Projeto Cronos escrita por C J Oliveira


Capítulo 8
08 - Mari


Notas iniciais do capítulo

A divulgação dos capítulos será semanal, ocorrendo todo sábado. Mais informações podem ser encontradas na página do Facebook:
facebook.com/Cronos.projeto



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741919/chapter/8

Estava sonhando, simplesmente aquilo era um sonho, pois qual explicação eu daria para uma cena como aquela? Eu estava em uma sala, tudo estava escuro ao meu redor, tudo exceto o centro onde eu estava. Estava em pé e por algum motivo fiquei parada ali, diante de mim havia uma mesa de vidro, em cima tinha uma chave, uma chave de ouro, a mais simples das chaves que já vi, não que eu me lembre de muitas, mas sabia que aquela era especial. De repente, uma porta se abre iluminando o ambiente, mesmo que fraca a luz me ajudou a ver um pouco a sala, tinha algumas cadeiras à frente, mas logo tudo voltou à escuridão. Um medo se abateu sobre mim, meu psicológico sabia quem fazia aquele barulho com o sapato quando batia no chão, eu não sabiaquem era, mas todo meu corpo sabia. 

Mariana,” — uma voz suave entoou pelo ambiente preenchendo-o e afastando o silêncio — “que bom que você está aqui conosco. Acredito que você está confusa pelo fato de estar me esperando aqui nessa sala fria e escura” — podia ouvir sua voz, mas seu rosto ainda continuava no escuro — “no entanto, o procedimento é esse, nos conheceremos um pouco depois, mas por enquanto preferirei ficar no anonimato. Então conte-me, porque quer se juntar a nossa equipe? 

Algo me dizia para sair correndo daquela sala, mas o corpo não me pertencia, mas sim à minha versão do passado. Eu estava apenas olhando, nada mais poderia fazer além de olhar, queria me puxar pelos braços e tirar-me de lá, mas não podia. 

Porque quero uma nova vida para mim, simplesmente odeio a vida que tenho, seria melhor continuar vivendo fazendo algo que ajude a humanidade. Quando me contaram sobre a clínica eu aceitei, pois quero uma vida melhor.”  

Bom, Mari, temos uma vida melhor para você, mas deseja renunciar sua vida passada para viver uma nova?” 

Os pensamentos da minha versão do passado inundaram minha mente, sabia exatamente o motivo que a levou até ali. Ela, no caso eu, queria esquecer as mortes que foi obrigada a ver: a mãe, o amigo e — a mais cruel de todas — ela viu o próprio namorado ser assassinado, na sua frente, brutal e cruelmente. Tentei tirar aqueles pensamentos da minha cabeça, não tive uma vida fácil, tive uma família difícil, perdi quem mais amava, vi a morte de todos sem nem mesmo ter como ajudá-los. A lista de pesadelos não parava por aí, naquele momento entendi o que me trouxe ali, e entendi por que eu disse: 

Sim, eu aceito! 

*** 

Acordei sobressaltada, estava no quarto onde dormi pela primeira vez, era bem espaçoso, tinha uma cama de casal, com colchas macias e lençóis mais ainda. Tinha uma televisão embutida na parede e uma estante cheia de livros e de objetos decorativos que eram bem bonitos. Não sei porquê, mas considerava esse quarto um refúgio, um lugar de segurança. 

O sonho voltou à minha mente, sabia que estivera no passado, no dia que entrei para o projeto e sabia exatamente as motivações que me levaram até lá, o passado sempre acha brechas para entrar, ele sempre entra não importa quanto tempo demore, ele sempre volta. No meu caso, queria muito esquecer aquela cena. 

Saí e fui direto para o banheiro, limpei meu rosto e tratei de esquecer aquele sonho e as lembranças que ele me trouxe. Já tinha muitos problemas para me preocupar com o passado.  

Quando saí do banheiro, fui para a cozinha e vi que Julian estava tomando seu café da manhã, a mesa estava recheada de comida: pães, manteiga, leite, sucos e bolos, meu estômago pareceu alegre com isso, fazia dias que não comia tão bem. Senteii-me diante de Julian. 

— Bom dia, Mari — disse sorrindo para mim, ele estava com um pão em suas mãos e uma faca. 

— Bom dia, Julian. Onde está o Juan? — perguntei pegando uma xícara para mim, queria tomar um café, queria acordar. Não sei de onde tirei aquela ideia, mas algo em dizia que café animava mais. 

— Ele foi na oficina buscar seu carro — respondeu, ele passava manteiga no pão enquanto falava, ele pegou o miolo e comeu, aquilo era estranho, mas era um gesto que me trazia lembranças, vagas, mas me trazia — disse que seria melhor, como o lago é longe, de carro seria mais rápido. 

— E onde está Enzo? — Não que eu me importasse com ele, mas me sentia na obrigação de perguntar, logo que ele também é um de nós. 

— Ele está no banheiro dos fundos — Não sabia que Juan tinha um banheiro nos fundos, como poderia saber se estou aqui a menos de dois dias? — Disse que iria refrescar um pouco a alma, não sei o que ele quis dizer, mas deve estar tomando banho. 

Olhei para Julian e meu sonho voltou, me perguntava o que levou Julian a ir naquela instituição, a morte de minha mãe não poderia ser o motivo, pois pessoas morrem o tempo todo e isso não seria motivo de fazer o que fizemos. Será que fui a responsável por ele estar aqui comigo? Não contei nada sobre ele ser meu irmão, mas por mais que seja egoísta da minha parte eu não queria contar a ele, queria que aquele segredo fosse só meu, deveria contar a ele, deveria dizer a ele que me preocupava com ele, que cada segundo que penso no seu futuro eu me desespero, pois no final eu acabaria perdendo a única pessoa com quem me importo. Queria poder dizer isso a ele, mas sou uma covarde, tento ser durona, mas no fundo não passo de uma covarde.  

— Mari — Antes que me desse conta, Julian estava me encarando, seus olhos estavam em mim e estavam preocupados e nervosos. — Ontem quando você disse sobre sua cena, você não contou tudo, o que era? 

Meu corpo resetou, como ele sabia que eu não estava falando toda a verdade? Olhei pra Julian e ele ainda estava esperando uma resposta minha, mas como poderia contar toda a verdade? Parecia simples, mas aw palavras simplesmente não saíam, queria dizer a ele, no entanto, por outro lado, queria que aquilo ficasse só comigo. Ter um irmão é ótimo, mas algo me dizia que não deveria contar a ele, nem lá no fundo eu me sentia ruim, como se tivesse decepcionado ele.  

—Eu não escondi nada – falei, mas queria dizer mais – eu falei o que vi. 

— Sabe, eu não conheço muito você, mas algo me diz que você está mentindo. — Pisquei. — Sinto algo por você, não uma paixão, mas sinto que gosto de você de maneira diferente. — Senti uma estúpida vontade de chorar. — Mari, o que você não me contou? 

Como poderia esconder dele a verdade? Como poderia ser tão egoísta assim? Estava me controlando para não chorar, não queria demonstrar fraqueza e nem medo, queria ser forte. Olhei em seus olhos, um castanho tão claro que nem pareia real, não sei se é devido o sol que entrava na janela ao lado ou se era natural, eles eram lindos, e naquele momento estavam sérios, ele queria uma resposta, então tinha que dar uma. 

— Sou sua irmã e você meu irmão. 

Pronto, tinha contado meu segredo que deveria ter guardado só para mim, vi seus olhos relaxarem, mas logo invadidos pela dúvida e pela incompreensão, como se não acreditasse no que tinha visto. Meu mundo se partiu em dois e nem mesmo sabia o por que, só estava com vontade de chorar e de me levantar e abraçá-lo, nada no mundo me importava mais naquele momento. Julian era meu irmão, pela primeira vez me caiu a ficha, ele era meu irmão!   

— Como?  

Essa foi a pergunta que ele fez, o que ele quis perguntar, mas antes que pudesse explicar ele continuou:  

— Como é possível — seus olhos estavam molhados, lágrimas estavam caindo de seu rosto, eu não me contive e chorei também. – Como é possível que eu não tenha notado que o que sinto por você é um amor diferente, um amor que quer apenas proteger e ser protegido por você, que quer ver você feliz e que tem ciúmes de outros garotos que encostam em você, esse é um amor diferente. 

Ele se levantou e eu também, naquele momento me permiti esquecer o mundo, esquecer meus problemas, pois só queria sentir aquele abraço que ele me deu, tão intenso e feliz, sorri com as lagrimas ainda molhando meu rosto, naquele momento pude ser feliz, por mais que momentos passem e a vida siga, aquele será um dos raros momentos das nossas vidas que ficarão para sempre. Acho que filosofei demais, mas num momento como aquele nada importava. 

— Com licença — disse Enzo dando um pigarro — não querendo interromper esse lindo abraço, mas alguém sabe aqui onde tem roupas limpas? 

Não sei por que, mas me assustei quando vi Enzo nu. Da cintura para cima, é claro, na parte de baixo ele estava de toalha, seu corpo branco estava exposto. Por mais que ele seja bronzeado devido ao sol, ainda tinha partes brancas onde o sol não pegava, ele estava completamente molhado. Ele me pareceu interessante e me pegou olhando para ele, deu-me um sorriso torto, ele era lindo, um corpo atlético e que me fazia suar, nunca me senti assim antes, mas por um momento ele era o garoto mais lindo daquela sala. 

— Enzo, dá para parar de manipulá-la enquanto está de toalha?  

Meus pensamentos estavam de volta, a voz de Julian me trouxe para a realidade, mas ainda assim senti algo verdadeiro, pequeno, mas algo. Enzo ainda estava parado no mesmo lugar e sorrindo pra mim. 

—Olha, não é querendo me gabar, mas sou irresistível — ele sorriu para mim — não é mesmo Mari? 

Nessa hora a porta da entrada foi fechada, era Juan, sabia disso pelo “Cheguei” que ele deu gritou que entrou. Quando ele chegou na cozinha, parou e perguntou: 

— O quê você faz só de toalha na minha cozinha? — Estava com umas sacolas na mão e sua expressão era de incredulidade com um misto de raiva. 

— Perguntando onde posso arrumar uma roupa, por quê? — disse Enzo tranquilamente como se ficar só de toalha em uma cozinha em frente a uma garota fosse normal.  

— No meu quarto tem algumas — disse Juan, mas acredito que ele só tenha dito aquilo porque não queria mais ver Enzo quase nu em sua cozinha —, agora, por favor, vá se vestir, ninguém merece te ver assim. 

— Desculpe se minha beleza o incomoda, já estou indo. — Ele riu e saiu em direção ao quarto, não sei por que, mas fiquei um pouco decepcionada quando ele deixou a cozinha. 

— Folgado — resmungou Juan. 

Juan nos deu bom dia e logo saiu com as sacolas, ele disse que eram comida e alguns suprimentos que iríamos precisar na viagem, apesar do lago não ser tão longe ele comprou suprimentos em dobro. Julian estava me olhando assim que terminei meu café, seu olhar parecia me analisar, sei que queria dizer alguma coisa para mim, mas suas palavras não saíam, perguntas que nem precisavam ser ditas, pois estava me fazendo as mesmas. De algum modo me sentia responsável por ele, apagaram minha mente, mas meu corpo ainda se lembrava, minha mente lutava contra esse bloqueio e pequenas coisas acabavam escapando e tudo isso me informava a mesma coisa: eu era a culpada por ele estar ali.  

Uma hora depois estávamos prontos, os suprimentos necessários estavam dentro do utilitário preto de Juan. Eu iria na frente com ele, Julian e Enzo iriam atrás. Iríamos de manhã mesmo para não chamarmos tanta atenção, mas acho que um carro como aquele não seria o sinônimo de discreto. Segundo Juan o veículo foi dado a ele por sua mãe, mas estava na oficina para fazer uma revisão e ver alguns problemas. 

— Sabe, eu nunca imaginei em minhas 72 horas acordado que iria para um lago com uma gata e dois chatos, mas até que está sendo divertido — disse Enzo depois de trinta minutos de viagem. 

— Da próxima vez que me chamar de gata juro que vai se arrepender das palavras — falei, percebi que Juan deu um sorrisinho no canto da boca. 

— O que vai fazer, ler meu passado? — Enzo sorriu e Julian também. 

— Ontem eu deixei um caído no chão, não custa nada eu fazer o mesmo com você. 

O silêncio reinou novamente, sabia que Enzo não falava por maldade, mas sim para se divertir, ele estava se distraindo de seus pensamentos, não sei por que, mas seu passado não foi um dos melhores, assim como de ninguém ali. A vista do lado de fora era incrível, no centro da cidade podíamos ver uma área bem arborizada, mas quando íamos nos afastando entrávamos em uma floresta realmente. As casas iam mudando, de prédios enormes a casas simples, cada vez mais se afastando uma das outras, até que chegávamos a um lugar de árvores desconhecidas. As casas davam lugar às arvores agora e toda a vista da cidade desapareceu e estávamos completamente rodeados de delas. 

Um carro estava atrás de nós, senti um arrepio em todo corpo, ia dizer a Juan, mas o carro sumira. Estranho, uma hora ele estava lá e no outro não. Uma sensação ruim passou por meu corpo, não sei por que, mas senti que algo iria acontecer, olhei para um espelho que ficava no meio e encontrei os olhos de Enzo, verdes como as folhas de algumas árvores, eles estavam preocupados como se também tivesse notado o carro. 

— Juan — falei — acho que estamos sendo seguidos. 

— Também acho, manípulos os sentimentos, mas também consigo sentir algo mais, algo me diz que algo ruim vai acontecer. 

— Eu vejo o futuro, também estou com essa sensação — disse Julian. 

Todos estavam assustados, Juan não disse nada apenas acelerou. Perguntei a ele se faltava muito pra chegar ao lago, mas ele disse apenas que no mínimo mais uma hora. Uma hora que se passaria lentamente, uma hora de suspense. 

— Vira! — gritou Julian. 

Juan virou e segundos depois um som passou perto do meu rosto, uma bala, estávamos realmente sendo perseguidos, um furgão preto estava atrás de nós e Juan acelerou. Mais balas passaram perto, Enzo estava assustado e Julian surpreso, por algum motivo ele soube da bala, pela sua cara eu presumia que a bala iria atingir um alvo, o carro talvez. O pânico tomou conta de meu corpo e estava assustada com a probabilidade de que algo acontecesse. Nada poderíamos fazer dentro daquele carro. Tínhamos que chegar ao lago, antes deles. 

— O que faremos? — perguntei. 

— Não sei — respondeu Juan. 

Se alguma bala pegasse naquele carro, me sentiria culpada, porque sabia que aquele fora o último presente de sua mãe para ele, sabia qual a importância tinha, queria poder fazer algo, mas me senti inútil. 

— Eu posso dar um jeito — disse Enzo sorrindo —, mas temos que chegar mais perto deles, daqui não vejo bem o rosto do motorista. 

Enzo, como não poderia ter pensado nisso? Ele pode manipular os sentimentos das pessoas só de olhar pra elas, mas estávamos ainda um pouco longe deles. Olhei para Juan e ele assentiu, olhei para frente e vi uma curva, talvez fosse nossa oportunidade. Juan derrapou e tivemos que nos segurar, mas a distância entre os carros diminuiu e pude ver quem estava dentro deles, outros homens vestidos de segurança, mas esses tinham uma espécie de fones nos ouvidos e vi a boca de um se mexendo. Olhei para o motorista e vi que ele estava concentrado, uma curva como aquela exigia foco, não precisava de minha memória para saber disso. Vi sua expressão mudar, agora ele estava com uma cara de quem viu algo assustador, pois o medo era evidente. Antes que o segurança pudesse dar um tiro, o motorista virou o volante com tanta violência que acabou virando o furgão. O nosso carro continuou intacto, os pneus nem tanto, mas tínhamos ganhado algum tempo, pois eu tinha certeza que aquilo só estava começando. 

— Mereço uma recompensa por isso, gata — ele sorriu, mas vi a expressão de cansaço em seu rosto, aquilo tinha exigido demais dele.  

— Sua recompensa será não ser punido por me chamar de gata — falei, mas depois de um tempo disse – Obrigada. 

Pude ver um sorriso quando ele balançou a cabeça. 

*** 

O Lago Black ficava bastante afastado da cidade, mas depois de duas horas de viagem, estávamos lá. Não me surpreendi muito com a visão, era apenas um lago — dã — imenso e negro, e que me dava medo, ao redor os restos de uma vila ainda resistiam à destruição. Não sabia o que havia acontecido ali, mas não foi nada bom. Deixamos o carro um pouco escondido e fomos andando, Enzo ficou calado o tempo todo, não disse nem mesmo uma frase engraçada do tipo “isso aqui está caindo aos pedaços”, e isso era a cara dele. 

Estávamos ali, e agora? O que faríamos onde o homem que Julian vira em sua visão nos mandou ir? Agora estava me perguntando se tudo o que Julian vira não fora uma ilusão, se tudo aquilo não passava de uma armadilha, quem sabe o que fizeram com a gente no passado? 

— Cuidado Mari — Juan gritou. 

Mas antes que eu pudesse perceber, estava no chão, alguém havia me derrubado no chão, meu corpo doía, o que tinha acontecido? Olhei para o lado e tinha um garoto ao meu lado caído, ele tinha cabelos marrons escuros e sua pele era branca, seus olhos azuis sorriam para mim, como se achasse engraçado o que tinha feito. De onde ele veio? 

Ele levantou com um só pulo e me ajudou a levantar, assim que alguns homens – aqueles mesmos seguranças — chegavam mais perto. Olhei para Juan, Enzo e Julian e eles estavam alerta, mas antes que alguém desse um passo, o garoto entrou na frente e disse que cuidava daquilo. Imaginei que ele resolveria o problema, mas fiquei surpresa quando ele disse: 

— Senhores, por favor, vamos conversar... 

Um tiro ressoou pelo o ar e meu coração parou, soltei um grito de pavor ao ver o corpo do garoto de olhos azuis tão lindos cair no chão, nem mesmo sabia o seu nome, lagrimas caíram do meu rosto e fui direto até ele. No entanto que cheguei não tinha mais nenhum corpo, criou-se fumaça como se tudo não passasse de ilusão. Fiquei mais assustada quando outros tiros ressoaram e fiquei em pânico quando olhei para cima vi que um segurança estava atirando nos outros, aquele dia não poderia ficar pior do que já estava. Depois que tudo acabou, o segurança olhou pra mim, seu olhar era assassino, pensei que iria atirar, mas meus olhos ficaram mais surpresos quando ele se tornou ela, uma garota que parecia com o menino, cabelos longos e seus olhos eram azuis também, me lembrei do que Julian falou em sua visão uma van preta e pude ver que dentro havia também um menino e uma menina, e eles eram idênticos, talvez gêmeos” presumi então que eram os irmãos.  

— Não sei quem é, mas gostei dela — disse Enzo sorrindo. 

— Nick, eu avisei que não adianta dialogar com ninguém, eles acabam te matando quando isso acontece! — A voz da garota tinha um pouco de irritação, mas também diversão. Para quem ela estava falando aquilo?  

— Mas não custa tentar — a voz do garoto soou no ar e me virei para vê-los. Eram dois garotos idênticos e muito parecidos com a garota, um deles devia ser o Nick. Atrás deles tinha uma cabana, ou o que restara dela, então foi de lá que ele veio, como não havia percebido isso? A garota começou a andar em direção aos garotos. 

— O que está acontecendo? — falei, meu cérebro estava dando voltas, não entendi nada do que aconteceu. — Trigêmeos? — murmurei mais para mim, mas eles escutaram. 

A garota que havia parado ao lado de Nick e deu um cotovelada leve nele e logo o outro garoto desapareceu, assim como o outro que levou o tiro. 

— Oi, eu sou Nicolas e essa, a estressadinha, é minha irmã, Rylie. Peço desculpas pelo empurrão, mas tive que fazer aquilo, você iria morrer, mas ainda bem que cheguei a tempo. 

— Nicolas, sem enrolação, nós os salvamos e não devemos satisfações a eles.   

—Ei, somos iguais a vocês — disse Julian —, também temos poderes. 

Aquilo chamou atenção de Rylie, mas pelo que vi, ela ainda estava tentando decidir se aquilo era verdade ou mentira.  

— Então, nesse caso, provem. 

— Parados — disse uma voz. Não tínhamos percebido, mas estávamos cercados. 

Tinham cinco seguranças, um pra cada um de nós. Olhei pra Enzo e ele estava sorrindo. Também sorri, algo se acendeu dentro de mim, um dos seguranças atirou em seu próprio pé e depois em sua cabeça. Antes que alguém reagisse, dois Nicolas — percebi que talvez esse era seu poder —, correram em direção ao segurança da frente, mas não conseguiu chegar até eles, pois outro atirou nele, mas isso deu uma oportunidade à sua irmã de atirar em dois seguranças e não perdi tempo, fazendo a mesma coisa que fiz com o segurança ontem, corri, derrubei-o e logo ele estava caído e com os olhos focados ao nada.  

Só deu um erro nesse cálculo, sobrou um segurança e antes que pudéssemos fazer alguma coisa ele atirou em Julian, meu grito ficou sufocado em meu peito, queria fazer alguma coisa, mas mais uma vez não pude. Antes que a bala chegassem em seu peito Julian sumiu e apareceu atrás do segurança, como ele fez aquilo? Ele pegou o segurança pelo pescoço e o torceu, o segurança caiu no chão, morto, Julian estava com uma expressão furiosa em seu rosto, pela primeira vez senti que não o conhecia, quem era ele? 

*** 

— Eu posso me multiplicar, minhas cópias morrem, mas só sinto uma leve dor, nada sério, minha irmã pode se transformar em qualquer pessoa, mas não tem um humor muito legal, então não a irritem.  

Estávamos no carro indo pra um lugar que Nicolas chamou de esconderijo, eles não nos disseram como chegaram, mas ninguém nem mesmo tocou nesse assunto, pelo visto tínhamos encontrado mais dois experimentos, então éramos cinco. Em breve iríamos encontrar o sexto, Nicolas disse que tinha mais um no esconderijo. Senti que teríamos um longo dia pela frente, dúvidas a ser serem respondidas e histórias para se contar. Afinal de contas, o que importava é que estávamos nos reunindo e em breve iríamos descobrir mais sobre nosso passado, mas será que eu iria gostar do que fiz lá atrás? Olho pra Julian pelo espelho e ele estava sorrindo, me perguntei o que fiz com seu futuro e com ele. Apenas sabia que era a culpada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou do capítulo? Alguma suspeita sobre o que vai acontecer? Comente! Vamos adorar ler sua opinião. Além disso acompanhe a página pra não perder nada:
facebook.com/Cronos.projeto



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Projeto Cronos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.