Refusão escrita por blueberian


Capítulo 1
Capítulo Único




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Scorpius Malfoy não ficou muito surpreso quando, em seu primeiro ano em Hogwarts, o Chapéu Seletor ficou em dúvida entre colocá-lo na Sonserina ou na Corvinal, porque ele era, de fato, muito curioso. Sempre gostou de aprender coisas novas, seja isso a história trouxa ou as sensações de um beijo. A questão era que ele também era muito ambicioso e essas duas qualidades, quando combinadas, podem causar um estrago muito grande. 

Albus Potter foi seu amigo desde a primeira viagem deles no Expresso de Hogwarts. Diferente das outras pessoas, Albus não o viu apenas como o filho de um Comensal da Morte, pressupondo que fosse uma pessoa ruim. Albus foi capaz de ver por baixo dos disfarces e fofocas: ele o enxergou, em sua mais pura e verdadeira essência. Parecia incrível para Scorpius que alguém pudesse apreciá-lo por ser o que era, ou mesmo que pudesse estar disposto a conhecê-lo de verdade.  

Acontece que não era apenas Albus que o admirava, porque Scorpius, como um bom curioso, prestava muita atenção. Reparou em cada detalhe do menino de olhos verdes e cabelos bagunçados: o sorriso torto que pendia um pouco mais para um lado que para o outro; a mania engraçada de gesticular quando explicava algo; a maneira gostosa que o braço dele roçava no seu toda vez que se sentavam lado a lado.  

Não demorou para que se tornassem melhores amigos e, depois de quatro anos tendo apenas um ao outro, se tornaram inseparáveis. Era muito difícil para qualquer pessoa pensar em um sem pensar no outro.  Albus e Scorpius faziam praticamente tudo juntos e ficavam muito felizes com isso.  

No quinto ano, porém, as coisas mudaram. As pessoas pareciam estar cada vez mais especulando sobre um possível relacionamento entre eles e isso deixava Scorpius incomodado. E se aquela história chegasse aos ouvidos de seu pai? O loiro parecia desesperado com aquilo, o que acabava irritando Albus. E eles brigavam.  

Scorpius nunca estivera tão confuso, realmente. Porque as pessoas achavam que ele e Albus eram namorados? Não havia nada de errado no jeito que se tratavam. Tudo bem que quando se separavam, Scorpius mal conseguia parar de falar ou pensar em Albus, ou que quando eles estavam juntos, parecia que não havia nada a não ser eles. Eles eram melhores amigos, certo? 

"Não posso acreditar que seja tão tapadofoi o que Polly Chapman disse à ele, aos risos, "quer dizer, é óbvio que vocês gostam um do outro. Ninguém trata o melhor amigo desse jeito". Mas isso não parecia certo para Scorpius. Ele não podia ser gay, podia? Havia gostado de Rose Weasley desde o primeiro ano, como poderia ser gay? Apontou o fato para Polly, mas ela parecia ter esperado por isso e estava pronta para contornar. "Fala sério, Scorpius. Em que universo você gostaria de alguém que sempre te tratou mal e se acha superior só por ser filha dos heróis da Guerra? Sinceramente, me parece uma desculpa que você criou pra si mesmo. Algo como me convencer de que gosto de uma garota inalcançável só pra não ter que ficar com garota nenhuma e estar livre para poder estar com o cara que eu gosto sem que ninguém pense que eu sou gay". 

Não, claro que não. Isso não podia ser real, óbvio que Polly estava ficando doida. Não poderia ser gay ou não teria convidado Rose para sair no ano passado. Porque ele o fez, mesmo tendo levado um bom fora e correndo o risco de ter um lindo nariz quebrado para exibir.   

Scorpius sabia que não podia deixar esses boatos continuarem. Não quando podiam muito bem chegar aos ouvidos de seu pai. Ele sabia o que tinha que fazer, mesmo que doesse. Mas não podia arriscar perder a relação que construiu com o pai, depois de ter sido tão difícil de obtê-la. Então, gradativamente, ele foi se afastando de Albus. Em um dia, dizia que queria ficar lendo, no outro se sentava com outra pessoa nas aulas.  

Ele não sabia muito bem se Albus tinha percebido ou se acreditava nas desculpas cada vez mais esfarrapadas que lhe dava, mas, de qualquer forma, o moreno não parecia estar gostando muito daquilo. Passava a maior parte do tempo tentando ficar junto de Scorpius, sempre perguntava se estava tudo bem, sempre tentava lhe fazer falar o porquê do afastamento tão repentino. É claro que, como a boa cobra que era, Scorpius sempre dava um jeito de escorregar daquela situação, mas isso só parecia deixar Albus mais irritado.  

Na verdade, apenas uma coisa deixava Albus mais irritado: a aproximação repentina de Rose e Scorpius. Era uma coisa engraçada para Scorpius, porque, depois de quase cinco anos o tratando tão mal, Rose simplesmente se sentou ao seu lado na aula de Poções que a Grifinória compartilhava com a Sonserina e lhe pediu desculpas pelo comportamento anterior. Não demorou muito para que logo estivessem engajados em um namoro.  

Inicialmente, Scorpius não queria, sem razão aparente, contar a Albus sobre o relacionamento. Parecia errado para ele, de alguma forma. Mas, o que teria de errado? Albus era seu melhor amigo, ele ficaria feliz por Scorpius ter conseguido o que queria depois de longos cinco anos tentando. Então, em uma noite de inverno, enquanto voltavam para o Salão Comunal depois do jantar, Malfoy contou.  

Parecia ser a gota d'água para Albus. Os olhos verdes, tão parecidos com os dos pai, fumegavam de ódio e, pior ainda, decepção. "Não acredito que esteja fazendo isso", foi o que dissera, caminhando mais rápido e deixando Scorpius para trás.  O loiro ficou estático por um momento, processando as palavras do menino Potter. Por mais que quisesse dizer que não, havia entendido muito bem.  

Ao entrar no dormitório e encontrar Albus deitado em sua cama com as cortinas fechadas, ele decidiu que aquela confusão não podia continuar. O que as pessoas pensariam dele? O que seu pai diria? Por Merlin, o que sua família diria? Não, não. Scorpius Malfoy não era gay, não podia ser. Deus, ele namorava Rose.  

Foi assim que se forçou, cada vez mais, a manter distância de Albus. Passava a maior parte do tempo com Rose, tentando manter sua mente focada em como a achava bonita. Depois de um tempo, parecia dar certo, então ele pensava que toda aquela história dele ser apaixonado por seu melhor amigo não passava de um delírio.  

Mas, de vez em quando, lembrava-se do que Polly lhe havia dito e pensava que talvez ela tivesse razão. Scorpius não era idiota. Podia não saber muita coisa sobre relacionamentos, mas ele tinha certeza de que não devia pensar em seu melhor amigo enquanto beijava Rose Weasley.


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