After the Rain escrita por Stormy McKnight


Capítulo 1
Aquela chuva de inverno de cortar o coração


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem?

Primeiro capítulo dessa minha Yuri "raíz" com personagens japonesas. Enjoei um pouco de escrever Yuri com personagens ocidentais. Espero que gostem^^

Boa leitura!



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Minhas memórias de você , são tudo o que restou

Não levadas pela chuva

Você continua lá , rindo de longe

Nessa estação que passou muito rápido pela gente

Enquanto nós brilhávamos juntos , então

Realmente , nós estávamos apaixonados , não é ?

mesmo que essas sejam minha ultimas palavras para você , ainda

Eu gostaria de dedicar essa música para você

Encharcado pela chuva , eu andei pelas ruas

As pessoas iam e vinham , todas parecendo preocupadas

quando eu estava encharcado até os ossos , parecia que eu estava chorando ?

Me deixe sozinho. . . então o amargo e frio inverno terminará

Começo a cantar essa canção em minha mente enquanto despejo minhas lágrimas junto a chuva que cai no meio de uma rua em Shibuya que eu escolhi para fugir de todos os males que me envolvem nesse momento.  Paro e reflito sobre nossos momentos juntos, Takeru.

Então chego nesse trecho da música na minha cabeça que me faz refletir:

“Nesta fria noite , eu continuo lembrando , mesmo agora

Da música que eu costumava cantar para você , com as luzes apagadas

Em meu quarto , Mesmo hoje, também chove

Agora que eu te perdi . . . para quem eu devo cantar ?”

Nós nos conhecemos no ensino médio. Eu lembro de te ver falando com seus amigos em um canto da sala. Nunca soube se você gostava de mim de verdade. Me estremecia só de te ver e pensar que você não queria nada comigo.

Então um dia antes da aula começar, você veio falar comigo no corredor do colégio e se apresentou para mim com uma alegria radiante que emanava de sua aura.

Eu estava tão assustada. Não conseguia falar com você. Então sussurrei meu nome baixinho para você.

Shizuka Murakami

Você me pediu para repetir, e eu sussurrei mais uma vez o meu nome.

Você me disse para não me acanhar e levantar meu rosto. Eu sentia medo de olhar muito tempo para você, pois achava que você iria me achar uma idiota, que iria me ridicularizar junto com seus amigos.

Mas quando eu levantei meus olhos e fixei o meu olhar em ti, eu vi que parecia muito tranquilo. Parecia que você era do tipo que não se deixava se abalar com o que as pessoas pensavam ou poderiam pensar.

Respondi abrindo um sorriso tímido e você pareceu se divertir com isso.

Diante das incertezas que nos rodeavam nós nos aproximamos um do outro e demos o nosso primeiro beijo juntos. Depois nos separamos.

Senti meu peito arder de repente. Eu não sabia o que era aquilo.

“Dói! Meu peito dói, Takeru!”, eu gemi.

Você me abraçou e pos minha cabeça próxima ao seu coração e então replicou:

“Está tudo bem, Shizuka. Não precisa se preocupar. Eu estou aqui.”

“Eu estou com medo”, murmurei prestes a verter lágrimas.

“Eu estou com medo”, repeti.

Você me fez um agrado e nós ficamos abraçados por um tempo ali no meio do corredor.

Eu podia ouvir as pulsações de seu coração que ofegava intenso com a minha presença.

Depois disso começamos a namorar. Nosso namoro continuou por muito tempo, mesmo quando entramos na faculdade. Eu achei que as coisas estavam começando a fazer sentido. O meu mundo cinza começou a ganhar cores, e brilhar intensamente por ter você ao meu lado.

Algum tempo depois, fiquei chocada ao descobrir que você estava com outra garota mas não havia confessado isso para mim.

Quando te procurei para conversar e perguntar a razão de você não ter me contado que estava ficando com outra garota, você me pediu desculpas e me disse que ainda gostava de mim, mas tinha muito medo de me pedir para terminar o nosso namoro.

Nós brigamos e nos distanciamos.

Depois de um longo hiato na nossa relação, nós voltamos e você decidiu dar um pé na bunda da sua ficante e assim voltar a ficar comigo.

Meu mundo pareceu brilhar novamente, porém, agora com mais intensidade. Eu estava com a mente nas nuvens e  fantasiando sobre tudo o que poderia acontecer conosco depois daquele momento.

Mas, nada dura para sempre. Um dia as coisas chegam ao fim, e é aqui que nos arrependemos de não ter aproveitado cada minuto da nossa vida.

Eu peguei o metrô para voltar para a minha casa depois do meu trabalho numa agência de modelos fotográficos. Foi ai que vi uma mensagem de texto no meu celular.

Takeru: Oi, Shizuka!

Shizuka: Oi, Take!

Takeru: Como você está? O que você anda fazendo?

Shizuka: Eu estou bem. Eu sou modelo de uma agência. Eu acabei o ensaio para um book, e estou voltando para casa. Estava pensando em você.

Takeru: ...eu preciso falar com você sobre uma coisa.

Shizuka: O quê seria?

Takeru: Eu...eu...eu estou com outra pessoa. Ela é do meu trabalho. Eu trabalho em um café como garçom e ela é garçonete. Desde que eu conheci ela, nós começamos a namorar e às vezes nós nos pegamos no banheiro...eu estou tão envergonhado de dizer isso para você. Você não tem ideia do quanto eu me odeio por não conseguir continuar com você, e pelo que eu te disse naquele dia, sobre não conseguir terminar a nossa relação por medo do que você faria ao descobrir. Me desculpe.

Shizuka: TAKERU! IDIOTA! VOCÊ NÂO É HOMEM O SUFICIENTE PARA ASSUMIR QUE ESTÁ COM OUTRA GAROTA? Eu te ODEIO! Vai se ferrar!

Takeru: Me desculpa, Shizuka. Eu sinto muito. Me desculpa.

Fechei o celular e comecei a chorar sozinha no banco do metrô.

Quando o trem parou em Shibuya, eu enxuguei as lágrimas do rosto, sai do metrô e fui embora da estação. Cheguei nessa rua de Shibuya, e as lágrimas voltaram. A chuva começou a cair de repente em perfeita sincronia com o meu lamento.

Me molhei toda, mas continuei com as lágrimas. Desejei que um carro viesse e me atropelasse na rua. Eu queria acabar com a minha vida.

Foi então que em meio a multidão que transitava na rua —algumas pessoas se protegiam da chuva com guarda-chuvas, outras não —, encontrei essa pessoa que segurava um guarda-chuva na mão. Era uma mulher vestindo um casaco felpudo bege e sapatos de salto preto e bico fino.

Ela me ofereceu o guarda - chuva.

“Menina, vem aqui. Você está toda molhada. Não trouxe guarda chuva?”, ouvi a mesma dizer.

Essa pessoa me acolheu em meio aquela chuva.

Eu a agradeci e ela me levou para a casa dela. Um prédio cheio de apartamentos.

Chegando lá, eu estava toda ensopada e tremendo de frio.

“Tire essas roupas e tome um bom banho quente”, ela me disse.

Comecei a me despir, até que a mesma interveio.

“Não aqui, lá no banheiro. Vá, pode ir.”

Assenti e fui ao banheiro me despir. Tirei toda a minha roupa, entrei no chuveiro da mulher e abri o registro. Deixei a água quente me molhar e aquecer o meu corpo. Comecei a me lembrar de quando nós transamos na minha cama, na época do colégio. Foi quando eu perdi minha virgindade com você.

Eu fui descuidada, pois transei sem camisinha. Mas depois de consultar um médico, descobri que de alguma forma a minha menstruação havia atrasado e provavelmente só iria menstruar quando tivesse na faculdade, acho que foi isso que o profissional me disse quando minha mãe me levou para fazer o check-up.

O vapor do chuveiro fazia os meus poros se abrirem e eu fiquei anestesiada.

Logo, aquela que me acolheu na chuva veio me ver. Ela abriu a porta do boxe e me viu pelada.

“Oi! Como está o banho?”, ela me perguntou.

“Está ótimo! Eu não tenho vontade de sair.”, comentei.

“Eu sei. Venha, eu já preparei um pouco de comida para você.”, a tal me avisou.

Desliguei o chuveiro e sai. Ela então pegou uma toalha no armário e começou a me enxugar.

“Me desculpa, eu não perguntei o seu nome…”, falei para a mesma.

Ela parou de me enxugar para me responder.

“Meu nome é Noriko Yui”, foi a resposta dela.

“Muito prazer, Noriko.”, retribui.

“E você, como se chama?”, Noriko rebateu.

“Me chamo Shizuka Murakami. tenho 26 anos.”, me apresentei.

“Muito prazer, Shizuka. E sobre a sua idade, eu não me importo com isso.”, Noriko retrucou.

Noriko parecia ser um pouco mais velha que eu, uns 30 anos. Ela vestia uma camiseta rosa, um shorts azul e calçava um par de chinelos na ocasião.

Depois que o meu corpo secou completamente, Noriko olhou para mim e ficou pensativa.

“Precisamos ver algo para você.”

Ela então me guiou até o quarto dela e lá foi escolher uma roupa para mim.

Noriko abriu o guarda - roupa, pegou algumas roupas e analisou as peças.

“Eu tenho uma filha que casou recentemente e foi para o Havaí com o marido. Então...acho que não tem problema você pegar emprestado algumas roupas dela. Ela não vai mais voltar para o Japão.”, a mesma balbuciou.

“Olha, eu não quero incomodar você, Noriko…”, contestei.

“Imagina. Não é nenhum incômodo para mim. Você não está pensando em vestir aquela sua roupa encharcada, está?”

“Na verdade…”

“Eu vou pôr para secar depois. Não se preocupe com isso.”

Noriko deu uma roupa e eu vesti. Era uma camiseta branca estampada, uma calcinha e um sutiã rosa, uma calça jeans, e então ela me deixou escolher um sapato do guarda-roupa. Peguei um sapato qualquer.

Então ela ficou me olhando com aquela roupa.

“Nossa! Você parece muito com a minha filha nessa roupa.”, comentou Noriko.

“Você acha?”

“Sim. E você parece ter as mesmas medidas dela, caso contrário as roupas não teriam servido.”

Eu não sabia o que comentar.

“Enfim, venha comer ou a comida vai esfriar. Preparei um missoshiro, tem uma tigela de arroz e furikakê também, e Karê. A comida está te esperando.”

Fui com Noriko até a mesa onde a comida estava disposta e me sentei. Ela se sentou em seguida.

Nós pegamos os pauzinhos que estavam na toalhinha posta na mesa e então começamos a nos servir. Enquanto isso fomos conversando.

“Me diz, Shizuka, o que você estava fazendo na chuva?”, Noriko quis saber.

“Eu...sofri uma desilusão amorosa e pensei em talvez cometer suicídio.”, revelei.

“Quê?! Suicídio? Porque você não foi para a floresta dos suicidas?”, Noriko falou sarcástica.

“Eu acho que eu poderia fazer isso…”

“Não! Eu não estou dizendo para você fazer isso. Eu não quero que você faça. Suicídio é uma coisa terrível...Não ouse pensar nisso! Ouviu bem?”

Noriko pareceu irada.

“Desculpa. É que eu não sei o que fazer. Meu namorado me mandou uma mensagem de texto no celular dizendo que ele se apaixonou por outra garota. E eu amava muito ele.”

“Esse cara definitivamente não te merece, querida.”, Noriko avaliou.

“Eu conheci ele no ensino médio e eu me apaixonei por ele. Nós entramos juntos na faculdade. E eu fiquei um bom tempo sem notícias dele.”

“Olha, se esse teu namorado realmente gostasse de você, não teria te deixado no vácuo tanto tempo, e só comentado agora que está interessado em outra pessoa.”

Refleti sobre o que Noriko disse. Talvez Takeru não me amasse de verdade. E pensar que eu me apaixonei por uma pessoa que não conseguia manter uma relação a sério.

“Deixe-me perguntar uma coisa. Os seus pais...você não quer ligar para eles e avisar que você está comigo? Eles talvez fiquem preocupados com o seu sumiço.”

“Não, está tudo bem. Eu já não moro mais com os meus pais. Eu moro sozinha.”

“Ah, tudo bem. É que eu fiquei um pouco preocupada. Não quero parecer uma sequestradora ou algo assim…”

Gargalhei do que Noriko disse. Logo, a mesma começou a gargalhar também.

Nós duas ficamos gargalhando por um tempo.

“Bom, Shizuka, Mi casa és su casa”. “Digo, Minha casa é sua casa”.

“Obrigada.”

“Eu estou pensando em irmos às compras. Digo, você pode usar as roupas da minha filha emprestado, mas acho que você precisa ter algo seu.”, Noriko sugeriu.

“Eu de repente me sinto deslocada por ficar pensionando você, Noriko...parece que eu estou explorando você.”, falei um pouco envergonhada.

“Já disse que está tudo bem você ficar aqui na minha casa.”, ela me lembrou.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado^^

Até a próxima postagem!

PS: Os títulos dos capítulos refletem o estado de espírito da PP.