Vivemos acreditando que estamos vivendo de fato.
Mas não existe uma forma correta de viver e se tivesse, não seria como vivemos.
Procuramos amor, procuramos amigos, procuramos família, procuramos empregos, procuramos dinheiro, procuramos felicidade, procuramos morte.
Eu procuro um cigarro, algo que me faça me sentir viva nessa tarde de domingo.
Eu não sou eu, meu eu vive na minha mente.
Enquanto pessoas passam pela rua, eu respiro a fumaça que vai me matar, vejo adultos com crianças, casais, pessoas solitárias.
Minha mão direita toca minha face e entre os dedos da esquerda está minha morte.
O eu que não sou eu não fuma.
Meu falso eu vive uma vida normal, porém, vive com uma tristeza infinita em seu coração e não sabe o motivo.
Meu verdadeiro eu também sofre, ela procura algo que nunca vai achar e se sente vazia, nada a anima.
Sua varanda é grande e dentro do seu apartamento parece que o fim dos anos 80 continua, moderno e vazio como sua alma.
Ela não quer nada, ela quer se copo de whiski cheio.
Ela já está morta por dentro.
Assim como a falsa eu está.
Uma sempre rodeada de pessoas que a amam e a outra solitária com seu cigarro.
Em em nenhuma das minhas vidas eu estou viva de fato, meu futuro sempre aparenta ser sombrio e triste.
Porque é assim que eu quero minha vida.
Sozinha com minha nostalgia.
Vazia, como todos que respiram.