Fuck You - Parte I escrita por ahyuga


Capítulo 1
Capítulo Único




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Imbecil.

Impossível olhar para aquele loiro de nariz empinado e não pensar isso.

Queria o segurar firmemente pelos ombros e sacudir até meus braços cansarem. Talvez assim consiga colocar um pouco de bom-senso naquele punhado de gordura que ele chama de cérebro.

Algumas garotas – calouras em sua maioria – o acompanhavam com o olhar, torcendo para serem notadas.

Tinha pena delas, não sabiam a desgraça que estavam desejando.

Suspirei voltando minha atenção ao livro de genética que estava apoiado em minhas pernas. As provas finais estavam chegando e não podia perder tempo pensando em idiotas que se acham os deuses do campus.

—–––––––

— Dizem que ele humilhou os Weasley depois que viu a garota comprando livros usados....

 – Não tem beleza que me faça suportar aquela personalidade....

Comentários corriam solto pelos corredores. Todos cochichando sobre o incidente que aconteceu no pátio há uma semana.

Quando Draco Malfoy abria a boca certamente os fofoqueiros de plantão teriam o que falar por um longo tempo.

Era sempre assim, ele via algo que considerava errado e soltava o verbo. Seria engraçado se não fosse triste.

O loiro era conhecido pelo seu preconceito e egocentrismo. Todos na faculdade temiam serem alvos de sua fúria, o que era estranho já que sempre falavam dele pelas costas.

 O que você falou para a garota? - HGranger

Enviei sabendo que sua resposta seria apenas no final da aula.

Pelo menos isso de bom aquele idiota tinha. Não mexia no telefone enquanto estivesse com professor na sala.

Draco já foi meu melhor amigo.

Antes do pai dele voltar rico do exterior e leva-los para morarem em uma casa que daria pelo menos cinco da minha. Sua mãe cuidava de mim enquanto meus pais trabalhavam. Passamos a maior parte da infância trocando provocações saudáveis.

Até chorei quando ele se mudou e foi trocado de escola.

Quando nos encontramos no campus da universidade dois anos atrás era a primeira vez que o via desde meus 8 anos. Olhando em seus olhos cinzas notei o quanto sentia falta de conversar com ele. Lembro que cheguei a dar um passo em sua direção e notar o reconhecimento em sua expressão antes de virar as costas para mim e rumar para o prédio de engenharia.

Nunca em meus 19 anos tive tanta vontade de bater em alguém.

Ele me ignorou durante o primeiro semestre inteiro. Até o dia em que me encontrou sozinha na biblioteca, escreveu algo em meu caderno e saiu sem dizer nada. Fiquei vendo ele caminhar para a saída sem olhar em minha direção nenhuma vez, apenas quando não podia mais vê-lo que reparei o número anotado no topo da folha.

Desde então nos comunicávamos assim. Por SMS. Nunca pessoalmente. Você tinha sua reputação, eu era bolsista....

Mas isso não me impedia de xingar até seus netos quando chegava aos meus ouvidos suas grosserias.

Como esperava sua resposta chegou apenas no fim do dia.

Disse a verdade. Que ela não tem onde cair morta e não é um namorado rico que vai mudar isso. - Malfoy

Joguei minha cabeça para trás fechando os olhos, o gemido de frustração preso em minha garganta.

Gina era uma boa garota, nunca falei com ela tempo o suficiente para conhece-la melhor, mas sabia que vinha de uma família grande e humilde. Que estudava aqui só por causa da bolsa que recebeu como ginasta.

Certamente o loiro não usou palavras tão delicadas como as que me enviou, ela devia estar arrasada.

Já parou para pensar que um dia posso simplesmente cansar de arrumar sua bagunça? - HGranger

Enviei a mensagem enquanto arrumava minhas coisas dentro da bolsa e corria para o prédio de artes. Pelo horário ela já devia ter saído.

Com sorte ainda a encontraria no campus esperando pelo Potter.

Não. - Malfoy

—–––––––

Minha barriga doía e mesmo assim não parava de rir.

Blasio Zabini, melhor amigo de Draco me contava seu plano para melhorar o humor do loiro.

— Estou falando sério. – E era isso que tornava tudo mais cômico, quis dizer. – Eu seguro e você bate, não tem erro.

Seu plano consistia em acertar uma pancada forte o suficiente para o loiro voltar à estaca zero e poder ser reeducado.

— Ele esquece toda essa amargura que carrega na alma e nós salvamos a população mundial desse terrorista.

— Se acertarmos o local errado ele esquece que é humano e passa o resto da vida como um vegetal.

— Aí eu digo que foi ideia sua.

Revirei os olhos e voltei minha atenção para as pessoas que passavam apressadas naquele horário. Tinha o próximo tempo livre então aproveitei para pegar um pouco de sol deitada me apoiando em meus cotovelos no meio do gramado.

Por que o Zabini está do seu lado? – Malfoy

Virei a tela do meu telefone para Blasio, que bufou levantando e saindo de encontro ao idiota que estava do outro lado do campus com cara de poucos amigos.

Estávamos planejando te matar. - HGranger

Não o vi mais pelo resto do dia. Quando estava saindo da última aula do dia, agradecendo por ser sexta-feira e não ter nenhuma prova na próxima semana meu telefone apitou.

O que você disse? Ele está insuportável! - Blasio

Sorri involuntariamente lendo a mensagem. Guardei o telefone e segui para meu apartamento pensando em como piorar o que já está ruim.

 ––––––––

Lily Allen tocava a todo volume do rádio da sala.

Eu vestia uma camiseta velha e shorts jeans. Estava descalça e meu cabelo revolto, estava amarrado de qualquer jeito no alto da cabeça.

Minhas mãos cheiravam a produto de limpeza, terminava de limpar o banheiro quando a campainha tocou. Sem me preocupar com minha aparência abri a porta me deparando com olhos cinza me analisando de cima a baixo.

Era a primeira vez que ele aparecia na minha casa. Que o via tão perto.

— Como sabe onde moro?

A pergunta escapou antes que eu pudesse registrar a expressão cansada em seu rosto.

— Zabini.

Minha cabeça pendeu para esquerda, meus olhos em fenda esperando o comentário que ele faria sobre minha aparência, mas que misteriosamente não veio.

Ele olhou para baixo, não focando em nada especifico.

— Posso entrar?

Me afastei dando espaço para que o loiro entrasse. Olhou rapidamente envolta, largando seu peso sem cuidado algum no sofá.

— Pansy terminou comigo.

Fechei a porta com mais força que o necessário. Minha boca se abrindo em um “o” perfeito. Definitivamente essa não era uma notícia esperada.

— Ela parecia gostar muito de você. – Minha voz estava levemente rouca, precisei pigarrear para continuar minha fala. – Sinto muito.

Ele bufou estendendo as pernas sobre minha mesinha de centro.

— Não sinta, ela era um porre.

— Não estou te entendendo.

— Não gostava dela, era apenas conveniência. – Tirou o telefone do bolso o largando ao lado dos pés sobre a mesinha. – Mas ela ficou duas horas falando que eu sou frio e distante e como essa relação não daria certo.

Caminhei até o rádio para baixar o volume. A introdução de Fuck You já preenchia o ambiente quando me joguei ao seu lado.

— Essa música combina com você. – Comento de olhos fechados.

Posso sentir seus olhos sobre mim, como se queimassem minha pele.

— Eu não tenho nada contra gays.

— Mas eu quero que você vá se foder.

—–––––––

Exatamente quinze dias após sua ida ao meu apartamento nosso contato havia se intensificado.

Draco me mandava bom dia dois minutos depois que meu despertador tocava. Passávamos o resto do dia conversando, mesmo durante as aulas.

Na primeira vez que ele me respondeu enquanto o professor estava na sala eu fiquei dez minutos encarando o telefone sem acreditar. Pensei que talvez estivesse com tempo livre, mas não, ele realmente havia quebrado sua regra sagrada para me xingar.

Blasio me contava como o loiro parecia bem-humorado depois do rompimento e isso me deixava animada, como se tivesse algo a ver comigo.

Seguia para a biblioteca quando algumas meninas passaram correndo por mim, derrubando meus livros sem se desculparem.

Praguejei baixinho enquanto me abaixava para pega-los.

Sapatos pretos e extremamente caros pararam em minha frente. Levantei o rosto me deparando com aquele mar gelado, um pequeno sorriso despontava em seus lábios finos.

— Ande logo, vamos tomar um café.

Sem esperar minha resposta ele se virou caminhando para fora do prédio. Fiquei ali, no chão, olhando suas costas sem entender o que estava o motivando a isso.

— Não vou oferecer ajuda Granger.

Me levantei apressada o senguindo.

Caminhávamos lado a lado em direção a cafeteria, eu o analisava de canto de olho. Alguns estudantes nos encaravam enquanto passávamos. “Também não estou entendendo” seria minha resposta caso alguém perguntasse algo.

— Hermione!

A voz aguda de Gina fez minha atenção sair do loiro.

Ela se aproximava sorridente com alguns papeis em mãos.

Depois que fui me desculpar com ela em nome do Draco passamos a conversar mais, quase nos tornando amigas. Quase.

— Oi. – Falei simplesmente.

— Estava te procurando, você não viu minhas mensagens?

 Neguei com a cabeça, esquecendo da presença masculina ao meu lado que observava a cena com olhos estreitos.

— Está bom. – Sua animação em momento algum abalada. – Eu e as meninas vamos ao shopping depois das aulas, você quer ir junto?

Me preparava para responder quando a voz rouca soou atrás de mim, mais cruel do que estava acostumada a ouvir.

— E pretende pagar com que dinheiro? Já deu esse passo no seu relacionamento Weasley?

Olhei chocada para ele.

— Draco! – Exclamei sem saber o que falar ao certo.

— O que? – Sua feição passava falsa inocência.

— Você não pode falar assim com ela, e nem com ninguém.

— Por favor Granger, eu posso falar como eu quiser.

Algumas pessoas se aproximaram lentamente, tentando ouvir o que discutíamos.

— Ela é apenas uma garota boba que não percebeu a vergonha que está passando vindo falar com você enquanto está comigo.

— Você sabe que eu e a garota boba temos muito em comum não sabe?

Ele revirou os olhos, ignorando meu comentário, voltou a caminhar em direção a cafeteria.

— Ainda quero meu café, ande logo.

— Vá atrás de alguma idiota que te suporte! – Digo sem me preocupar com quem estava ao nosso redor.

Ele para de caminhar e se vira para mim, me encarando com tanta intensidade que senti medo de cair devido aos meus joelhos bambos.

— Estava esperando você dizer isso.

Então ele me beija e por um momento minha mente se esvazia.

Espera! O que ele quis dizer com isso?!


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Notas finais do capítulo

Música recomendada: Lily Allen - F**k You

E foi isso, resultado de algumas xícaras de café.
Sei que é um história cheia de "buracos", mas é apenas para passar o tempo :)
Espero que gostem!
Opiniões são sempre bem vindas...



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