Because everything ends in the end... escrita por Szin


Capítulo 1
Or not...


Notas iniciais do capítulo

Eu tive essa ideia assistindo Kiss and Cry (filme otimo assistam por favor) não me odeiem sim?
Essa fic na vdd começou como uma song fic inspirada em The Night We met (podem ler enquanto escutam pk eh sobre ela msm). Porém, a meio da fic eu decidi mudar tudo e eu espero que gostem...
A gente vai falar la em baixo...
vamu ver se vcs pegam....



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Moveis revirados e roupa espalhadas.

Luzes desligadas e porta retratos retirados do seu lugar.

O lugar que ela havia escolhido.

As malas estavam na porta e o meu celular no bolso do casaco.

O sofá estava coberto por uma proteção de plástico e o televisor havia sido retirado e guardado na caixa de cartão que havia vindo no dia em que a comprámos.

Havia uma xicara de café na minha frente ainda cheia. Os meus dedos tocaram sobre a tintura azul ainda fria e encarei os vários caixotes e cestos que estavam dispostas pela sala, maioria ainda por encaixotar.

Eu olhei pra geladeira… as fotografias na porta haviam sumido junto com ela.


— Qual é seu nome mesmo? – ela sorriu pra mim batucando com os dedos sobre o balcão de Queens. Os seus cabelos não estavam mais presos e ela sorria pra mim carinhosa.

Talvez tudo nela fosse carinhoso.

As unhas estavam tingidas num azul bem bonito porém havia uma diferente.

Eu me lembro disso…

Havia duas cervejas, uma de cada lado nas nossas mãos.  A dela estava mais cheia.

— Percy – eu respondi dando o meu melhor sorriso.

Ela o merecia... eu achava isso. 

— Ah – ela deu uma risada e passou os dedos pelas franja loira que lhe caía pelo seu rosto fino e delicado. – E o que raio faz aqui Percy?

Eu encolhi os ombros.

— O mesmo que você eu acho – eu ri junto com ela.

Ela era tão engraçada… tão mesmo.

A sobrancelha esquerda arqueou uns centímetros e ela torceu o nariz.

— Então você também está procurando alguém pra satisfazer suas necessidades homicidas? – ela sorriu sarcástica – Eu costumo atrair eles até um beco e depois de roubar a carteira mato eles com 7 facadas no pescoço e uma no peito.

— E faz isso toda a semana? – eu gargalhei.

E estranha....

— Claro que não! – ela se fingiu ofendida – só nas noites de lua cheia.

E rimos. Rimos como se não houvesse amanhã.

Rimos porque queríamos rir.

— Então você é arquiteta? – eu perguntei largando o copo de whisky junto das restantes garrafas.

Eu estava longe de estar sóbrio.

— Sim me formei há uns três anos já – ela sorriu pra mim orgulhosa – Melhor da turma aliás.

Bastante orgulhosa.

— Algo me diz que você não é tão humilde assim – eu ri balançando sobre o banco giratório. Eu podia ouvir a juxebox toncando e as vozes aleatórias de pessoas aleatórias conversando. O garçon 1 tirava a milésima bebida do seu turno, enquanto o garçon 2 fazia a trilionésima conta daquela noite.

— Claro que sou – ela me olhou ofendida, porém havia sorriso marcando o seu rosto – eu sou muito humildade, bastan- não! Extremamente humildade.

— Ah okay me perdoa então – porque eu não conseguia parar de sorrir com ela?

— E você? – o seu dedo indicador tocou sobre o meu ombro – é só um cara bonito num bar ou é um bem sucedido cara bonito em um bar?

— Um pouco dos dois eu acho… - ela gargalhou mais alto.

— Você é engraçado – ela sorriu pra mim – Eu gosto de pessoas engraçadas.

— E isso é bom Annabeth?

— Pra mim sim. - ela encolheu os ombros

— E pra mim? – eu arrisquei aproximar o meu rosto do seu. Ela cheirava a hortlã e menta.

Os seus olhos cinzentos se moveram pra minha boca e voltaram a se fixar nos meus – Ainda não sei Percy Jackson… acho que você vai ter de descobrir sozinho.

Ela afastou o rosto do meu, e eu sorri.

Mal eu sabia que era esse o efeito de Annabeth Chase em mim…

A musica mudou e não demorou nem dois minutos pra sentir ela segurando minha mão e me puxando pra fora do meu banco.

— Anda eu adoro essa música!

E eu fui…

Eu fui porque eu queria ir com ela… queria ver mais do sorriso dela, e mais dos olhos dela.

Eu fui porque eu queria mais dela pra mim…



Eu respirei baixinho, me levantando da cozinha e indo até ao cabide do lado da porta.

O seu casaco ainda estava lá. Ela devia ter levado o meu pelos vistos…

A minha mão tocou sobre o único fotografia emoldurada ainda na parede. Era a única que faltava empacotar.

Na imagem, eu sorria sentado do lado dela. No canto inferior esquerdo estava uma data marcada a amarelo, e “Feliz dia dos namorados” estava personalizado ao lado do logótipo do restaurante. Os donos haviam contratado um fotografo pra fotografar a todos os casais naquela noite. Os meus dedos dedilharam a sua imagem. Annabeth estava usando um vestido azul, enquanto o seu cabelo estava preso num coque desarrumado. A sua mão estava entrelaçada na minha enquanto a outra segurava uma rosa vermelha que os garçons vendiam na época.

Eu olhei pela décima vez sobre o post-it afixado no pequeno quadro que eu havia pregado na parede há meses atrás. A fatura da luz estava por baixo.

A data de ontem estava imprimida logo em baixo do aviso de corte.

Eu retirei o pequeno pint e guardei o pedaço de papel que ela havia deixado.

Apaguei a luz do candeeiro de pé alto deixando a sala ainda iluminada, e saí descendo as escadas do apartamento.


— Pronto – eu sorri colocando a caixa sobre o chão – Essa é a ultima.

Annabeth estava ajoelhada sobre o chão. A sala – que não era uma sala ainda – estava coberta de caixas e caixotes. Cada um maior que o outro.

Um sofá já estava montada no centro, e ela já havia botado as cortinas novas nas janelas do apartamento.

A Tv ainda estava na caixa recém comprada, e várias pilhas de livros, cds e pequenas caixas enfeitavam o soalha de mandeira.

Ela olhou pra mim, retirando 2 estatuetas de uma das caixas.

— o que diz aí?- ela apontou pra caixa na minha frente.

— er… “Serviço de jantar da mãe” – eu li observando a caligrafia sobre o cartão.

Ela se levantou caminhando até mim. Vestia umas jeans bem usadas e uma camiseta branca que eu julgava ser minha. O seu cabelo estava presto num rabo de cavalo e pequenas gotas de suor escoriam pela testa na qual ela limpou.

Estavamos nisso há quase 2 horas.

—Preciso arrumar isso – ela falou pegando no caixote levando-o até à cozinha. Eu a segui carregando os três caixotes com copos, pratos e talheres.

— O caminhão da mobília chega amanhã. – eu falei arrumando o conjunto de pratos que havíamos comprado semana passada.

Ela me olhou com a sobrancelha arqueada. – Então onde vamos dormir? Eu falei pra eles estarem aqui hoje!

— Não se preocupe eu tratei disso – eu sorri pra ela, arrumando dessa vez os talheres sobre a gaveta.

— Ahn? - as sombracelhas se arregalaram e ela me encarou duvidosa.

— Você me olhando desse jeito até me ofende sabe? – eu resmunguei.

Não era mentira. Ela fazia questão de duvidar de mim.

Muitas vezes tava certa mas todas as vezes? Mais respeito pela minha pessoa por favor.

Eu peguei na sua mão a arrastando até ao quarto. Apenas o closet estava montado junto das minhas várias ferramentas deixadas no chão.

— Viu? – eu apontei pro colchão da cama encostado na parede. Ela me olhou.

Aquele tipo de olhar de “sério? Serião? Sério mesmo Percy Jackson?”

— É só por uma noite. – eu sorri – Melhor que nada.

— No colchão? Sério mesmo?

Não falei? Esse tipo de olhar. 

—Quer dormir no chão?

Ela olhou pra mim revirando os olhos – Tudo bem, como queira.

Eu sorri pegando na sua mão, abraçando a sua cintura.

Ela embateu contra o meu peito resmungando – Percy pare com isso vá, a gente tem muito que fazer ainda.

— Então é melhor a gente se apressar não? – sorri selando os seus lábios encostando-a contra a parede.


O taxista não olhou pra mim nem uma vez juntamente com a moça do meu lado que não desviava os olhos do celular. As luzes da rua passavam pela janela enquanto o carro seguia pela estrada escura da cidade.

— Noite agitada não é? – ele olhou pro retrovisor na nossa direção.

— Bastante – a moça desviou os olhos do celular sorrindo pra ele.

Ela usava um casaco preto bem comprido que cobria todo o corpo até aos joelhos. O seu cabelo era comprido, porém estava preso em um rabo de cavalo bem apertado.

O taxista coçou a barba e sorriu pra ela.

— Não tarda chegaremos logo – ele avisou de novo pra moça.

Ela sorriu assentido.

 Eu olhei na janela permanecendo em silêncio. O condutor tocou sobre os controles do rádio mudando de estação e em poucos segundos a voz de Lord Hauren preencheu o silêncio.

A moça olhou pra ele sorrindo de novo.

— Eu amo essa música!

Ele olhou novamente para o retrovisor com a sobrancelha arqueada.

— Também acho – o sorriso se desfez e o olhar escureceu por longos momentos –é linda e triste.

— As vezes as coisas tristes são mais belas – a moça falou – faz a gente repensar.

Eu dei um meio sorriso.

Bobagens…

Não há nada de bonito na tristeza…

Nada… mas ela existe. Existe nos piores momentos e nas maiores dores… dores essas que parecem rasgar a nossa alma…

Mas… a tristeza é necessária. Em toda a nossa vida, ela simplesmente ensina a gente a viver e a superar momentos.

Eu sei disso….

— Verdade – ele concordou dando um sorriso vago.

A moça olhou na minha direção se esticando encarando a janela do meu lado sem se preocupar com a minha presença. Um sorriso acendeu nos seus lábios e ela tocou no vidro olhando de novo pro taxista.

— É aqui, pode encostar.

O carro abrandou, encostando na beira da estrada. O condutor voltou a coçar a barba observando o conta-quilómetros que estava sob o rádio.

— São 28 doláres – ele falou pra moça do meu lado. Ela pegou na carteira vermelha retirando 3 notas e algumas moedas lhe entregando. Ela saiu acenando pra ele.

Eu olhei de novo pela janela. Estávamos perto…

Eu agradeci olhando pro condutor. Ele me ignorou enquanto mexia de novo nos controlos o rádio

Suspirei saindo do carro voltando a caminhar pela rua.


— Para com isso – eu resmunguei ouvindo o clic da maquina que ela segurava. Ela usava luvas iguais as minhas, e uma touca de lã bem quentinha estava sobre a cabeça.

Ao redor do seu pescoço um cascol bem grosso tapava todos os centímetros da sua pele, juntamente com o casaco branco que eu havia comprado pra ela no inverno passado.

— Deixa de ser careta Percy – ela riu pra mim. – Você é muito fotogénico sabia?

Mais um clic.

A minha mão segurou a lente enquanto o meu braço alcançava a sua cintura, a rodeando.

— Eu falei pra parar – eu resmunguei beijando a sua boca.

Ela riu ainda com os lábios presos nos meus á medida que a sua mão se prendia em meu pescoço.

O chão branco cobria todo o parque, enquanto os galhos despidos das arvores rebatiam com o vento gélido. As pessoas passavam por nós admirando a neve que caía em pequenos flocos enquanto sorriam ao ver o pequeno lago congelado.

— Amo você – ela sorriu pra mim.

Os seus cabelos delisavam pelos ombros. Vários pontinhos brancos estavam presos sobre os cachos loiros.

Os seus olhos piscaram de novo, enquanto os meus dedos tocavam sobre as olheiras marcadas.

Ela não havia dormido muito.

A sua boca beijou o meu queixo.

Acariciei as suas bochechas frias e encostei a ponta do meu nariz ao seu.

— Eu também amo você – eu respondi voltando a beija-la.

—…

—…

Clic!

— Pare com isso!


O vento embatia contra o meu rosto enquanto o som silencioso dos meus passos se desfazia pelas ruas. A luz dos candeeiros se refletia na entrada juntamente com os faróis dos carros que passavam pela rua.

Pequenas gotas de chuva molhavam o chão.

Era o Novembro mais frio que eu já havia assistido. As nuvens negras ocuparam o céu todo o mês e a chuva insistia em cair quase 10 horas por dia.

Mas eu gostava. Eu gostava de ver a chuva caindo e as nuvens aparecendo.

Sorri, passando a mão pelos fios secos do meu cabelo.

Quando o Inverno chegava, Annabeth e eu nos aconchegávamos no sofá enquanto eu massaja as suas costas à medida que ela tratava de escolher um filme na Netflix. Os seus pés ficavam encostadinhos nos meus e ela se aninhava no meu peito. Eu amava quando fazíamos isso…

Mas agora? Agora já não fazemos isso… não mais.


Eu saí do quarto a encarando. Ela estava sentada no sofá ainda chorando. Ela abraçava as suas pernas fitando a Tv desligada.

Ela não tinha coragem de me olhar… eu sabia disso.

Todo o caminho desde do hospital até casa, ela nunca me olhou nem uma vez.

Mas eu entendia… nós nunca esperámos que isso acontece.

Do nada você está na sua, feliz da vida, com quem você gosta, vivendo como você quer e do nada… bem tudo desmorona.

Tudo… todos os planos, todos os sonhos… tudo.

E foi preciso um simples desmaio pra recebermos tudo isso.

Um simples desmaio pra você perceber que você não está bem e que muito provavelmente você vai piorar. Muito mesmo.

Eu me aproximei me sentando ao seu lado. O rosto estava inchado e os olhos bem vermelhos e marcados.

Um rasto húmido descia pela sua bochecha.

— Vai correr tudo bem. - eu murmurei baixinho.

Mais uma lágrima.

Eu não gostava de ver ela desse jeito.

Não era culpa dela…. Ela não fez nada para o cancêr aparecer em nossas vidas.

Ela fungou de novo me olhando.

— E agora? – ela limpou o rosto em vão. Eu dei um meio sorriso tocando no seu rosto limpando a centésima lagrima daquela tarde. Ela segurou o meu pescoço juntando as nossas testas – Eu não vou aguentar isso… não vou.

— Você não precisa… eu estou aqui não estou? – eu sussurrei beijando a sua bochecha – a gente vai continuar lutando, eu vou continuar lutando... e você?

Ela chorou de novo me abraçando…

E querem saber? Esse não iria ser nem o primeiro, nem o ultimo choro.

Eu sabia que ainda vinham muitos… eu sentia isso.


E eu tinha razão.

Vieram muitos mais depois desses.

Mais violentos, mais tristes, e mais fortes.

Não deixa ser irónico não é mesmo?

Saber que um organismo minúsculo que começa se desenvolvendo dentro de você é capaz de ruir tudo à sua volta. Um organismo minúsculo que, quanto mais cresce, mais você morre.

Foi difícil pra mim? Sim foi…

Mas muito mais difícil pra ela… muito mais.

Desviei os olhos do céu notando um grupo de pessoas se aproximando. Eles caminhavam na minha direção enquanto gesticulavam em conjunto. Não pareciam ter mais de 20.

Dois garotos e três garotas sorriam enquanto caminham na minha direção.

Baixei o rosto sentido eles passarem por mim, de novo, me ignorando.

— Espera – uma des garotas travou... parecia assustada.

— Que foi? – o primeiro garoto perguntou olhando para ela confuso. Ele era alto, mais alto que o segundo, os seus cabelos eram ruivos e os olhos escuros.

— Nada é que… - ela olhou pra frente e depois na minha direção – Esquece.

— Mas o que foi? – ele olhou para trás e depois pra frente. – Viu algo é?

— Não sei – ela deu de ombros se virando novamente – deixa pra lá é bobagem.

Eu a olhei de novo uma ultima vez antes de os ver se afastando de novo.

Segui meu caminho.

O vento estava mais forte, porém não me importei. A noite estava escura, e a luz dos candeeiros parecia já nem iluminar a rua direito. Quando notei o muro de grades abrandei.

Eu havia chegado.

Olhei pra plaquinha de metal junto do portão.

“Cemitério de São Pedro – 1890”

Suspirei. Caminhei silenciosamente pela trilho calcetado observando as lápides.

Havia vários jazidos espalhados pelo terreno… era cada um maior que o outro.

Me mantive sereno… não havia razão para o contrário.

Eu não tinha medo... não mais. 

E lá estava ela… parada em frente a uma delas. Ela estava usando o meu casaco e o mesmo cascol que eu havia comprado há 3 invernos atrás. Os seus olhos estavam marejados e ela permanecia imóvel encarando a lápide recente.

Eu caminhei até junto dela. Ela não se mexeu.

— Eu sinto a sua falta – ela sussurrou encarando a escritura – Muita.

Ela se abaixou, passando os dedos pelas letras escuras.

Eu imitei a sua postura, me postando do seu lado.

Uma lágrima desceu pela sua bochecha.

— Não devia... - ela chorou baixinho dedilhando o nome sobre a pedra... o meu nome. - Você não devia ter partido Percy...

Eu também sinto a sua— murmurei – mas eu vou estar sempre do seu lado

Ela me ignorou.

Como você esteve sempre do meu. – eu sorri pra ela.



— Você pode ir – eu falei apertando a sua mão que ainda segurava a sua – Você não precisa ficar assistindo isto.

O lençol azul estava cobrindo o meu corpo. A máquina ficava apitando a cada 15 minutos e as luzes do quarto não se desligavam nunca. Ela estava sentada na poltrona do lado da cama. Usava umas jeans bem finas e uma blusa cinza.

Linda... sempre linda. 

Eu queria levar aquela imagem pra sempre comigo.

— Eu não vou lugar nenhum – ela resmungou ainda com os olhos postos no livro – além disso a quimio está quase terminando.

Eu a olhei.

Ela não entendia que eu não ia voltar pra casa.

Ou talvez não quisesse entender.

— Annabeth… - eu suspirei.

Eu não queria voltar a ter que explicar pra ela que, por muito que a gente quisesse, os segundos passavam. 

e com eles partes de mim se iam também. 

— Não – ela levantou os olhos pra mim num tom bravo – eu não vou a lugar nenhum… pode parar sim?

Eu sorri pra ela... eu era tão sortudo em a ter do meu lado.

Tão sortudo. 

— Eu amo-

— Não – a sua mão alcançou a minha boca, a tapando com rapidez – guarda isso até voltar pra casa.

Eu arquei a sobrancelha.

Eu amava tanto ela… tanto mesmo.

— Eu proíbo de você falar isso agora – ela resmungou. Eu sabia que ela queria chorar de novo – você vai voltar pra casa comigo e só aí eu te deixo falar isso entendeu?

Eu gargalhei

— Combinado.

Esses meses tinham sido os mais difíceis.

Já faziam 8 meses que Annabeth havia sentando naquela cadeira enquanto assistia o médico falar que eu – Percy Jackson – estava desenvolvendo um câncer linfático. Eu lembro de olhar enquanto ela ficava perguntando e formulando todo um plano pra enfrentar isso.

Eu não. Eu só fiquei a encarando enquanto guardava todos os traços dela na minha memoria. Porque se eu sumisse... eu não queria as memorias que eu tinha dela sumissem também.

Eu iria levar o melhor dela comigo. Era uma promessa. 

5 meses e a quimioterapia não resultou.

As dores aumentaram e eles tiveram que cessar a quimio por uma semana, afim de evitar o pior. Me transferiam pro Hospital quando Annabeth acordou e me encontrou estendido na cozinha. A partir daí? Foi tudo piorando… tudo mesmo. 

Era um declínio cada vez maior. 

Annabeth vinha todos os dias… me trazia livros e de vez em quanto o  seu laptop.

Ficava do meu lado enquanto eles mantinham os químicos e assim continuou quando informaram que o cancer agora havia se espalhado através da corrente sanguínea.

Eles aumentaram a dose...

Mas bem lá no fundo, eu sabia que era adiar o inevitável.



As maquinas foram desligadas 3 meses depois.

Mais precisamente há uma semana e 2 dias.

Eu me mantive por cá… a observando.

— Eu vou embora amanhã – ela chorou ao meu lado – eu não consigo estar aqui… não sem você.

Mas eu estou aqui...

— Você precisa me deixar  ir — eu sorri pra ela. — eu tou bem agora.

Por muito que todos os meus planos ao lado dela tenham sumido junto comigo, isso não significava que ela precisava sumir também. 

Ela estava aqui ainda. Ela ainda tinha uma longa vida pela frente. E mesmo que essa vida agora fosse sem mim, eu não me importava. 
Ela merecia ser feliz... e mesmo que os seus lindos olhos não me notassem mais, eu ainda ia estar lá.  Não do jeito de antes... isso já não era possível. 

— Eu sei que você está bem agora… não está sofrendo mais – ela limpou as lágrimas – mas eu preciso ir… eu já tratei da venda do apartamento… me desculpe eu... eu não consigo entrar lá mais.

Eu entendo— a tranquilizei.

Eu queria abraçar ela... 

— Eu vou levar você pra sempre comigo – ela tocou novamente na lápide – pra sempre.

Eu também…- sussurei dando um sorriso sincero— pra sempre.

Ela fungou, se levantando.

Eu me levantei também me postando atrás dela enquanto Annabeth encarava o chão chorosa. 

Eu já não conseguia sentir o seu perfume.... 

Eu coloquei a mão no bolso, segurando o papel amassado ainda sobre as mãos.

— Até um dia sim? eu prometo vir... não sei quando ainda – ela murmurou engolindo choro enquanto fitava a lápide uma ultima vez. 

Eu respirei fundo...

Os meus dedos soltaram o pequeno papel que acabou caindo aos seus pés. 

Ela se manteve imóvel.

Eu me encostei mais nela.

Fechei os olhos sentindo o vento soprar contra as árvores. 

A minha tocou no seu ombro. 

Ela se virou assustada e os seus olhos correram em todas as direções parando no chão.

As suas sobrancelhas arquearam  confusas encarando o pequeno e familiar papel. 

Os seus dedos desdobraram a nota com cuidado, enquanto os lábios liam silenciosos o conteúdo fazendo-a arregalar os olhos no mesmo segundo.

Eu me  pus do seu lado encarando as palavras.

As palavras que eu havia escrito duas semanas antes de minha ida pro hospital

“Sorria Sempre” estava escrito a marcador preto familiar. 

Sempre – eu sussurrei ao seu ouvido.

Ela laventou um rosto.

Os seus olhos se marejaram mas dessa vez… dessa vez havia um sorriso por entre as lágrimas. Ela apertou os dedos sobre o papel e respirou fundo antes de sorrir de novo.

— Sempre – repetiu – pra sempre.

Ela virou costas de novo e caminhou se afastando.

Eu olhei pra minha lápide e dei um pequeno sorriso antes de seguir o meu caminho.

A verdade é que… a vida é cheia de momentos.

Vários e vários momentos bons e ruins.

E por muito que você tente evitar... os ruins sempre vêm. O câncer foi um deles... 

Porém se lembre de uma coisa.

Se não deu hoje apenas… relaxe. Vai dar amanhã.

Se não der amanhã? Não esquenta, confie em mim. Uma hora vai dar. E quando der? Apenas sorria…

Lá porque existem momentos ruins, não quer dizer os bons não tenham existido também. A vida é preciosa demais pra você se agarrar apenas a um deles.

Os dois existem e fazem parte de você. Guiam e moldam você e te fazem crescer de variadas formas e jeitos.

Cabe a você escolher se sorri ou chora na maior parte deles.

Eu escolhi sorrir… e você?


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Notas finais do capítulo

Sim... ele esteve morto esse tempo todo.
E SIM FOI UM PLOT TWIST
ao inicio era pra ser ela que estava morta o tempo mas... eu queria inovar.

Ent vc prestou atenção eu deixei varias pistas espalhadas

1 - em momento algum ele falou que abriu uma porta, ele simplesmente sai.
2 - ele apagou a luz do candeeiro, porem a sala continuou iluminada...
3 - nao notaram que todo o mundo ignora ele? no taxi, na rua...
4 - ele falou que começou chovendo, porem passou a mão pelos cabelos SECOS.
5 - a moça notou a presença dele, e vcs sabem que existe pessoas sensiveis a isso.

e sim... a historia eh sobre mim... ent se eu kero dedicar a alguem? apenas eu.. eu acho que precisava dela pra mim.

Eu nem keria postar mas aki a têm
BEIJO ♥