Ruined Dreams escrita por WeekendWarrior


Capítulo 10
Fluorescent Adolescent


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Jake

Lizzy segura um pote de pipoca, demora cotas para comer apenas uma, pega umazinha, segura entre os dentes da frente e parece brincar com a comida.

Não podia ver seu rosto, pois estava de costas pra mim, mais especificamente colada ao lado direito de meu corpo. Tenho meu braço direito sobre seus ombros, dali pego um punhado de pipoca.

— Eu nem sabia que isso ainda funcionava – falou se referindo ao Drive-in.

— É antigo pra caramba, um dos poucos que ainda funcionam.

Ela assentiu e pegou outra pipoca, continuou com a brincadeira entre os dentes.

— Lembro daqui na adolescência… – ela menou a cabeça, sorria, parecia se lembrar de alguma memória – Foram bons tempos, o melhor que eu tive.

Ela se ajeitou melhor no carro e colocou um pé sobre o banco triplo de minha caminhonete.

— Lembro dos garotos, eram elétricos, tudo mundo louco – proferi.

Ela riu e cara, como gosto do som harmonioso de sua risada.

— Lembrando que você era um – me jogou um olhar de soslaio.

Sorri e beijei o topo de sua cabeça.

— Você tem razão.

A observei se esticar até a lata de Coca-Cola e tomar um gole, lembrei que ela odeia meu refrigerante preferido. Lizzy é tão espontânea tanto quanto é fechada. Num momento acho que consegui infiltrar seus pensamentos, no outro descubro que a tentativa foi falha.

Posso jurar que há dois dias vi um resquício de choro em sua feição quando chegou no bar, porém se isso realmente ocorreu, disfarçou bem.

Sinto que Elizabeth me esconde algo e é como se ela fosse sumir a qualquer momento. Acho que é porque ela o fez um dia, sumiu sem mais nem menos e ainda tenho as memórias vivas em minha mente.

Fiquei pensando na garota de olhos verdes o verão inteiro e me amaldiçoei por não ter pedido seu número. Em todas festas que fui a partir dali, ela não estava. Não apareceria em sua casa, não queria transmitir desespero. Deduzi que ela tivesse ido viajar.

As férias de verão acabaram e as aulas voltaram, nenhuma notícia de Lizzy. Então, quase doido por notícias dela, comecei a ir nas saídas do colégio, pois nenhum de meus amigos sabiam dela. Fiquei uma semana indo e nada dela, ela não estava lá. Apenas me perguntava: Pra onde você foi?

Quando estava quase desistindo, quase indo na casa dela, avisto a amiga ruiva que estava com ela na festa a algumas semanas atrás. Corri louco até a garota, lembro da feição assustada dela.

— Você é amiga da Lizzy, não é?

Ela olhou pros lados cômica e assentiu.

— Sim.

— Você sabe dela? – fui direto.

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Como assim?

— Quero saber dela, onde ela está.

Sua face se clareou.

— Não sabe? Ela foi embora, se mudou.

Nem sei explicar o quanto fiquei indignado com aquela notícia, não podia ser real.

— Se mudou? Mas como…

— Foi pra Nova York com a mãe, pra bem longe. Sinto muito, garanhão, tenho que ir.

Até lembro da cara de panaca que fiquei e do jeito que a sardenta jogou os cabelos ruivos.

Agora acho toda essa situação engraçada, mas o desespero na época foi real, porém passou. Era um jovem elétrico que logo teve de tomar decisões importantes. Nunca pensei que reveria Lizzy, nunca. E que a acharia assim, linda e solteira.

Você tem noção do quão louco fiquei? Não era mais uma garotinha e sim uma mulher. Aquele olhar lânguido e perdido, a voz ainda doce, parecia uma gata perdida e sem dono, porém bem arisca.

Faria qualquer coisa para tê-la por perto, até mesmo que ela fosse a pior garçonete do mundo, a manteria ali, não poderia dispensá-la, mesmo que quisesse.

E beijá-la novamente, tocar seu corpo. Isso é mais do que posso segurar! É só ela chegar perto que fico meio doido, querendo colar minha boca na dela, não sei explicar.

No começo senti a hesitação de sua parte, fui com calma, num tom amigo. Quando vi já a tinha enroscada a mim de bom grado.

Ela se ajeitou melhor, se colando ainda mais a mim e continuou a fitar a tela vazia do Drive-in.

— Eu nem perguntei, mas que filme viemos ver?

— Matrix.

Ela se virou e me encarou com uma feição muito engraçada, segurei o riso.

— Não acredito, Jake! Você me trouxe pra ver Matrix?

Não consegui segurar o riso.

— Qual o problema?

— O problema é que já vi esse filme umas três vezes, acho… e não entendi nada.

Meneei cabeça e sorri pra ela.

— Eu te explico o filme, é bem assim: Matrix não é real, Neo vive num mundo artificial, real mesmo é Zion e…

Ela tapou minha boca com a mão.

— Não fale nada, Jake – por fim ela sorriu e meneou a cabeça negativamente – Você se superou, hein!

Se acomodou de volta rente ao meu corpo, botei meu braço sobre seus ombros.

— Te falei que sou péssimo com essas coisas. Sei que não é um programa muito legal pro segundo encontro, mas…

Ela riu e colocou a mão sobre minha coxa.

— Tudo bem. Estava brincando, estou gostando. Bom, pelo menos Keanu Reeves ainda era gatinho naquela época.

Sem conter-me a trouxe pra mim e a beijei. É difícil estar perto dela e não querer tocá-la. Tudo parece extremamente convidativo, o falar, o andar, seus lábios… Tudo nela parece perfeito pra mim. Porra, como quero essa mulher!

Sinto seu gosto em minha língua, ela corresponde ao beijo com vontade. Minha vontade é de tirar essas malditas roupas que nos separam, mas calma, vamos deixá-la dar o sinal que quer isso também.

Lizzy se afasta e me beija lentamente por último.

— Concentração no filme, mocinho. Você me trouxe pra cá, agora vou tentar entender Matrix pela milionésima vez.

 

— Pronto – digo ao estacionar em frente a sua casa.

Ela se aproxima e me segura pela nuca, seguro sua cintura.

— Foi muito divertido. Finalmente entendi Matrix, mas não estou nada a fim de assistir os outros dois filmes da franquia.

— Fique calma, não vou te obrigar a isso.

— Ufa!

Me beija de leve e me encara nos olhos.

— Ah, Wendy te contou que vamos ser padrinhos dela? Tipo, ela nem pediu, foi logo falando: “você e Jake”.

Assenti quase virando os olhos.

— Ela não fala de outra coisa, Liz.

Ela me dá um tapinha no ombro.

— Ai, não fale assim! Ela está tão feliz.

— Eu sei, estou feliz por ela e Tarik.

Lizzy fica a me encarar fundo nos olhos e sinto que ela quer me contar algo, porém nada diz, apenas me abraça forte. O que será que se passa na cabeça dessa mulher?

— Por que voltou Liz?

A senti retesar e não me encarou ao falar:

— Não sei… – deu de ombros – mudança é bom, não? É o que dizem.

Não botei fé em sua frase, não a prensei para falar, apenas mudei de assunto.

— Sabia que eu a procurei naquela época depois que partiu?

Ela se aprumou me encarando, o rosto surpreso.

— Sério?

Assenti e a contei tudo, desde o começo.

— Mary nunca me falou disso – tinha os dedos sobre os lábios, parecia pensar – Ah, mas nem importa agora. Sabia que eu guardei os cigarros cor-de-rosa? Tinha pena de fumá-los. Um dia minha mãe os achou, estavam velhos e ela os jogou fora, fiquei muito braba.

Ri da história.

— Eu a compro outros, quais cores quiser. Você fuma?

Ela negou num aceno de cabeça.

— Parei faz dois anos.

— Ah, isso é bom.

Ela sorriu e olhou em direção a sua casa.

— Tenho de entrar, Floyd deve estar se sentindo solitário.

Segurei-a pela nuca, senti a pele macia e quente da região, sem resistir a beijei no pescoço, um perfume doce se desprendia dali.

— E a dona dele? Anda se sentido solitária também?

Ela soltou uma respiração pesada e sorriu ao sentir-me beijar seu queixo.

— Não, não mais.

Fitei seu rosto na quase penumbra do carro, podia jurar que estava com o olhar excitado. A vi se aproximar e achar meus lábios, centrou-se no lábio inferior, logo senti sua língua pedir passagem, concedi e a trouxe para mais perto enquanto a tinha presa pela boca. Aposto que ela não estava diferente de mim, o corpo quente de desejo.

Ela nos apartou e colocou a mão em meu peito.

— Tenho mesmo de entrar. Obrigada por hoje.

— Eu que te agradeço.

Segurei-a pelo queixo e a beijei rápido.

— Até amanhã, chefinho.

Deu-me um último selinho e saiu do carro correndinho. Fiquei a observá-la até entrar em casa, com um aceno ela fechou a porta.

Solto o ar com força, esfrego meu rosto com as mãos. Apoio minha cabeça no volante e sorrio. Essa mulher vai me matar, sério, estou louco.

Dou partida no carro e penso no quão ferrado estou.


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Notas finais do capítulo

Beijos!



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