A Aurora de Castelobruxo - A Harry Potter Story escrita por ThaylonP


Capítulo 9
Um Treino Para o Futuro




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Encerrada a parte principal do almoço, os alunos passaram às sobremesas. Aurora abocanhou seu pudim depressa, pois estava empolgada com a próxima aula com a professora Miranda. Mesmo Matheus, que comia rápido na maioria das vezes, demorou para terminar sua torta de limão, enquanto Nino afirmava  a importância da mastigação e que comer com aquela pressa deixaria o garoto indisposto. Inara já terminara seu pé de moleque, pronta para se erguer da mesa. Estava calada desde a seleção. Aurora tentara perguntar algumas coisas, incluí-la no assunto do grupo e até mesmo puxar assunto com Kevin sobre o Clube de Duelos, para que fosse envolvida. Nada disso funcionou, e a menina manteve o bico nos lábios durante toda a refeição.

Ao fundo, os professores percebiam o horário, já que o sol deixava de cair pelas aberturas do teto, começando a se mover no céu. Alguns aproveitaram para chamar os alunos para suas devidas salas, puxando-os dali do salão.

Uma delas foi Miranda, que ergueu-se da sua posição, desceu o púlpito e se aproximou das mesas. Abriu os braços, anunciou:

— Meus amores, está na hora!

Aurora saltou da mesa, ajeitou a bolsa e preparou-se para segui-la. Miranda desviou o olhar para a menina, enquanto outros de Anhangá se movimentavam para a aula.

— Ah, Aurora, que bom, queria mesmo falar contigo – aproximou-se, em sua caminhada quase saltitante.

— Queria? – rebateu, abrindo um sorriso.

— Sim, primeiro – viu os membros de sua turma deixarem o salão de pouco em pouco. – Sinto que teremos que nos despedir. Alunos participantes do Clube tem uma aula separada com os professores inspetores de suas casas.

A menina viu a felicidade morrer. Amava a forma animada de Miranda, e teria de perdê-la caso quisesse participar da competição. E ainda, a aula de Defesa Contra As Artes das Trevas era uma das poucas que compartilhava com os primeiranistas de Jaci, o que significava menos contato com seu amigo. Além disso, como agravante, seria coordenada pela professora Ruína, uma mulher de expressão dura, que não pensaria duas vezes antes de descontar pontos ou fazê-la perder matéria apenas por conversar. E como se não fosse o bastante, teria a colega emburrada como única companheira de classe.

Dá pra piorar?

— Me desculpe, Aurora, queria mesmo – a moça pareceu sincera – poder resolver isso, mas seria injusto com minha casa. E cá entre nós – cochichou, aproximando-se de Aurora –, sabemos que Ruína é um porre. Mas não conta pra ela, por favor, a gente teria que se enfrentar até a morte.

A bruxa permitiu um sorriso torto. Considerou o que a professora disse e concordou com a cabeça.

— Tudo bem e, boa sorte pra sua casa – tentou, amistosa, já que as duas eram uma espécie de rivais agora.

— Com você nas corças? Ih, vamos precisar mesmo! – brincou, mas em seguida fez como se lembrasse de uma coisa. Sua expressão tornou-se ainda mais como de uma conversa particular, enquanto olhava ao redor a procura de bisbilhoteiros. O refeitório estava quase vazio, e até mesmo as figuras de guerreiros nas tapeçarias haviam deixado o recinto. – Olha, agora, tenho que te falar isso, Aurora. É bem importante.

A menina assentiu, esperando a revelação.

— Eu e você sabemos o quão poderoso é esse negócio que você carrega com você – começou, referindo-se ao cajado. Aurora fez que sim. – Então, como você tava nervosa na nossa aula, eu te dei uma pequena ajudinha.

— Ajudinha? – perguntou, confusa.

A cena se repassou em sua cabeça. O toque das testas e a puxada de nariz carinhosa que Miranda lhe dera. O momento lhe trouxe uma sensação boa.

— Sim, eu... te encantei para que você se acalmasse – revelou a professora.

— Você... me encantou? Fez um feitiço, você diz? – questionou.

— É, fiz sim. Eu sei que não devia, não é o método mais eficaz que tem... mas logo na primeira aula, não podíamos causar um alvoroço, concorda? Sabemos o que cajado pode fazer – argumentou ela, com as sobrancelhas erguidas, num arrependimento duvidoso.

Aurora considerou. Imaginou o que aconteceria caso ficasse mais uma vez descontrolada, então pensou em concordar. Mas assim que começou a deixar a ideia tomar forma, pensou sobre ter achado que já dominava o poder da ferramenta.

Dá sim.

Ainda tinha dúvidas em relação ao que acontecera, então resolveu perguntar:

— Mas professora, a senhora não usou cajado nenhum, como conseguiu me enfeitiçar?

Miranda abriu a mão e fez uma pequena chama saltar entre seus dedos, apagando logo após quando resolveu fechá-la em punho.

— Usei as mãos – mostrou, depois percebeu que a menina estava impressionada e explicou melhor. – É que eu não me formei aqui, meu anjo. Lá em Uganda, não precisamos de cajados ou varinhas.

Achou surpreendente, é claro, mas ainda estava pensando sobre o feitiço e sobre o descontrole de seu cajado. Mais uma vez, teria de encará-lo.

A professora olhou por cima do ombro de Aurora, e a menina se virou para olhar também. A professora Ruína, na sua pose de braços afundados nas mangas longas, acompanhada de Inara, aguardava que as duas terminassem o papo. E pela sua expressão, estava impaciente.

— Tá bom, tá bom, ela já tá com aquela cara – Miranda continuou, sussurrando ainda mais baixo. – Mas não fica triste, tá, eu não fiz isso porque você não é capaz. Eu fiz pra testar uma coisa. Queria saber se a questão era uma ferramenta descontrolada ou uma aluna inexperiente, e adivinha só? Era só falta de prática!

Aurora demorou a entender como aquilo deveria ser um apoio. Então, a mulher seguiu:

— Você só precisou estar calma e concentrada, para que suas emoções não sacudissem o cajado. Então, isso quer dizer que é possível! E que você pode, sabe por quê? – pegou nas bochechas da menina, olhou-a de perto. – Porque as coisas acontecem por um motivo. O cajado te escolheu, e isso é imutável. Agora, você só precisa escolher ele também – disse, encostando mais uma vez a testa na dela. – Pense nisso – terminou, concluindo, agora para que todos no aposento ouvissem.

Afastou-se um pouco, acenando para Ruína e para as alunas, se despedindo em passos apressados em direção às portas. A professora, vendo que estava responsável por ambas as garotas no momento, perguntou:

— Podemos? – algo em sua voz dizia que a pergunta era só uma formalidade.

Quando as duas fizeram que sim, a mulher seguiu sem dizer uma palavra, apenas sugerindo que deveriam acompanhá-la.

Avançou por uma abertura de pedra à esquerda da área de cerimônias do refeitório, cruzou um corredor mal iluminado e desceu para um ambiente onde tochas tremulavam dando vista aos degraus. O lugar ficou mais frio a medida que desciam, mas os ecos dos passos foi substituída por uma série de batuques acompanhados de uma cantoria ritmada. Aproximando-se do som, revelaram um quarteto de alunos, sentados em roda. Todos tinham penteados estilosos e até um pouco caricatos; com pinturas ousadas, riscos marcando a linha do cabelo e sobrancelhas repartidas.

— Os Srs. Oliveira, Almeida, Santos e Souza – Ruína cuspiu, mexendo nos óculos sobre o nariz, como se esperasse por aquilo. – Por que não me surpreende?

O grupo reagiu, espalhafatoso. A canção parou de repente, e Aurora reparou na letra com conotação sexual, se segurando para não rir. Eles tentaram se justificar, mas só puderam dizer algumas palavras bagunçadas, tropeçando uns nos outros.

— Eu vou dar um minuto para que voltem pras suas aulas. Cada segundo a mais de demora vai significar menos 50 pontos para Anhangá – declarou, notando os acessórios vermelhos.

Depois, tirou uma de suas mãos de dentro de manga, trazendo uma ampulheta consigo. Virou-a na palma e a areia começou a cair.

— Qualé professora – um deles tentou.

— Cê nem pode tirar pontos assim! Não faz isso – pediu outro.

— O tempo de vocês está passando – afirmou, vendo que alguma parte da areia já estava na banda de baixo.

Os garotos se entreolharam, passando pelas três, se atropelando na escadaria estreita para subir as escadas. A mulher guardou o objeto, prosseguiu a descida e ajustou a postura, corrigindo um minúsculo erro da coluna. Aurora buscou Inara por um segundo, e mesmo ela estava surpresa com a atitude. Cinquenta pontos a cada segundo de atraso era muito.

Apesar do tom de ameaça, quando alcançaram o último trecho, que àquela altura gelava as espinhas com medo além do frio, reconheceram que a mulher estava falando sério. Seguindo para um corredor mais úmido, semelhante a uma passagem de calabouço, ouviram-na riscar algo num pedaço de pergaminho, também tirado de sua manga para, em seguida, guardá-lo onde encontrara.

Alcançaram uma porta de madeira com um ferrolho enorme, onde Ruína tomou à frente para abri-la, retirando um instrumento maior do que os outros de sua manga.

As meninas tomaram distância, pois viram um bastão de quase um metro surgir, de uma madeira clara, com relevos que serpenteavam pelo objeto, de cores mais escuras. Na ponta, mais arredondada que o restante irregular do cajado, havia um núcleo verde-esmeralda, aninhado dentro de uma abertura.

— Sursum – anunciou Ruína, elegante, enquanto o verde iluminava o corredor.

A fechadura se esgueirou, murchou e se refez, fazendo a porta abrir num guincho. Por fim, entraram numa área ampla arredondada, iluminada pelas mesmas velas flutuantes. Assim como as paredes, o chão era de pedra, e haviam algumas porções de musgo espalhados por elas. Os únicos objetos ali, além de caixas e uma mesa velha, eram os bonecos construídos com sacos de areia, que seguravam cajados grandes. Pareciam simular bruxos inimigos, servindo de treinamento.

— Muito bem – Ruína fez um movimento com o cajado, trazendo os bonecos para mais perto. Os dois vieram velozes e pararam há metros das duas garotas. – Serão três sessões de treinamento por semana, em substituição às aulas de DCADT.

Mal esperou que as duas compreendessem a situação e seguiu; não havia paciência, e aparentemente, nem tempo.

— São bruxos de treino. Sejam simpáticas – foi sarcástica. – Agora, vamos começar.

— Agora? – Aurora rebateu, assustada.

— Por quê? Tem algum compromisso em outro lugar?

Quando a menina fez que não, acuada, Ruína deixou-se continuar, apontando o indicador para a dupla portando cajados falsos.

— Nos duelos do primeiro ano, não há feitiços de ataque. Apenas o uso das faíscas para marcar acerto e o desarme. Focaremos principalmente neste segundo. Saquem seus cajados – sugeriu, colocando-se atrás das duas.

Aurora sentiu a presença atrás de si e receou o saque. Pensou uma vez, respirando fundo, mas viu que a parceira já trouxera sua ferramenta à luz das velas quase que de imediato. Ela compreendeu que também precisava, sentindo-se tremer. Puxou o objeto que reluziu seus relevos avermelhados, deixando a vista de Inara mais uma vez perdida ao olhá-lo.

— Certo – a professora caminhou pela sala, com mais eco à sua voz. – O feitiço chama-se Experlliarmus e é um dos mais úteis dentro do arsenal de um bruxo. Se souberem usá-lo, poderão desarmar qualquer bruxo, não importa a força. Desde que estejam suscetíveis e que o feitiço seja executado corretamente – tomou à frente das duas, para mostrar o movimento. – Devem girar o cajado de baixo para cima, como se arrancassem uma arma das mãos de seu adversário e anunciar o nome do feitiço – preparou-se para demonstrá-lo.

A moça tomou um segundo de antecipação e disparou:

— Expelliarmus.

O eco foi junto do feitiço, para por fim, arrancar o cajado das mãos de um dos bonecos de teste. A madeira bateu no teto baixo e quicou no chão.

A maestria de Ruína ao realizar o feitiço era impressionante. Fosse o que fosse, arrogante ou não, era uma feiticeira admirável. Então, puxou o cajado falso de volta para sua mão e reposicionou-o no bruxo de treino.

— Hoje, apenas quero que aperfeiçoem o movimento. Mil repetições.

Ambas as meninas viraram-se assustadas.

— Mil!? – Aurora deixou escapar.

A resposta veio com um olhar fulminante da professora, que questionava o porquê de tanto alarde. Como nenhuma das duas tinha o quê argumentar, começaram a fazer o que fora mandado. Ouviram correções inúmeras vezes, principalmente Aurora, que depois da quinquagésima sexta repetição, começava a deixar o braço vacilar de cansaço, e o punho ficava dolorido.

Entretanto, nada foi tão dolorido quanto ficou depois da dispensa. A mão ardia, o punho tremia, e nenhum dedo conseguia se fechar por completo. A dor escalava, irradiando para o antebraço, depois para o cotovelo, que teve de ficar estendido, junto do ombro que tivera que se esforçar para manter o ritmo. Seu lado direito estava uma bagunça de peso, pois parecia ter toneladas a mais que o restante do corpo. Inara passava pelo mesmo. Massageava o ombro com uma das mãos enquanto atravessava o corredor. E quando alcançou as escadas, cochichou algo baixinho, que mesmo que fosse um insulto, era a única coisa que falara em horas.

— Odeio essa Ruína – disse, sem se preocupar que a voz ecoasse até o calabouço onde praticavam.

— Nem me fala – Aurora respondeu, sorrindo a ela. – Mil repetições – imitou-a.

A colega sorriu de volta, quase deixando escapar um risinho. Depois, as duas notaram que havia algo estranho sobre a conversa começar de repente, mas nenhuma das duas se pronunciou sobre isso. Era um alívio de toda aquela pressão, afinal. Aurora, percebendo a liberdade, soube que podia perguntar alguma coisa, porém, ainda assim, tentou ser indireta.

— Você perdeu duas aulas – comentou, como quem não quer nada.

— Perdi, perdi mesmo. Tava... fazendo uma coisa importante – respondeu, cruzando o lugar onde encontraram o quarteto.

— O quê? – Aurora quis saber.

Inara a encarou, tentando entender se gostaria de falar sobre aquilo ou não. Percebendo que havia avançado um passo além, a bruxa tentou refrear a conversa, desviar o assunto, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ouviu:

— Fui falar com minha avó – revelou.

— Você diz... mandar uma mensagem?

A pergunta foi inocente, e ambas entenderam desse jeito. Aurora sabia que havia um correio bruxo, porque notara algumas alunas de seu dormitório receberem encomendas e correspondência através de suas araras, porém não reparara se sua colega de quarto tinha uma.

— É, mas diferente. Eu fui falar mesmo. Numa lareira – Aurora fez que não entendeu, e então Inara teve que explicar. – É flu. Você já deve ter usado. Mas em vez de transportar a pessoa inteira, só transporta a parte que fala.

— Ah – a bruxa concordou, apesar de ainda achar estranho ver uma cabeça flutuar no meio de um fogaréu. – Bem... e o que ela disse?

— Pra eu não confiar em você – declarou.

A menina ergueu as sobrancelhas e expandiu os olhos, não esperava por essa. Ai. Porém, ao ver o olhar duvidoso da menina em seguir o conselho do familiar, perguntou:

— E o que você acha? Não sou confiável?

— Eu não sei – disse, negando com a cabeça.

— É, então acho que a gente tem um empate – Aurora devolveu, testando terreno.

— É – Inara concordou, para sua surpresa.

As duas ficaram em silêncio outra vez, e então, a escada terminou. Cada uma seguiu por um caminho para a torre de Anhangá, pois precisavam arrumar-se para o jantar.

Quando desceram de volta ao refeitório, sentaram-se distantes uma da outra. Aurora se acomodou com os meninos como estava fazendo, vendo o terceiranista que era seu monitor juntar-se à conversa algumas vezes, sempre que Matheus tinha uma dúvida. Ainda estavam se divertindo, mas em algum lugar de sua mente, a garota se escondia para voltar a pensar sobre ser ou não confiável. Ela até entendia a preocupação. Se estivesse no lugar de Inara, também duvidaria muito sobre uma garota misteriosa que faz estátuas ajoelharem.

De volta ao dormitório, as meninas se arrumavam. Algumas conversavam dividindo beliches, enquanto as pontas dos cajados estavam acesos debaixo dos cobertores. Outras, apagavam os últimos lampiões, preparando-se para pegar no sono. E algumas, como Aurora, encaravam o teto ainda sujo das pegadas pretas enquanto pensava em dormir. Inara, logo abaixo, não havia dito mais nada desde a conversa na escadaria, e o jantar fora uma incógnita. Nem depois do banho, nem nas últimas higienes. Talvez ela ainda estivesse considerando tudo. Talvez tivesse que esperar um pouco mais até que a menina se acostumasse.

— Aurora – chamou uma voz.

Ela assustou-se a princípio, mas logo reconheceu o timbre rouco da nativa, e se esgueirou para escutar melhor através do vão da parede, onde a voz vinda da cama inferior rebatia o suficiente para ser bem compreensível.

— Sim?

— Ah, você tá acordada – Inara parecia decepcionada.

— É, tô sim. Não tô com muito sono – cochichou.

— Ah... – concordou, quase num lamento.

Depois, um silêncio voltou a se instaurar, e só foi quebrado quando a garota lhe fez uma pergunta difícil. 

— Como foi a sua visão-vínculo?

Ela mordeu o lábio inferior, pensativa. Teve de pensar bastante na resposta, principalmente se podia ou não contar a ela, que parecia seguir o caminho da avó em não confiar nela. Bufou um pouco para se acalmar, e lembrou das imagens. Tudo veio de uma vez; o fogo, a gritaria, a figura vestida de preto em sua frente. E nas mãos, o cajado crescido.

Abriu a boca, receosa, mas decidiu contar a ela. Talvez se oferecesse segurança primeiro, a garota lhe devolveria o mesmo.

— Eu vi... um campo cercado de fogo, comigo e uma figura estranha no meio. Eu olhava pra ele – Aurora percebeu as lágrimas vindo, assim como quando despertara na Cajados-não-são-Bengalas. – E ele olhava de volta pra mim. Tinha pessoas gritando de desespero. Mas o cajado... tava maior, e com inscrições nele todo. E o vermelho parecia mais forte, como se em brasa, sabe?

Mesmo sem ver o rosto da menina, soube que ela concordou com a cabeça. Entretanto, não disse nada em resposta, por isso, devolveu a pergunta.

— E a sua?

— Eu estava defendendo uma árvore – respondeu.

As duas fizeram silêncio, porém quando Inara riu primeiro, Aurora fez o mesmo. Quase gargalharam, o que despertaria muitas das que já estavam dormindo. Depois que a graça passou, ouviu a cama de baixo balançar; a garota encontrara uma posição melhor para se deitar. 

— O que você acha que a sua significa? – Aurora perguntou.

— Algo nobre – respondeu a menina. – Tem a ver com minhas origens – fez uma pausa, depois de dizer aquilo com muita certeza. – E a sua?

— Eu não faço ideia – sugeriu Aurora. – Mas sei que vai ser terrível. Eu mal consigo lembrar sem doer...

— Talvez seja seu destino. Você tava enfrentando a figura de preto?

— Não – considerou. – Só lembro que eu estava lá, com meu cajado na mão – completou, voltando a encarar o teto.

— Talvez você devesse estar lá – Inara argumentou.

— Talvez.

— Ou talvez você tenha ido parar lá por acaso – Inara também sugeriu, com o timbre mais duvidoso. – Não dá pra saber.

— Não dá mesmo – concordou Aurora e novamente, o silêncio tomou conta da conversa, dessa vez para ficar.

As duas pararam de se falar, sem nem lembrarem de desejar uma boa noite. Inara dormiu primeiro, mas a outra continuou pensativa ao encarar as pegadas, acariciando o braço ferido dos treinos.

 


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