Purple Light escrita por Isa


Capítulo 10
Capítulo 9




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Nina abriu a porta do apartamento de Harry e seus olhos arderam com tantas luzes. A altura da música era insana e a quantidade de gente lá dentro piorava tudo.

Ela entrou segurando na mão de Harry. Ninguém ali se importou com eles, simplesmente continuavam no mesmo lugar fazendo com que Harry trombasse com vários deles. Assim que conseguiu o deixou no sofá e foi direto no maldito som.

 

Quando desligou tudo ouviu as lamentações e vaias, então subiu em uma cadeira.

 

—TODO MUNDO PRA FORA! A FESTA ACABOU! 

 

Nina pulou da cadeira, mas ninguém se mexia ainda

 

— E quem é você? - uma loira perguntou arrogante 

 

—Sou a pessoa que vai acabar com toda a plástica que você tem no nariz se não começar a andar pra fora. - Nina não gostou da cara dela - E EU VOU CHAMAR A POLÍCIA.

 

Ela pegou o telefone e todo mundo começou a sair. 

 

Quando Harry ouviu o barulho da porta fechando não aguentou segurar a risada.

 

—Você é louca!

 

—Sou a louca que deu um jeito no seu apartamento. - ela se jogou no sofá ao seu lado - Você tem vinho aqui? 

 

—Em algum lugar da cozinha - ela apontou e ela mais do que rápido pulou o encosto do sofá 

 

Harry deitou enquanto ouvia Nina vasculhando as coisas 

 

—Hmmm! Rosé! - ela parecia animada - Adoro esse, vai beber comigo, não?

 

—Qualquer um diria que é cedo demais para começar a beber  - ele riu lembrando dos meninos 

 

—Eu estou bebendo desde ontem, você também, então não estamos começando nada. Apenas dando continuidade. 

 

—Você é uma péssima influência, senhorita Scott - Harry segurou a taça que Nina colocará delicadamente em sua mão com graça

 

—Eu? - Nina gargalhou. Estava levemente alterada - Você ainda não viu nada - E pretendia continuar assim. Ela entrelaçou suas pernas deitando no sofá junto com ele. Provavelmente não tinha a mínima noção do quão sexy era aquilo  - Agora me conta, pra que essas festas se você nem curte ficar nelas?

 

—Pra ser sincero, eu nem sei como elas acontecem. Quando percebo já estou no meio - os dois riram 

 

—Que merda! - Nina molhou os lábios com o vinho - Não vou mais deixar isso acontecer 

 

Harry riu gostando do tom da conversa.

 

Ela estava soltinha como nunca antes, sem pensar no que falava ou fazia.

 

— Nem me levou pra cama e já quer mandar? - Harry debochou e Nina tirou a almofada de suas costas para bater nele

 

—Você vai ver só se eu não te coloco na linha, rapaz - tomou o vinho no gargalo e encostou a cabeça no sofá enquanto ele ria - O que você faz durante o dia? 

 

—Ah, eu... - Harry pensou por alguns segundos - Durmo e... - pensou mais um pouco - Descanso e... fico por aqui. E durmo de novo - ele sorriu 

 

—Fica trancado aqui o dia todo 

 

—Não é bem trancado - Harry sentou no sofá pensando em se explicar 

 

—Enfornado nesse apartamento! - ela apontou pra ele acusando-o

 

—Exagerada! 

 

—Chega. - ela se levantou num pulo e o puxou do sofá também - O dia tá lindo, o sol tá brilhando, e você sabe o quanto isso é raro nesse país.

 

—Então...? - ele perguntou ainda confuso, percebendo toda uma movimentação ao seu redor, já imaginado as intenções de Nina

 

—Vamos andar de bicicleta! - ela disse animada e ele teve certeza de que sorria pra ele. Malditos olhos, queria tanto ver aquele sorriso.

 

Ela não esperou que ele respondesse, saiu puxando-o do apartamento.

 

Eles andaram um pouco, e enquanto Harry dava mil e um argumentos para convencê-la de que era uma péssima ideia, ela só conseguia pensar em fazer daquele dia o melhor de todos.

E tanto fez que em meia hora Harry estava montado em uma maldita bicicleta.

 

—Isso é assustador - ele disse apavorado 

 

—É divertido! - ela manteve a animação enquanto subia na parte da frente da bicicleta. - Você me ajuda a pedalar e eu guio. Perfeito! - Harry sorriu forçado e ela riu - Pronto? 

 

—Nunca! 

 

—Quando eu contar três. Um. dois. três!

 

A sintonia não foi perfeita, nem de longe foi boa. Mas mesmo um  pouco desajeitados, eles conseguiram sair do lugar e depois de um tempo pegaram o jeito do negócio.

Harry não lembrava da última fez que tinha andado de bicicleta e no começo tudo pareceu estranho, o barulho e o vento, até se tornar estranhamente agradável.

Eles pedalaram, e pedalaram. A risada de Nina era contagiante e o vento fazia seu perfume se misturar com o cheiro de terra e das árvores. Parecia tudo tão doce, tão confortável. 

Ele resolveu se arriscar, tirou as mãos do guidão que de nada serviam e os abriu, sentindo o vendo o inundar. Era demais! 

E então em uma de suas olhadelas, Nina se distraiu por tempo demais. Acabou perdendo o controle da direção e os dois foram parar no chão.

 

Harry gargalhava, ria como um menino. 

 

—Você tá bem? - ele perguntou entre as risadas com um toque de preocupação em sua voz

 

—Ralei meu joelho - Riu junto com ele 

 

—Você é um péssimo cão guia - Harry deitou-se no chão de tanto rir e ela o acompanhou 

 

Eles se levantaram e depois de andar de bicicleta durante toda a manhã resolveram almoçar, afinal já estavam quase sóbrios de novo.

Nina escolheu um restaurante simpático, o L'entrecôte. Pediu o prato maravilhoso de carne com molho de mostarda e batata frita que sempre a fazia se sentir em Paris.

 

—Tudo bem. - Nina respirou fundo atenta - Me explica que eu te explico. 

 

Harry riu dela. Quando pessoas que podem ver lidam com deficientes visuais geralmente tem um conceito pré-formado de como agir ou de como seria melhor não agir, e isso acaba tornando as coisas mais difíceis para que ambas as partes se sintam a vontade com determinadas situações. 

Mas com Nina não era assim. 

Talvez por ter esse jeito despojado de não ligar pro que os outros pensam. Talvez por ser livre demais. 

 

Ela não se importava com dúvidas ou comentários que alguém normal poderia pensar que iriam ofender Harry.  Ela simplesmente desembestava a falar sem cuidado algum. 

 

E isso era a melhor parte de estar com ela. 

 

—É como um relógio. - Harry explicou pela primeira vez sem sentir mal com isso. - As horas dizem a direção. 

 

—Tá. Então no prato temos a carne com molho de mostarda as seis horas. E as batatas fritas ao meio dia. - ela parou por alguns instantes confusa enquanto Harry ainda ria dela - Usamos meio dia pro almoço e meia noite pro jantar? 

 

Ele riu mais ainda

 

—Claro que não. Fica mais fácil dizer as doze horas. 

 

—Claaaaaro! - Nina riu de si mesma também - Que anta! 

 

—Você já foi? - Harry perguntou então mudando de assunto 

 

—A paris? Só uma vez - ela respondeu serena e ficou quieta por alguns segundos, buscando na memória tudo o que mais amava naquela cidade. 

 

—E então? - ele estava curioso, tudo em Nina era misterioso e empolgante.

 

—Ah... - ela suspirou tomando um gole de vinho, ele sentiu saudade em sua voz - Eu me apaixonei! Nunca deixaria aquela cidade se pudesse.

 

—E por que deixou? 

 

—Meu irmão estava numa fase difícil. Precisava de mim.

Sua voz tomou um tom pesado, mas muito tranquilo, e Harry percebeu que Nina era o tipo de pessoa que fazia de tudo por quem amava, mesmo que isso significasse abrir mão da própria felicidade. Isso a tornava mil vezes mais incrível do que ele já achava.

 

— E eu não tinha dinheiro - ela riu.

 

A vida era engraçada. 

 

Antes ela não poderia se manter em Paris, hoje do jeito que as coisas iam caminhando, viveria lá tranquilamente. 

Talvez devesse fazê-lo, sumir em Paris. Seria perfeito! 

 

— Devíamos  ir - Ela soltou sem pensar. E quando percebeu sorriu tão espontânea, tão fácil, que a vontade de sumir virou fumaça. - Paris com você seria divertidíssimo.

 

Harry sorriu um pouco triste. Queria ir a Paris com ela, queria poder vê-la em Paris, mas nem mesmo conseguiria descer do avião sozinho.

 

—Quem sabe um dia. Outra vida. 

 

—O QUE? - Nina quase engasgou com o vinho. Foi por pouco. Por bem pouco Harry quase tinha conseguido deixar o baixo astral de lado. 

 

—É... - ele começou 

 

—Complicado - Nina disse ao mesmo tempo que ele, mas não tom irritado 

 

—Não tem nada de complicado, na verdade é bem simples. Você tem que me levar a Paris, nunca vou te perdoar se não fizer - "Que merda está fazendo, Nina?"

 

Alguns minutos de silêncio foram feitos enquanto ela tentava manter a compostura. Amigos em Paris. Que maravilha! 

 

Só que não!

 

—Altos porres - Harry levantou a taça de vinho tentando apagar de sua mente o rápido relance de sexo em Paris com ela. "Amigos, Harry!" 

 

—Você bebe demais - ela riu chamando o garçom para que enchesse sua taça 

 

—O que? - ele perguntou indignado - Quantas taças você já tomou? 

 

—Quatro - o garçom respondeu delicadamente 

 

—E já estava suficientemente tonta na primeira - Nina gargalhou com Harry e o garçom se segurou muito para não rir junto 

 

Assim a tarde foi passando entre conversas surpreendentemente profundas, leves e bobas, batata, vinho e altas risadas. 

 

 

Harry nunca gostou tanto de estar fora de casa como naquele momento.

 

—Meu Deus!!! - Nina se assustou ao ver as horas -Precisamos ir!

 

—O que? Por que? - Harry não entendeu nada. 

 

—Temos que ir pra mais um lugar, mas antes temos que arrumar um boné pra você

 

—Boné? 

 

—É uma surpresa! - ela disse animada - E você não pode ser reconhecido

 

Eles pagaram a conta e saíram mais que apreçados. Nina comprou um boné qualquer em uma lojinha no meio da rua e os enfiou em um táxi.

Harry não entendia nada, quando saíram do carro estava a maior gritaria, falação. Era uma multidão.

 

—Então, eu sei que não está acostumado com isso, mas hoje você vai ser gente como a gente - ela riu 

 

—O que você tá aprontando? - ele estava super desconfiado 

 

—Estamos numa fila! - ela estava bem animada 

 

—Fila? 

 

—Vamos ver Coldplay essa noite!


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