Solstice - Interativa escrita por Ren


Capítulo 49
Shōsho 「XIII • Marie」


Notas iniciais do capítulo

Shōsho/Soseo/Xiaoshu é o undécimo termo solar de calendários tradicionais asiáticos, começando por volta de 7 de julho. Ele é o penúltimo termo solar do verão.

Não sei se notaram pelo novo estilo de título, mas a segunda temporada começou :,D



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No Parque Nouvelle-Chiaksan, o balançar das folhas das árvores começa a ficar gradualmente mais intenso do que havia sido nos últimos meses. A crescente força dos ventos anuncia que logo chegaria o princípio de Outono, data chamada tradicionalmente de Ipchu. Dentro de poucas semanas, as árvores começariam a tonalidade de suas folhas e assim dariam uma atmosfera diferente ao parque.

Esse é um dos motivos pelos quais Marie sempre considerou o Outono como sua estação preferida, e mal podia aguardar pela sua chegada.

Enquanto caminha pela trilha principal, ela ajusta seu cachecol um pouco mais para cima e cruza os braços para se aquecer melhor. Um pouco antes de chegar à ponte de madeira, a empresária se desvia da trilha e entra na floresta, mas antes verifica se há alguém lhe observando.

Com passos apressados, continua andando em linha reta entre as árvores até avistar um X cravado em determinada árvore. Chegando até ele, Marie encosta-se no tronco e suspira.

Mal tira o celular do bolso de seu sobretudo amarronzado e aparecem duas pessoas usando máscaras de porcelana e roupas pretas.

— Pontuais como sempre — a empresária diz cordialmente. — Todos os selecionados concordaram em participar do projeto. Mas creio que vocês já estejam cientes disso.

— Nem todos, não é mesmo? — A mascarada de cabelo preto dá um risinho sarcástico.

— Hansol foi até o edifício, então assumo que isso seja um sinal de que ele tenha aceitado participar… Apesar das circunstâncias não terem o permitido me ouvir.

— Ha! Ele é um estorvo. E o surto sem motivo que ele teve naquela noite apenas realça isso~. Não me admira que tenha sido atropelado. — A figura enigmática passa a mão no seu cabelo descontraidamente. — Acredite, Hansol não é mais uma ferramenta útil para você alcançar seus objetivos.

A outra mulher mascarada, de cabelo ruivo curto, tosse forçadamente como que para chamar atenção a sua companheira. Notando esse sinal, a de cabelos pretos simplesmente cala-se e recua um passo.

— Vocês querem que eu o descarte do projeto? Sendo que a sua própria organização o escolheu? Pensei que não houvesse possibilidade de erros em seus planos.

— Não houve erros. Apenas uma mudança na forma que pensamos. — A ruiva diz, hesitando. Ela não tem a mesma firmeza da outra mascarada. — Além disso, soube que já faz duas semanas que está hospitalizado. Acha mesmo que, nesse estado, ele pode contribuir de alguma forma para você realizar suas ambições?

Suspirando, Marie concorda balançando a cabeça depois de ponderar por alguns segundos.

— Tome. — A ruiva entrega-lhe um papel, com uma mancha de tinta azul na ponta. — Queime depois de decorar.

Um sorriso brota nos lábios da empresária conforme avança na leitura, e após terminar, dobra o papel e o coloca no bolso. Estava prestes a ir embora quando a ruiva tornou a falar.

— Espere… Descobrimos uma coisa interessante sobre um dos selecionados. Você precisa parar de tentar ajudar Len. As informações que você reuniu para provar a inocência dele? Jogue no lixo. Esqueça que o senhor Chang está vivo.

Marie franze as sobrancelhas.

— Minha equipe pessoal irá as provas para as autoridades ainda hoje.

— Não deixe-se seduzir por um falso senso de justiça. — A mascarada de cabelo preto abraça a árvore com o X enquanto profere essas palavras. — E não fique com pena de jogar as pessoas ao seu redor na lama enquanto você galga o caminho rumo aos seus objetivos. Um ato de misericórdia pode lhe levar à ruína.

Com um gesto da cabeça, Marie despede-se das representantes da organização e retorna à trilha do parque enquanto reflete no que foi dito. Ao olhar para trás, não consegue mais avistá-las… Então segue seu caminho até o estacionamento.

É, foi uma reunião de negócios interessante.

Mal começa a dirigir até o edifício de sua empresa, recebe uma ligação de seu sobrinho. Como seu celular já está encaixado no suporte veicular, ela atende via Bluetooth.

— Alô, Jinyoung?

“Oi, tia! Estou ligando para perguntar se posso levar uns amigos lá em casa.”

Ouvindo o pedido do sobrinho, a dama engole em seco.

Desde que passara a abrigar Len em seu sótão, tinha evitado ao máximo receber pessoas em sua casa; ninguém podia saber que estava ajudando um fugitivo acusado de homicídio, e a dama estava articulando tão bem essa situação que nem mesmo seu sobrinho estava ciente que dividia o teto com mais outra pessoa.

— Desculpe, querido, mas não.

“Ah… Sem problemas. Bom, estou pensando em passar a noite na casa de um deles. Posso?”

Ela hesita.

— Certo. Tome cuidado.

“Pode deixar!”

Sua relação com seu sobrinho era meio delicada. Ele estava sob sua tutela desde que tinha oito anos, mas infelizmente… Marie não tinha condições de ter uma presença maior em sua vida. Batalhou bastante para estar onde estava agora; cuidar de uma empresa exigia tempo e dedicação, e por causa disso os dois geralmente só se viam na hora do jantar.

Apesar desses fatores, Jinyoung sempre lhe fora um garoto exemplar, obediente e muito carinhoso... Mas agora tinha vinte anos, e Marie preocupava-se cada vez mais com seu futuro.

Após estacionar o carro, a dama põe os óculos escuros e sobe o elevador até o último andar da COSMOSART.

— Ah, finalmente você chegou! Já estava preocupado. — Len levanta-se feliz do chão após a dama destrancar a porta de sua sala e guarda o livro que segurava numa estante. — Estava passando o tempo lendo algumas dessas obras. São bem interessantes!

Ela responde com um sorriso sem graça e senta-se em sua poltrona, pegando o papel que recebera anteriormente de seu bolso e um isqueiro da gaveta. Len observa atentamente, e morde o lábio ao assistir o fogo reduzir aquela folha a cinzas.

Passa-se um momento de puro silêncio até que o telefone da mesa de Marie toca.

“Senhora presidente? Chegou aqui um grupo de dezoito pessoas, e eles estão dizendo que têm hora marcada.”

— Deixe-os subir.

Havia combinado de reunir-se com os selecionados ainda aquela manhã, e enfim a hora chegara.

Os dezoito entram hesitantes em sua espaçosa sala e fitam inertes a dama, sem terem certeza do que falar.

— Bom dia. — Levanta-se da poltrona com um sorriso enigmático e estuda a expressão dos dezenove convidados presentes. — Hoje vocês receberão suas missões. Mas antes, serão divididos em equipes. Elas serão trocadas a cada duas tarefas cumpridas.

— Equipes? — Jean engole em seco, rindo de nervoso.

— Sim. Henri, Cosme, Jieun, Alyssa e Evelyn. A partir de agora vocês serão uma equipe.

Evelyn sorri para Alyssa e fita os outros membros com uma expressão acolhedora.

— Lorelei, Yeri, Vivienne, Jiho e Daehwi. Vocês são outra equipe.

Vivienne troca olhares com Amélie, mexendo os lábios de forma muda para dizer “não foi dessa vez”. Já Yeri dá um pulinho ao saber que ficaria na mesma equipe que Lorelei.

— Wallace, Francis, Astrid e Sunhee.

— Bom, desculpe a interrupção, mas... — Francis avança um passo. — Não seria melhor se parentes ficassem nas mesmas equipes? Eu sou primo de Yeri, e Lorelei e Charlotte são basicamente irmãs--

— Não sou eu quem dita as regras — a dama responde friamente, e suas pálpebras piscam devagar antes dela anunciar a última equipe. — Jean, Alois, Amélie e Charlotte. Len irá lhes auxiliar remotamente.

É notável a animação de Jean ao saber que ficaria na mesma equipe que Amélie, sua melhor amiga. A jovem parece satisfeita, mas sua troca de olhares com Vivienne denuncia que ela preferiria estar com ela.

— Nessa primeira rodada, apenas as equipes de Jiho e Sunhee receberão missões. — Os olhos da empresária miram os dois enquanto fala. Ela pausa por alguns momentos, recordando-se dos detalhes das instruções do papel que recebera das mascaradas mais cedo. — À primeira equipe. Hoje mesmo vocês terão que ir atrás de Hwayoung Kim, membro da Dupont; estou certa que Jiho o conhece bem, já que ele e seu pai são tão próximos. — O garoto engole em seco e baixa a cabeça, cerrando os punhos. — Vocês terão não só que impedí-lo de ir a uma reunião no horário de retorno do almoço, às três da tarde, como também abduzir um documento assinado que ele carrega consigo. Trata-se de um relatório de finanças.

— Pera, eu tô entendendo bem? Você quer que a gente assalte um figurão? — Pergunta Yeri, incrédula.

— Tenho certeza que pensarão numa maneira melhor de cumprir suas metas. — Ela cruza os braços. — Hwayoung sempre percorre a pé o trajeto do edifício da Dupont até o restaurante onde costuma fazer suas refeições.

— Sim… — Jiho balança a cabeça. Ele definitivamente não parece confortável com a tarefa.

— Agora à equipe de Astrid. Preciso que comprem um pendrive de trinta e dois gigas, e entreguem a Sunhee o mais cedo possível. Ela deverá invadir a sala do primo dela, conectar o tablet dele a um mini laptop com duas entradas USB e transferir todos os documentos para o pendrive. Caso haja mais dúvidas, Wallace deverá ajudar.

— Deveraux não é só meu primo, é também meu chefe. Você quer que eu arrisque a confiança dele em mim? — Os olhos de Sunhee não transmitem emoção enquanto ela fala.

— Você é uma jovem esperta, e sua posição como secretária pessoal dele lhe garante muitos benefícios... Como a senha do tablet dele. Irá conseguir. — Marie senta-se novamente em sua poltrona. — Voltem amanhã as quatro equipes, depois que as duas cumprirem as missões.

— Mas… E se não der pra gente cumprir? — Daehwi se abraça, meio angustiado com o clima da reunião.

— Não existe essa possibilidade. — A serenidade nessas palavras não tranquiliza os selecionados, mas não tinha muito a ser feito quanto a isso.

Uma das poucas coisas que Marie não questionava eram as escolhas da organização secreta com a qual fez o pacto para subir ao topo. Não sabia de detalhes pessoais sobre os membros dela, nem tinha certeza do que ela realmente se tratava, mas era ciente dos aspectos mais importantes: os Manchas Azuis eram estrategistas, minunciosos, com olhos e ouvidos em todos os lugares de influência em Nouvelle-Seoul.

E eles eram muito discretos. Marie só soube da existência deles por causa de um evento de inauguração, ocorrido no começo do ano -- onde eles a contataram, através de um bilhete intrigante deixado debaixo de sua taça.

“Você quer ter o mundo em suas mãos, mas sabe como conseguir? Venha à cobertura.”

Muita coisa podia dar errado mediante tal mensagem obscura, mas Marie não teve medo. Às vezes, para agarrar os sonhos, é necessário dar um salto de fé no escuro.

Com sua pequena pistola branca escondida em sua bolsa, a dama seguiu as instruções e encontrou um grupo de seis pessoas com máscaras de baile usando roupas de gala, como também se tivessem sido convidados para a inauguração. Antes de se apresentarem, perguntaram se chegar ao topo era o que ela realmente queria, não importando os métodos. Sua resposta foi sim.

De lá até agora ela já havia investido muito dinheiro nesse projeto... Feito tudo como indicado, seguindo à risca a maioria das instruções. Tinha que dar certo. Não existe a possibilidade dos selecionados falharem. Não pode existir.

— Hey, eu e Alyssa vamos ao hospital agora. Não sei se já souberam, mas Hansol teve um agravamento no estado clínico — Evelyn comenta aos outros convidados antes de qualquer um se virar para ir embora.

— Aww, sério? Gostaria de ir também. — A voz de Cosme emite certa preocupação.

— Ora, você pode ir conosco! E mais qualquer um que queira visitá-lo com a gente. — Evelyn diz dirigindo-se a todos.

Cosme faz um beicinho e vira-se para Jieun e Henri.

— Ei, vocês dois topariam em ir conosco? É uma ótima oportunidade para nossa equipe passar um tempo junto. E, bom, Hansol precisa muito de apoio.

— Vou tirar um dia de folga da floricultura hoje, então tudo bem por mim. — Jieun sorri fracamente, exibindo certa angústia pelo que ocorrera com o Lacroix.

— Por mim tá okay também, tô de férias finalmente. — Henri responde com jeito meigo e, meio hesitante, envolve um braço ao redor dos ombros de Cosme, mantendo certa distância entre seus corpos por não ter o costume de interagir com o outro. — Vamos lá.


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