Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 68
Capítulo68




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CAPÍTULO68

— Vamos logo, Palhoça! - gritou Jaraguá, parada junto à porta da sala;
a família estava indo passar dez dias em uma fazenda que lhes pertencia
a alguns anos:
— Já vou, maninha! - respondeu Palhoça lá do quarto, estava terminando
de fechar a mala:
— Vamos pegar a estrada antes da chuva! - anunciou Florianópolis no
corredor do apartamento, com o bebê no colo:
— Pronto, gente! - Palhoça finalmente saiu do quarto.
Florianópolis iria pegar a estrada levando três de seus filhos no carro;
passaria pela casa de São Miguel do Oeste para apanhá-lo também.
Joinville iria com Chapecó, Blumenal com o marido.
— Olha só quem eu vejo! - Joinville e Chapecó não queriam acreditar;
estavam chegando da farmácia e encontraram com Itajaí na frente do flat:
— Como vai? - a futura arquiteta tentou parecer o mais natural possível:
— Decepcionada, Joinville; quando você foi parar naquele bendito
hospital, eu achei que finalmente eu e Chapecó iria-mos ficar livres da
sua presença inconveniente! Mas vaso ruim não quebra...
— Eu vou fazer você engolir essas barbaridades! - enfureceu-se Chapecó:
— Calma, minha querida - tentou Joinville -, por favor, escândalo aqui
na calçada não!
Nesse momento, Itajaí olhou atentamente para a mão direita da
ex-namorada, percebeu que ela estava de aliança:
— Eu não acredito, Joinville! Você conseguiu colocar as algemas nessa
daí? Parabéns, minha querida, eu não consegui; pena que eu não possa te garantir que isso
vá durar pra sempre; eu já te falei, ela vai acabar te traindo como fez
comigo, quem avisa amigo é!
— Não, Itajaí, eu não coloquei as algemas em Chapecó; a aliança é um
símbolo, um símbolo de amor, de união! Eu sei que você não entende nada
sobre essas duas palavras, amor e união!
— Mas olha só pra isso, quer dizer que você resolveu agir, Joinville?
Quando eu conheci você, eu confesso que eu fiquei com pena; você era tão
ingênua, tão inocente, nunca tinha namorado ninguém, eu morri de pena de
vocês duas! De você por causa dessa sua carinha de anjo, cara de quem
não entende nada do assunto, e de Chapecó porque ia ter que te ensinar
praticamente tudo!
— Sua miserável, vulgar! - desta vez, Joinville não conseguiu impedir;
Chapecó estava decidida a tirar a ex-namorada dali com as próprias mãos,
mas ao tentar alcançá-la, tropeçou e acabou caindo na calçada.
— Chapecó! - o grito de Joinville veio acompanhado por uma sensação
de medo; a moça deu um passo a frente e agachou-se junto à namorada:
— Joinville, meu filho; eu estou sentindo uma cólica!
Itajaí recostou-se em um poste e colocou as duas mãos no rosto, sem
coragem de dizer nada:
— Chapecó, calma; não se mexe, eu vou pedir ajuda! - Joinville estava
atordoada, mas tinha que ser forte,.
— Coloca ela no sofá, Lucas! - orientou Ana Luísa; quis o destino que
o noivo da médica estivesse no flat naquela tarde e foi ele quem
carregou Chapecó até seu apartamento. Ela entrou logo atrás,
acompanhada por Camila e por Joinville:
— Eu coloco essa infeliz na cadeia se alguma coisa me acontecer!
— Calma, Chapecó - tentava Lucas enquanto a colocava no sofá com cuidado
—, por favor calma!
Lucas também era médico, pediatra, sabia o que fazer naquela hora.
Ana Luísa se aproximou e sentou-se ao lado de sua paciente; olhou-a nos
olhos como quem ia dizer algo muito importante:
— Chapecó, presta atenção! Tenta relaxar, você não está com sangramento,
essa dor é consequência do choque que você teve quando caiu lá na
calçada! Eu vou te dar um comprimido que vai aliviar esse desconforto,
mas se não tem sangramento é porque não é nada grave!
— Eu não posso perder esse filho, doutora! Faz alguma coisa, por favor,
eu não posso perder esse filho!
— Não vai perder, querida, não vai perder! Relaxa, procura não fazer
esforço nenhum! Eu vou até ali no meu apartamento pegar o remédio, tá!
A médica deu meia volta e saiu do apartamento:
— A gente viaja amanhã! - determinou Joinville, pacientemente,
sentando-se ao lado de Chapecó:
— Não era pra ser assim...
— Mas aconteceu, minha querida, aconteceu! Hoje a gente fica aqui, perto
da sua médica pra evitar problemas, amanhã a gente vai!
— Eu juro que se acontecer alguma coisa com o meu filho, eu coloco
aquela infeliz na cadeia nem que eu precise ir até o inferno atrás dela!
— Calma, meu anjo, não adianta ficar assim; essa agitação toda vai
acabar te prejudicando!
— Eu estou te falando, Joinville; eu vou até o inferno atrás dela, mas
se acontecer qualquer coisa comigo ou com o meu filho eu jogo ela no
fundo de uma cela!
Camila, que observava a cena sem dizer nada, entrou na conversa:
— Joinville tem razão, amiga; não tem motivo nenhum pra você ficar desse
jeito!
Florianópolis já estava na estrada com os três filhos e o genro no
carro:
— Mãe - avisou Palhoça, sentada no banco do carona -, Joinville mandou
uma mensagem!
— E aí?
— Elas vão pra fazenda só amanhã; já estavam praticamente prontas pra
vir hoje mas Chapecó não está muito bem!
— É grave?
— A mana disse que não; ela acabou caindo, sentiu uma cólica forte mas
não tem sangramento; elas vem amanhã!
— Caiu como? - alarmou-se Jaraguá:
— Não sei, mana; mas está tudo sob controle, a médica já examinou!
São Miguel do Oeste entrou na conversa:
— Minha mãe conta que ela caiu da escada da casa do meu avô quando
estava me esperando; foi parar no hospital!
— É perigoso mesmo - falou Florianópolis sem tirar os olhos da estrada
—, e falando em bebê, Jaraguá, seu irmão está bem aí?
— Dorme como um anjo, mãe!
São Joaquim estava no banco de trás com a irmã, dormia tranquilo no bebê
conforto. Não demorou muito para que a família, de dentro do carro
pudesse ver a fazenda onde passariam os próximos dez dias; um paraíso
que lhes pertencia a alguns anos, destino certo em todas as férias das
meninas.
— Boa tarde, seu Manuel! - Florianópolis sorriu ao colococar os
olhos no caseiro, estava saindo do carro:
— Boa tarde, patroa - respondeu o simpático senhor -, vieram bem de
viagem?
— Viemos sim, graças a Deus! E a Silvia, está lá dentro?
— Está, sim senhora! Nós já deixamos tudo pronto lá na casa grande pra
receber vocês!
— Muito obrigada, seu Manuel!
— Eu ajudo a senhora com a bagagem!
Silvia e Manuel eram os caseiros, responsáveis por manter a casa e a
fazenda em ordem. Eram casados a dez anos, não tiveram filhos, tinham
quinze anos de diferença de idade.
O cartão postal da casa era um pequeno jardim com flores do campo,
de todos os tamanhos e cores; seguido por uma varanda grande com algumas
cadeiras, entre elas, duas cadeiras de balanço. Florianópolis entrou
pela porta da sala com o filho no colo; Jaraguá, Palhoça e São Miguel
vinham logo atrás; na sala haviam algumas poltronas, televisão, dois
sofás, dois vasos de plantas e uma escada de ferro que dava acesso a os
quartos:
— A gente vai levar as malas pra cima, mãe! - anunciou Jaraguá;
Florianópolis soltou a bolsa em uma das poltronas e olhou seriamente
para São Miguel:
— São Miguel, Jaraguá vai te mostrar o quarto de hóspedes, a casa é sua;
as meninas tem os seus quartos aqui na casa!
— Sim senhora - respondeu o garoto meio sem jeito -, pode deixar!
Os três adolescentes subiram com as malas, fazendo a maior festa; a mãe
de família agora estava sentada no sofá, com o pequeno no colo:
— E você, meu homenzinho - dizia ela -, você me ajuda a cuidar dessa
garotada aqui, né? Será que sua irmã mais velha já saiu de lá? Vamos
ligar pra ela?
O pequeno sorria para sua mãe, parecia compreender tudo o que ela dizia.
— Mãe, vou pra piscina! - anunciou Palhoça minutos depois enquanto
descia a escada correndo:
— E Jaraguá e São Miguel?
— Estão descendo também! Mãezinha, você cortou o barato dele, mandou o
garoto direto pro quarto de hóspedes!
— Eu vou fingir que não ouvi esse seu comentário, Palhoça!
— Tá bom, não está mais aqui quem falou! E Blumenau, vem hoje?
— Vem, liguei agora a pouco pra ela, daqui a pouco eles estão aí!
Jaraguá desceu com o namorado, os três adolescentes iriam pra piscina.
Florianópolis sentou-se em uma sombra, colocou o pequeno no carrinho e
ficou ali, observando a farra dentro da piscina; Blumenau e São Bento do
Sul chegaram no fim da tarde.


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