O Garoto dos Olhos Castanhos escrita por Alison


Capítulo 17
Capítulo XVII - A Praia.


Notas iniciais do capítulo

E finalmente damos inicio aos eventos da Praia! Estou muito animado pra escrever os próximos capítulos. Minha ideia é escrever um pra cada dia da praia, ou seja mais seis capítulos! Espero que eu consiga. Me desejem sorte!



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Lá estava eu. Na minha mansão de luxo, cheio de dinheiro e ouro para todos os lugares. Estava deitado na minha boia gigante em formato de donuts com cobertura de morango. Como a vida de rico era difícil! Tenho de me lembrar de colocar mais notas de cem no banheiro, estava acabando e não queria ter problemas quando tivesse de ir lá.

Tudo estava tão maravilhoso até que acordei. Deus amaldiçoe quem inventou o maldito despertador! Abri meus olhos lentamente encarando o teto do meu quarto, encarava o teto com ódio, raiva e muito rancor. Passei então meus olhos para o meu celular que tocava loucamente e num volume alto uma música que um dia foi a que eu mais amava, porém agora é a que eu mais odeio. Isso que dá colocar sua música favorita no despertador, você pega ranço e ódio mortal.

Dei umas dedadas brutais no meu celular que coitado, não aguentaria se fosse outra coisa. Entendam como quiser. Já eram oito horas da manhã, nas férias estou acostumado dormir até meio dia ou mais, afinal eu mereço um grande descanso. Mas hoje teria que acordar cedo pra arrumar as coisas pra viagem, afinal hoje seria o dia de ir pra praia. Eu estava bastante animado. Ontem, Lucas veio em casa e me ajudou a separar algumas coisas pra levar. Fiquei bem bolado quando ele não deixou eu colocar meu moletom vermelho favorito na mala. Aposto que vai fazer frio a noite e a culpa será toda dele.

Levantei da cama e fui descendo as escadas. A cena que vi lá em baixo foi uma cena que se minha mãe tivesse visto, ela teria um infarto. Meu pai estava socando, literalmente socando as roupas dele de qualquer jeito na mala! Olhei para aquilo e não resisti dar risada.

— Finalmente acordou! Agora pare de rir e me ajuda fechar essa mala antes que sua mãe chegue! – Disse meu pai tentando fechar a mala sem sucesso.

— Como vamos fechar isso?

— Faz assim. Você senta na mala e eu a fecho, beleza?

Não acredito. Mas bom, espero que dê certo essa técnica. Desci o último degrau e sentei na mala. Meu pai fez uma enorme força ao puxar o zíper, tal força que fez a mala girar e me derrubar com tudo no chão. Cai praticamente de pernas pro ar quase dando um chute nele.

— FECHOU! – Gritou meu pai, vitorioso.

— Ainda bem, né? Depois desse tombo que me fez tomar!

Meu pai riu e ainda vitorioso levou sua mala até o canto da casa. A vitória dele vai até a hora que minha mãe abrir a mala dele e ter a surpresa de ver todas aquelas roupas amassadas.

— Mamãe vai matar nós dois. – Cocei a cabeça, confesso que estava nervoso.

— Só vai saber se alguém contar. – Senti a indireta dele.

Balancei a cabeça negativamente e dei uma risada. Estou bem ansioso com essa viagem, ela vai render muitas coisas. Diz meu pai que minha mãe foi no mercado e assim que ela voltou em confirmei o que ele tinha falado. Minha mãe chegou com algumas sacolas mas mãos, lá tinha de tudo pra viagem. Bolachas, biscoitos, salgadinhos e tudo mais pra viagem de ida não ser uma tortura.

Isso tudo tenho certeza que é pra ela, minha mãe não aguenta ficar sem um “petisco” na hora da viagem. Ainda mais nas que demoram muito. Ela foi direto pra cozinha olhando pra nós dois que estávamos com a maior cara de pau e sorriso amarelo! Ela com certeza percebeu que algo de errado não estava certo.

— Pai, que horas vamos partir? – Perguntei depois de buscar minha mala em meu quarto e descer pra sala novamente.

— Vamos almoçar e ir. Quero chegar lá no final da tarde.

— Entendi.

Almoçamos. Foi um almoço rápido e simples, acabamos por volta das onze horas mas só estávamos prontos pra sair nos últimos minutos do meio dia. Minha mãe foi a que demorou mais, ela pegou diversas coisas e levou até mesmo um ferro de passar, o que me deixou muito aliviado por causa da zona que meu pai fez na mala dele. Colocamos tudo no porta-malas, que era extremamente espaçoso e ainda sobrou um pouco de espaço pra mala do Lucas.

Tinha ligado pra ele avisando que já estávamos saindo de casa. Ele disse que já estava pronto e esperando a gente passar, pela voz dele ele estava muito animado com isso. Eu também estava e muito ansioso, tenho certeza que será uma das minhas melhores viagens de todos os tempos. Seria bem animador.

Depois de tanto arrumar e ajeitar as coisas, nos partimos em direção a casa do Lucas para buscá-lo. Assim que chegamos lá, ele e sua mãe estavam parados na porta, Lucas com uma grande mala rosa ao lado de seu corpo. Ele estava com um enorme sorriso quando paramos o carro.

Desci e fui o ajudar colocar as coisas no porta-malas. A mala estava bem pesada, acho que ele estava carregando todo o quarto dele naquela mala rosa peculiar.

— Obrigado por convidarem meu filho, espero que ele não de trabalho pra vocês!

— Acha, o Lucas é um anjo. – Minha mãe respondeu sorrindo como sempre.

A mãe dele sorriu e concordou. Depois de uma longa conversa das duas mulheres, nos partimos rumo ao nosso destino que seria a praia. A viagem em si estava muito quieta. Eu e Lucas não estávamos a vontade pra conversar ali, deve ser por causa dos meus pais estarem bem a nossa frente e nossas conversas serem peculiares demais pra eles, entenderam né?

Tudo estava ocorrendo bem, até que meu pai decidiu falar. Nós já estávamos bem longe da nossa cidade e foi longos minutos de silêncio. Tinha até colocado meus fones pra escutar uma música e fazer o tempo passar mais rápido.

— Lucas, sabia que o Rafael tinha medo de viajar? – Não acredito que ele vai contar isso... – Lembro que quando íamos viajar a longas distâncias ele tinha que levar o bichinho de pelúcia dele.

— Ah é? Não sabia que ele era tão medroso assim! – Lucas disse rindo e debochando de mim.

— Ele é a pessoa mais medrosa que você vai conhecer, Lucas. – minha mãe completou a humilhação

Não acredito que eles estão se juntando pra me humilhar. O que acontece no passado deve ficar no passado. Agora não tenho mais medo, que injusto isso, são três contra um. Não gosto disso.

— E tem mais, teve a única vez que fomos pra praia. Rafael queria ir de tênis e calça pra areia, pois de acordo com ele, tinha nojo da areia. – Meu pai disse isso rindo.

— Nem me lembre disso. O escândalo que ele fez quando pisou na areia sem os sapatos foi horrível.

— Vamos para? – Falei emburrado.

— Ele é bem nojentinho mesmo. – Lucas falou olhando pra mim.

Fui sendo humilhado uma boa parte do trajeto. Meu pai adorava contar as coisas do meu passado, mas eram coisas muito humilhantes. Eu não gosto da minha infância, eu era estranho, bizarro e muito fresco. Tudo bem, ainda sou fresco mas do resto melhorei muito. Muitos falam que gostariam de voltar pra época de sua infância, mas eu nunca mais quero voltar pra esse tempo. Deus me livre. Eu era uma criança bastante egoísta. Não gosto muito de lembrar do passado, vou repetir isso quantas vezes for necessário pra deixar bem claro! De tanta humilhação acabei dormindo.

••

Acordei com Lucas me chamando. Estava no meu belo sonho de milionário novamente. Estava sonhando muito com isso, vai que era um sinal que em breve eu ganharia na loteria e teria todas essas riquezas e poderia relaxar no meu Donuts na piscina gigantesca.

Assim que eu fui realmente acordando, notei o barulho do mar. Já tínhamos chegado e nem reparei! Inclusive já estava bem tarde, o sol já não reinava mais e a lua já estava no céu, linda e radiante. Olhei pra Lucas do meu lado sorrindo e depois reparei que meus pais não estavam dentro do carro.

— Cadê eles? – Perguntei.

— Eles foram falar com o moço do hotel que vamos ficar!

É mesmo, olhei pela janela e vi o prédio que ficaríamos. Bem de frente da praia, olha que maravilha. Seria só descer de elevador e atravessar a rua que estaríamos direito na praia. O prédio era bem grande e bonito, na verdade o padrão de todos os prédios. Brancos e gigantes com muitas janelas. Lucas voltou a me encarar.

— Vamos dar uma volta? Sua mãe disse que poderíamos andar por aí enquanto esperamos eles resolverem tudo.

— Ah seria fantástico. – Já abri a porta do carro rapidamente. Estava muito calor, acho que o Lucas tinha razão em não deixar eu levar meu moletom.

Depois que fechamos o carro fomos em direção a praia. Tinha algumas pessoas lá, sentadas na areia conversando e olhando pro mar. A rua em si estava bem movimentava, pessoas passando de carro, na calçada. Deve ter alguma coisa, uma feira quem sabe por aqui. Vi também bem perto da praia um quiosque de madeira maravilhoso, ele era circular. Estava fechado mas tenho certeza que de dia esse lugar deve ser a maior fonte de comida pra praia inteira. Tirando os vendedores ambulantes, que estou doido pra achar um que venda raspadinha.

Paramos bem na frente onde começaria a areia. Lucas me encarou com um sorriso meio estranho.

— Vai ir de tênis? – ele começou a rir.

— Não acho a menor graça disso, mas sério que temos que ir na areia justo agora? Estou bem vestido pra isso.

Lucas já foi tirando seu sapato e suas meias, dobrou um pouco a barra da calça e foi indo, com os sapatos nas mãos. Fiquei olhando aquela cena e demorei pra processar que deveria fazer o mesmo. Acho que minha criança interior estava atacando, não queria tirar meus sapatos e pisar nessa areia nojenta. Mas faz parte da vida, o pior vai chegar quando entrarmos na água e sair com o pé molhado e a areia virar uma espécie de cola que gruda em você e não sai nunca mais.

Corri pra alcançar Lucas que já estava quase no meio da praia. Cheguei e fiquei ao lado dele e ali paramos, ele se sentou e eu o acompanhei.

— Praia é muito bonito... As ondas do mar parecem vir e levar toda tristeza que eu já  tive embora. – Lucas disse olhando fixamente pras ondas do mar.

— Devo concordar... Se tem duas coisas que eu amo, é o mar e o céu.

Olhei primeiro para o mar. A água vindo e voltando. Era lindo. Olhar pra aquela imensidão e não ver o limite de tudo aquilo me deixava com um sentimento maravilhoso. Imagine as coisas não descobertas que tem lá? As espécies que ainda esperam pra ser descobertas. Meu sonho um dia é entrar em alto mar. Mergulhar bem lá no fundo e ver todas as coisas que residem nesse universo dentro da terra.

Depois olhei pro céu. Muito estrelado, esse lugar por incrível que pareça não tinha tanta poluição e deixava os céus um pouco mais visível que dá minha cidade original. Era lindo, o mar acima de nossas cabeças. Cheias de estrelas e planetas por todos os lados. O universo pra mim é a coisa mais extraordinária da vida, saber que somos um pequeno pontinho no meio de vários outros me deixa tanto com medo como curiosidade. Curiosidade de sair se aventurando espaço a fora em busca de respostas e soluções.

Eu estava no meio das coisas que eu mais amava nesse mundo. O mar, azul e misterioso. O céu, estrelado e cheio de respostas. E Lucas, com os olhos que juntos formam tanto mistério e tanta beleza quanto esses últimos dois que citei.

Me aproximei e sentei mais perto dele, passei meu braço pelo pescoço dele e o fiz deitar sua cabeça em meio peito. Com a outra mão eu comecei a mexer no cabelo dele, bem devagar e de forma carinhosa.

— É tão bom estar aqui com você. – Lucas falou baixinho.

— Eu estou bem feliz com isso, também.

Lucas saiu de meu peito e me encarou, colocou novamente sua mão em meu rosto e soltou um sorriso carinhoso pra mim. Nossos narizes se tocaram.

— Você é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci. Mesmo tendo me feito mal a um tempo, você recompensa sempre só de olhar pra mim.

Aquilo que ele me disse foi tão forte que me deu vontade de chorar. Saber que existe alguém que é mais feliz só por causa que eu existo e estou na vida dele é muito gratificante. É um sentimento totalmente diferente e especial.

— Você também é especial. Você me fez ver quem eu realmente era.

Reparei que tinha algumas pessoas nos olhando. Alguns olhavam com um olhar estranho e comentavam alguma coisa com a que estava em seu lado. Sabia que era o preconceito atacando, não é aqui nem em outro lugar que estaríamos totalmente livres de total preconceito. Mesmo assim, em vez de eu me afastar de Lucas e fingir que nada estava acontecendo eu o tombei, fazendo ele deitar na areia.

— Rafael!!! Meu cabelo vai ficar cheio de areia! – Ele estava quase me batendo.

Subi em cima dele. Me sentando em seu colo e me curvei até poder chegar em seus lábios e o beijar. Imagino agora o quanto aquelas pessoas estão indignadas. Devem estar pensando: Como pode uma coisa dessa aqui na praia? Chamem a polícia!

— Deve estar todo mundo nos olhando!

— Deixem que apreciem. Somos lindos juntos! – beijei ele novamente.

— Realmente, são muito bonitos juntos!

Me assustei. Parei de beijar ele e fiquei sentado em cima dele enquanto olhava pra pessoa que tinha falado isso. Era uma garota, baixinha e de cabelos castanhos claros, quase um loiro. Ela estava acompanhada de uma amiga, um pouco maior que ela e tinha cabelos bem cheios e cacheados, combinava muito com a pele morena dela.

— Olá, meninas! – falei meio sem graça.

— Desculpem, estávamos andando ali e vimos vocês dois. Não resistimos em ver mais de perto! Podemos tirar uma foto?

Lucas deu risada. Eu também queria rir, mas estava surpreso demais. Nunca que ia esperar que alguém fosse querer tirar uma foto nossa! Mas aceitamos. Elas pediram pra que eu continuasse a ficar sentado em cima dele e fizesse uma pose. Não soube o que fazer então fiz um V com os dedos perto do meu olho. Elas tiraram a foto.

Tinha ficado linda! Apesar do flash quase ter me cegado valeu muita a pena e eu não tinha piscado. Levantei e Lucas fez o mesmo.

— Me chamo Alexandra. – disse a menina baixinha dos cabelos castanhos. Seus olhos eram muito bonitos, um verde meio azulado. Combinava com a pele branca dela.

— E eu sou a Karine! – A morena sorriu, seus olhos eram um castanho escuro. Tudo nela combinava também, os lindos cabelos cheios e cacheados, nossa eu estava babando pra aquele cabelo.

Me apresentei rapidamente e Lucas foi logo em seguida na apresentação.

— Vocês estão aqui de férias, né? – A morena perguntou sorrindo. Belos dentes brancos aliás.

— Estamos sim. – respondi.

— Aí que perfeito. Temos vários amigos gays, todos daqui! Podíamos marcar um dia pra sairmos todo juntos enquanto estão aqui! Eles iriam adorar.

— Super concordo. – A morena logo disse em seguida – Passem seus números, vamos manter contato e poderemos sair qualquer dia desses!

Olhei pra Lucas e ele apenas sorriu e passou o número dele pra elas. Eu também passei, afinal ele passou, então vamos todos passar. As garotas agradeceram e logo se despediram. Fiquei meio confuso, mas achei elas bem legais e descontraídas. Achamos amigas novas e isso era perfeito, não era? Pelo menos achamos alguém que não tinha tanto preconceito assim.

— Elas parecem legais. Vai querer sair com elas se nós chamarem?

— Ah... você que sabe, Lu! Seria divertido fazer alguma coisa de diferente.

Ele concordou com a cabeça. Essa praia ficará marcada em nossas vidas. Eu tenho total certeza disso!


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Notas finais do capítulo

Um capítulo leve pra um começo de praia! Espero que tenham gostado, não esqueçam de comentar alguma coisinha! Amo vocês leitores lindos!



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