Purple Light escrita por Isa


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

E ai, meu amores, como foi o carnaval de vcs?

Bom, estamos de volta com mais um capítulo light.



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  POV Nina

 

—Boa dia, meus pirilampos! - abri meu melhor sorriso assim que passei pela porta do escritório.

 

—Olha, alguém está de bom humor - Richard sorriu de volta para mim e eu me sentei dando de ombros ainda sorrindo exagerada.

 

—E esse sorriso? - Mônica enrolou a fita na mão e o cutucou com o cotovelo

 

—A folguinha lhe fez bem, minha deusa - Max rebolou até minha mesa 

 

—Fez maravilhas! 

 

—Meu Deus, Nina, você está radiante - Mônica se debruçou sobre a mesa - Nos conte o nome dele 

 

—Ah, não. - Max revirou os olhos - Não me diga que foi aquele projeto de...

 

—Olha... - levantei o dedo olhando a papelada na mesa 

 

—Quem? - Mônica perguntou 

 

—Meus sobrinhos cuidaram muito bem de mim, foi só isso, gente. - menti 

 

—Tá legal - Mônica estreitou os olhos e voltou ao seu manequim

 

—Minha folga foi tão boa, que eu acho que todos nós merecemos uma folga amanhã - Richard e Mônica comemoraram, mas Max fez cara feia. Apertei sua mão - Não precisamos escraviza-los, amor. Tudo está bem adiantado.

 

—O que vai fazer amanhã? - ele perguntou obsessivo e eu sorri sabendo que ele não gostaria da resposta - Não me diga que vai sair com Harry - ele fez bico

 

—Não vou dizer se não quiser - não conseguia conter minha risada 

 

—Ah, Nina, não! - bateu o pé - toda vez que vai fazer alguma coisa com Harry ele dá um jeito de sumir com você por dias

 

Mordi os lábios ainda sorrindo 

 

—Você já pensou que é bem mais provável que eu faça isso com ele? 

 

Se debruçou sobre a mesa 

 

—Ele é uma distração. - estava sério - Você não pensa em nada quando está com ele, Nina. Precisa focar na sua carreira, ele te atrasa de inúmeras formas. Sei que está super habituada as necessidades dele, mas as suas deveriam vir primeiro. 

 

—Ele não é um atraso - fitei o nada pensando nele com um sorriso bobo no rosto 

 

—Nossa... - Max revirou os olhos com cara de nojo

 

—Quando vamos conhecê-lo? - Richard se meteu

 

—Quando ia contar pra gente que estava namorando? - Mônica cruzou os braços 

 

—Gente, eu não tô namorando - falei totalmente certa de minhas palavras 

 

—Misericórdia! - Max bateu na mesa de madeira -  Que o mundo acabe antes de você ficar com aquele cara, você merece muito mais. 

 

—Não sei quem tá mais em negação - Richard sorriu travesso 

 

—Somos amigos! - dei risada de novo 

 

—Então disfarça o sorriso, meu amor, porque se não todo mundo vai perceber que está caidinha por ele - Richard piscou para mim e meu sorriso se tornou mais discreto, até um pouco envergonhado.

 

Estava caidinha por ele? 

Ou talvez a pergunta devesse ser: Eu PODERIA estar caidinha por ele? 

 

 Pisquei algumas vezes decidida em não pensar naquilo 

 

—Que tal a gente trabalhar? - sorri forçado pra eles e cada um voltou ao seu posto

 

 

 

 

***

 

 

 

 

—Zayn e Perrie vão dar um jantar de noivado - Harry comentou enquanto eu olhava o cardápio.

 

—Não acredito que ele vai continuar com isso

 

—Lembra da nossa conversinha sobre não julgar? - Harry era a melhor pessoa que o mundo poderia ter.

 

Ele, diferente de mim, não era intrometido no que não lhe desrespeitava. Podia não concordar com as coisas, mas não julgava nunca.

 

—Não tô - eu ri mentindo na cara dura. 

 

—Claro que não - Sua voz era tediosa, mas ele me deu de presente a aparição de suas lindas covinhas - Então, você me leva? 

 

Revirei os olhos. Aquela era sua maneira suja de não me dar chance de dizer não.

 

—Precisa falar assim? - abaixei o cardápio - Não pode simplesmente me convidar pra ir com você? 

 

Ele sorriu de novo, talvez um pouco tímido 

 

—Você quer ir comigo? 

 

—Claro - respondi suavemente e notei a garçonete se aproximar da mesa 

 

—Já vão querer alguma coisa? - ela perguntou sorridente demais. Estava nos rodeando a alguns minutos, mas atribui isso a uma possível falta de experiência.

 

—Quero uma cerveja - respondi 

 

—Pode ser um whisky pra mim - Harry batia os dedos na mesa 

 

—Vamos dar mais uma olhada no cardápio - sorri para ela que saiu, mas não antes de dar uma boa olhada em Harry. 

 

Ele estava com uma camisa branca dobrada até os cotovelos, mais do que o suficiente de botões estavam abertos deixando a amostra suas tatuagens. Desleixado, com aquele ar de cafajeste que era um imã de garotas.  

 

Seus óculos escuros não o deixava menos atraente, muito pelo contrário na verdade. Mas eram estranhos a pessoas que não entendiam sua condição, afinal já era quase oito e meia da noite. 

Serrei os olhos dando um crédito a menina, estava curiosa quanto aos óculos. 

 

—Nina! - voltei a mim quando Harry me chamou

 

—Desculpa, o que disse? - ele riu

 

—Sobre a mensagem de Nate. O que aconteceu? 

 

—Nada - pigarreei - Eles querem que a gente vá jantar lá na quarta, mas eu não posso. Vou falar com a Hayle. 

 

A garçonete se aproximou de novo com as bebidas. Agradecemos e mais um olhar discreto. 

 

—Que tal na quinta? - resolvi ignora-la 

 

—Quinta combinamos de ir naquele restaurante novo com Liam e Sophia. - sorriu gentil, ele sabia que meus horários estavam uma loucura e eu nunca me lembrava de nada. 

 

—Certo. Vou pensar em um dia e te aviso.  - precisava falar com Max sobre isso e ele com certeza não ia gostar nada já que aparentemente meus compromissos pareciam instantaneamente contar com a presença de Harry, e eu nem me dei conta de como isso tinha acontecido. - Que horas quer sair amanhã? 

 

—Está perguntando pra mim? - ele arqueou as sobrancelhas com seu lindo sorriso sacana - Você armou isso, quase nem fui convidado 

 

—Não seja idiota - ri descontraída - Sua mãe queria te ver - ele sorriu discreto, estava pensando em algo, se divertindo sozinho - O que? 

 

—Você não tem ideia do que fez, não é? 

 

—Por que? - me debrucei sobre a mesa curiosa 

 

—Marcou um almoço de domingo com a minha mãe - balançou a cabeça em negação - Isso é tão casal!

 

Engoli em seco sentindo um nó repentino no estômago. Era isso. Todos aqueles compromissos interligados era a vida nos tornando uma coisa que juramos a nós mesmos que não seríamos. 

E logo veio a garçonete de novo.

 

—Posso ajudar com alguma coisa? - não olhou para mim, apenas sorriu envergonhada (ou ao meu ver totalmente SEM VERGONHA) para Harry outra vez.

 

Travei meu maxilar e fechei o cardápio um pouco indelicada

 

—Salmão e pra ele o steak tartare - fui seca e estendi o cardápio. Mais uma olhadinha. Não eram os óculos.

 

—Não precisa ser grossa com a menina - Harry sorriu e eu desejei ardentemente que ele pudesse ver meu olhar de reprovação, mas ele nem se quer tinha noção do que estava acontecendo ali 

 

—Eu não fui. - continuei seca

 

—Então, vamos falar sobre como nos transformamos em um casal em apenas uma semana? 

 

—Não nos tornamos - ele gargalhou tão seco quanto eu. 

 

—Nina, você fala com a minha mãe, estamos construindo toda uma agenda com casais de amigos e estamos jantando em um sábado à noite onde você escolhe o que eu vou comer. 

 

Ele tinha todos os argumentos muito claros, mas na verdade nada tinha sido muito diferente antes.

 

—Estamos fazendo tudo como sempre, só que agora a gente transa. Só parece diferente, mas não é tanto. 

 

—Então ontem à noite não foi nada pra você? - Ele arqueou a sobrancelha desafiador 

 

—Foi pra você? - cruzei os braços tentando decifra-lo, mas por alguma razão naquela noite isso estava difícil demais.

 

—Não - respondeu convicto 

 

—Nem pra mim - afastei as lembranças da noite anterior. 

 

Não foi uma noite normal. Eu queria cuida-lo, adora-lo. Queria que sentisse todo o carinho que meu coração transbordava por ele naquele dia que eu sabia que não tinha sido fácil. Estava ali a um tempo, já reconhecia seus sinais.

A noite tinha significado muito. O suficiente para ser lembrada por uma vida.

 

—Que bom - ele sorriu, mas não como antes. Abaixou a cabeça e preferiu se manter daquela forma. - Não temos com o que nos preocupar então. 

 

Eu sabia que não deveria ter aceitado começar com aquilo.

 

—Aqui - a vadia chegou com nossos pratos - Salmão - colocou na minha frente sem me olhar - E Tartare - eu por outro lado observei cada movimento seu, e peguei quando seus dedinhos nojentos tocaram os de Harry rapidamente depois de deixar o prato dele. - Se precisarem de qualquer coisa... - olhos nele. Uma coisa cresceu dentro de mim e eu não consegui me controlar 

 

—Querida, ele é cego! - bati a mão na mesa chamando sua atenção 

 

—Perdão? - ela finalmente me olhou 

 

—Nina... - Harry usou seu tom repreendedor

 

—O que? - olhei pra ele - Desde que chegamos ela não tira os olhos de você e fica dando sorrisinhos sugestivos. - olhei para ela de novo - Ele não vê. Se quer paquera-lo tem que ser ainda mais direta. 

 

—Meu Deus! - ela estava corada, completamente sem graça por ter sido pega - Senhora, eu juro que não era o que...

 

—Não se preocupe, não sou namorada dele - senti certo amargor na boca - Mas você não sabia disso, se fôssemos um casal seria bem feio o que você estava fazendo. 

 

—Eu sinto muito... eu... - O silêncio pairou quando a garota saiu nervosa. 

 

A observei até entrar por uma porta satisfeita com o que tinha causado. Até me permiti sorrir, me sentindo uma grande vilã de novela mexicana. 

 

—Isso era realmente necessário? - Harry estava completamente desconfortável. - Qual foi a primeira regra dessa merda? - perguntou irritado e eu ri seca 

 

—Pelo amor de Deus, não foi ciúmes! 

 

—Ah, não? - sarcasmo infinito  

 

—Essa garota precisava de senso, só isso. Que merda, quer saber, perdi a fome - me levantei jogando o guardanapo na mesa e sai. Pude escuta-lo me chamando, mas não parei. Estava tomada de raiva, e tantos eram os motivos que eu nem saberia discerni-los.

 

Quando sai do restaurante respirei fundo o ar gelado como se meus pulmões estivessem travados todo aquele tempo. A porta do restaurante se abriu e Harry não parecia melhor que eu, mas não parou para tentar falar comigo. Simplesmente saiu andando para longe de mim. 

 

—Onde você vai? - perguntei já imaginando milhões de coisas que poderiam acontecer a ele sozinho pela noite

 

—Não é da sua conta, você não é minha namorada - me respondeu com o mesmo tom de raiva que o meu. 

 

—Ah, Harry, não seja infantil - ele parou por um instante e se virou pra mim sério 

 

—Eu sou infantil? 

 

—Se você visse um cara me olhando daquele jeito, faria a mesma coisa.

 

—Eu nunca vou ver um cara te olhando, Nina. - ele aumentou a voz e eu não consegui responder mais nada. 

 

Não tinha como dizer o quanto aquilo tinha sido insensível da minha parte. Eu estava puta com a garçonete e completamente apavorada com a ideia de me tornar parte de uma coisa que eu não planejava. Mas por mais irônico que parecesse, nada em relação à Harry nunca era planejado. 

Mesmo assim, eu não tinha o direito de sair falando qualquer merda sem pensar. 

 

—Harry... - dei um passo em sua direção e tentei segurar sua mão, mas ele a soltou

 

—Você é a pessoa infantil dessa relação, Nina! Porque por mais que você negue isso pra si mesma isso aqui de alguma forma é uma relação, e eu tô cansando da sua infantilidade. - e mais uma vez me estapeou com as palavras. Voltou a andar. 

 

Eu chorei até dormir aquela noite. 

 

Aquilo com certeza era uma relação e eu estava gostando de como as coisas estavam se desenrolando, mas também lembrava da última vez que tinha estado em uma relação séria.

Eu amava viver aquela vida de casal, sempre ter pra quem voltar, mas acabei amando tanto que esqueci como era estar sozinha, e quando fiquei, me vi esmagada, despedaçada por um sentimento que não tinha mais lugar no mundo, porque Kyle estava morto.

Isso me dava medo. Eu tinha muitos sentimentos por Harry, sentimentos fortes e que tomariam conta de mim se eu não cuidasse. 

Eu não queria sentir aquele amor avassalador outra vez. Sabia o quanto era bom, mas sabia o quanto podia me destruir também.

 

 

 

 

***

 

 

 

 

—Nina! - senti mãos me chacoalhando, mas não quis abrir os olhos - Anda, acorda! 

 

A claridade entrou quando as cortinas foram abertas sem muita delicadeza.

 

—Que merda! - cobri os olhos 

 

—Que merda digo eu! - Harry disse com o rosto sério no pé da minha cama 

 

—Como entrou? 

 

—Parece que compartilhamos o péssimo hábito de deixar a porta destrancada.

 

—Tá. E você tá fazendo o que aqui? - fui curta e grossa, e ele pareceu gostar já que suas lindas covinhas apareceram pra me dar bom dia em um sorriso contido 

 

—Bill tá ocupado hoje - explicou - Você inventou o maldito almoço com a minha mãe, agora vai ter que me levar até lá - deu de ombros 

 

—Se eu for vou ficar pra almoçar - Avisei. Harry apoiou o queixo em suas duas mãos fechadas sobre a bengala pensando. 

 

—E se eu não quiser que você fique? - perguntou e eu quase deixei meu coração se partir por ele me querer longe, mas aquilo não era uma opção.

 

—Problema seu - respondi tranquila como se realmente não me importasse

 

 

 

 

O domingo tinha amanhecido nublado como a merda que ele agora chamava de “relação”. Viajamos duas horas e pouco em um silêncio torturante.

 

—Eles chegaram! - Ouvimos Anne gritar antes de abrir a porta. 

 

Eu nunca tinha estado ali. Ela mantinha a casa onde Gemma e Harry cresceram, mas ficava a maior parte do tempo em Londres para ficar perto deles onde geralmente eram nossos encontros.

 

—Querido!!!!! - Anne abraçou Harry 

 

—Oi, mãe - ele a abraçou de volta pela primeira vez na minha frente extremamente carinhoso 

 

—Como está, meu amor? - ela olhou pra mim - Nina tem cuidado de você direitinho? 

 

—Não muito - ele fez careta e eu revirei os olhos - Ela me maltrata às vezes. Da chiliques e me faz passar fome. 

 

—Quanta calúnia! - olhei incrédula para ele que não aguentou segurar o sorriso 

 

—Não seria capaz disso, não é, querida? - Anne me abraçou e eu a deixei fazer isso sem sentir qualquer arrepio estranho daqueles que sempre me invadiam quando ela me tocava antes. 

 

Hoje eu via o quão humana Anne era, e isso não só me tornou solidária a ela, como também me fez sentir um carinho imenso por tudo o que estaria disposta a fazer por Harry. 

 

—Jamais! - fui bem dramática 

 

Nós entramos na casa simples e aconchegante. Fui apresentada para o namorado de Gemma e nos sentamos no sofá para conversarmos enquanto Anne terminava o almoço. O clima era de descontração. 

 

—Harry contou o que fez no meu primeiro encontro com Mic? - Gemma nos servia vinho

 

—Não contou - peguei a taça que ela me entregou e toquei o braço de Harry, subi meus dedos delicadamente até sua mão e coloquei a taça cuidadosamente. 

 

—Você levou ele no meu show - Harry riu - Foi praticamente implorar pra passar vergonha.

 

—Levou ele no show do seu irmão? - não acreditei 

 

—Caramba, foi um primeiro encontro legal! - ela se defendeu 

 

—Até que foi sim - Mic arregalou os olhos pra mim 

 

—Michal! - Gemma o pegou fazendo aquilo

 

—Amor, foi legal! - ele caiu na risada enquanto ela o olhava incrédula, então voltou-se para mim e Harry - Como foi o primeiro encontro de vocês? 

 

—Nunca tivemos um primeiro encontro - Harry respondeu com um sorriso interessante no rosto, eu não sabia o que queria dizer, mas talvez ele estivesse aprontando algo 

 

—Como assim? - Mic ficou em dúvida - Há quanto tempo estão juntos? 

 

—Não estamos - fui rápida e pigarreei desconfortável. O silêncio fez-se por 3 segundos, então Harry soltou na maior naturalidade:

 

—A gente só se pega às vezes - sorriu esperto e eu olhei pra ele de boca aberta sentindo meu rosto inteiro corar. 

 

—Bem resolvidos vocês - Mic comentou e Gemma olhou pra ele querendo dizer “cala a boca” - O que? 

 

—Você tá maluco? - perguntei dando-lhe um tapa no braço 

 

—Tô mentindo, por acaso?

 

—Bom, eu vou pegar aquele DVD que a mamãe tem de todas as vezes que você caia nos shows 

 

—Ah, não, Gem! - Harry protestou

 

—Claro que eu vou! - ela passou por ele

 

Harry foi salvo pelo almoço que tinha ficado pronto. Comemos muito bem e nos divertimos durante a tarde. 

Fizemos uma pausa nas palavras cruzadas quando Harry e Michal perderam pela segunda vez. Os meninos discutiam sobre quem tinha sido o culpado, então levantei para ir ao banheiro. 

Quando voltei Anne estava entre os dois. Os três conversavam sobre algo que lhes parecia muito interessante, Harry sorria largo. Estava feliz e aquilo me fez sorrir também.

 

—Ele parece outra pessoa - Gemma me pegou olhando pra ele. Me entregou mais uma taça de vinho e os olhou gargalhando de algo, riu como eu. - As coisas entre vocês estão mais intensas né? - voltando-se para mim de novo 

 

—É.... complicado - respondi fitando os pés um pouco envergonhada.

 

—Ele me contou... - tentou ser cautelosa ao entrar naquele assunto - sobre seu namorado. 

 

Meu coração aflito disparou, minhas bochechas coraram de novo e de repente meus olhos se encheram de lágrimas. 

Passei quase quatro anos da minha vida sem tocar nesse assunto, sem pensar muito sobre isso, mas ultimamente estava sendo obrigada a voltar aquilo várias vezes.

 Engoli o nó que subiu em minha garganta e continuei olhando para baixo.

 

—Harry tinha uma namorada também. Kendall. - Gemma engoliu em seco ao dizer aquele nome - Ele já falou sobre ela? 

 

—Não. - respondi quase em um sussurro e voltei a olhá-la agora curiosa 

 

Ela suspirou observando-o de novo com o olhar mais pesado 

 

—Quando sofreram o acidente, Harry namorava essa garota.

 

—Kendall Jenner? - Gemma apertou os lábios e confirmou com a cabeça 

 

 —Quando Harry acordou e descobrimos que ele não podia ver... - Gem puxou todo o ar que podia, seus olhos ficaram tão marejados quantos os meus ao lembrar daquela época tão complicada - Kendall nem apareceu no hospital e não teve um dia se quer que Harry não perguntasse por ela. - Meu coração se partia a cada palavra de Gemma. - Quando ele teve alta ela veio vê-lo uma única vez. Harry nunca me contou, mas eu ouvi no corredor ela dizendo que não poderia assumir essa responsabilidade, que as coisa estavam pesadas demais para ela. 

 

Um ódio ardente percorreu meu corpo por inteiro. Gemma limpou rapidamente algumas lágrimas que tentaram escorrer por seu rosto. O ódio que eu sentia não pertencia só a mim.

Como uma mulher podia ser tão superficial a ponto de não ficar ao lado do homem que “amava” quando ele mais precisava.

 

—Ele precisava dela. - ela continuou tentando ao máximo segurar sua dor por tudo o que Harry tinha passado - Era tudo o que ele ainda queria da vida e o que fez desistir de si mesmo.

 

—Eu não tinha ideia. - Murmurei e nos viramos, nos afastando ainda mais da sala onde eles estavam.

 

—Como se não bastasse abandoná-lo - Gemma limpou uma lágrima solitária que escapou de seus olhos - Aquela vadia ainda manipulou toda a mídia com aquela merda de reality show fazendo com que as pessoas achassem que Harry a tinha afastado.

 

—Vaca! - soltei involuntariamente e Gemma riu

 

—Escuta - ela respirou fundo - Sei que tem medo de amá-lo. Sei que pelo que você passou deve ser complicado demais admitir isso, mas ele foi magoado também. Harry está tão quebrado quanto você. Talvez até mais, porque Kyle não escolheu te deixar, Nina, mas Kendall sim. E mesmo assim ele está ali pronto pra entrar de cabeça nisso. 

 

—Gem, nós combinamos que nada ia acontecer. Nenhum de nós quer isso. - expliquei

 

—Nina, pelo amor de Deus, vocês só enganam vocês mesmos. Prometer não se apaixonar um pelo outro foi a maior desculpa do universo pra não se preocuparem aonde isso ia dar. 

 

—Nada é tão simples, Gemma. 

 

—Nem tão complicado, Nina. - ela segurou meu braço e sorriu para mim - Esqueça minha mãe, esqueça Kyle... Apenas deixe as coisas acontecerem. Deixe de lutar contra, Nina. Tudo vai ficar mais fácil. 

 

Ela estava convicta de tudo. Nossos olhares fundidos um no outro fazia parecer que ela podia enxergar dentro de mim, como se soubesse de todos os meus pensamentos e sentimentos. 

 Não sei porque, mas fiquei um tanto quanto chocada com a franqueza de Gemma. Tanto que não percebi quando Harry se aproximou de nós.

 

—Hey, o que as duas estão cochichando? 

 

—Estou apenas tentando abrir os olhos de Nina - Gemma tomou um tom brincalhão - ela parece enxergar menos que você 

 

Harry riu forçado enquanto Gemma se afastava

 

—Engraçadinha - ele voltou a ficar de frente pra mim - Vem, vamos dar uma volta.

 

Andamos alguns minutos, Harry não tinha muita certeza de onde estava, então sempre me perguntava sobre algumas referências, mas estávamos nos virando bem.  

 Chegamos a um espaço gramado aberto tinham algumas colinas e árvores, era um lugar maravilhoso.

 

—Já está vendo o rio? 

 

—Sim, ali na frente - confirmei 

 

—Ainda tem o galho de uma árvore pendendo sobre ele? - vi o galho mais a frente

 

—Tem - sorri 

 

—Meu primeiro beijo foi um pouco mais ali na frente - ele apontou sorrindo com a lembrança - Estávamos encostado em uma árvore - arqueou a sobrancelhas safado

 

Me afastei um pouco observando a paisagem, parecia o lugar perfeito para um primeiro beijo perfeito.

 

—Você gostava dela? 

 

—Era minha melhor amiga - deu de ombros rindo com a ironia daquilo. 

 

Voltei até ele e o puxei até a árvore mais próxima, o encostei e selei nossos lábios delicadamente. Ele me beijou de volta com a maior calma do mundo. Seus dedos se perderam por meus cabelos e quando nos soltamos ele acariciou minha bochecha. 

 

 —Beijou mais uma melhor amiga nesse lugar - brinquei 

 

—Vou contar pra próxima que eu trouxer aqui - empurrei seu ombro levemente irritada e ele riu envolvendo minha cintura. Colou nossas testas e suspirou - Queria conseguir ficar longe de você.

 

—Que bom que não consegue - sussurrei e ele me beijou rapidamente. Me afastei lembrando do convite que ia fazer pra ele ontem, antes de toda aquela merda. - Tem uma coisa... - parei 

 

—Hmmm? 

 

Eu ia convida-lo, então decidi não fazer mais por todo aquele lance de "relação" e "casal". Mas eu estava levemente tentada a fazer o que Gemma tinha acabado de me falar pra fazer.

 

—É uma coisa idiota de família - eu estava sem graça. Aquilo definitivamente daria um ar diferente as coisas.

 

—O que? - ele ria de mim. Era óbvio meu nervosismo

 

—Meus avós vão dar uma festa semana que vem pra comemorar 50 anos de casados - falei rápido pra não dar pra trás - Você quer ir comigo?

 

Ele continuou sorrindo, mas pareceu pensar por alguns segundos tentando entender o que aquilo tudo queria dizer.

 

—Vou conhecer a sua família?

 

—Vai - concordei - Meus avós, meu pai... - meu coração se encolheu por inteiro e revirei os olhos - Minha mãe...

 

—Sua mãe?  - seu tom de voz aumentou

 

—Éé... - suspirei pesado - Ela não é a pessoa mais agradável do mundo, então se não quiser fazer isso, tudo bem. Eu vou entender totalmente, você não tem obrigação nenhuma... 

 

—Nina, eu vou! - ele me fez parar de falar feito doida 

 

—Mesmo? 

 

—Claro, apesar de ser um role super casal e tal... - ele começou e eu o estapeei de novo enquanto riamos. Então ele me apertou para que ficasse mais próxima dele. Próximo até demais.

 

Eu podia sentir o cheiro de sua pele a milímetros de mim e meu corpo se arrepiou inteiro.

 

—Sobre isso... - comecei

 

—Combinamos que não passaria de sexo, eu sei - ele completou com um ar quase decepcionado, mas sempre soube disfarçar bem.

 

—É - concordei - Vamos só, deixar as coisas como estão.

 

—Tudo bem pra mim – ele me beijou outra vez sem prolongar o assunto.

 


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Notas finais do capítulo

E então? Prontas para conhecerem a mãe da Nina?

Estamos chegando em um ponto da historia onde o passado dos personagens não só vai começar a ser explicado, como também podem fazer uma apariçãozinha para balançar os corações alheios. Se preparem, minhas babys.

Grandes emoções estão por vir!

Eu já tenho o próximo capítulo, e como vou viajar no finds vou deixar programadinho pra ser postado no sábado, lá pra dez horas.

Espero mesmo que vocês estejam gostando, os comentários estão me ajudando muito a animar e continuar com a historia! Então muito obrigada!!
Me digam o que achara!

Beijinhos



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