Solstice - Interativa escrita por Ren


Capítulo 30
「VIII • Vivienne」 Sem milkshake, parte 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742070/chapter/30

Vivienne estava verdadeiramente intrigada com a demora de Wallace e Alois. Enquanto andava em direção ao dormitório, questionava a si mesma possíveis motivos deles tardarem tanto.

Não tinha como relaxar naquele momento, pois sua mente não cooperava: nenhuma das possibilidades que imaginava se encaixavam com a personalidade de Wall-E. Talvez algo grave tivesse acontecido? Ou talvez...

Chegou na porta do quarto do amigo. Pôs a mão sobre a maçaneta, e ao ver que o cômodo não estava trancado, respirou fundo e abriu a porta.

Encontrou os dois sentados à mesa, com Wallace usando o laptop e Alois observando atentamente tudo o que estava sendo feito.

Lençóis cobriam quase todos os objetos do quarto.

— ...Gente?

O duo virou-se em sua direção ao ouvir a voz dela.

— Ah, oi, Vivi. Já estou acabando — Wallace falou e voltou a digitar no laptop. — É sobre o número desconhecido que me mandou aquelas mensagens. Eu tô quase conseguindo terminar de rastrear...

Vivienne aproximou-se devagar, confusa. Por que ele estaria fazendo aquilo justamente na hora em que todos estavam o aguardando?

— Bingo! — O jovem bateu palmas para si mesmo e aguardou as informações terminarem de serem processadas pelo computador. Sua expressão facial sorridente logo dissipou-se em uma tensa seriedade. — Ué... Aqui diz que o número vem de dentro deste dormitório mesmo. Parece que ele não estava blefando quando deu a entender que entrou em meu quarto...

— Pera, quê? A pessoa das mensagens invadiu seu quarto?

— Sim... Ou...

Um barulho ruidoso proveniente do quarto ao lado despertou a atenção de Vivienne. Parecia que alguém estava derrubando coisas...

— O que foi isso? — Alois perguntou, levantando-se sobressaltado.

Ela escutou o barulho novamente, desta vez vindo do corredor. Ora, qual seria a chance disso estar acontecendo no exato momento de Wallace ter rastreado a proveniência das mensagens?

Vivi precipitou-se para fora e viu uma jovem encapuzada ao final do corredor correndo com uma pasta preta na mão. A porta do quarto ao lado estava escancarada, e no chão, um monte de papéis e canetas... E por algum motivo a garota correndo não havia voltado para os apanhar.

Era óbvio o que Vivi tinha que fazer.

Com cuidado para não tropeçar, a garota travou uma perseguição atrás da moça misteriosa.

Desceu os degraus aos pulos, quase perdendo a fugitiva de vista.

Correu um pouco e chegou à rua. A garota estava apenas a alguns metros de distância, correndo pela calçada...

Ia conseguir a alcançar. Era só esforçar-se um pouco mais.

Quando estava um pouco mais perto da fugitiva, Vivienne pulou em cima da menina, agarrando as pernas dela e fazendo-a levar um belo tombo. A pasta que ela estava carregando caiu no meio da rua.

— Ai! Me solta! — A desconhecida tentou furiosamente chutá-la, mas Vivi imobilizou com sucesso sua oponente. A jovem debateu-se para escapar, inutilmente. — N-Não! Argh...

A fugitiva era uma bela intercambista tailandesa, de cabelo pintado de loiro. Vivi recordava-se de já ter cruzado olhares com ela na faculdade algumas vezes.

Em questão de segundos, Alois e Wallace chegaram.

— O que foi?! Quem é ela? — Wall-E estava bastante desnorteado.

— Hmph, como se você não já soubesse — a tailandesa admitiu sua culpa de maneira grosseira. — Pelamor, alguém pega minha pasta naquele asfalto antes que algum carro passe por cima do meu laptop!

— Dê motivos pra gente fazer isso, sua invasorazinha de privacidade — Vivienne ainda estava por cima dela, encarando-a como um leão observa sua presa.

— Eu confesso tudo, tá bom?! Não é isso que vocês querem?! Mas por favor, peguem meu laptop!

Wallace andou pelo asfalto e pegou a pasta com o laptop. Aquela desconhecida havia tido muita sorte, pois nenhum carro havia passado naquele intervalo de tempo.

— Pode me soltar? Estou sujando minhas roupas nesse chão nojento — falou rispidamente para Vivienne, que pareceu não se importar e continuou a prendendo.

— Qual é o seu nome? — Wallace perguntou.

— Elisa — bufou.

— Você está por trás das mensagens que recebi?

— O que você acha, otário? Que esse escândalo todo pra não me atrasar pra alguma aula? — o jeito rude com o qual ela se dirigia a Wallace denunciava que ela claramente não era uma admiradora secreta. — Assim que vi que vocês estavam prestes a me descobrir, tentei fugir antes que a coisa ficasse feia pro meu lado... Como está agora.

— Por que você fez tudo isso? — Alois questionou.

— Eu até falaria mais, porém não estou numa posição confortável — ela tentou olhar para Vivienne, mas o jeito que a outra garota havia imobilizado-a não permitia muitos movimentos.

— Bom... Realmente não é uma boa posição para se estar no meio da rua — Wallace falou com um pouco de pudor, e Vivienne o atendeu relutantemente levantando a garota. Estava adorando estar daquele jeito.

— Eles me disseram para te assustar caso não você aceitasse a proposta deles — a garota disse para Wallace, ainda exaltada. — Eu tinha que te pressionar psicologicamente, dar uma de stalker intimidante e te fazer sentir o máximo de insegurança que eu pudesse. Depois de mais alguns dias, o pessoal voltaria a entrar em contato contigo para oferecer proteção e afins, e meu trabalho acabaria com uma bela grana no meu bolso. Sabe, eu também sou hacker, mas por algum motivo eles precisavam especificamente das suas habilidades.

— Eles? Eles quem? — Wallace perguntou, mas logo recordou-se das mensagens que havia recebido logo antes dos SMS sinistros começarem a chegar.

“Preciso de um serviço seu. Soube que você é ótimo em roubar informações. Pode me fazer um favor? Eu pago bem.”

— Quem estava atrás dos meus serviços? — perguntou novamente, vendo que Elisa estava hesitante em responder. — Quem te contratou?!

— Foi a Equinox — a garota finalmente cedeu à pressão.

Mas... Estaria ela falando da Equinox Corporation? Se sim, isso significaria que a empresa mais rica do país estava envolvida com negócios ilegais e seus donos estavam dispostos a jogar sujo para eliminar as ameaças. E pelo plano que arquitetaram para forçar Wallace a ajudá-los, dava pra ver que esse pessoal era bastante perigoso.

Um turbilhão de pensamentos passou pela cabeça de Wallace enquanto ele fitava incrédulo Elisa. A hacker estremeceu um pouco e continuou sua confissão.

— Eles me arranjaram um quarto ao lado do seu e também me deram um conjunto de micro-câmeras que coloquei nas suas coisas há mais ou menos uma semana.

— Como você--

— Eu usei seu colega de quarto para entrar lá quando você estivesse fora e as implantar. Não foi difícil manter aquele pateta distraído. — Um momento de silêncio se instalou no ambiente, e Elisa tornou a falar. — Okay, confessei tudo, podem me soltar?

Vivienne riu sarcasticamente do pedido e segurou com força o braço da criminosa.

— Garota, você está encrencada.

Subitamente, uma cotovelada pegou Vivi desprevenida e um simples outro golpe a derrubou no chão. A intercambista avançou em Wallace em seguida, empurrando sobre a barriga do rapaz a pasta que ele mesmo estava segurando -- deixando-o desnorteado por alguns segundos, pois era um movimento totalmente inesperado. Foi exatamente a oportunidade que Elisa precisava para puxar o objeto das mãos dele. Alois tentou impedí-la de fugir, mas no segundo em que se aproximou, a garota bateu a pasta em sua cara e correu atravessando a rua pouco antes de um ônibus passar.

Vivienne levantou-se nesse instante, com alto nível de adrenalina. Pretendia correr atrás da fugitiva, mas Wallace segurou seu braço no momento em que pisou no asfalto para iniciar a perseguição.

— Não, Vivi! Deixa pra lá.

— Me larga! Aquela cadela tem que levar uma surra antes de ser jogada na cadeia!

— Ela já foi embora, e o trânsito na rua está mais movimentado. Você não pode se atirar no meio dos carros assim!

Sentindo-se derrotada, Vivienne respirou fundo e concordou com o amigo. Elisa tinha escapado e nada mais havia de ser feito em relação a ela...

Ah, mas algum dia… Ela vai pagar caro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Solstice - Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.