Guillotine escrita por Yumi Cafekkoo


Capítulo 1
Guillotine


Notas iniciais do capítulo

- sei que isso não merece reviews, mas, pelo menos um "Gostei" ok? -n
— leiam as notas finais, por favor;
— Hajimero.



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“You're pushing me too far
We've had our run
With your arms wrapped tight
Around my neck
Close my eyes I sink and grasp for breath.”

[Urbandub]

 

 

 

Guillotine.

 

 

            Era uma noite fria. A neve cobria o chão, fazendo uma trilha de passos. A rua estava deserta. Todos estavam em seus lares, aquecendo-se na lareira, ou então, dormindo.

 

            Um homem era um dos poucos que se atreveram a sair naquela noite. Seus fios eram negros e lisos, compridos. A pele era branca, quase igual à neve. Seu corpo estava encolhido pelo frio. Era um rapaz lindo.

 

            Seu nome era Yuu. Era estrangeiro, havia chegado à França não fazia nem dois meses. Morava em uma pequena casa, e sustentava-se com seu salário, como fotógrafo. Não era famoso, mas era o bastante para se sustentar.

 

            Eis que, após um cansativo dia de trabalho, ele volta para casa, caminhando em passos rápidos. Não olha para frente, apenas para seus pés, com todo o cuidado de não tropeçar - coisa que está muito frequente ultimamente.


            Porém, em vão. De repente, enrosca-se nos próprios pés, e acaba caindo. Murmura algum palavrão, e se levanta, livrando-se da neve que grudou em sua roupa. Olha para frente, e vê que estava no meio da cidade – que era pequena. No centro da praça, havia um grande palco. E uma guilhotina.

 

            Tremeu. Sabia que essas coisas não aconteciam com tanta frequência, porém tremeu, ao pensar em uma pessoa ali. Pensou na angústia que a pessoa acusada estaria, deitada com a cabeça naquele vão, aguardando a lâmina pesada e ágil que rancaria sua cabeça fora.

 

            Sacudiu o corpo. Estava prestes a continuar seu caminho, quando viu que, bem embaixo do palco, estava lá uma pessoa. Não enxergava bem, por causa da neve. Via apenas um vulto.

 

            Aproximou-se, e tinha aparência feminina. Assustou-se por ver uma moça no frio, tão tarde da noite. Chegou mais perto, e chamou-lhe.

 

 - Com licença. – ele disse, com seu francês fajuto. – Mas, pode pegar um resfriado, se ficar aqui, nessa neve.

 

            A mulher abriu os olhos, e ergueu o rosto. Era extraordinariamente linda. A pele pálida, os fios dourados. Parecia alguma mulher da corte.

 

 - Se quiser, posso acompanhá-la até sua casa. – ele continuou, surpreso por sua beleza.

 

            A mulher olhou, um tanto surpresa para o moreno, e finalmente disse.

 

 - Eu não possuo uma casa. Não mais. – olhou para o chão. – E, eu não sou uma mulher.

 

 - Ah, me desculpe. – ele desviou o olhar. Como podia um homem ter tanta perfeição quanto uma dama? – Mas, ainda assim, se não tem casa, deve ter parentes.

 

            O loiro olhou para os céus, e chacoalhou a cabeça. “Não tem nem parentes?”, pensou.

 

 - Bom, então, por favor, eu lhe ofereço os meus aposentos. Sou incapaz de deixar qualquer pessoa ao relento. Acompanhe-me, se quiser, por favor.

 

            O rapaz loiro, aparentemente mais novo, sorriu fraco e levantou-se. Estava parcialmente debilitado, e não conseguiu caminhar primeiramente. Precisou da ajuda do moreno, para conseguirem chegar até a casa do outro.

 

 - Aqui estamos. – Yuu abriu a porta, ajudando o loiro a entrar e a retirar seu sobretudo. – Por favor, sinta-se à vontade.

 

            O menor caminhou com certa dificuldade até uma cadeira, e sentou-se. Respirou aliviado.

 

 - Obrigado pela gentileza. – ele sorriu novamente.

 

            O moreno sorriu de volta. Não conseguia acreditar que aquela pessoa a sua frente era um rapaz, e não uma moça. Do mesmo modo, era lindo. Tão lindo, que praticamente... se apaixonou?

 

 - Será que... – o loiro falou com uma voz rouca. – será que, você teria algo quente para eu tomar?

 

 - Ah, claro! – o moreno respondeu prontamente, esquentando água em um bule. – Vou preparar um chá.

 

 - Obrigado.

 

            Enquanto a água esquentava, Yuu olhou mais atentamente para o outro, sem deixar este perceber. Era demasiadamente lindo, tinha que confessar. Era impossível que ninguém tenha se aproximado dele para, ao menos, conversar. Reparou que tinha uma faixa negra cobrindo-lhe toda a região do pescoço. Deveria ser para esquentar-se do frio, pensou.

 

            Percebeu também que, nem ao menos o nome do menor sabia.

 

- Se não lhe for pedir muito – o moreno disse. – Poderia saber seu nome?

 

 - Ah – o loiro sorriu – Desculpe-me por não me apresentar. Sou Kouyou Takashima. – fez uma reverência.

 

 - Você... – piscou os olhos freneticamente – Não é francês?

 

 - Não, apesar de parecer. – ele estava com uma expressão de já estar acostumado com isso. – E você, quem é?

 

 - Ah, sou Yuu Shiroyama. – curvou ligeiramente a cabeça.

 

 - Oh, percebo. – sorriu de certa forma... feliz.

 

            Assustou-se com o barulho da chaleira, fazendo o outro sorrir. Preparou o chá, servindo em duas xícaras e entregando uma delas à Kouyou. Suas mãos– as de Kouyou - estavam ainda mais frias. Perguntava-se se o outro não estava com hipotermia. Preocupou-se.

 

- Posso lhe perguntar uma coisa...? – Yuu disse, depois de alguns minutos.

 

            O loiro assentiu.

 

- O que você estava fazendo ali, embaixo do palco onde fica a guilhotina?

 

- Apenas... descansando. – o loiro olhou para o nada. – Estava – estou – um pouco deprimido, por não ter alguém para passar a noite junto.

 

- C-como não pode ter ninguém? – o moreno assustou-se, colocando a xícara na mesa. – Você parece ser tão... tão... não sei, parece ter amigos, familiares... esposa.

 

            Kouyou sorriu ao ver o outro desmoronar ao falar a ultima palavra.

 

 - Eu não acho que alguma mulher vá querer ficar comigo, sabendo de minhas opções.

 

 - Voc-

 

 - Aliás, eu realmente não tenho ninguém. – não deixou o moreno continuar. – Mas, pelo menos hoje, eu posso aproveitar um pouco, conversando com você.

 

            Os dois ficaram em silêncio por um tempo, olhando-se.

 

 - Você... – Kouyou falou. – Você também não tem... alguém. Tem?

 

 - Não. – disse, suspirando. – Vivo sozinho.

 

 - Ah. – o loiro olhou para o chão, sorrindo.

 

 - Então – Yuu assustou ao loiro – Então, se nós não temos a ninguém, então, fique aqui comigo.

 

            O menor se assustou.

 

 - Ficar com você?

 

 - Sim. – sorriu. – Você poderá ter alguém com quem conversar. Assim como eu.

 

            Kouyou olhou para o chão, novamente. Yuu aguardou sua resposta. Após um tempo, reparou que o loiro chorava, pingando lágrimas sobre a xícara.

 

- O que... o que foi?

 

- Eu... – o loiro dizia, entre suspiros. – Eu... sempre desejei que, algum dia, eu pudesse ser, de alguma forma, amado. Pode parecer estranho, mas, nunca quis ser aceito por uma mulher. Não acho que mulheres mereçam algo como eu, ou eu mereça algo como as mulheres. E então, você...

 

            Não terminou de falar, pois começou a chorar mais forte. O moreno se aproximou lentamente, abraçando-o gentilmente. O loiro o deixou ser envolvido pelos braços quentes do maior.

 

 - Se é o que você deseja, eu te amarei. – o moreno disse, com o rosto apoiado no ombro do loiro. – Assim como, repentinamente, te amo agora.

 

            Escutou o loiro chorar ainda mais, molhando sua camisa. Eles se abraçaram mais forte. Yuu sentiu que não só mais seus braços, como o corpo todo do outro estava ficando gelado. Preocupou-se mais. Talvez, devesse colocá-lo na cama. Devia estar cansado.

 

 - Vamos, eu te levarei até a cama. – disse, ajudando o outro a se levantar.

 

 - Obrigado por tudo. – o menor limpava seu rosto. – Obrigado por... me amar. Assim, tão de repente.

 

            Não entendia porque o amou. Foi, realmente, amor à primeira vista. Só sentiu aquele calor em seu peito duas vezes. E uma delas, foi quando tocou a mão de Kouyou, que apesar de gélida, era macia.

 

            Colocou o loiro na cama, apagando a vela em seguida. Preparava-se para se retirar do quarto, quando a voz fraca dele o chamou.

 

 - Yuu...?

 

 - Sim. – ele veio prontamente, sentando-se ao seu lado na cama.

 

 - Obrigado por... por me amar. – sussurrou novamente.

 

 - Não me agradeça. Eu é que lhe agradeço. Obrigado por existir, e por aparecer em minha vida. – tocou-lhe a mão, e beijou o loiro de leve e em seguida, saindo do quarto.

 

--

 

            No outro dia, de manhã, Yuu havia saído para ir ao mercado. Não havia oferecido nada à Kouyou, apenas o chá. Ele deveria estar com fome, pensou.

 

            Assim que chegou em casa, preparou a mesa, com uma garrafa de vinho, alguns pães e um pedaço de queijo. Foi até o quarto, e bateu na porta.

 

            Kouyou não respondeu.

 

            Poderia estar dormindo até agora, pensou. Afinal, estava muito cansado na noite anterior. Bateu na porta mais forte, tentando acordá-lo. Ele não respondeu.

 

            Abriu a porta, então. Kouyou ainda estava deitado. Aproximou-se, observando sua beleza. Tocou-lhe a mão, porém estava muito mais gelada. E não tinha pulso.

 

            Ele estava morto.

 

            Arregalou os olhos, e imediatamente correu para fora, gritando para qualquer um que visse em sua frente. “Alguém ajude, por favor!”, gritava. “Há um homem morto aqui, por favor, alguém me ajude!”.

 

            Viu um responsável da lei, patrulhando. Correu até ele, e sacudiu-o.

 

 - Por favor, ajude-me! – gritava, desesperado.

 

 - O que foi?

 

 - Por favor, me siga! Oh, meu Deus! – correu para dentro da casa, aterrorizado.

 

 - Meu Deus! – disse o policial. – Como você o trouxe para cá?

 

 - C-como assim? – o moreno chorava. – Eu... eu falei com ele! Ele veio até aqui, comigo!

 

 - Acho que estava sonhando, rapaz. – o homem foi retirando a faixa grossa do pescoço do loiro. – ele foi executado, na guilhotina. Ontem à tarde.

 

            Assim que retirou a faixa, sua cabeça rolou, e caiu até seus pés. Ele gritou de terror, e saiu correndo daquela casa.

 

            Dois anos depois, encontraram destroços de seu corpo entre trilhos de trem.


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Notas finais do capítulo

Muito bem, vamos para as explicações -q
Li um livro (de criança -q) que se chamava "The German Student". Sim, ele é inteiro em inglês. Eu praticamente plageei essa história -q, mas mudei os personagens e o corpo dela. Foi basicamente apenas a ideia passada pelo livro que eu peguei, ok.
Não sei, queria dar um toque de mistério, ou algo do tipo, mas saiu uma craca. Eram 02:45 da manhã. Tive que pegar o meu notebook (que nem é meu direito) e escrever essa história, porque se deixasse pra depois, a ideia ia embora. Ficou ruim, e a capa, idem.
Pra quem não entendeu... bom. Tentem entender -q Ou então perguntem pelo review.
Saiu muito curto, aliás e__e
Mas tudo bem, obrigada para quem leu.
bgs, fui.



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