A ilha - Livro 2 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 12
Capítulo 11 - Notícias


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora



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PIETRA

Fiquei sentada com Ivo em um dos sofá até o horário que começaram a se retirar para o hotel e voltamos todos na van juntos e fingindo participar de toda aquela alegria e bagunça. Meu coração doía por achar estar errada comemorando junto com todos quando eu já sabia da verdade. Mas continuei como havíamos combinado, sorri e brinquei quando necessário. Ivo foi sentado ao meu lado durante toda a viagem e não deixou de segurar a minha mão nenhum segundo. Quando nos aproximávamos do hotel já era possível ver as luzes das sirenes piscando pro toda a rua e por isso muitos começam a ficar de pé para ver o que estava acontecendo. Eu estava sentindo um frio na barriga e me sentia mal como se eu quem houvesse cometido um assassinato. Respirei fundo diversas vezes e descemos do ônibus assim que ele parou com uma ordem de fila que o Lucas nos mandou fazer como ele sempre fazia. Eu estava entre os primeiros alunos a descer e fomos escoltados pela policia para o saguão do hotel aonde nos pediram para sentar e fazer silencio.

O silencio sepulcral reinou e só ouvíamos os chiados dos rádios policias ecoarem no salão. O diretor Lucas conversava  com dois policiais um pouco afastado de todos nós enquanto éramos vigiados por mais uns cinco deles. A conversa demorou uma eternidade e o Lucas enxugava algumas lágrimas deixando todos ainda mais apreensivos. Depois de longos minuto os policias se afastaram dele o deixando sozinha num canto pensativo por mais longos minutos.  Os alunos começavam a perguntar entre si o que estava acontecendo e porque ninguém dizia nada, mas fizeram silencio quando Lucas se aproximou com os olhos vermelhos tomando posição á nossa frente.

—Hoje cedo recebi uma ligação, não pretendia contar á vocês até amanha de manhã, pois não queria estragar a noite que vocês estavam tão animados para ter – Ele fez uma pausa esfregando o rosto com as mãos e continuou – Agora acabo de receber mais uma noticia que eu simplesmente não estou sabendo como agir diante disso… - Ele fez silencio e as lágrimas começaram a descer novamente.

Um policial de cabelo branco se aproximou dele e apoiou a mão em seu ombro falando algo baixo perto dele e então voltou-se para a gente.

—Recebemos uma ligação pela parte da tarde – ele começou -  e de inicio achamos que fosse um trote, mas decidimos averiguar. Tratava-se de um suposto sequestro á uma das alunas e a ligação havia sido feita daqui do hotel.

Parei de respirar por dois segundos assustada com aquilo. Quem teria feito a ligação¿

—Fomos ao local nos dado de dica pela ligação, mas já era tarde demais para qualquer coisa, a garota estava morta.

—Quem estava morta¿ - Felipe gritou com raiva o que todos queriam saber

—Pâmela.  -  dessa vez o Lucas quem havia falado depois de enxugar as lágrimas que havia derramado sem parar. – E hoje de manha recebemos a noticia de que Helena faleceu.

Não havia quem não houvesse feito uma expressão de surpresa naquela hora. Caí sentada no chão com as lágrimas rolando sem parar. Eu não sabia exatamente o que pensar naquele momento. Senti alguém me abraçando, mas aquilo não me importava agora. Pamela estava morta. Helena estava morta. Elas só tinham 15 anos de idade. Ela não tinham nenhuma culpa ou merecimento.

IVO

Acordei naquela sexta como se não tivesse conseguido dormir e como se houvesse o mundo em minhas costas. Fiquei mais de meia hora deitado sem coragem para me levantar. Pensei á respeito do que havia ouvido na noite anterior.

Eu havia ido ao encontro de Pietra assim que á vi sentada no chão do saguão chorando, mas ela não moveu um músculo quando á abracei. Ela com certeza estava com a cabeça em outro lugar. Era muita informação, muita coisa ruim ao mesmo tempo. Minhas lágrimas se misturaram no cabelo dela enquanto ouvíamos outras pessoas chorando alto. Ela se moveu e começou a levantar devagar me fazendo solta-la. Caminhou como um robô e subiu as escadas para o quarto.

Quando finalmente levantei da cama notei que Fabricio também estava acordado deitado de barriga para cima olhando para o teto. Não desejei bom dia, não falei nada e fui pra o banheiro tomar um banho.

O que aconteceria agora¿  Chorei novamente no banho e repensei toda a minha vida. Parece que quando a gente vê a morte de perto começamos a valorizar muito mais o que temos e o que somos. Respirei fundo antes de sair do banheiro e desci assim que possível para tomar café da manhã.

PIETRA

Quando acordei, não me lembrava como havia ido parar na cama, foi como se eu tivesse bebido demais na noite anterior e tudo estava meio perdido a memória. Levantei com uma baita dor de cabeça e fiquei sentada olhando para o nada. Como chegamos a isso¿ Meu coração doeu e eu sabia que ia chorar novamente se não me distraísse. Mas nada me distraia naquele momento. Percebi Eliana se mexendo na cama e deitei rapidamente para não dar oportunidade de falarem comigo. O telefone tocou duas vezes e alguma das meninas levantou para atender.

—Pois não¿ - era a voz sonolenta de Eliana – ela está dormindo – ela pausou novamente e respondeu finalizando – vou buscar, muito obrigada.

Eliana saiu do quarto e voltou alguns minutos depois me “acordando” devagar. Abri os olhos e a encarei esperando para saber do que se tratava.

—A planta chegou – ela sussurrou para não acordar as outras

Demorei alguns segundos para entender do que ela estava falando até finalmente me cair a ficha e sentei sem entender direito.

—Mas ela só deveria chegar lá pela terça.

—É...eu sei , mas chegou.

Ela me entregou a caixa que havia descido para buscar e sentou na cama dela me observando abri-la. Era realmente a planta que eu tinha de entregar á Pérola. Não vou dizer que fiquei “feliz” porque essa expressão definitivamente não caberia no que eu sentia naquele dia. Guardei aquele vasinho com a planta de volta na caixa e fiquei parada olhando para o chão. Percebi que Eliana ia falar algo mas fomos interrompidas – ainda bem – pelo telefone que tocava novamente.

Eliana atendeu e dessa vez as meninas acordaram com o barulho. Eliana apenas desligou sem falar nada ao telefone e virou para nós em seguida.

— Lucas quer todos no auditório em 20 minutos.

Nenhuma de nós falou nada.

IVO

Fiquei em pé lá no fundo do salão esperando ver Pietra entrar para me sentar ao seu lado e foi o que fiz assim que ela passou por mim. Sentamos lado a lado mas ela evitava me olhar ou olhar para qualquer lugar que não fosse aonde Lucas provavelmente estaria quando decidisse que era hora de falar conosco.

Quando Lucas entrou todos se endireitaram em suas cadeiras para ouvi-lo com atenção.

— Bom dia á todos – seus olhos estavam inchados e não parecia que ele havia dormido bem naquela noite. Na verdade ninguém parecia bem – passei a noite em contato com a família da Pamela e também com alguns de meus funcionários e pais de vocês. Decidimos que vamos voltar amanha para o funeral da Helena, todos terão o resto dos dias reembolsados, mas se alguém referir ficar, não há problema, haverá também como voltarem bancado pela escola. A decisão é de vocês.

Houve uma pausa de alguns segundos e ninguém sequer falou nada.

—Me desculpem por não ter palavras para dizer num momento como esses, mas eu simplesmente não estou sabendo como lidar com uma situação tão séria como esta. Peço que não saiam do hotel sem um responsável adulto em nenhum momento, a polícia ainda esta interrogando as pessoas responsáveis pelo sequestro e temem que hajam mais pessoas envolvidas.

Ele encerrou o assunto com poucas palavras e saiu de lá sem olhar para nada além do chão.


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Notas finais do capítulo

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