Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 2
Amigos?


Notas iniciais do capítulo

Oie lindezas!

Aqui vai mais um capítulo quentinho! Quero agradecer a todas que estão acompanhando, e espero que gostem do capitulo!

Obrigado "Igo e Milena"por favoritar a fic e "RêHutcherEvansDarcy" por comentar! ♥

Boa leitura!



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Logo que a cerimônia fúnebre terminou, todos começaram a tomar o rumo de suas casas. Embora nem todos ali fossem amigos chegados da família, todos estavam entristecidos. O Senhor Cloud Bennet era bem quisto pelos amigos, parentes e vizinhos e além da tristeza natural causada pela perda, todos se preocupavam com as enlutadas, e o que seria delas sem o chefe de família.

O senhor Gardiner, irmão da senhora Bennet, juntamente de sua esposa, acompanharam as mulheres até Longbourn. Jane se encarregou de convidá-los para ficar por um tempo, a fim de descansarem antes de iniciar sua viajem de volta para Londres. Charlotte Collins, decidiu ir para a casa de seus pais.

Senhor Darcy, que também havia acompanhado todo o cortejo fúnebre, também foi até a casa da família Bennet, porém este tinha o intuito de pegar sua carruagem e voltar imediatamente para Rosings.

— Senhoras... - Falou ele paras as moças e para a Senhora Bennet. - Creio que já está na hora de me despedir de vocês. Tenho de voltar para Rosings.

Elizabeth que até então tinha uma expressão séria e indiferente a tudo, mudou para um semblante preocupado.

— Não! - Protestou ela. - Não deve ir agora! Por favor descanse um pouco... A noite foi fatídica para o Senhor também.

— Senhorita Bennet, eu devo mesmo partir! - Respondeu Darcy convicto. - Não quero estorvar vocês por mais tempo!

— O Senhor não estorva! - Disse ela com sinceridade. - É o mínimo que podemos fazer depois do apoio que o Senhor me deu.

— Nem você, nem sua família me devem nada, Senhorita! 

Elizabeth deu de ombros.

— Pois que seja! - Disse ela meneando a cabeça. - Mas ainda assim insisto que o senhor fique... Não ficarei tranquila sabendo que viajou neste estado. - Falou referindo-se a expressão cansada que Darcy tinha, que era ainda mais evidenciada pelas olheiras profundas nos olhos dele. - Se Deus me livre algo te acontecer no caminho será culpa minha. Por favor insisto que descanse... Durma um pouco, tome uma refeição, depois sim poderá partir se quiser! - Pediu ela.

Darcy não sabia se seria apropriado aceitar aquele convite, mas tinha de admitir que Elizabeth estava certa. Ele estava exausto, sentia seus olhos pesarem de sono, pois tinha passado a noite em claro, e ela tinha razão ao dizer que seria uma viagem perigosa ir até Rosings naquele estado de cansaço.

— Por favor venha... Eu mesma levarei o Senhor até o quarto de hóspedes! - Disse ela já se dispondo a guiá-lo pela casa.

— Tudo bem! - Concordou ele finalmente.

E para ser sincero, Darcy queria mesmo passar mais tempo na companhia de Elizabeth, estava preocupado demais com o bem-estar da moça, então o convite e a insistência dela, apenas incrementaram a boa vontade dele.

Elizabeth primeiro falou com a mãe e com as irmãs, explicando que Darcy ficaria por um tempo, a fim de descansar, e então passou a guiar o cavalheiro pelo interior da casa para levá-lo ao quarto de hóspedes. No entanto, antes de chegarem no quarto, Elizabeth parou de repente, concentrando o seu olhar para um outro cômodo da casa. Uma sala, que ficava perto da escada.

— Está tudo bem? - Perguntou Darcy quando percebeu que Elizabeth havia parado.

Ela não respondeu, apenas mudou a direção, indo para o cômodo para o qual olhava. Darcy a seguiu. A porta da sala estava entreaberta, e Elizabeth a abriu, revelando que aquela era a biblioteca da casa. Não era o objetivo dela ir até ali, mas era como se uma força a tivesse conduzido para a biblioteca. Como um ímã que atrai o ferro.

— Esse lugar da casa era o favorito do meu pai. - Falou Elizabeth com uma voz triste e saudosa, assim que entrou no ambiente.

Darcy analisou a biblioteca do senhor Bennet com uma natural curiosidade. Não pode evitar de fazer a comparação mental com a sua biblioteca em Pemberley. A biblioteca do senhor Bennet era deveras muito menor que a de sua casa, mas Darcy tinha de admitir que era um ambiente aconchegante.

Aconchegante e ao mesmo tempo rústico.

Ele pouco conheceu o Senhor Bennet, mas pelo pouco que conhecia do falecido, Darcy achou que aquele ambiente da casa de certa forma combinava com o dono.

— Agora sei de onde a senhorita herdou o gosto pela leitura. - Comentou ele, olhando os vários exemplares que haviam nas prateleiras.

— De fato! - Concordou ela sorrindo. - Meu pai era um grande leitor. Era o passatempo preferido dele.

Elizabeth correu os olhos pelas prateleiras e então pegou um dos livros. Um exemplar de “Utopia”.

— Esse era o livro favorito dele. - Falou ela folheando algumas páginas do livro, mas sem prestar atenção no que estava escrito, pois sua mente viajava em outras memórias.

Era como se aquela biblioteca e aqueles livros representassem o seu pai, e tudo que ele foi. Se fechasse os olhos Elizabeth poderia enxergar o senhor Bennet sentado na poltrona lendo um livro, rindo-se dos disparates e das tolices da esposa e das filhas, e a seguir as olhando com uma expressão sarcástica, com os olhos por cima dos óculos. Doía-lhe pensar que nunca mais veria essas cenas. Diante disso as lágrimas voltaram. Darcy prontamente estendeu para ela um lenço.

Elizabeth despertou-se do seu devaneio e então se sentiu envergonhada, pois até tinha esquecido da presença do Senhor Darcy.

— Me desculpe! - Falou pegando o lenço que Sr. Darcy lhe oferecia. - Eu fui muito inconveniente! Em vez de te levar para descansar, te trouxe para fazer um passeio pela casa. - Soltou um riso sem humor.

— Não! - Falou ele imediatamente. - Por favor não se desculpe. Eu entendo o que a senhorita está passando.

— Eu queria tanto que isso fosse um pesadelo! - Exclamou ela. - É uma realidade dura de aceitar!

— Foi assim comigo também depois que meu pai morreu. - Falou ele e assim capturou a atenção da jovem. -Acho que a pior parte de tudo é se acostumar com a nova rotina. Olhar para os pertences da pessoa, e saber que ela não mais os usará... Lembrar-se da voz, e saber que ela não será mais ouvida... Mas asseguro-lhe que depois de um tempo você se adaptará... A dor nunca passa, mas nos acostumamos com ela.

Elizabeth prestou atenção a cada palavra dele, e pela primeira vez, enxergou Senhor Darcy de uma maneira diferente. Desde que o conhecera, ela o via como um estereótipo. O rico sobrinho da Lady Catherine, o dono da metade de Derbyshire, o amigo do Senhor Bingley, o homem orgulho e insensível, taciturno e misterioso... Porém agora ela o via como uma pessoa. Alguém com sentimentos, alguém que sofreu, e que possuía uma história... Naquele momento ela pode ver o Fitzwilliam Darcy que estava além dos rótulos, e essa revelação a surpreendeu e a assustou um pouco.

— Sinto muito pelo seu pai! - Disse ela por fim.

— E eu sinto pelo seu.

Os dois ficaram se olhando por uns instantes, cada um tentando adivinhar o que se passava pela mente do outro. Contudo, não demorou muito para Elizabeth dar-se conta de quão imprópria aquela situação era. Os dois sozinhos naquela biblioteca... Não que alguém estivesse por perto para julgá-los, mas era melhor não arriscar. Então mais que depressa ela tratou de levar o Senhor Darcy até o quarto de hóspedes para que ele pudesse descansar.

(...)

Todos estavam muito cansados, então todos se recolheram aos aposentos para descansar. Elizabeth não quis ficar sozinha em seu quarto e então foi para o quarto de Jane. Ambas tentaram dormir, e embora o corpo estivesse cansado, a mente delas não parava de trabalhar por um só momento, então decidiram passar o tempo conversando.

Um assunto foi puxando outro, até que Jane comentou que Lydia e Kitty estavam frustradas pelo fato de nenhum dos seus amigos do regimento terem comparecido no velório ou no enterro do senhor Bennett.

— Elas são muito jovens... E ainda hão de se desapontar muito, se continuar com essa obsessão pelos militares. - Elizabeth comentou dando de ombros.

— Mas para lhe ser franca... Eu também achei que, pelo menos, o Capitão Denny e o Senhor Wickham viessem... Afinal, eles se diziam nossos amigos!

— Vai ver não são tão amigos assim... - Murmurou Elizabeth.

— É como disse Confúcio:  "Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade." - Disse Jane e Elizabeth por alguns segundos estranhou o jeito da irmã. Jane sempre via o melhor das pessoas, e agora, parecia estar um tanto amargurada. Talvez fosse devido a decepção que ela sofreu com o Senhor Bingley, pensou Elizabeth. 

Mas tinha de admitir que  Jane estava certa. 

— As pessoas as vezes surpreendem... Tanto para o mal, quanto para o bem... - Elizabeth respondeu pensativa, agora lembrando de como se surpreendera com Fitzilliam Darcy, e desta vez, surpreendeu-se para o bem.

— Ainda está falando sobre George Wickham e Capitão Denny? - Jane perguntou ao notar a expressão da irmã.

— Na verdade não... - Elizabeth respondeu com um meio sorriso, dando de ombros. - Estava pensando no Senhor Darcy.

— Também fiquei surpresa por ele ter vindo de tão longe... - Jane respondeu. - Foi muito gentil da parte dele ter acompanhado você e Charlotte.

— Realmente...

— Ainda pensa mal dele? - Jane perguntou.

— Não... Quer dizer, não sei! - Elizabeth respondeu claramente indecisa. - Eu realmente fiquei surpresa e profundamente agradecida por ele ter sido tão gentil... Mas não consigo esquecer das coisas que George disse a respeito dele.

— Talvez o melhor seja parar de pensar no que George disse... E se guiar pelo que você .

A antipatia de Elizabeth pelo Senhor Darcy, tomou grande proporção desde que ele a chamara de tolerável na festa em que se conheceram. O orgulho ferido de Elizabeth, foi o impulso para que ela criasse a aversão que tinha pelo cavalheiro. A partir dali, ela sempre o julgou como orgulhoso e vaidoso, e a história que Wickham contou sobre os dois foi a cereja do bolo.

Era realmente horrível a história que George havia lhe contato a respeito do Senhor Darcy... No entanto, só agora passou pela mente dela que talvez a história pudesse ser mentira... Como poderia o mesmo senhor que a tratou com tanta gentileza e generosidade, ser ao mesmo tempo tão cruel e egoísta? Talvez ela nunca descobrisse a verdade sobre o passado de Fitzwilliam e George… E além do mais, mesmo que fosse verdade a história contada pelo Sr. Wickham, por que ela deveria tomar o lado de dele? Ela não tinha nada a ver com o passado de nenhum dos dois.

Não cabia a ela julgar uma realidade que não era dela.

A única coisa que Sr. Darcy fez contra ela, foi ferir o seu orgulho.

— Jane, você está coberta de razão. A partir de agora... Tentarei ser imparcial. - Elizabeth anunciou decidida. - Eu não tenho motivos verdadeiros para não gostar do senhor Darcy.

— Quer dizer que gosta dele?

— Quer dizer que estou disposta a tentar gostar. - Disse Elizabeth dando conclusão aquele assunto.

(…)

As horas passaram e logo chegou a hora do almoço. Todos reuniram-se para comer.

Seja pela tristeza da perda ressente, ou pela presença incomum de Sr. Darcy a mesa – talvez a combinação das duas coisas – a família Bennet não parecia a mesma. Geralmente as mais moças Kitty e Lydia, ficavam conversando entre si, as vezes implicavam com Mary. Jane e Elizabeth conversavam e riam das bobagens que as mais moças falavam. A Senhora Bennet sempre tinha algo novo a contar, geralmente fofocas que ela ouvia das vizinhas. O Senhor Bennet, mais observava do que falava. Obviamente, nada disso aconteceu naquele dia. O silêncio se fez presente em todo o momento durante o almoço.

Logo depois da refeição, no início da tarde, Fitzwilliam Darcy decidiu que era hora de ir embora, pois já se demorara tempo suficiente em Longbourn.

— Senhoras... - Falou ele chamando atenção das mulheres, bem como do Sr. e Sra. Gardiner. - Agradeço muito a hospitalidade de todas vocês... Porém devo voltar a Rosings. - Anunciou ele.

Todos despediram-se do cavalheiro, mandando lembranças e cumprimentos a sua tia Lady Catherine. Jane mais uma vez agradeceu a ele por sua gentileza e generosidade para com Elizabeth, e ele aceitou o agradecimento, reforçando que ninguém ali lhe devia nada.

Elizabeth por sua vez, prontificou-se a levar o cavalheiro até a saída. Ambos foram até o portão e enquanto caminhavam em silêncio, Elizabeth recordou-se de que antes de sair de Rosings, Sr. Darcy havia dito que tinha algo importante a dizer a ela. Devido à mensagem que ela recebeu de sua irmã, ele não disse o que queria. Agora ao lembrar-se disso, sentiu curiosidade de saber o que ele tinha de tão importante a dizer.

— Senhor Darcy, agora eu me recordo, que o senhor queria me dizer algo, enquanto estávamos em Longbourn. O que era? - Perguntou ela e poderia jurar que Sr. Darcy corou com sua pergunta.

— Creio que não devo falar disso agora! Não me parece apropriado. - Falou ele, e embora mantivesse a altivez de sempre, parecia estar envergonhado, isso aumentou, ainda mais, a curiosidade de Elizabeth, porém sua curiosidade não foi grande o suficiente para insistir no assunto. - Em outra oportunidade falamos sobre isso. - Concluiu ele depois de alguns segundos..

— Outra oportunidade? - Perguntou Elizabeth com espanto. Que outra oportunidade ela teria de ver o Sr. Darcy visto que, agora que Sr. Bingley havia se mudado de Netherfield, eles não faziam mais parte do mesmo círculo social? 

— Eu pensei... Que em outra oportunidade, poderia visitá-las… - Falou ele, e aquela afirmativa, saiu em tom de pergunta.

— Claro!- Respondeu ela sem demora, porém ainda assimilando aquilo. Senhor Darcy queria visitá-las? - Porque não? - Continuou ela. O senhor será muito bem-vindo quando vier! 

Nesse meio tempo, o cocheiro trouxe a carruagem do Senhor Darcy.

— Então até mais ver Senhorita Bennet. - Despediu-se ele fazendo uma pequena reverência e entrando no veículo.

— Lizzy. - Corrigiu ela, e ele a olhou um tanto surpreso. - Pode me chamar de Lizzy.

— Até mais ver então... - Deu uma curta pausa. - ... Lizzy. - Falou como se testasse a sonoridade daquele nome saindo de sua boca e depois comprimiu os lábios em um pequeno sorriso.

— Até mais ver Senhor Darcy.

Elizabeth ficou no portão, até ver a carruagem dele desaparecer no horizonte. Ainda era estranho para ela, estar em termos tão pacíficos com o Senhor Darcy, porém ela estava decidida a manter sua palavra. Queria verdadeiramente enxergar aquele cavalheiro de forma imparcial.

Já o Senhor Darcy, saía dali ainda mais consciente de seu amor pela senhorita Bennet. Ele voltava para Rosings, mas seu coração, ele deixava em Longbourn.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Darcy todo apaixonado, e Elizabeth colocando ele na "Friendzone" rsrs

Se der tudo certo, semana que vem tem mais!

PS: Eu amo receber comentários, então vou amar conhecer as leitoras! ♥



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