Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 82
CAPÍTULO82


Notas iniciais do capítulo

Olá galera, tudo bem?
Nunca fiquei tanto tempo sem postar; viagei por alguns dias e não consegui internet... estamos com alguns capítulos atrasados mas aos poucos vou atualizando. Boa leitura!



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CAPÍTULO82

Chapecó sentiu as palavras sumirem como que num pasce de mágica;
Joinville quase caiu da cadeira, Camila não sabia se ria ou chorava.
Chapecó, sem saber se era isso mesmo que queria fazer, tocou a mão
esquerda da amiga:
— São José, Cami?
— E quem seria, Chapecó? Desde quando, meu Deus? - questionou Joinville, confusa, não sabia o
que pensar:
— Vocês tem todo direito de questionar, eu sei! Joinville, já fazem
alguns meses que nós nos aproximamos, seu pai e eu; ficamos amigos,
saímos algumas vezes juntos mas nunca passou disso! Eu sentia como se
estivesse traindo sua mãe, traindo você, sim porque você nem se quer
sonhava com uma coisa dessas! Ele me pediu em namoro na última segunda
feira, eu disse que não poderia dar a resposta sem antes fazer o que
deveria ser feito! Na terça feira eu procurei a sua mãe, Joinville;
conversei com ela, me libertei da culpa, do sentimento de estar traindo
vocês que eu mesma me impus! E só depois de ter conversado com
Florianópolis, depois dela ter sido tão compreensiva comigo eu consegui
dar ao seu pai a resposta que meu coração queria!
Camila sentiu que suas forças se esgotaram; mas conseguiu dizer tudo
o que estava em seu coração, o que ensaiou durante todo aquele dia.
Joinville continuava sentada, paralisada:
— Cami - falou a moça -, eu não queria ser grosseira, eu tenho muito
carinho por você e você sabe disso, só que tudo isso foi informação
demais pra mim! Eu preciso pensar, eu preciso conversar comigo mesma e
entender como eu quero lidar com tudo isso! Você é a melhor amiga de
Chapecó, está namorando o meu pai, eu preciso pensar!
— Joinville, eu só quero te dizer mais uma coisa, a mesma coisa que eu
falei pra sua mãe! Você e os seus irmãos sempre vão ter um espaço
especial na nossa vida, e quem sabe um dia, na nossa casa! Se eu e seu
pai, em fim, se a gente der certo...
— Por favor, Cami; como eu te falei, eu não quero ser grosseira mas eu
preciso pensar, eu preciso me acostumar!
Joinville se levantou lentamente e olhou para Chapecó:
— Eu vou lá pro quarto, tomo um banho... Cami, eu procuro você!
A jovem deu meia volta e saiu da sala.
— O que é que eu faço? - perguntou a enfermeira nervosa:
— Calma, amiga - ponderou Chapecó -, por favor calma! Ela gosta muito de
você, mas vamos combinar que tudo isso foi uma surpresa enorme! Ela vai
acabar se acostumando, eu conheço Joinville!
— Nesse exato momento ele está jantando com Jaraguá e Palhoça; se elas
não me aceitarem, Chapecó, eu não sei...
— Vão aceitar, minha amiga, não tem motivo nenhum pra elas não te
aceitarem! Agora tenta descansar, eu vou conversar com Joinville!
Camila saiu do apartamento se sentindo leve por ter conseguido
falar, mas ainda temia pelo que poderia acontecer. Quando estava
chegando no flat, acabou esbarrando em São José, que estava indo levar
as meninas de volta para a mãe. Os três ficaram parados na recepção por
um instante, Jaraguá foi a primeira a falar:
— Cami, o nosso pai já contou pra gente; e eu quero te dizer que, apesar
da gente ter ficado muito surpresa, nós estamos felizes por ele e por
você!
Palhoça não disse nada; e quando Jaraguá deu um passo à frente e abraçou
a namorada do pai, a irmã encheu-se de coragem e juntou-se a ela.
São José, que observava a cena, esperou que as três se separassem,
ajeitou uma mecha do cabelo da enfermeira e depositou-lhe um beijo leve
no canto da boca:
— Vou levar elas pra casa!
— Tudo bem; eu preciso falar com você!
— Posso passar no seu apartamento depois?
— pode, eu vou estar te esperando!
Camila acompanhou o namorado com os olhos até vê-lo sumir pela porta do
prédio com as duas filhas.
Chapecó entrou no quarto com passos leves; seu olhar tranquilo
encontrou Joinville, deitada na cama, de camisola e uma expressão ainda
confusa. A engenheira procurou se ajeitar confortavelmente na cama ao
lado dela; o desconforto causado pelo fim da gravidez já limitava seus
movimentos:
— Essa história te pegou, não é, meu amor?
— Eu não posso negar que sim, Chapecó; eu não sou contra, eu acho que se
tivesse sido a Camila no lugar de Criciúma tudo teria sido mais fácil!
Mas é a melhor amiga da minha companheira que está namorando o meu pai, que
tem idade pra ser pai dela!
— Vem cá - Chapecó puxou Joinville para si, fazendo-a recostar-se em seu
corpo e parou com a mão em sua nuca -, é impressão minha ou você está
com ciúmes do seu pai?
— Posso te confessar uma coisa, Chapecó?
— Pode; o que é?
— Eu sempre tive ciúmes de você com ela!
— Com a Camila?
— Sim! Você nunca soube, eu procurava manter o controle mas sempre tive
medo; Camila não tinha namorado, estava sempre tão próxima de você, eu
tinha medo que uma hora ou outra vocês duas...
— Não, meu anjo, não! Camila sempre foi uma irmã pra mim, claro que no
começo da nossa amizade eu olhava pra ela, me sentia atraída por ela
sim, eu não posso te negar isso! Só que ela se tornou minha melhor amiga, uma irmã e eu não
conseguia mais olhá-la com outros olhos se não assim, como irmã!
— Vocês nunca tiveram nada, Chapecó?
— Não, a gente nunca teve nada!
— Você me contaria se isso tivesse acontecido?
— Contaria sim, meu amor, contaria porque eu jamais teria coragem de te
enganar! Joinville, eu tive outros relacionamentos antes de você e nunca
te enganei, mas você foi a única mulher que conseguiu ocupar todos os
espaços na minha vida, a única mulher que...
— Que você nunca traiu?
— Sim, você foi a única mulher que eu nunca traí! Eu te amo, Joinville,
eu te amo de um jeito que eu nunca achei que fosse possível!
As duas ficaram por um tempo conversando; já era tarde mas ainda estavam
sem sono. Acabaram indo ao quarto do bebê, que já estava todo preparado
para a chegada dele; fizeram juntas a mala com as roupinhas que iria
para a maternidade, escolheram cada peça com carinho:
— Eu estou com medo, Joinville! - desabafou Chapecó, sentada ao lado de
sua companheira em uma poltrona que havia no quarto do filho; Joinville tocou na
perna dela:
— Medo de quê, minha querida? Correu tudo bem até agora, você foi tão
valente...
— Medo de errar, de não saber o que fazer! Eu sei que pode parecer
bobagem minha, mas eu tenho medo de não saber o que fazer, medo de não
saber como agir quando o nosso filho vier pro meu colo pela primeira
vez, medo de errar como mãe...
— Não, meu amor, não pode pensar assim! A gente está juntas, nós
enfrentamos tanta coisa pra chegar aqui, a gente vai saber cuidar do
nosso filho, vamos educá-lo, já está dando tudo certo!
São José levou as duas filhas até em casa e voltou para o flat; foi
direto para o apartamento de Camila.
O casal de namorados se sentou no sofá; na tv tocava uma seleção de
músicas da banda Roupa Nova, da qual a enfermeira sempre foi fã desde
criança. E ao som da música Dona, cantada pela voz suave do baterista da
banda, os dois começaram a conversar, de mãos dadas:
— Como é que foi com as meninas? - perguntou Camila, mesmo temendo pela
resposta que viria:
— Eu achei que seria mais difícil, meu amor; Palhoça não leva
absolutamente nada a sério mas a minha preocupação era Jaraguá! Ela foi
a que mais sofreu quando eu me separei da mãe dela! Mas quando eu falei
que era você, elas ficaram contentes, Palhoça estava com a piada na
ponta da língua como sempre, em fim, tudo correu como a gente queria! E
no apartamento de Joinville?
— Eu saí de lá muito preocupada, São José! Ela ficou confusa e acho que
no lugar dela eu também ficaria; disse que não era contra mas me olhou
como quem condena, como quem se sente ameaçada de alguma forma! Mas eu
acho que eu teria a mesma reação se estivesse no lugar dela! Toma uma
taça de vinho comigo?
— Pode ser, minha querida, com uma condição!
— Que condição?
— Que você fique aqui, sentadinha e me deixe servir o vinho pra nós!
— Tudo bem, condição aceita!
Enquanto o namorado servia com cuidado as duas taças com vinho
branco, Camila ficou sentada, observando; São José voltou para o sofá
com as duas taças e entregou uma para ela:
— Eu quero propor um brinde! - os olhos de Camila brilharam quando as
palavras saíram de sua boca:
— E vamos brindar a quê?
— Em primeiro lugar à os seus filhos, à boa relação que eu quero e que
eu vou ter com eles; e em segundo lugar a nós!
Os dois levantaram as taças e brindaram ao som da música Seguindo no
Trem Azul.


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