Diário de Uma Vida escrita por naath


Capítulo 2
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14 de maio de 2007

 

 

Pessoas andam apressadas pelas ruas da cidade, a chuva cai, forte e pesada sobre suas cabeças, engravatados tentam inútilmente se proteger dela com suas grandes pastas pretas, enquanto crianças levam livros sobre suas cabeças também tentando débilmente diminuírem a quantidade de água que as encharcam. Uma mulher leva um casaco sobre a cabeça na esperança de não estragar o belo penteado, ela corre para tentar fugir da chuva, mas em um ponto da calçada esburacada o belo salto preto do Scarpin quebra.

Alguém ao longe que a observa ri, talvez esse alguém seja eu. Eu rio. Rio da desgraça alheia, do mesmo jeito que um dia riram da minha, do mesmo jeito que ainda riem da minha.

Estou sentado em um café, esperando o meu capuccino chegar e olhando a confusão do lado de fora. Minha bebida chega, eu tomo um pouco dela, está quente, diferente do dia de hoje, onde um frio nostálgico domina toda a região. Ela me aquece por dentro, sinto que estou começando a sentir menos frio, pode ser que sim, pode ser que não...

Termino de bebê-la e pago-a para a garçonete loira e então sigo meu rumo de volta para casa. Não tento me proteger da chuva, ao mesmo tempo em que ela me molha também lava minha alma. São 7 quarteirões até minha casa, o suficiente para me deixar sem nenhuma parte do corpo seca.

Abri a porta de casa e Teddy, meu cachorro veio de encontro a mim, eu o adorava, não gostava muito de animais, mas gostava muito de Teddy, ele parecia um ursinho marrom e eu sabia que ele gostava muito de mim.

Me joguei no sofá da sala e minha mãe veio me informar que alguém havia ligado me procurando. Mas isso era impossível, a anos não sou procurado por alguém, a anos fui abandonado por meus amigos, a anos estou sozinho nessa vida, a anos... Porém, ela insistia que alguém havia ligado me procurando desesperadamente, disse que era a voz de um homem e precisava muito falar comigo, deixou o telefone, porém, não deixou o nome.

Eu não tive coragem de ligar, não tive mesmo, não sabia quem era, eu podia me decepcionar com a ligação, ou então poderia ficar muito feliz, mas eu não conseguia criar coragem para pegar o telefone, subi para meu quarto e cá estou, solitário novamente, Teddy está dormindo com minha mãe, e quem eu só tenho junto a mim para me ouvir é você, diário.

 

Pierre C. Bouvier 

 


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