Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 65
CAPÍTULO65




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CAPÍTULO65

Faziam dois dias que Joinville havia saído da UTI; sentia que sua
vida estava voltando a ser perfeita. Em sua primeira noite no quarto,
Chapecó ficou ao seu lado; as duas decidiram que enfrentariam qualquer
obstáculo para realizar os sonhos que tinham em comum, agora teriam um
filho para criar.
Joinville estava sentada confortavelmente em uma poltrona; Lages
estava ao seu lado. A porta do quarto foi levemente aberta e a jovem não
conseguiu segurar as lágrimas ao ver o que viu, ou melhor, quem viu. Ali
estava seu pai, atrás dele vinha Jaraguá. A menina, ao ver sua irmã
sentada na poltrona, deu um lindo sorriso mas as lágrimas vieram em
seguida; correu feito uma criança até Joinville, ajoelhou-se diante da
poltrona e deitou a cabeça no colo dela. Lages se levantou e tomou a
direção da porta, deixou o quarto levando São José; as duas irmãs
precisavam daquilo:
— Calma, maninha, calma - sussurrava Joinville enquanto afagava os
cabelos da irmã -, eu estou aqui, estou viva!
— Eu senti tanto a sua falta, mana! Eu tive tanto medo de te perder...
— Mas não perdeu, a gente nunca vai se separar, nunca! Agora
eu quero ver um sorriso nesse rosto lindo; vem, levanta, deixa eu te ver
direito!
Jaraguá obedeceu; levantou a cabeça do colo da irmã mas continuou
ajoelhada diante dela. Joinville enxugou as lágrimas da irmã com os
dedos da mão direita e depositou-lhe um beijo leve na testa:
— Passou de ano?
— Passei, mana; terminei super bem o ano na escola!
— E Palhoça, aquela doidinha?
— Também passou de ano; só não pegou recuperação em educação física mas
passou!
— Eu imagino! Estou morrendo de saudade dela!
— Ela disse que vem amanhã pra te ver! Você já sabe que a gente vai ser
tia?
— Sei, meu amor, eu sei!
— Eu estou muito feliz, Joinville, pelos dois sobrinhos que eu vou ter;
eu sei que o bebê que Chapecó vai ter não tem o nosso sangue, mas eu vou
amar muito ele, vou ser a melhor tia do mundo pra ele!
— Eu sei, princesa!
— São Miguel também está feliz, mana; ele diz que esses dois sobrinhos
que eu vou ter também são sobrinhos dele!
Jaraguá ficou por mais de uma hora com a irmã naquela tarde; as duas
colocaram a conversa em dia, fizeram planos para as próximas férias,
lembraram de quando eram crianças, riram horrores.
No dia seguinte foi a vez de Palhoça ir a o hospital. Joinville estava
cercada de cuidados e carinho, inclusive de Blumenau, que mesmo
enfrentando os sintomas da gravidez, fez questão de cuidar da irmã,
fazer companhia a ela no hospital.
Era sábado, dia vinte e três de dezembro. O apartamento de
Florianópolis estava pronto para receber Joinville, que sairia do
hospital naquela manhã. A árvore de natal já estava montada na sala, com
todos os presentes debaixo e em volta dela; Jaraguá e Palhoça fizeram
questão de deixar o quarto da irmã preparado para recebê-la, a festa
ia ser animada na noite do dia seguinte, véspera de natal.
Florianópolis abriu a porta da sala; sua filha estava saindo do
elevador ao lado do pai e da namorada:
— Está bem, filha? - perguntou São José:
— Estou ótima, pai! - ela respondeu.
Os três atravessaram o corredor e Joinville pôde finalmente entrar em
casa:
— Seja bem vinda, filha! - Florianópolis sorriu, mas o sorriso da mãe de
família veio acompanhado por uma lágrima:
— Obrigada, mãe! Eu não acredito que eu estou em casa, gente!
Márcia não costumava trabalhar aos sábados; mas naquele dia, fez
questão de estar ali; Joinville cumprimentou as irmãs e sua fiel
escudeira. Com carinho e muita paciência, Chapecó acompanhou a namorada
até seu quarto e ajudou-a a se deitar; ela ainda precisava se fortalecer
depois de tudo o que passou:
— Deita aqui do meu lado! - Joinville sorriu ao fazer tal pedido:
— A senhora ainda não está legal! - retrucou Chapecó:
— Eu juro que eu me comporto direitinho! Vem, deita aqui, eu só estou
querendo te abraçar, será que nem isso eu posso fazer? - as palavras da
moça vinham acompanhadas por um sorriso que Chapecó não sabia
decifrar, mas ela não conseguiu dizer não. Deu mais alguns passos e
chegou na cama; se deitou e puxou Joinville para si, recostando-a em seu
corpo, aninhando-a em seus braços:
— Joinville, depois que passar essa época de natal, ano novo, eu vou
começar a procurar o nosso apartamento, o nosso cantinho!
— Parece um sonho, não é?
— Um sonho que agora falta pouco pra virar realidade! Tem uma mulher que
trabalha comigo na construtora, ela está querendo vender o apartamento
dela; está se separando, daí tem toda aquela história de divisão de
bens, essas coisas! Eu quero conversar com ela, quem sabe! E falando
nisso, seu pai está morando lá no flat!
— Eu sei, ele me contou! Quando Criciúma esteve no hospital, Chapecó,
ela entrou pra me visitar, eu não sei explicar como mas eu sabia tudo o
que acontecia à minha volta; sabbia mas não conseguia reagir! Ela me
contou tudo da maneira mais cruel, e aí eu percebi, ou melhor, eu decidi
que eu ia reagir a todo custo, eu não podia deixar o meu pai continuar
acreditando naquela mentira sem pé nem cabeça!
— Sim, minha querida...
— É um desespero que você não faz ideia, Chapecó; eu queria falar, eu
queria gritar pelo meu pai mas a minha voz não saía, entende?
— Entendo, eu posso imaginar!
— Você sabe alguma coisa de Criciúma?
— Não, minha querida! Eu tenho conversado muito com o seu pai
ultimamente mas dela eu não soube mais nada!
E realmente, depois da separação com São José, Criciúma se fechou em
um mundo que era apenas seu. Pediu demissão de seu cargo na empresa,
queria esquecer tudo o que passou.
O pai de família, por sua vez, nunca esteve tão determinado em toda sua
vida; queria reconquistar Florianópolis, queria sua família de volta.
Sentiu uma grande alegria naquela manhã de domingo, dia vinte e quatro
de dezembro, quando a ex-mulher lhe enviou uma mensagem, convidando-o
para estar com toda a família na noite de natal.
Blumenau, São Bento do Sul, Jaraguá, São Miguel do Oeste, Concórdia,
Chapecó, Joinville, Palhoça, Lages, e claro, Florianópolis, a anfitriã;
todo mundo reunido para selebrar o natal:
— Mãe, olha quem chegou! - Jaraguá trazia o pai pela mão e um sorriso
contagiante no rosto; Florianópolis estava na cozinha, com o filho
caçula no colo:
— Boa noite, Florianópolis! - cumprimentou ele educadamente:
— Boa noite! Seja bem vindo!
— Obrigado! Eu fiquei feliz quando recebi sua mensagem hoje de manhã!
— E eu fiquei feliz por você ter aceitado o meu convite; a gente sempre
comemorou o natal juntos, com a nossa família toda, não é agora que vai
ser diferente!
O pai de família deu um passo a frente e pegou com cuidado seu filho dos
braços da mãe:
— Cuida dele - ela assentiu sorrindo discretamente -, eu vou levar umas
coisas daqui pra sala!
— Cuido sim, pode deixar!
São José se incarregou de cuidar do filho caçula, enquanto a mãe de
família cuidava de seus convidados com a ajuda de Blumenau, Jaraguá e
Palhoça.
— Oi, filha! - São José se aproximou de Joinville, que estava
sentada em uma poltrona na sala:
— Oi, paizinho - ela sorriu para ele -, tudo bem?
— Tudo bem; e você, está legal?
— Estou ótima; não posso reclamar de absolutamente nada!
— Filha - São José se sentou ao lado da moça, com o filho no colo -, eu
ainda não tive a oportunidade de conversar contigo, quer dizer, de te
agradecer!
— Eu jamais trairia a sua confiança, meu pai; Criciúma esteve no
hospital, me disse com todas as letras que tudo não passava de uma
grande mentira, ela só não contava que eu estivesse entendendo tudo sem
conseguir reagir naquela hora!
— Eu sei que você sofreu com tudo isso, filha; mesmo assim, muito
obrigado!
E chegou a hora da troca de presentes; todo mundo estava junto à
árvore de natal; Florianópolis fez questão de agradecer por aquele
momento publicamente, e depois, Chapecó pediu a palavra.


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