Oliver parou bem na entrada da cozinha, observando dali à esposa se movimentar de um lado para o outro arrumando o que seria o café da manha dos dois e o da filha que brincava no tapete felpudo da sala.

— Felicity – chamou a atenção da mulher que instantaneamente parou girando nos calcanhares para olha-lo, as orbes azuis reluziam como verdadeiras safiras por trás dos óculos de armação retangular – Você esta tão bonita.

A mulher esboçou um sorriso nos lábios cobertos por batom ao passo que Oliver se aproximou para beija-la.

— Obrigada – Felicity agradeceu vendo o marido parar em um dos bancos de frente para si, os antebraços cobertos pelo tecido branco da blusa branca que vestia sobre o balcão em uma postura casual puxando com delicadeza a mão da loira entrelaçando os dedos de ambos.

Havia algo ali, Felicity presumiu.

— Eu estava pensando, devíamos convidar John e Lyla para jantar aqui.

— É uma boa ideia – concordou a loira olhando por cima do ombro de Oliver a filha empilhar bloquinhos coloridos distraidamente, alguns caiam às vezes, mas ela logo tratava de pega-los.

— Então está decidido. Eu falo com ele assim que encontra-lo hoje na boate para avaliar os novos seguranças.

Voltando o olhar para o marido Felicity tombou a cabeça analisando a expressão animada do marido. Animada demais.

— Ou... você pode apenas ligar para ele e resolver isso já que se lembro bem a tarefa de contratação ficaria com ele.

— E ficaria só...

Ela o interrompeu

— Que você ficaria cuidado da nossa filha como havíamos combinado.

— Combinamos – começou Oliver trazendo a mão da esposa para mais perto ainda, a aliança de ouro branco reluzia no dedo anelar da mulher – Mas eu olhei a fixa dos candidatos e acabei por não colocar muita fé, então pensei que poderíamos negociar novamente para você ficar com a Katy hoje.

Nos segundos que se seguiram Oliver manteve os olhos nos dedos entrelaçados em busca de quem sabe uma pequena pena da mulher que jurara amor em um altar e, ao ouvir um suspiro baixo abandonar os lábios femininos pode acreditar tê-lo obtido. Porem tão logo esta constatação veio se fora ao perceber a adorável expressão que ele tão bem conhecia como um “não me teste” no rosto da CEO.

— Nós combinamos e, eu tenho uma reunião importante hoje. Você sabe disso.

— Eu sei, mas Felicity...

— Oliver.

Estava pronto para contra argumentar, porem o choro infantil o desfocou, fazendo com que virasse o corpo para encontrar a filha chorando no tapete em meio aos bloquinhos coloridos. Sentiu a mão da esposa abandonar a sua e os saltos ecoarem no piso quando esta correu rumo a pequena e, instintivamente a copiou.

A voz da mulher soava doce no intuito de acalmar a criança de mechas loiras em seus braços.

— Ela estava bem ate agora pouco, o que ela tem – desesperou-se Oliver parando na frente da mulher e segurando a pequena mãozinha da filha em uma espécie de apoio.

— Acho que a cólica voltou.

— Você acha?! – vociferou.

— Oliver!

— Ok – levantou a mão livre em sinal de trégua – O que fazemos?

— O remédio dela esta no armário do banheiro, vá busca-lo.

Sem pestanejar obedeceu à ordem correndo corredor adentro em busca do bendito remédio e ouvindo ainda o choro da menina nos braços da mãe.

Buscou e buscou na prateleira e ao voltar o choro havia diminuído um pouco, mas os olhos azuis de Felicity reluziam preocupação assim como os dele.

Nenhum dos dois fora chegados em crianças no passado, portanto, a maior parte do conhecimento que possuíam provinha de conselhos dado por amigos e principalmente das mães de cada um além, claro, da pratica do dia a dia. Mas se tinha uma coisa que ambos sabiam, antes mesmo da chegada de Katy, e sempre colocariam acima de tudo era o apoio. Sempre juntos se apoiando da melhor forma possível.

E foi exatamente o que Oliver fez, ficando ao lado da esposa, ajudando a cuidar da filha ate que o choro cessasse por completo e a expressão serena e angelical retorna-se a face rechonchuda da pequena e o alivio ocupasse a dos pais que a assistiam dormir no berço.

— Sobre o que estávamos conversando antes – a mulher começou fitando o marido e segurando a grade do berço – Você venceu.

— Felicity...

— Pode ir lá com Diggle. Eu vou ligar para o Curtis e cancelar a reunião. É melhor eu ficar caso algo aconteça com ela novamente.

Ela sempre sabia lidar melhor, mas...

— Não – alcançou a mão feminina novamente e entrelaçando os dedos dela nos próprios – Nós combinamos. Eu fico com Katy, como combinamos. Diggle sabe se virar.

Um pequeno sorriso formou-se nos lábios de Felicity enquanto fitava ainda Oliver levar as mãos dos dois ate os lábios beijando a dela enquanto devolvia o sorriso pequeno e cheio de significados para ela. Sempre para ela e, por ela.

Voltou-se para o berço.

— Vou ligar pro Curtis.

— Por quê?

As sobrancelhas loiras do homem uniram-se em confusão. Então fora a vez da mulher trazer para si as mãos dos dois, beijando a dele antes de continuar a dizer.

— Não vou deixar vocês sozinhos. Somos uma equipe. E, Curtis também sabe se virar bem sem mim.

Sempre juntos, o pensamento pairou na mente do homem e ele tinha certeza que na da esposa também cujo sorriso alargava-se mais.

Circulando a cintura da mulher com os braços Oliver trouxe a esposa para mais perto a colocando a frente do corpo apoiando a cabeça na curva do pescoço da mesma.

— Então isso significa que ninguém sairá hoje? – perguntou.

— Nem começa.