Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 58
CAPÍTULO58




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Capítulo58

O dia seguinte, domingo, acabou sendo bastante agitado na fazenda da
família de Camila; todos levantaram cedo, tomaram café em uma mesa
enorme posta na varanda, e enquanto uns jogavam futebol, outros
aproveitaram a manhã de sol na piscina.
No fim da tarde o tempo virou e começou uma chuva forte.
Eram oito horas da noite quando Joinville, acompanhada pelos colegas
da universidade, saiu da casa de praia; seriam três horas de viagem até
em casa. Chovia muito e todos os ocupantes do ônibus estavam cansados:
— Oi, Chapecó! - Joinville falava ao celular, já com o ônibus em
movimento:
— Oi, minha querida, já saiu daí?
— Estamos saindo agora; você está na fazenda ainda?
— Estou, mas acho que daqui a pouco pegamos a estrada também!
— Está chovendo aí?
— O tempo está virando!
— Aqui chovendo muito; quando eu chegar em casa te ligo, minha mãe vai me
buscar na universidade!
— Tudo bem; boa viagem, que Deus acompanhe vocês!
Naquele momento, Joinville sentiu vontade de falar de amor, precisava
falar de seu amor:
— Chapecó, eu te amo!
— Eu também te amo, muito! Tenho uma novidade pra você!
— Que novidade?
— Te conto quando você chegar!
E a ligação terminou ali.
Joinville, assim como os outros ocupantes do ônibus, estava presa
pelo sinto de segurança e logo pegou no sono; a viagem seria de
aproximadamente três horas, só se ouvia o som do motor do ônibus e a
chuva forte lá fora.
Eram nove horas da noite quando Camila, Davi e Chapecó se prepararam
para deixar a fazenda onde passaram o fim de semana; as malas já estavam
no carro e eles estavam se despedindo da família da enfermeira:
— O que foi, Chapecó? - preocupou-se a enfermeira ao perceber que a
amiga ficou pálida de repente:
— Não sei, Cami - ela respondeu nervosa -, eu senti um calafrio, uma
angústia, sei lá!
— Vem se sentar! - ordenou mansamente Davi, tomando-a pela mão para
levá-la até uma cadeira de balanço que estava na varanda.
Camila entrou pela porta da sala e voltou logo depois com um copo com
água na mão; entregou-o para Chapecó:
— Está melhor? - perguntou a enfermeira agachada ao lado da amiga:
— Acho que sim! Que coisa estranha, meu Deus, eu nunca senti isso!
— Será que dá pra gente ir?
— Dá, Cami, claro que dá; eu estou melhor!
Dona Juvita, sentada ao lado de Chapecó, segurou-lhe a mão; já tinha
mais de setenta anos, era muito sábia:
— Precisa se cuidar, filha, ficar tranquila; Deus vai te dar uma boa hora
— Obrigada, dona Juvita; e eu vou querer que a senhora vá conhecer o meu
bebê quando ele nascer!
— Isso é com a sua amiga aí do lado; se ela vier me buscar eu vou!
— Eu faço ela vir, te prometo!
Os três pegaram a estrada depois de mais alguns minutos; chovia
muito, Camila resolveu ir dirigindo. Chapecó já estava bem, como se nada
tivesse acontecido e embarcou no banco do carona, ao lado da amiga.
Davi, no banco de trás, despediu-se da família ainda em clima de festa.
— Está bem, Chapecó? - perguntou Camila em um certo momento; já
faziam uns vinte minutos que eles haviam deixado a fazenda:
— Estou ótima; não sei o que foi que me deu aquela hora!
Os três conversavam em um clima descontraído dentro do carro; e
aproximadamente dez horas da noite, Camila percebeu que a estrada estava
fechada:
— Fecharam a estrada! - alarmou-se Davi:
— Deve ter coisa feia pela frente! - respondeu a enfermeira:
— Está com cara de acidente grave - complementou Chapecó -, também, com
uma chuva dessas todo cuidado é pouco!
— É acidente mesmo, gente - deduziu a enfermeira -, eu vou encostar pra
ver se eu posso fazer alguma coisa!
Eram vários policiais, bombeiros, paramédicos, enfermeiros; Camila
encostou a caminhonete e preparou-se para descer:
— Eu vou com você! - decidiu Chapecó livrando-se do sinto de segurança:
— Eu vou também! - disse Davi fazendo o mesmo.
Os três ocupantes da caminhonete vermelha desembarcaram debaixo de uma
forte chuva; Chapecó, que andava ao lado da amiga, sentiu seu coração
estremecer no peito quando viu uma moça sendo atendida em uma maca; a
conhecia de algum lugar, e imediatamente lembrou-se de onde:
— Cami, essa moça estuda com Joinville!
— Calma, Chapecó...
— Ela estava nesse ônibus, Cami!
Chapecó se desesperou naquele momento, ainda não tinha certeza se sua
amada estava mesmo no ônibus:
— Chapecó - gritava a enfermeira -, pelo amor de Deus!
— Joinville! - a engenheira corria desesperada, misturando-se à pequena
multidão de profissionais que trabalhava naquela ocorrência; de fato,
era um ônibus que havia batido contra um caminhão:
— Calma, minha senhora! - tentou um policial ao esbarrar com a
engenheira:
— Minha namorada, moço, ela estava nesse ônibus! Eu quero saber o que
aconteceu com ela!
— A senhora aguarda aqui, por favor, moça; nós estamos atendendo as
vítimas!
Ela continuou correndo em busca da amada, ignorando a
ordem do policial; Camila tentava contê-la. O mundo caiu naquele
momento; Chapecó esbarrou em uma maca, e ali, sendo atendida estava sua
menina, ou seria sua mulher? A jovem de dezoito anos e sem nenhuma
experiência no jogo do amor; a única que fez com que ela abandonasse
a vida cheia de aventuras para ser de uma mulher só. Joinville estava
ali, muito ferida, sendo atendida pela equipe do SAMU:
— Joinville! - Chapecó gritou o nome de seu amor, caindo sobre ela em
seguida.
Jaraguá entrou no quarto de sua mãe de pijama cor de rosa naquela
noite de domingo; Florianópolis, em pé ao lado da cama, ninava seu filho
no colo:
— Mãe, será que Joinville vai demorar pra chegar?
— Não sei, meu amor; já era pra ela estar em casa! Mas com essa chuva
que está caindo eles devem ter parado em algum lugar e vão chegar um
pouco mais tarde!
— Eu já vou pra cama, só vim dar boa noite pra vocês; quando ela chegar,
você pede pra ela ir no meu quarto?
— Peço sim, filha, pode deixar que assim que Joinville chegar ela vai lá
te ver!
Jaraguá deu um beijo leve no rosto da mãe e outro na mão pequena do
irmãozinho; saiu do quarto sorrindo, e antes de sumir pelo corredor,
ainda olhou para Florianópolis e disse:
— Até amanhã, mãe!


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