If you float you burn escrita por psychoticwitch


Capítulo 5
Flores


Notas iniciais do capítulo

Agora sim eu demorei e ainda tive a audácia de escrever um capítulo super "meh", ah é, e também curtinho.
Aliás, achei isso tudo com uma enorme pegada de hanahaki, mas sigo sambando conforme o baile. Além disso, a ordem cronológica do capítulo tá bem trocada, porém acho que dá para se achar ;'3
O capítulo foi revisado e betado pela Duda aka Déco *insira eu desmaiada com uma plaquinha de "vlw déco"*

Boa leitura ~♡



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Capítulo V

Flores

 

Entreguem buquês em datas bonitas. Fuja com quem se ama, sorria, viva feliz sua vida medíocre. Não era isso com que você tanto sonhou?

Eis sua chance. Vá, você consegue seguir esses contos inúteis. Siga-os e permaneça vivo, esse será o seu tesouro. Não é maravilhoso? Você está vivo! Viverá cada dia de uma maneira diferente, algumas vezes temerá a morte, amará, chorará, e por fim, estará respirando, vendo a vida modificar-se, longe de seus medos e seguro de suas incertezas.

 

A grande maioria de Majo não era romântica, mas existia uma floricultura ali para os casos desesperados de pessoas sem criatividade que buscavam o clichê mais bem usado e talvez o único que funcionasse por ali. Possivelmente por essa péssima conduta de não romantismo, um deus travesso decidiu mostrar que flores e um bom romance poderiam sim ser maravilhosos – de uma forma bem cruel –, sua dádiva veio como uma enfermidade impiedosa, seus primeiros sintomas vieram com as flores, as belas e delicadas esquecidas dali, e antes que os moradores de Majo pudessem se arrepender de seus atos o caos já estava preparado.

A epidemia iniciou como quase tudo começava naquela cidade: de repente, vinha de surpresa e deixava todos embasbacados e sem reação, e na maioria dos casos, nada poderiam fazer para reverter a maré de azar. O prólogo daquilo, os sintomas só eram visuais, mas ninguém realmente se importou, afinal, o que tinha demais em flores crescerem por sua pele? Alguns disseram que era puro fingimento, descrentes do que tal coisa inacreditável poderia se transformar num verdadeiro inferno, já as vítimas daquela misteriosa doença estavam apavoradas, nada que faziam tinha sucesso na simples tarefa que era retirar aquelas pequenas e belas flores que saíam de seus corpos de maneira tão surreal.

Médico algum conseguiu identificar aquilo e não tardou para alguém morrer, uma morte inusitada, eu diria. A vítima havia se tornado um belo jardim, em seus restos mortais, ossos que tornavam-se pó ao toque e inúmeras flores, de certa forma, aquela pessoa havia virado um jardim macabro, não é?

E, alguém disse que aquelas flores anormais que surgiam roubavam toda a vitalidade de seus enfermos, sugavam toda a energia, a vida, e depois abandonavam o corpo já “seco”. Quem fora a pessoa que disse isso, ninguém sabia e tampouco tinha vontade de saber, entretanto ela estava correta. Com o passar dos dias, todos concordaram que de fato isso vinha acontecendo, desesperados, os doentes tentavam manter a própria vida a todo custo, amedrontados com a ideia de morrer, e os não-infectados com medo quase igual, esse de contrair a doença. O ultimato fora a quarentena, e os últimos capítulos sobre essa doença desenrolaram-se no necrotério de Majo – o lugar era perfeito, isolado de todo o resto e, caso alguma morte ocorresse, já estavam no local certo –, um plano primoroso, não?

 

A floricultura, já esquecida naqueles dias de desordem, tornou-se um lugar quase fantasma. Ninguém passava por ali com medo de contrair a doença das flores e seus enfermos, desesperados pela própria vida sequer importavam-se com mais flores. Então, a floricultura – a mesma que estava ali desde o início de Majo, e talvez sua lenda também – foi abandonada, exceto por um dos últimos vivos da família dona do lugar; Sugawara Koushi. Que herdara a floricultura passada de gerações há alguns anos, não muito, porém o suficiente para ser adorado pelas pessoas. Um afeto tão sincero que não passava de um ódio sem sentido atualmente, condenavam o pobre por vender as tais flores que ceifavam vidas, agora, flor alguma era bela e frágil, eram apenas venenos cruéis para a existência de todos. Foi o que disseram, porventura fosse apenas mais uma das estórias que se duplicavam, das quais Majo tão bem conhecia, até em momentos tempestuosos como esse, aquelas boas e amigáveis pessoas contavam inúmeras lorotas com ar de sabichões, transformando vidas alheias no próprio inferno, não importava, se possuíssem um bom boato para transformar em algo novo e bons ouvintes, tudo estava bem.

Tudo havia parado na cidade. Independente da quarentena, ninguém tinha confiança de estar junto de pessoas que poderiam infectá-los com uma doença tão incrédula. Akaashi mantia seus dias lendo ou rabiscando em um de seus cadernos, talvez fosse imune aquilo tudo ou simplesmente era inútil demais até para morrer. Bokuto, às vezes, ia visitá-lo – quando ele conseguia escapar de sua mãe que tanto suplicava aos deuses por proteção daquele mal –, conversavam pouco, aquele medo crescia no peito. Alguém queria gritar, perguntar o que havia de errado com aquela cidade, por que não tinham um pouquinho de paz?

Contudo o silêncio predominava.

— Você acha que tudo acabará bem?

— Não.

— Ah… – Bokuto fez menção de se levantar da calçada, onde tinham sentado. — Entendo.

— Já vai?

— Yup.

Alguns dias depois, todos que estavam na quarentena foram achados mortos – ou apenas suas flores e restos mortais –, alguém deve ter mandado cremar todos. O dia havia sido colorido de cinza, e ninguém saiu de casa. Um ar de esperança ficou rondando-os, porém não durou muito, ainda haviam infectados. E um pequeno grupo, como você os chamaria? Radicais? Ou apenas idiotas que queriam fazer justiça com as próprias mãos?, levaram o pobre dono da floricultura como sacrifício ao tal deus travesso, digo, a bruxa. Disseram que seria para findar com a “praga das flores”. Um morreria por eles, e todos estariam sãos e salvos, claro, esqueceriam disso num piscar de olhos.

De fofoca em fofoca, o dia do sacrifício já estava marcado. A oferenda tinha sido presa no necrotério, disseram também, que Sugawara estava infectado com a doença – enfim sua morte era algo inevitável –, estranhíssimo não? De repente, você vivendo uma vida comum, com sua própria rotina, seus sonhos estúpidos e logo, contaminado com flores mortais e marcado para morrer em um sacrifício a uma bruxa irreal, quase parecia algo de estórias infantis, provavelmente fosse mesmo. Como um sonho amargo, ansioso para que você tremesse de medo e acordasse de supetão.

 

— Você já pensou em fugir daqui? – Sawamura Daichi questionou o “prisioneiro” contaminado pelas flores. — Eu não estou impedindo sua fuga, e você bem sabe, Suga.

O outro sorriu, uma pequena flor claríssima crescia de sua bochecha esquerda, destacando-se… Bem, como uma flor se destacaria quando crescia no rosto de alguém. Provavelmente já tinha aceitado seu infeliz destino ou apenas não conseguia buscar mais forças para fugir daquilo tudo.

— Para que fugir? Irei morrer de toda forma. – Respondeu. — Se minha morte for ou não em vão, não mudará meu destino. É traiçoeiro, não? Jamais pensei que acabaria assim.

— Fuja comigo então. – Interveio. — Viva comigo até seu último suspiro, podemos procurar uma cura para isso… Fique ao meu lado! – Implorou, segurando as mãos de Sugawara.

Parece que você já descobriu o segredo desses dois. Mais um dos amantes de Majo? Quem sabe? Mas mantenha esse segredo entre nós, por favor – também suspeito ser segredo apenas por pura aversão dos famosíssimos curiosos de Majo, o quão boa seria a fofoca de que o dono da floricultura e o principal responsável do necrotério eram amantes apaixonados?

— Você conseguiria seguir adiante depois de minha morte? – Perguntou-lhe. — Principalmente se fugir comigo, terá forças para ver eu definhando? Até que me torne pó e flores?

— Não teria, morreria contigo – Afirmou. — Mas caso isso ocorra, já aceitei meu pesado fardo.

— Ah, Daichi… – Suspirou. — Como poderia morrer com medo de quebrá-lo?

No dia marcado, ninguém sabia onde diabos os dois estavam. Sumiram sem deixar rastros, bem haviam sim deixado um rastro; de flores mortas. Os dois nunca foram achados, e com o sumiço dos dois, a praga também fora embora. Majo estava em paz e harmonia novamente.

Pronta para um próximo declínio.


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Notas finais do capítulo

o(〃^▽^〃)o



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