After the Rain escrita por Stormy McKnight


Capítulo 5
Nua e Crua, diante da luz da verdade


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem? Capítulo 5 de After the Rain.

Boa leitura!



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Eu tive um sonho…

Eu sonhei que eu chegava na agência de modelos onde eu trabalho, vestida com um vestido curto branco, uma saia rodada da mesma cor, e tênis branco. Meu cabelo estava arrumado em um rabo de cavalo com um prendedor de cabelo de crochê da mesma cor da minha roupa.

Fui andando pela agência e o pessoal me disse para ir para uma sala que haviam preparado para uma sessão de fotos com o meu fotógrafo, Shun Yamasaki, que me esperava para clicar as fotos.

Quando cheguei na suposta sala onde estariam me esperando, eu abri a porta e entrei já pedindo licença.

Assim que entrei, fechei a porta.

O local estava cheio de refletores, tripés, alguns com máquinas fotográficas, outros sem…

No fundo da sala, uma enorme tela branca, um tripé com máquina fotográfica preparado sobre um carpete branco.

O meu fotógrafo, vestindo um colete vermelho sintético por cima de uma camiseta branca, uma bermuda bege, e tênis preto, relógio dourado no pulso, conversava com o meu agente, o senhor Takeshi Hida, que vestia um elegante terno preto com uma camisa branca, sapatos da mesma cor bem lustrados, e óculos de armação retangular vermelha.

Fui me aproximando deles e então parei.

“Takeshi? Shun? Com licença?”, os chamei.

Eles se voltaram para mim.

“Shizuka! Você está ai!”, meu agente exclamou.

“Oi! Como você está?”, o cumprimentei. Em seguida fiz um aceno para ele.

“Eu vou bem. Obrigado por perguntar.”, meu agente retrucou.

“Eu estou ótima. Obrigada.”, repliquei.

“Que bom…”

Foi então que o fotógrafo notou minha presença.

“Você veio, Shizuka. Menos mal, eu gostei da sua roupa”, Shun comentou.

“Obrigada”, agradeci o elogio de olhar para mim mesma naquela roupa.

“Então Shizuka...eu estava falando com o Takeshi,sobre montarmos uma novo ensaio.”, o fotógrafo continuou.

“Ensaio? Que tipo de ensaio?”, fiquei curiosa.

Meu agente veio e cortou a conversa.

“Como eu posso dizer isso? Eu gostei muito dos últimos ensaios seus, mas...estou pensando em mudar um pouco o repertório. Quem sabe alguma publicação veja as fotos e te chame para posar para uma capa de revista, algo assim…”, Achei isso muito vago.

“Eu não estou entendendo.”, retruquei.

Takeshi respirou fundo e depois soltou o ar dos pulmões, lentamente. Em seguida alargou um pouco a gravata e depois a ajustou.

Fiquei assim, sem entender o que estava acontecendo.

O homem então limpou a garganta e pigarreou.

“Você está bem?”, inquiri.

“Sim, eu estou bem. Eu não sei como te dizer isso…”, Takeshi balbuciou. Ele parecia nervoso.

“O que é? Você está me assustando! É alguma coisa nojenta?”, falei perplexa.

Então Takeshi soltou umas palavras sem sentido bem baixinho.

“O quê? Eu não estou entendendo.”

“Takeshi, por favor, fala para ela de uma vez. Para de emitir esses sons gruturais!”

“Está bem!”, Takeshi berrou com Shun.

“É o seguinte, Shizuka. Shun quer um ensaio fotográfico com você nua. Nada de roupas. Mas não se preocupa, não é nada pornográfico, será um ensaio bem sensual. Nú artístico. Você já fez algo assim?”

“Nú artístico? Sem roupa? Não, nunca...é a primeira vez que eu estou ouvindo isso.” , contestei.

“Olha, você vai se sair bem. É só...imagine que todo mundo está pelado.”, Takeshi sugeriu.

“O quê? Eu não sei…”, fiquei incerta.

“Você jura que não está me pedindo isso só para me assediar depois?”, falei para o Shun.

“Querida, isso nunca vai acontecer. Eu sou gay. Eu sei como tratar bem as minhas modelos. E você não é a minha primeira modelo. Já houveram outras modelos que chegaram a recusar posar para o ensaio, e eu aceitei numa boa. E além disso, você confia em mim,não é?”, Shun argumentou.

“Sim, eu não só confio, como também amo as suas fotografias.”, comentei.

“Então, não tem com que se preocupar. Você ficará bem.”, o mesmo me tranquilizou.

“Olha, Shizuka...pense que você está posando para um ensaio normal.”, Takeshi interrompeu.

“Além disso, é só dessa vez. Não é como se nós fossemos fazer isso sempre. A ideia foi do Shun e eu pensei que seria interessante tentar.”

“Eu não sei...estou com um pouco de medo…”, balbuciei.

“Eu vou te observar. Não se preocupe.”, Takeshi me incentivou.

Pensei um pouco antes de dar a minha resposta.

[...]

“Tudo bem, eu acho…”, repliquei.

“Ótimo! Dê o seu melhor!”, Takeshi exclamou.

“Sim.”

“Maravilha!”, Shun exclamou e bateu palmas.

“Ah! Se você se sentir desconfortável em se despir diante da câmera, você pode ir no banheiro e se trocar lá.”

“Eu acho mais tranquilo assim. Eu já volto.”, comentei.

“Tudo bem. Nós estaremos te esperando aqui. Vai lá.”, Shun rebateu.

“Ok”.

Fui em direção ao banheiro e dei uma virada para trás. Takeshi e Shun me observavam.

[...]

Entrei no banheiro e fechei a porta.

Tirei o vestido e o joguei no chão.

Em seguida eu abri o sutiã e também o tirei. Meus seios foram expostos.

Continuei tirando a saia e a calcinha, e depois o tênis.

Fiquei completamente pelada. Cobri os meus seios e fui até o espelho do banheiro.

Me fitei no espelho. Eu estava completamente apavorada por dentro.

Então tirei o prendedor de cabelo e o meu cabelo se soltou. Deixei o adorno sobre a pia do banheiro.

Foi quando eu vi um borrão surgir ao meu lado no reflexo do espelho. Após alguns minutos, notei que o borrão começou a tomar forma. E então vi Noriko nua ao meu lado. Ela estava com um pesar no semblante. Não parecia ser a Noriko que eu conheci.

Meu corpo estava trepidando, mas eu tentei me manter firme no lugar.

Soltei um berro, mas não saiu som algum.

“Noriko? O que você está fazendo aqui?”, a interroguei.

“Do que você está falando, Noriko?”, insisti.

Fiquei sem entender.

“Como assim? Do que você está falando?”

Fui ficando preocupada.

“Noriko! O que está acontecendo?”, exclamei e dessa vez o som da minha voz saiu estridente.

Então Noriko começou a chorar…

Eu estiquei minha mão direita, estendendo o meu braço e toquei com os dedos afastados, o espelho.

A imagem de Noriko começou a se desfazer e eu não a vi mais no espelho.

Fiquei bastante irada e comecei a esmurrar o espelho tentando quebrá-lo.

Mas o espelho não quebrava. Ele ressoava. Os meus murros no espelho criavam ondas, como se o espelho fosse maleável.

Parei e olhei para a minha mão. Nada. Nem mesmo um arranhão.

Não demorou muito e eu comecei a ouvir batidas na porta do banheiro.

Olhei para a porta.

“Já vai!”, exclamei.

Então ouvi a voz de Takeshi e Shun.

“Está tudo bem ai?”, Takeshi.

“Você está bem?”, Shun.

“Sim, eu estou bem. Só me deem um minuto.”, disfarcei.

“Tudo bem. Nós estamos te esperando.”, ouvi Takeshi dizer.

Então voltei a ficar à sós. Voltei minha atenção para o espelho. Eu sinceramente esperava poder falar com Noriko de novo.

“Noriko! Fale comigo! Apareça! Me mande um sinal!”, retruquei.

Nada. Nenhum sinal de Noriko.

Ela se foi. Resolvi sair dali.

Fui até a porta do banheiro, a abri e assim que saí, fechei.

Então me encontrei com Shun e Takeshi naquele estado deplorável.

“Ai está ela”, Shun exclamou.

“Está tudo bem, Shizuka?”

“Sim. Está.”, menti.

“Você tem certeza?”, Takeshi insistiu.

“Sim. Vamos fazer as fotos ou não?”, questionei.

“Vamos. Posso te pedir uma coisa?”, Shun retrucou.

“O que seria?”, quis saber.

“Assim, eu não tenho seios, e...eu sempre tive curiosidade de tocar nos seios de uma garota.  Eu tive amigas na faculdade que me deixavam tocar nos delas, e...eu queria tocar nos seus...só para ver como são, porque...as garotas têm diferentes tipos de seios…”, Shun revelou.

“Ok. Pode tocar.”, consenti.

“Sério?”, Shun foi se aproximando de mim.

Shun levou sua mão em direção aos meus seios e então eu a agarrei e a pus em um dos meus seios.

Ele então começou a massageá-lo delicadamente.

Senti o toque dele e então me lembrei da Noriko. Foi só pensar nela que a mesma acabou se materializando ao lado do Shun. Ela parecia zangada.

Olhei fixamente para Noriko.

A mesma então se irritou e deu um tabefe no rosto do Shun.

Shun se afastou de mim e começou a olhar ao redor procurando quem havia feito aquilo.

Então vi Noriko surgir na frente dele e chutá-lo bem nas bolas.

Eu já não estava entendendo nada.

Shun estava de joelhos no chão segurando a genital e fazendo caretas, tamanha era a dor que sentia. Ele então soltou vários espasmos.

Logo, Noriko desapareceu e eu fui socorrer o Shun. Me aproximei dele.

“Shun, você está bem?”, o interroguei.

Takeshi se aproximou.

“Você está bem, Shun?”, o mesmo exclamou.

“Me desculpa, Shun. Eu não sei o que está acontecendo.”

“Minhas bolas. Dói! Dói muito!”, Shun gemia.

Shun não resistiu e acabou desmaiando ali.

“Shun!”, berrou Takeshi.

“Shun!”, berrei também.

Então tudo ficou branco e eu despertei. Eu abri meus olhos e senti o meu corpo trepidar. Demorei um bom tempo até voltar.

Quando voltei a mim mesma, olhei para o lado e Noriko não estava do meu lado.

Olhei para a janela do quarto e o sol batia forte.

“O que será que está acontecendo?”, pensei.

Eu então me levantei da cama e fui até o banheiro lavar o rosto. Eu estava apenas de roupa íntima me olhando no espelho do banheiro de Noriko.

Terminei de me lavar, fechei a torneira da pia, enxuguei as mãos na toalha de rosto ao lado da mesma, e então fui em direção ao box e comecei a me despir.

Tirei as peças que eu estava usando e entrei no chuveiro.

Abri o registro do chuveiro e deixei a água quente do chuveiro me molhar. O box começou a se transformar em uma sauna. O vapor da água quente preencheu o ambiente.

[...]

Terminado o banho, peguei a toalha pendurada no gancho na parede, e me enxuguei.

Depois que o meu corpo secou, enrolei a toalha no corpo e voltei para o quarto e escolhi uma roupa para vestir.

Acabei nem vendo que a roupa que eu escolhi, era a roupa que eu vestia no meu sonho.

Olhei num espelho que tinha numa das portas do guarda-roupa de Noriko e me espantei.

“Meu Deus! Vai dar merda!”, berrei.

Tentei não surtar com aquilo. Por um momento eu fixei o meu olhar no espelho e não sei se eu estava sonhando aquilo ou não, mas comecei a enxergar as mãos de Noriko me agarrando a cintura e a cabeça dela sobre o meu ombro esquerdo. Ela sorriu para mim.

“Shizuka! Eu te amo!”, pensei ter ouvido ela sussurrar.

Fechei meus olhos e depois de um tempo eu fui abrindo eles, bem devagar.

Quando os abri completamente, não havia nada lá. Eu estava sonhando? Será que aquilo era algum tipo de alucinação? Será que eu estava ficando louca?

Então ouvi o meu celular tocar e olhei na direção dele. Ele estava no criado - mudo ao lado da cama. Logo ele começou a vibrar.

Corri até ele e o peguei. Abri a tampa, e atendi a chamada.

“Alô? Alô?”

A ligação completou.

“Shizuka. Aqui é a Shizuka!”, repliquei.

“Ah, oi Sarah! Tudo bem. E você?”

“Não, nada. É que eu acordei agora”, disfarcei.

“Está tudo bem, Sarah. Mas, você ligou…?”

“Parece interessante. Obrigada pelo convite.”

Parei e refleti sobre a proposta de Sarah. Se eu fosse para o trabalho, o meu sonho poderia se realizar, então, achei que seria melhor evitar isso, pois aquele sonho estava me deixando muito traumatizada.

“Desculpa, Sarah. Eu estou aqui, sim. Eu vou sim no seu Happy Hour”.

“Tudo bem.”

“Ahn...eu não sei. Sarah, você pode vir até aqui no apartamento da Noriko antes? Ai talvez nós podemos ir juntas para Yokohama.”, sugeri.

“Será que eu deveria mesmo confiar na Sarah?”, refleti.

Bom, o meu dia já estava um verdadeiro pesadelo. Noriko não estava lá para me ajudar.

Quer saber? Dane-se!

“Tudo bem, Sarah. Olha, eu tive um sonho que me deixou apavorada…”, comecei.

“Eu já não sei mais o que é.”

“Bom, eu sonhei que eu estava no trabalho, eu trabalho para essa agência de modelos…”

“Sim, bem...eu ia fazer um ensaio de nu artístico. Daí eu fui me trocar no banheiro, e eu vi a Noriko...ela primeiro estava abalada, depois zangada. Ela atacou o meu fotógrafo...foi uma loucura. E ela me disse umas coisas sem sentido, que eu já nem lembro. Então eu fui me trocar depois do banho, e eu vi a Noriko no espelho do guarda - roupa…”

“Me desculpa. Isso não faz sentido para mim…”

 

“O que me assusta é que a Noriko não está aqui comigo no momento. E eu estou vestindo a roupa que eu estava vestindo no sonho....eu não sei, eu estou preocupada, Sarah.”

[...]

Uma hora depois ouvi a campainha do apartamento tocar. Fui até a porta e olhei no olho mágico. Era a Sarah mesmo. Ela estava usando sua mochila nas costas.

Abri a porta para ela e a deixei entrar.

“Oi, Sarah! Como você está? Por favor, entre.”

“Obrigada.”

Sarah entrou e eu fechei a porta em seguida.

Ela olhou ao redor e ficou maravilhada.

“Nossa! Esse é o seu apartamento?”

“Não, esse apartamento é da Noriko. Mas, ela não está aqui.”

“Achei que fosse seu apartamento.”

O quê?! Minha vida de repente virou de cabeça para baixo. Eu já não estou mais entendendo nada.

Enfim, tranquei a porta por precaução e fui com a Sarah até a sala de estar.

Nós nos sentamos no sofá e resolvemos conversar.

“Então, Shizuka...Você parecia apavorada no telefone. O que houve?”

“Eu te disse o que houve, Sarah.”, exclamei.

“Eu sei. Mas...eu ainda não entendo. Qual é o seu lance com esse apartamento e o seu sonho?”, Sarah parecia incrédula.

“Eu não sei. Olha, eu vou tentar contar a história do começo…”

“Ok. Eu estou ouvindo.”

“Então, resumidamente eu descobri que meu ex- namorado estava me traindo e mandou uma mensagem de texto contando o caso dele.”

“Certo.”

“Eu chorei muito naquele dia. Estava chovendo, e ai no meio da chuva eu conheci a Noriko. Ela me acolheu nesse apartamento e cuidou de mim. Nós transamos, eu fui conhecer o trabalho dela, uma creche onde ela é monitora de crianças. A chefe dela reclamou que ela havia ficado muitos dias ausente. E então nossos dias se seguiram normalmente, até o dia do Hanami…”

“Quando eu encontrei vocês duas e nós nos falamos.”, Sarah completou.

“Sim. Você viu a Noriko. Ela é real! Ou...eu achei que fosse até ter esse sonho…”

“Sim. Eu acredito em você, Shizuka. Só nessa coisa de espírito que não. Mas, eu acredito que a Noriko é real.”

“Isso tudo não faz sentido. Porque a Noriko está zangada comigo?”, exclamei “Eu a amo. Eu nunca a machucaria!”

“Acalme-se, Shizuka.”, Sarah me aconselhou.

Me desabei em lágrimas e Sarah me envolveu nos braços dela.

“Por quê? Por quê? Isso significa que a Noriko não é real?”, eu fiquei me sentindo desiludida.

Continuei a me lamuriar no peito de Sarah. Acho que ela acabou chorando junto comigo também.

De repente minha vida vira de cabeça para baixo.

Eu já nem sei o que fazer. Já nem sei, como continuar sem a Noriko. Ela me acolheu em um momento tão difícil.

Sarah pareceu ter se tornado uma verdadeira amiga. Mas, eu não a queria como namorada.

O que aconteceu com a Noriko? Onde está ela? Para onde ela foi?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Até a próxima postagem!



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