Behind the Ice Mask escrita por Haruyuki


Capítulo 1
Capítulo 1




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Quando recebe o envelope marrom em mãos, promotor de justiça Victor Nikiforov apenas solta um gemido baixo. Lidar com um caso de violência envolvendo um adolescente é complicado. Sentado em um sofá preto, ele abre o envelope e tira as folhas de dentro. De cara, ele vê as informações do acusado e lê rapidamente.

Nome: Yuuri Katsuki

Idade: 16 anos

Sexo: Masculino

Profissão: Estudante de ensino médio

Identidade: xxxxxx

Endereço: xxxx

Cidade: Nova York

País: Estados Unidos da América

Crime: Acusado se envolveu com um político anônimo, machucando-o violentamente. Vítima prestou queixa na polícia com o auxílio de testemunha, também anônima, e acusado foi preso no local, levado para ser indiciado. Como o acusado é de menor de idade, ele foi condenado a passar um ano em regime de observação em Detroit, sob fiscalização de Celestino Cialdini…

Victor solta um suspiro e ao parar de ler, anota o endereço do local no celular e já partindo, decidido a estudar esse caso estranho depois de conversar com o estudante e com o responsável.

O café LeBlanc se situa em um bairro humilde de Detroit. Uma construção simples, de dois andares, em tons de marrom e vermelho, plantas bem cuidadas na frente e um grande vidro por onde dá para ver o interior. Eu conheço esse lugar? Victor vê 3 mesas e um balcão, com alguns clientes conversando com um homem de cabelos negros que está de costas, com uma camisa branca, calça preta e um avental verde… Merda. Como alguém pode usar roupas coladas desse jeito no corpo?

Uma cliente nota Victor olhando e fala algo para o homem, que vira o rosto. Então Victor vê o mais belo par de olhos negros no mais perfeito rosto oriental. Os óculos grandes dá a ele um ar de fofura que atinge o promotor em cheio. O rapaz se fala algo e se aproxima da porta, a abrindo.

“Posso ajudá-lo?” Ele pergunta, com sua voz angelical.

3 acertos. Nocaute.

“Senhor?” Victor escuta, e se recompõe.

“Procuro por Celestino Cialdini e Yuuri Katsuki.” Ele fala, fazendo o rapaz inclinar o rosto.

“Sobre o que se trata?”

“Meu nome é Victor Nikiforov e estou aqui para tratar do caso de lesão corporal ao qual o Sr. Katsuki está no momento cumprindo pena.”

“Queira me desculpar, mas deve haver um engano.” Ele diz, franzindo a testa.

“Como?” Victor pergunta, surpreso.

“Meu nome é Yuuri Katsuki.” Ele fala, não desviando o olhar do promotor. “E esse caso que você está se referindo é de 7 anos atrás, cujas queixas contra mim foram retiradas.”

“O quê?!” Victor exclama, confuso com o que escuta.

“Sr. Nikiforov.” Yuuri Katsuki diz, abrindo a porta. “Por favor entre. Podemos conversar melhor lá dentro.”

Com um aceno, Victor se vê entrando no café e se sentando em uma mesa, observando o rapaz receber dinheiro de seus clientes, que saem da loja. O japonês segue até detrás do balcão, lavando algo.

Sem saber o que falar e desejando não se embaraçar cada vez mais para o japonês, Victor decide se focar nos documentos que carrega, voltando a ler, agora com mais detalhes, soltando um gemido alto ao ver que realmente é um documento de 6 anos atrás, e que deveria ser um caso encerrado.

“Fui enganado.” Ele fala, batendo com a cabeça na mesa.

Ele sente um cheiro bom e escuta uma risada, erguendo o rosto e vendo o japonês se aproximar com duas xícaras brancas.

“Café. Por conta da casa.” Yuuri Katsuki depositam as xícaras na mesa e retira o avental do corpo, se sentando na mesa, ao lado oposto de Victor. “Então, é um engano?”

“Me desculpe. Eu deveria ter percebido.” O promotor diz, agradecendo pelo café e o tomando… “Vkusno!!!!”

Yuuri Katsuki o olha com surpresa, piscando várias vezes antes de cair na gargalhada.

“Me desculpe. Não entendi o que você disse, mas pelo tom, você deve ter gostado. Que bom.” Ele diz, se acalmando.

“É delicioso! Eu nunca tomei um café assim!” O promotor explica, surpreso.

“É uma das especialidades da casa.” Yuuri diz, bebendo o café. “Caso sinta fome, Sr. Nikiforov, posso lhe servir um prato de arroz com curry, que também é nossa especialidade.”

“Você pode me chamar de Victor.” O promotor diz, finalizando o café.

“E você pode me chamar de Yuuri.”

“Talvez uma outra ocasião eu coma.” Victor se levanta, mas uma mão o toca no braço.

“Você quer ouvir?” Ele pergunta, timidamente. “Eu posso contar minha parte da história.”

Victor o olha, antes de afirmar com a cabeça e voltar a se sentar. Este se levanta e volta para o balcão, preparando algo. Logo ele retorna com mais café, uma grande quantidade de cookies e uma garrafa termal.

“Desculpe. A história é um pouco longa, então decidi me antecipar.” Ele fala, abrindo um sorriso. “E como ninguém mais deve vir por um bom tempo, não teremos interrupções.”

“Ok.” Victor diz, ansioso pelo que irá ouvir.

“Como disse antes, meu nome é Yuuri Katsuki. Eu sou do Japão e com 15 anos de idade, vim para cá para estudar e treinar patinação de gelo. E então, 7 anos atrás, no dia 29 de novembro, meu aniversário de 16 anos, estava voltando da escola de dança, de noite, quando encontro um casal discutindo no meio da rua. O homem, visivelmente bêbado, estava forçando a moça a entrar dentro de um carro. É claro que na época eu não sabia quem ele era, e como estava escuro, não pude enxergar direito os rostos de ambos. Tentei ajudar a moça, e de repente, ele tropeça e bate com a testa nas grades da calçada.”

Victor arregala os olhos.

“Haviam chamado a polícia e o homem começou a me acusar de ter empurrado ele, forçando a moça a dizer para os policiais que eu o agredi. Assim, fui algemado contra minha própria vontade e levado para ser interrogado. Ou melhor, espancado. Sim. Eles me bateram no rosto e no meu corpo, recebi uma ficha criminal e a sentença. Vim parar aqui, nesta cafeteria, que na época era de Celestino. Ele me ensinou tudo sobre café e curry e como eu gosto de cozinhar, eu aprendi rápido. Como fui expulso da minha escola antiga, acabei sendo transferido para a Academia Shujin, que na época tinha um programa de intercâmbio voltado para alunos japoneses.”

“A escola do professor obcecado?” Victor pergunta, comendo um cookie.

“Sim. Quando eu me transferi, os alunos já sabiam da minha situação. Passei boa parte vivendo entre os mais absurdos rumores, sendo ignorado por quase todos os alunos.e professores, e também como vítima de bullying. A situação piorou quando uma das alunas tentou se suicidar. Um aluno que era conhecido por ser problemático decidiu enfrentar o tal professor, junto comigo e mais outro aluno. O professor não gostou, e ameaçou nos expulsar. Dias depois, certos cartões surgiram nos murais da escola, incriminando o professor. Sorte a nossa que no dia em que ele ia nos expulsar, ele apareceu chorando, dizendo estar arrependido do que fez. “

“Uau!” Victor fala, surpreso.

“Apesar de tudo, eu comecei a fazer amizade com o garoto problemático, uma garota solitária, e o terceiro envolvido no lance do professor. Tudo estava bem calmo quando essa minha amiga, que é muito bonita, notou estar sendo perseguida pelas ruas. E seu perseguidor acabou sendo um estudante de arte que queria ela como modelo. Após diversas surpresas, descobrimos que esse estudante morava com um pintor famoso, e que esse pintor apresentava os quadros de seus estudantes como obras suas e um dos quadros mais famosos dele foi replicado para ser vendido à colecionadores.

Victor se pergunta se ele está se referindo ao caso do pintor que na época estava bem popular, que como professor foi alvo dos Phanton Thieves.

“Bem, de repente ele apareceu em uma conferência revelando tudo e chocando a todos. O tal estudante de arte se tornou nosso amigo, apesar de ser um tanto excêntrico.” Ele dá risada, e Victor se vê desejando escutar a voz dele para sempre. “E então, estudantes da escola passaram a ser importunados por pessoas que as forçam a transportar drogas. O diretor decidiu deixar o problema para a presidente do conselho estudantil, que por ser cabeça-quente, decidiu encarar o líder do grupo mafioso de frente e com isso, eu e meus amigos decidimos ajudá-la. Lembro que até a polícia tinha dificuldade de chegar até ele. Isso apenas gerou mais problemas, principalmente para mim que tinha nos ombros uma ficha criminal. Bem, o homem também surgiu na televisão, revelando todos os seus esquemas e com isso tudo se resolveu e ganhamos mais uma amiga.”

Yuuri ergue o rosto e sorri.

“Com licença, tenho novos clientes. Fique à vontade que logo voltarei com o resto da minha história.” Ele fala, se levantando e recebendo um casal, que o abraça.

E Victor se vê desejando ser ele quem abraça aquele japonês super fofo.


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