olhar que vi antes de deixá-la a sós com seu marido.

Por que ela faria uma coisa dessas? Viria pra cá, deixaria seu marido pra trás e se envolveria comigo? Por quê? Será que a culpa não a abatia ao saber que deitava-se comigo estando atada a outro homem, que pelo vi, também parecia alheio a situação.

Suspirei e encostei-me no sofá, relaxei as costas e apoiei a cabeça no encosto, encarando o teto. Pensando em quão azarado sou. Em quão burro fui! Fui descaradamente usado! O pior de tudo é que a amo, eu a amo. Mas do que adianta? Experimentei de uma mentira.

Sinto a angustia voltar e encher meu peito, dando-me vontade de destruir algo. Quero odiar Elizabeth, quero ter raiva dela, porém não consigo. Não consigo. Eu ainda a quero, mesmo que seja errado, mas não serei tolo, não novamente. Sinto que está tudo acabado. Numa hora dessas ela já deve estar se reconciliando com seu marido, que pelo meu ver parece ser alguém influente, nunca vi alguém tão bem-vestido que não fosse para um evento.

Só de visá-la com ele agora, em seus braços, tendo-a presa a si, beijando-a, sinto um ódio desconhecido tomar meu corpo, sinto como se Elizabeth fosse minha, ainda minha. Mas ela nunca foi, nunca foi inteiramente minha e uma coisa está certa, o que temos acabou.

— Merda! Inferno! – exclamo entre os dentes e jogo a almofada de encontro ao chão.

O que você fez, Elizabeth? O que fez consigo? O que fez comigo?

 

Elizabeth

— Aqui estamos, meu amor – disse um calmo James – Você tem cinco minutos – constatou em seu relógio de ouro reluzente.

— Jim, por favor, não me faça fazer isso. Podemos apenas partir?

Ele sorriu mostrando o dente de ouro no canino. Sua mão direita tatuada com os símbolos de sua antiga gangue espanhola chegou ao meu queixo, apertando-o com força.

— Não, querida. Você vai lá e vai acabar com isso – balançou meu rosto – E dê-se com sorte por eu não ir junto, porque juro, se eu tiver de entrar lá, será para matá-lo.

Tirei sua mão de meu rosto.

— Eu já disse. Se você fizer algo a ele, eu me mato, James!

Ele riu como se não me levasse a sério.

— Amor, você sabe e eu sei, você nunca faria isso. Você morre de medo da morte, olhe como se submete a mim por temer o sono eterno.

Ele sorria, me zombando.

— Não duvide, meu amor, não duvide.

Dito isso deixei seu carro e encarei a porta da casa de meu único e verdadeiro amor. Sentia-me com medo e culpa, sabia que seria rechaçada. Sabia que Jake me repeliria e era o pior pra mim.

Olhei pra trás e lá estava James, dentro de seu Monte Carlo, a mão no queixo. Eu sabia que tudo isso era uma prova, estava testando-me, mostrando-me o poder que tinha sobre mim.

Suspirei e movi-me em direção a porta de madeira maciça. Foram-se dois dias desde a última vez que nos vimos e foram os piores dias de minha vida. Tinha James por perto, sempre tocando-me, me julgando, me forçando a amá-lo.

Arrumei meu óculos e bati na porta duas vezes. Nesse momento já não era mais eu, pois minhas pernas falharam e meu coração palpitou. As palavras de James em minha mente. “Não tente nada imprudente. Não faça nada que não vá me agradar. Termine o que nunca devia ter começado”.

Suas ameaças eram infinitas. De dez palavras, nove eram ameaças contra mim e eu sabia que era apenas o começo.

A porta abriu-se varrendo meus pensamentos, logo que avistei o rosto que tanto amo, lágrimas brotaram em meus olhos. Seu olhar era passivo sobre mim, como se eu fosse um desconhecido em sua porta.

Minha voz foi em mero sussurro.

 Jake, eu… 


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