— Macarrão? - Perguntei curioso - Onde raios fica macarrão?

— Além de magrelo é surdo? - O homem se levantou - Vamos, preciso te levar.

— Tenho medo - Disse sério.

— De que? - O homem perguntou chegando perto.

— De você se perder e eu nunca mais encontrar o caminho para casa vovô - Disse eu sarcasticamente - Ou de irmos parar em um sitio, você parece um trator.

— Você vai é conhecer o caminho pro jardim onde vou te plantar magrelo - Ele disse com um sorriso torto.

Me sentei na cama e respirei fundo, ainda sentia algumas dores, não sei como sobrevivi ao incidente, mas pretendo descobrir, e apesar de brigar com esse homem pretendo acompanha-lo, então me levantei com alguma dificuldade, e ele me entregou algumas roupas e apontou o banheiro.

Logo que sai do banheiro o homem seguiu pelo corredor e eu fui atrás, primeiro fomos a um outro quarto onde uma garota estava acompanhada dos pais, meu coração pareceu bater mais levemente quando percebi que era Mia e que ela estava bem, fomos então para o outro quarto onde estava outra garota com sua família, parecia ser Rina, uma garota com descendências asiáticas, logo depois fomos para fora do hospital.

Do lado de fora entramos em um velho Audi preto, no momento em que o homem entrou no carro pensei que o carro iria para o ferro velho em pedaços, mas o velho guerreiro aguentou e apenas se rebaixou um pouco, possivelmente quem nos visse pelo lado de fora pensaria que um pai e seu filho estão passeando em seu Audi cabulosamente rebaixado.

Antes de dar a partida no carro o homem se virou para mim e estendeu a mão para a minha surpresa.

— Prazer, meu nome é Trevor - Disse ele sorrindo.

— Rain - Eu disse ainda surpreso - Para onde estou indo?

— De volta para seu orfanato - Trevor deu a partida e olhou para o horizonte com uma expressão triste - Você parece mais aliviado, apesar de que praticamente todos os seus amigos estão desaparecidos.

— Ainda á esperanças de que estão vivos não? - Perguntei - E a maioria não se importava muito com o órfão magrelo, só a Mia.

— Você parece ter uma amizade forte com ela.

— Ela era a minha melhor amiga - Disse cabisbaixo - Apesar de tratar todos gentilmente, ela foi a primeira a ser assim comigo, devo a ela momentos divertidos e muita ajuda...

Trevor não disse nada, mas a expressão dele demonstrava que ele compreendia tal sentimento, depois dessa conversa alguns minutos se passaram em absoluto silencio dentro do velho Audi e eu estava quase dormindo quando me veio uma questão.

— Trevor, o que é a Makarov? - Perguntei - Você não parece o tipo de pessoa que cuidaria de um doente.

— A Makarov é uma organização secreta que combate o bioterrorismo, e o projeto de instrumentalização de humanos - Trevor falou sério - Você deve ter visto, aquele jovem, na sociedade existem algumas pessoas que chamamos de magos, existem poucos, claro, mas existem, e o governo os "capturam" para transforma-los em cobaia para transferir os poderes para outras pessoas "normais" e assim ter um exército, fora testes de venenos, e agentes químicos em cobaias humanas que falharam no teste de magia.

— Magia? - Perguntei, era muita informação de uma única vez - E o que vocês fazem?

— Nós caçamos os "magos" deles quando estes estão em missões para eliminar certos tipos de alvos, alvos do governo, políticos, donos de organizações humanitárias, pessoas ricas. E tentamos impedir que eles encontrem novas cobaias para as pesquisas, tentamos ajudar essas pessoas.

— Não seria mais fácil matar todos do governo ou algo assim? Explodir os laboratórios?

— Os humanos são uma raça que sempre procura a facilidade, ela sempre irá procurar meios de escravizar os magos e facilitar a vida deles, por isso não levamos nada a público e explodir bases meu amigo magrelo iria matar inocentes.

— Eu.... Posso ficar? - Perguntei curioso e esperançoso.

— Ficar - Trevor sustentava agora uma expressão curiosa.

— Entrar na Makarov - Disse determinado - Eu quero ajudar, não quero ficar somente esperando por notícias, não quero que pessoas se machuquem.

— Você tem certeza garoto? - Trevor parou o carro em frente ao orfanato - A vida como agente da Makarov pode não ser a mais fácil.

— Absoluta, vou me esforçar - Olhei pela janela do carro o orfanato - Não quero mais ser o magrelo inútil que não consegue fazer nada.

Trevor ligou o carro novamente sem dizer nada, logo eu dormi, e acordei com Trevor me chamando quando já estava escuro do lado de fora e a lua iluminava a área, aparentemente dormi bastante e agora estou em um lugar totalmente desconhecido com um casarão branco, porém velho a minha frente.

— Bem-vindo à Makarov criança!