Poemas e Textos Aleatórios escrita por Flicts


Capítulo 3
Apenas Outro Barco no Rio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742260/chapter/3

 

E havia a Vida e a Morte,

e um completava o ciclo

que o outro iniciava.

E da diferença nasceu o amor...

 

 

Eu a vi assim que abri meus olhos. Tão bela, ainda que tão incomum. Não há palavras ou fórmulas matemáticas que possam descrever com perfeição sua imagem naquele momento.

Tão irreal.

Eu a vi de longe, seus cabelos ruivos dançando com o vento como se em chamas, e meu coração se incendiou com eles.

Aproximei-me para poder vê-la de perto, quando a vi se ajoelhar sobre o rio e despejar nele um pequeno barco de papel.

E o barco velejou livre sobre as pequenas ondas que formava o vento.

O barco se aproximava de mim, então fui em sua direção e me abaixei também na margem do rio. Peguei o barco, enquanto ela continuava a depositar mais barcos na água.

O barco estava molhado, e se rasgou em minha mão. Deixei-o cair de espanto, e com um suspiro me voltei novamente pra ela. Mal notara minha presença, incansável em sua tarefa de depositar barcos no rio.

Ajoelhei-me e catei outro barco, e esse também se desfez em pó. Virei-me triste para ela, mas não me deu qualquer sinal de que notara minha chegada. Então fui até ela. Estava muito perto agora, e podia sentir em minha pele o calor que ela irradiava.

Sorri e me ajoelhei ao seu lado. Ela me ignorou. Murmurei um "olá" meio embaraçado, mas ela não me deu atenção alguma.

Deprimido, estendi com toda a lerdeza que a timidez me exigia a mão até seu ombro para lhe chamar a atenção. Sua pele era quente, e queimou as pontas dos meus dedos; ela irradiava energia. Mas, sob o contato da sua, percebi o quanto minhas mãos eram frias.

Ela se afastou como se eu lhe tivesse esbofeteado. Murmurei um "perdoe-me", e ela me olhou pela primeira vez, fazendo meu coração incinerar-se ao pó. Seus olhos eram a coisa mais linda, podia-se ver todas as estrelas brilhando em sua íris e contar as constelações existentes, perdendo-se eternamente no infinito. Durou pouco menos de um segundo, e eu pude ver a perfeição em seus olhos. Então virei o rosto para que ela não visse a imperfeição nos meus.

Pude ouvi-la falando algo, mas ja estava muito longe, na outra margem, assistindo ao caminhho dos seus barcos de papel que atracavam no meu lado do rio. Observei enquanto ela depositava um beijo em cada um deles e soltava-os na água (nunca havia desejado tanto ser feito de papel antes). Os barcos seguiam seu curso até estarem molhados demais e afundarem no rio.

Então sentei-me na margem e comecei a acolher os barcos antes que eles se rasgassem e afundassem, deixando-os no meu lado para que ela pudesse recuperá-los depois, antes que a noite viesse e ela fosse embora. Então ela viria até mim e eu teria os barcos para dar-lhe. E perguntaria-lhe o nome, talvez. Então poderia-mos conversar e eu a abraçaria antes que partisse (pois já seria tarde) e eu sentiria seu calor mais uma vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A vida é uma metáfora, assim como a história.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Poemas e Textos Aleatórios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.