She keeps me warm escrita por Sara Nayara


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá lindx, tudo bom??

Espero que sua leitura seja deliciosa, comenta aí o que te agrada ou não!

Beijoooo



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Seria cômico se não fosse trágico, estou indo à delegacia levar os documentos de uma moça que os perdeu na redação do jornal, hoje cedo. Estou agitada, sei quem posso encontrar lá, um leve formigamento se instala no meu estômago por pura cordialidade, eu odeio o fato de não parar de pensar nela desde aquele dia, não tem um dia que eu não tenha pensado em um milhão de coisas relacionadas a ela, pesquisei do sobrenome até a árvore genealógica e isso mostra que meus instintos jornalísticos ainda são bem afiados. Confesso que imaginei até nossos filhos, eles seriam lindos, e eu definitivamente estou louca. É claro que estou. Não tem outra alternativa, estou louca.

É estranho morar numa cidade há 10 anos e nunca ter ido até a delegacia central? Eu nunca fui, talvez seja meu ranço por delegacias, não gosto muito do ambiente. Estaciono bem perto do prédio e percebo que a blusa com franjas que estou usando não é muito favorável para ocasiões como essa, mas está um calor insuportável e eu estava louca pra usar uma regata com decote confortável, e nunca me preocupo com o que visto, sei que estou assim por causa dela, é um martírio desejá-la desse jeito, eu não troquei meia dúzia de palavras com Stef, voltamos a teoria da loucura. Entro e percebo que o ambiente é bem gelado, tudo é muito organizado e os móveis são escuros, o cheiro é de café, madeira e charuto, por que policiais fumam tanto? Ok, concordo que é uma profissão estressante, mas eles não lêem sobre saúde? Eu sou tão paranóica com isso que imagino que todas as pessoas do mundo fazem pilates e comem salada todos os dias, argh!

Corro os olhos pelo lugar e espero encontrar com Stef, fico negando o tempo todo, mas sei que eu faria qualquer coisa pra encontrá-la outra vez, preciso saber se isso é real ou coisa da minha cabeça, ou pelo menos se ela também sente alguma coisa.

Um policial me informa que preciso subir 10 andares até o setor de achados e perdidos, fico tentada a perguntar se ele não poderia levantar a bunda da cadeira e levar os documentos até lá, eu perderia menos tempo e não teria motivos para vasculhar o prédio procurando uma mulher linda e loira que não sai da minha cabeça há exatos 12 dias, aperto o botão do elevador e fico pensando em todas as coisas que tenho pra fazer no resto do dia, a porta abre, eu entro olhando pra minha blusa porque as franjas não param no lugar, cumprimento uma pessoa que está no elevador mas nem cheguei a perceber quem era, afinal essa blusa resolveu me irritar justo hoje, demoro milésimos de segundos pra perceber, quando:

— Você está procurando alguma farda para observar hoje? - não pode ser, quatro elevadores nesse maldito prédio e eu entrei no mesmo que Stef estava, isso não está acontecendo.
— E você é sempre rancorosa assim? A propósito, sua mãe não lhe ensinou a responder as pessoas quando elas lhe cumprimentam?
— Pensei que jornalistas fossem mais educadas. - ela é ainda mais linda quando usa esse tom ácido, eu não consigo tirar os olhos dela.
O elevador para e apita, eu congelo, sou claustrofóbica e aquilo não poderia acontecer.
— De novo isso? Eu não acredito! - Stef estava claramente irritada.
— Acontece todos os dias? Eu realmente odeio delegacias.
— Tem acontecido com muita frequência, você está bem? - ela demonstrando preocupação só joga por água abaixo qualquer intenção que eu tinha de esquecê-la.
— Eu sou um pouco claustrofóbica e preciso relaxar pra não surtar em situações como essas, você tem alguma coisa doce? Isso me acalma. - eu realmente estava nervosa.
Stef tira do bolso um chiclete de morango e eu me sinto grata ao universo por me interessar pela mulher certa, expectativa é meu sobrenome, isso é uma certeza.
— Obrigada, mesmo! Será que vai demorar muito pra voltar ao normal?
— Geralmente eles demoram meia hora. - era muito tempo, muito mesmo.
— Vamos começar de novo? Me chamo Lena Adams, diretora de redação do Boston Daily News. - eu amo meu trabalho e adoro incluí-lo em apresentações, mesmo em situações como essa.
— Oficial Foster da 12° BPD, mãe dos meus gatos nas horas vagas - ela tem gatos? Fico impactada com a notícia e sento no chão do elevador, não estou muito bem.
— Não senta! Se acontecer algum movimento brusco do elevador você pode se machucar!
Ela me ajuda a levantar rapidamente e as malditas franjas da minha blusa enroscam no distintivo preso na farda dela, é muito azar ou muita sorte, mas estamos presas e muito desconcertadas, eu tento me desvencilhar mas é quase impossível, num único movimento as franjas e o distintivo se uniram num só, hoje não foi um bom dia pra sair de casa.
— Você consegue soltar isso? - pergunto quando me dou por vencida.
— Eu não sei, nunca uso roupas com detalhes tão irritantes.
— Então minha roupa é irritante?
— Claro! Quem vem pra uma delegacia com uma blusa cheia de frufrus?
— Eu não planejava vir a esse inferno, odeio tanto quanto você estar presa nisso.
— Odiar é uma palavra muito forte.

Nesse momento as luzes do elevador se apagam e eu só consigo sentir medo e o perfume de Stef que é forte demais pra esse espaço pequeno, me sinto sufocar e fico desesperada, ela me abraça, um abraço simples e forte, confortável demais, como há muito tempo eu não sentia.
— Vai ficar tudo bem - ela cochicha na minha orelha.
— Eu poderia te beijar agora.
— O que te impede?

Eu não consigo mais esperar, me solto um pouco do abraço dela, agarro seu rosto e beijo aquela mulher com a devoção mais doce que já senti, um beijo terno que vai se intensificando e de repente as mãos dela estão na minha cintura e eu só sinto meu corpo queimar, enfio as mãos em seus cabelos curtos e esqueço qualquer medo, claustrofobia ou irritação, ali somos nós, roupas enganchadas, poucas palavras, muitas farpas, abraços confortáveis e beijos ardentes.


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