Contradições do amor escrita por MissAmelie


Capítulo 1
Primeiro Encontro


Notas iniciais do capítulo

Caros leitores,

Esse é um roteiro com um argumento despretencioso.
Foi escrito para ser descontraído.

Então, não liguem se os personagens estiverem um pouco fora de caráter. É intencional!!

Abraços e boa leitura!



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— Mestre Bruce, permita-me dizer que sou terminantemente contra esta sua empreitada sem sentido – Alfred praguejou, dirigindo-se obviamente para o homem moreno à sua frente, a quem criou praticamente como um filho após a morte trágica de seus pais, assassinados brutalmente numa viela escura de Gotham.

— Seus conselhos já foram devidamente transmitidos, Alfred. Você deixou clara a sua objeção às minhas ações – Bruce normalmente estaria irritadiço após ouvir Alfred repreendê-lo pela centésima vez, mas sua atenção estava totalmente focada em seu plano de ação, deixando pouco espaço para preocupações com as repreensões de Alfred – Você trouxe o que eu pedi?

— Sim, mestre Bruce – o mordomo respondeu, com o elegante sotaque britânico e a habitual postura estoica – Eu trouxe exatamente o que o senhor pediu. Embora não esteja certo sobre o efeito que o senhor espera, visto que eu não estou familiarizado com tamanha deselegância.

— Tenho certeza da sua competência para o que quer que seja, Alfred. – Bruce riu, divertindo-se com o incômodo velado do inglês.

Ele começou a vestir-se com as roupas trazidas por Alfred e não conseguiu conter-se. Era exatamente o que ele queria. Alfred saiu do quarto silenciosamente, balançando a cabeça negativamente para o que vira, desejando boa sorte à pobre vítima de Bruce Wayne.

(...)

Diana estava na Torre de Vigilância – a base da Liga da Justiça no Espaço – dirigindo-se apressadamente para plataforma de teletransporte à caminho da Mansão Wayne. Depois de muita insistência e persistência de sua parte, finalmente Diana conseguira arrancar uma confissão de Bruce, admitindo seus sentimentos por ela. A partir daí, ela o convenceu a marcar um encontro, para que eles tivessem a chance de começar um namoro. Ela caminhava pelos corredores do Sentinela, incapaz de esconder a ansiedade e excitação em seu coração,cantarolando baixinho uma música romântica.

Era final de uma tarde de verão na Terra, então ela resolveu usar um vestido preto simples e leve, com um corte evasê que deixava a saia solta e marcava bem a cintura. O vestido tinha um tamanho médio, quatro dedos acima do joelho e um decote na medida certa entre o recatado e o sensual.

Ela pedira a Vixen para ajudá-la com a maquiagem, já que a heroína-modelo tinha experiência com esse tipo de arranjo. Não que Diana ligasse ou sentisse que precisasse disso, mas era uma ocasião especial pra ela. Era seu primeiro encontro com o homem dos seus sonhos. Na verdade, era seu primeiro encontro da vida e Bruce era um homem que frequentemente estava acompanhado por expoentes da beleza, como modelos e estrelas de cinema. Não faria mal uma maquiagem leve só para dar um pouco de sofisticação ao básico.

— Uau, Diana?!! Devo dizer que você está especialmente bonita hoje. – Disse o homem vestido com um uniforme azul e capa vermelha esvoaçante, enquanto abria um imenso sorriso. ­–Seria indelicado perguntar aonde você vai assim? Alguma ocasião especial?

— Obrigada, Kal – Diana devolveu-lhe o sorriso – Estou indo à Gotham ­– A resposta provocou uma careta imediata no kryptoniano e a amazona imediatamente completou ­– Bruce me convidou... É o nosso primeiro encontro! ­– Ela arrematou alongando o sorriso e com um brilho radiante no olhar. O que, de certa forma, preocupou um pouco Clark.

Ele conhecia Bruce muito bem. Ele também conhecia Diana. Ambos eram seus amigos íntimos. Ambos eram seus melhores amigos. Ele sabia que Bruce era arredio, reservado, emocionalmente aleijado e não estava disposto a investir em relacionamentos – tendo em vista todas as decepções amorosas que sofrera e sua missão com Gotham. Ele sabia que Diana era a mulher mais poderosa do planeta – rivalizando diretamente com ele nas potencialidades sobre-humanas – que era uma mulher sábia e segura, mas nas questões emocionais e sentimentais, ela era ingênua em demasia. Ela nunca experimentara uma relação afetiva com um homem e ele temia que ela não pudesse lidar com uma provável decepção amorosa caso Bruce rompesse o compromisso.

Se fosse qualquer outra pessoa, ele estaria feliz por ela agora... Mas era Bruce e isso, por si só, já o deixava apreensivo. Ele limitou-se apenas a oferecer-lhe um abraço e desejar-lhe – de todo coração – um encontro maravilhoso. Ela ia precisar de todo pensamento positivo do mundo, ele pensou.

Diana despediu-se de Kal-El e flutuou apressadamente até a plataforma de teletransporte, onde percebeu imediatamente o olhar de J’onn voltar-se em sua direção. ‘Teletransporte para mansão, por favor, J’onn’, ela dirigiu-lhe imediatamente o pensamento, sem que precisasse emitir qualquer som.

O marciano telepata prontamente atendeu-lhe o pedido, dedicando-lhe um breve sorriso satisfeito, como um pai que experimenta a sensação de ver a filha feliz. Enquanto a imagem do caçador de Marte se desfazia diante de seus olhos, Diana ainda pode ver seus olhos assumirem o tom alaranjado, quando sua mente captou sua voz ‘Convença-o de que ele também merece ser feliz... Boa sorte, Diana’.

Poucos segundos depois ela estava de pé no jardim de entrada da mansão. Respirando fundo para mascarar o nervosismo e orando à Afrodite que lhe concedesse a sabedoria necessária para chegar ao coração de Bruce.

(...)

Alfred abriu a porta assim que ouviu a campainha soar pela primeira vez. Ele estava verdadeiramente feliz em ver a sorridente morena à sua frente. Ele observou o destacado brilho de seus olhos azuis e as mãos nervosas entrelaçadas nas costas. Um homem minimamente observador perceberia no entusiasmo ingênuo e no olhar romântico e esperançoso da princesa um sinal evidente de sua inexperiência no campo das relações amorosas.

Ao vê-la de pé, tão honestamente animada ao pé da escada, enquanto esperava Bruce descer, Alfred não conseguiu reprimir uma onda de desgosto que lhe abatera durante todo o dia, desde que as ações de Bruce com relação ao seu encontro com a princesa amazona o levaram a deduzir que ele não pretendia investir em um relacionamento com ela.

Ele estava decepcionado com o comportamento inapropriado de Bruce; Estava insatisfeito por Bruce desperdiçar a chance de ser feliz; e entristecido por prever que as intenções de Bruce resultariam no coração partido daquela moça tão especial.

— Mestre Bruce já está descendo, alteza. – Alfred, como de costume, apesar da decepção em seu coração, recebeu Diana com a elegância e polidez de sempre – Eu já anunciei sua chegada. Tem certeza que não quer sentar-se enquanto aguarda? Aceita algo para beber?

— Obrigada, Alfred. Eu estou bem! – Diana sorriu-lhe mais uma vez, aprofundando-lhe o mal-estar no estômago – Eu acho que Bruce deve me levar pra jantar então eu prefiro não beber nada.

Bruce desceu as escadas poucos minutos depois, fazendo Diana arregalar os olhos e Alfred balançar negativamente a cabeça em sinal de desaprovação.

Bruce estava vestido com um jeans surrado, rasgado e desfiado em vários locais. Usava um tênis comum de cano curto, uma camiseta preta básica com a imagem do Nirvana – onde estava escrito ‘I Love Grunge’. E, pra arrematar, uma jaqueta também preta de couro, absolutamente cafona.

Ele olhou para a desaprovação de Alfred dirigida a ele com satisfação. Era um sinal de que atingira a medida certa de suas intenções. Sua imagem era desagradável... Bruce voltou os olhos para princesa de pé, no fim da escada, esperando a mesma reação – ou pelo menos, um olhar de desgosto ao vê-lo tão mal vestido – mas isso não aconteceu.

Na verdade, ela dirigiu-lhe o mesmo sorriso afetuoso de sempre, que ressaltava o lindo rubor de suas bochechas e a fazia fechar levemente os olhos. Ele não conseguira ler sua expressão: ‘Ela está decepcionada ou não?’, ele se perguntou. Mas ela não exibia qualquer expressão que ele pudesse identificar.

— Princesa, você está linda – Bruce tomou-lhe a mão, levando-a em direção aos lábios e beijou castamente os dedos. – Espero que não se importe com meu estilo despojado. Eu imaginei que não haveria necessidade de formalidades entre nós. ­­– Ele sorriu como Bruce Wayne, o playboy, arrematando o gesto com sua famosa piscadela sedutora e lasciva.

Diana fora completamente seduzida por Bruce Wayne. Um simples olhar sedutor causava um tremor dentro dela, seguido por ondas de eletricidade que percorriam o corpo, arrepiando os pelos. Ela achara estranho que Bruce estivesse vestido assim – porque sempre o vira em ternos elegantes e caros quando Bruce Wayne estava em público – mas não deu muita atenção a isso. Ela estava feliz demais por ele finalmente concordar em lhes dar uma chance real de namoro para se incomodar com o que quer que fosse.

Alfred logo percebeu que a primeira jogada de Bruce para decepcionar Diana não tinha surtido efeito e previu que outras tantas estariam por vir, até que seu patrão conseguisse demover a princesa de sua ideia de romance com ele. Como último recurso, tentando salvar a noite, e consequentemente ajudar Bruce a ver que Diana era a mulher certa para fazê-lo feliz, o mordomo sugeriu:

— Se me permite, Mestre Bruce, posso sugerir que o senhor e miss Diana desfrutem de um delicioso jantar que eu mesmo preparei, usufruindo do conforto da mansão e da discrição necessária para um momento de intimidade do casal, senhor? ­ – o inglês lançou a proposta, quase como uma súplica.

— Obrigado, Alfred. Eu lamento ter de recusar uma oferta tão tentadora! – Bruce respondeu como se lamentasse a recusa ao pedido de Alfred, fazendo Diana acreditar que estava dispensando um momento de intimidade com ela porque programara algo melhor para seu primeiro encontro – Eu tenho em mente algo diferente em nosso primeiro encontro. Será inesquecível para Diana! – Ele garantiu com um sorriso malicioso por fora, mas com o coração sentido por dentro. Ele também não estava feliz com o que estava prestes a fazer. Mas era a coisa certa a fazer!

Diana não escondia dele – nem de ninguém – seus sentimentos por ele. E ele a correspondia avidamente – num grau que já ultrapassara sua negação, e o forçava a admitir que o que sentia por ela não era só atração física, ou valorização de uma amizade. Mas justamente por isso, por admitir que seus sentimentos por ela eram absurdamente profundos, sua experiência o levou a crer que ele não era o homem certo pra ela.


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