Meu Estranho Mundo escrita por Anna Veloso


Capítulo 1
Meu Estranho Mundo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741850/chapter/1

Ella observou as lágrimas da irmã e os olhos perdidos da mãe. Ela sabia que a mãe não iria chorar, não ganhando dinheiro com aquilo, mas ainda sim lhe doeu.
O soldado apertou seu braço com força, mas ela não gritou, não resolveria. E tinha a noção que as coisas iriam ficar bem piores.
Foram poucos os levados dessa vez, ela e mais quatro. Da ultima foram quinze, incluindo o jovem filho do governador. Não que ela houvesse lamentado por algum deles.
Ninguém tentou impedir  e não tentavam, não com o exemplo de Lihu anos antes. A mulher ainda carregava a cicatriz imensa no rosto pálido. Tentará suplicar pelo filho, mas tudo que teve foram agressões horríveis e uma mensagem que deveria de servir para todos.
Ella entrou no caminhão aos tropeços e se sentou. Observou os outros, e como ela eles emanavam medo, medo de uma nova vida que prometia ser curta.
O caminhão seguiu seu caminho, enquanto Ella remoía sua vida, que se provava nada valer além de meros trocados para alimentar pessoas que não era mais sua família.

*****

Anos mais tarde...

Localização Floresta Piken, 45 quilômetros ao oeste da Redoma.


Ella observou as sombras, os olhos nada viam, mas seu instinto avisava do perigo...
— Consegue visualiza-los? – a voz de Sky soou no ouvido da jovem.
— Negativo, mas eles estão aqui, e famintos. – Ella respondeu se posicionando.
— Nós de dois minutos Ella, iremos te cobrir.
Não respondeu só se pôs a contar, no último segundo a adaga que carregava se tornou a vara, e o corte que fez a isca. O cheiro de seu sangue foi arrastado pelo vento e entrou floresta adentro. Os múrmuros se iniciaram Ella não sabia quantos eram, mas era o suficiente para não serem mais discretos.
O primeiro que saiu da sombra já nem tinha traços humanos, era pura fera e fome.
Ella fechou a mão, para conter o sangue e sorriu. O jogo iria começar.
Os BD’s avançaram com tudo, eram ágeis apesar de alguns terem perdido partes do corpo antes, durante ou após a transformação.
Os mais velhos e ágeis pularam na moça que ligou a bomba de choque, eles foram atingidos, mas ela também, deixando sua vida nas mãos dos companheiros.
Sky pegou suas armas e se pôs atirar, cobrindo Joshua que era o responsável por Ella.
Lia e Alec atacaram por trás enquanto o resto da equipe cuidava de erradicar os BD’s os cercando.
Joshua pegou Ella no colo, o corpo ainda emitindo pequenos choques por causa da bomba. Ele correu até a área segura e deixou para a equipe impedir o avanço.
Ele a deitou na relva baixa e pegou a adrenalina e sem delongas injetou no corpo, apesar das mutações realizadas pelo Instituto, Ella não era imortal.
Ela acordou e por reflexo quase o socou, ele a segurou e a deitou novamente.
— Calma! Respira.
Ela reconheceu o amigo e se obrigou a acalmar, o que não era muito fácil considerando sua vida como um todo.
 Ele pegou o gel e passou no corte em sua mão.
— Posso? – Perguntou acendendo o isqueiro.
— À vontade.
O fogo fez o caminho do gel no corte queimando e impedindo o sangue de sair e atrair as bestas. Ella mordeu os lábios para não gritar e depois de segundos acabou. Lá estava mais uma cicatriz para sua coleção.
— Tem alguma pílula? Preciso de energia. - Perguntou para Josh que a cada dia lhe parecia mais cansado.
Ele entregou a pequena pílula roxa e ela se levantou.
— Está bem?
— Maravilhosa. – Ela rebateu cínica e correu para ajudar a equipe.
Ele riu e a seguiu.


Logo os monstros não eram mais que pedaços de carne podre que a equipe 12 do Instituto colocou para queimar.
— Aff... Estou cheia de sangue de mordedor. – Sky reclamou com nojo fazendo Alec rir.
— Fresca. – Lia cantarolou e recebeu xingamentos nada educados em resposta.
— Equipe! – Joshua gritou para reunir os membros.
Joshua o líder, Ella a isca, Sky a cobertura, Alec o espadachim, Lia armadilhas, Klin o silencioso, e Eron o médico. Pelo menos foi o que Atyw falou para eles antes de morrer e deixar Josh com toda a maldita responsabilidade.
— O Instituto deu ordens de retorno. Temos quatro horas antes de escurecer, então andem.
— Sim senhor. – A equipe disse pegando suas sacolas e trocando as roupas. Ninguém entrava no Instituto após o escurecer, ou com rastros de BD’s.
Eles caminharam alguns quilômetros, e Lia assumiu o controle do Jeep.
— Que saudades do Klin – Sky choramingou encostando a cabeça no ombro de Ella.
Klin e Eron foram chamados para compor outra equipe em uma missão de captura para o Instituto. O que os deixava desfalcados, mas acarretava missões de "limpeza" mais simples e diretas.
— Já faz dois meses, será que estão bem? – Lia perguntou ainda dirigindo como louca.
— Aqueles dois não são fáceis de deter. Tenho certeza que estão bem. – Ella disse tentando tranquilizar a si e as duas companheiras. Ali eram uma família, e sempre precisavam uns dos outros para voltarem para as garras do Instituto.

A Redoma surgira após a Quarta Guerra que destruirá o mundo como era conhecido, e com o surgimento e desenvolvimento do BD’s o Instituto fora criado.
Ella e todos os membros de equipes eram conhecidos como Anti’s. Pois diferente do resto da população da Redoma não eram afetados pelo Vírus H02. O responsável segundo o Instituto por criar os BD’s.
 A Redoma era uma fonte que mantinha a vida pura e sem riscos por isso os Anti’s eram tratados como anomalias. E eles eram....principalmente depois de tantos testes e alterações que cada um deles sofreu ao longo do serviço para o Instituto.
Ser um Anti não te tornavam um herói,  mas uma arma de purificação, que servia única e exclusivamente para impedir o mal que a própria humanidade havia desenvolvido.


— Comida de gente. – Sky murmurou tirando Ella de pensamentos antigos.
O Instituto era uma base gigantesca um pouco a frente dos limites da Redoma. Era protegido por muros altos cheios de arames, soldados e muitas, muitas armas de choque.
O portão se abriu em segundos apresentando a fachada que lembrava  uma prisão. Os homens de preto com suas mascaras protegiam a área e abriram caminho para a equipe 12 de nível B do regime geral.
Tudo no Instituto era muito organizado e dividido.  Mas é claro que o poder estava sempre monopolizado na mão de uma única pessoa.
O Instituo determinava três classes de Anti's, sendo elas A,B e C. Cada classe em subgrupos de 15 equipes, todos prontos para morrer ou serem testados ao prazer daquela organização.
Ella e Sky saltaram do Jeep e foram para o dormitório enquanto o resto da equipe cuidava do relatório.
— Impar ou par? – Sky perguntou com um sorriso travesso.
— Pode ir. – Ella disse respondendo e rindo.
— Partiu tirar o sangue que verme. -  Sky disse e pulou para dentro do banheiro.
Ella deitou em seu beliche e estava fechando os olhos quando uma batida na porta à fez levantar.
Arrastou-se e ao abrir deu de cara com um dos homens de preto.  Eles erram pessoas normais, sem o fator que caracterizava os Anti’s, mas se arriscavam por dinheiro ao trabalhar no Instituto. E é claro adoravam chamar os Anti's de aberrações.
Desesperados por dinheiro , era como Alec os caracterizava.
— Sim?
— O dr. 36 a aguarda em seu laboratório.
Ella fez uma careta, odiava ser convocada, significava agulhas e muita dor.
— Eu só vou...
— IMEDIATAMENTE.
Ella sorriu de forma psicótica.
— Cuidado rapaz pode acabar como BD  – Ameaçou, já que tudo que ela precisava era rasgar o maldito uniforme. – Sky vou sair. – Berrou para a companheira e fechou a porta.
A caminhada foi longa, mas chegaram. Dr. 36 era o responsável por pesquisas de DNA de alto escalão e ele adora causar dor. Era conhecido por 36 pelo numero de mortes que alcançou em um experimento...pelo menos era o que as lendas diziam.
 O velho 36 era uma versão de um personagem que Ella havia visto em uma revista roubada, se recordava bem o tal personagem se chamava Joker. Dr. 36 tinha o mesmo sorriso largo e insanidade nos olhos. Sempre que ouvia a comparação Joshua rebatia que 36 era muito menos legal e interessante.
— Dr. 36 – Reverenciou a moça, sentindo o velho mal estar que o ambiente trazia.
O velho deu seu sorriso sinistro e acenou para o homem de preto se retirar. Ele não temia os Anti's, na verdade amava seus ratos de laboratório.
— Minha querida Ella.... – Ele sussurrou e ela soube que nada de bom viria dele.
— O que deseja doutor?
— Que bom que perguntou.


A dor aguda anulou os efeitos do sedativo, os berros ferozes fizeram sua garganta sagrar brutalmente. Seu corpo queimava e seus ossos pareciam que estavam sendo triturados.
Uma pessoa normal deveria desmaiar ou morrer com a dor, mas Ella sabia que infelizmente não era seu caso.
Ela se debatia, mas estava bem amarrada, nem mesmo a força anormal da mutação a ajudava. O desespero tomou conta de seu ser, já passara por péssimas situações naquela mesma cadeira, mas.... ele estava aprimorando, fazendo tudo piorar.
— Acalme-se Ella, se você sobreviver, será a mais poderosa das minhas criações genéticas. Sabe Eron me ajudou muito com suas capturas.
Ella chorava e se debatia, ela sentia como se estivesse sendo devorada por dentro....como se um mostro estivesse para nascer.Perceberia depois que era verdade.
— Você inicialmente era tão fraca, tão inútil, ninguém superava Joshua ou Michel. Mas ai descobri o nível de mordidas que você alcançou , junto com sua rápida evolução de cicatrização interna. Separei uns genes e uns componentes do H02 especiais para você. Só espero que viva, para que descubramos seu poder.
36 dizia rindo, mas Ella não ouvia, a dor era tudo naquele momento, e foi assim por horas, dias....até que acabou.


******

Foi por um fio, mas a equipe 12 adentou no terreno do Instituto antes do escurecer.
Joshua suspirou aliviado e se virou deparando com o sorriso de Laila o novo membro da equipe.
— Que tal jantarmos juntos? – Ela sussurrou, mas Sky que acabou por ouvir grunhiu.
— Retardada. – Lia completou com nojo.
Joshua entendia as duas, as coisas foram complicadas desde o sumiço de Ella. O que já fazia mais de dois meses. Eles foram atrás de respostas, mas ...nada. Se o Instituto sabia, se negava a dizer.
Laila era uma recém-formada escalada de uma outra equipe que já estava desfalcada. De imediato grudara em Joshua.  Causando a ira das outras mulheres da equipe que suspeitavam de certos sentimentos entre o líder e Ella.
— Tenho que fazer o relatório, vá descansar. – Josh respondeu e se retirou.
Laila apesar de irritada sorriu e saiu sem olhar para ninguém mais.
— Nojenta – Sky comentou a todos chorosa.
— Até hoje não acredito no que o Instituto fez...que ódio. – Alec murmurou se lembrando da negação de qualquer ajuda ou resposta que o Instituto passará.
— E porque sabem de algo, ou melhor, eles fizeram algo. – Lia disse recordando de quando chegara ao Instituto.  – Quando cheguei aqui, fiquei uma semana....aff agulhas.
— Parem de dizer essas coisas assim, temos uma intrusa que com certeza é fofoqueira. Não queremos ser expulsos. – Sky disse olhando em volta.
Todos sabiam que o Instituto era cheio de coisas estranhas e atividades ilegais, mas todos ignoravam por um bem maior...suas vidas. Ser expulso ali significava tortura até a morte.
Nenhuma rebelião contra os atos ilegais teve sucesso. Nenhuma. E também era mais útil aceitar a proteção e o avanço que o Instituto representava.
— Vamos comer. – Eron que havia voltado se pronunciou fazendo Klin balançar a cabeça em concordância.
Logo a equipe 12 se reuniu novamente no refeitório, inclusive Laila para o desagrado de alguns membros.
— Ai Josh você é tão forte. – Laila comentou enquanto eles relembravam os momentos da missão.
— Obrigada Laila. – Ele disse meio vermelho, não muito acostumado a elogios.
A moça se aproximou o bastante para que as respirações se cruzassem.
Nem Joshua nem Laila perceberam o silencio que o salão de Classe B ganhou de repente. Todas as equipes B ali se viraram para a entrada como em um movimento combinado e em choque viram até que Ella chegou e ficou nas costas de seu antigo líder.
— Olha só arrumou uma namoradinha. – disse acida, mas na face um sorriso ocultava o ódio.
A voz penetrante vez Josh se virar. Os olhos de Sky se arregalaram enquanto Lia balançava a cabeça perdida.
Joshua olhou Ella de cima a baixo, sem reconhecer sua antiga companheira.
Ela já não era ela....tinha algo ali que não fazia sentido. Os olhos antes castanhos, agora eram negros, mas não havia nem um traço de vida ali.
Ella andou até a mesa da equipe tentando controlar os impulsos que vinham. Deu um sorriso mecânico e sentou-se.
— O que aconteceu com você? – Joshua disse bruto, não dando tempo do resto da equipe dizer ou fazer nada. Havia receio ali, como quando um BD se aproximava e Ella sabia disso.
— Missão. – Mentiu tentando afastar as lembranças daqueles dois meses.
Depois de dias de tortura ela morreu, mas em segundos seu coração voltou, a questão era que ela não era mais a mesma. Ella a jovem que veio de um distrito pobre da Redoma, uma pessoa sem nome porque a mãe não o dera, com um pai fugitivo e uma irmã doente morrera quando fora levada para o Instituto. A Ella da equipe doze com amigos e algo além do vazio....morrera também lotada de dor e magoa. Agora era Ella o mostro favorito de 36, uma pessoa criada por um vírus e controlada plenamente por pessoas loucas de um instituto lunático.
Dr.36 a tornou um ser Alfa para controlar os BD’s, uma arma nova e muito bem controlada ,para vencer algo que homens ambiciosos criaram com suas guerras biológicas.
Depois que despertou e se viu no espelho, percebeu que se tornou algo que nem a morte faria questão de aceitar.
— Missão? Serio? Sem sua equipe, sem ninguém nos falar? Legal, muito legal. – Joshua disse alterado e se levantou.
Laila olhou de um para outro e fez uma careta de desgosto.
— Josh querido! – Ela chamou, mas o rapaz já estava longe.
— Você nós deixou preocupados... – Alec começou a dizer, mas um barulho chegou até Ella, era 36 a convocando.
O médico louco havia instalado coisas nela, coisas que a tornava uma marionete perfeita.
— Tenho que ir. – Disse se levantando sem olhar para trás deixando seus amigos em choque.


Ella localizou 36 na barreira do Instituto e se aproximou.
Ele sorriu sinistramente e disse:
— Minha criança querida. – Risada – O Conselho gostou tanto de seu resultado que faremos mais dois experimentos.
— Maravilha. – Ella debochou, se seu sentimentos não tivessem diminuído a capacidade mínima teria se preocupado e socaria o velho por fazer aquilo com mais pessoas.
— Quero que traga os escolhidos.
— Porque não manda os de preto?
— Porque não quero. – Cantarolou 36 com o sorriso cada vez maior. – Quero que vejam se poder Ellazita. Quero que tremam.
— Não estou afim 36, mande seus cachorros fazerem o trabalho sujo.
— Tsc, tsc você não pode me negar nada Ellazita.
Era verdade, tudo que ele mandava, ela fazia mesmo não querendo.
— Infeliz. – Ela balbuciou se rendendo.
— Traga-me Erick Taylor e Joshua Laving.
36 saiu deixando Ella perdida, ela teria que capturar dois líderes de alto nível sendo um deles seu ex amigo.
Ela riu de incredulidade. Aquela ordem era para testa-la, e ainda mais para faze-la sofrer. Ele queria o menor quantidade de traços de humanidade, e pelo que aquela situação demonstrava faria isso acontecer bem rápido.
O berro da jovem invadiu a floresta despertando as criaturas da noite e deixando-a cada vez mais vazia, cada vez menos humana, cada vez mais uma arma.

Eric Taylor era líder da equipe oito e um mulherengo. Nem todas as suas capacidades o tornavam menos idiota com as mulheres.
Mas ainda sim seria complicado captura-lo primeiro porque Ella sabia que não era um poço de beleza, principalmente com os atuais olhos esquisitos. E segundo ele raramente estava desacompanhado.
Apesar de ser boa em se arriscar, não era em fazer planos, mas tinha bolado uma coisa bem interessante. Talvez boa o suficiente para capturar os dois coelhos de uma única vez, e não divertir 36 demais com aquela ordem idiota.


Assim que o sol se levantou as equipes saíram do complexo para suas respectivas missões.
Ella sorriu ao ver 12 e 8 seguindo na mesma direção, ninguém havia notado a alteração de missões. Ou se notaram não se importaram.
Enfim seguiu os carros até que se separaram já dentro da floresta. Agora tudo o que tinha que fazer era influenciar os BD’s para cerca-los nos locais certos. Depois levar os dois idiotas para 36, para matar sua humanidade e provar que não havia nada que ele ordenasse que não iria obedecer.


Ella foi até o ninho das criaturas, elas se levantaram pelo cheiro de seu sangue, mas obedeceram seu poder diante da morte. Ela era como um grande animal perante aquelas pequenas criaturas. Uma situação no mínimo irônica.
Ela influenciou os BD’s a mais perto dos grupos que pode, mas deixou que eles sentissem a presença da vida das equipes do Instituto.
Ella estava exausta, influenciar BD’s a deixava faminta e cansada. Aguardou até que ouviu os tiros, primeiro Erick depois Josh.
O time oito estava cercado por vinte a trinta BD’s sendo cinco deles em estado máximo de animalesco, o que significava grande dificuldades.
Aguardou e ordenou que cercassem o safado do Erick, que foi caminhado até as sombras que a ocultavam.
Utilizando um aparelho de anulação, cortou a comunicação geral da equipe, assim como o resto de seus aparelhos de visualização e algumas armas. Mas iriam sobreviver, pelo menos achava que sim.
Assim que teve a chance pegou Erick por trás e agilmente injetou o sedativo. Os BD’s quiseram ir para cima, mas ela os afastou com um rugido. O que até ajudou a equipe assustada.
Carregou Erick que depois da mutação era como uma pluma, para longe, antes que o resto da equipe oito visse.
E se pôs a correr, um já era, falta Josh.
Depois de oculta-lo longe de qualquer um, foi atrás de seus velhos amigos.
Sua humanidade estava se esgotando, mas ainda sim, era triste vê-los ali sem ela.
A equipe oito era uma de estilo de ataque único, ou seja, cercavam e atacavam com brutalidade, normalmente sem maiores planos, já que o nível deles era mais elevado.
Já a doze trabalhava de forma distinta, utilizando de planos e iscas quando ela ainda era um membro.
Percebeu que Laila não era como ela, por isso Sky era quem estava com isca.
Sky cortou a palma da mão e atraiu os para um único lugar, facilitando o serviço do resto do time.
Atraídos pelo sangue puseram-se em movimento. Josh que estava sempre oculto era o destino de Ella, para acabar logo com tudo aquilo. Mas Laila falhou e as coisas saíram de controle.

A equipe 12 tinha duas táticas, a bomba e em seguida aniquilação, ou a rede. Provavelmente a opção na ocasião era a rede, tanto pelo número quanto pelos Bd's terem surgido antes de maiores planos de execução. Mas com a falha de Laila, as coisas se complicaram.
Sky tropeçou e como eram muitos a equipe de cima não estava conseguindo cobri-la. Joshu e Eron entraram atirando. Mas Ella sabia que se não interferisse, as coisas seriam desastrosas.


Sky fora como uma irmã para Ella, que depois que saiu de sua casa e foi para longe de tudo que conhecia, tivera o apoio de uma estranha.
Ella não podia deixa-la morrer, e não deixou. Se entenderia com as punições de 36 mais tarde.Seu rugido foi absurdamente alto e impotente fazendo os BD’s  se virarem, se concentrou e os mandou recuar.
As mentes daquelas criaturas eram  cheias de fome, então era complicado, já que tinha que superar aqueles pensamentos e aquelas vontades.
Eles foram recuando, e apesar de surpresos a equipe 12 não parou de atirar até que não restasse nada daquelas criaturas.
Quando em fim tudo acabou todos olharam para Ella, que respirava com dificuldade. Sabia que havia sangue saindo de seus olhos, mas não se importava.
— Ella... – Sky sussurrou chorosa.
— Você precisa vir comigo de bom grado, ou eles terão problemas. – Ella disse se direcionando ao líder da 12.
— O que isso significa?
— 36 quer você. - Respondeu.
— E se eu não for? – Ele disse levantando a arma contra ela.
Ella sorriu.
— Bem 36 quer se divertir comigo, se achar que a equipe 12 tem que morrer para isso, ele fará acontecer.
— Então ele quer me matar?
Ella deu de ombros.
— Eu não vou.
— Se não vier, será pior. Eu os salvei, mas se 36 der a ordem os mato. - Rugiu Ella exausta com tudo aquilo.
Sky já chorava vendo o que 36 fizeram com sua irmã, sua amiga e companheira.
— Posso defender a 12, eu não vou.
Ella percebeu que ele tinha medo, era sua humanidade falando.
— Você vem comigo.
Ele sorriu e atirou.


*****


36 sorriu ao ver os dois novos objetos de estudo se erguendo.
— Muito bem querida, muito bem. – Sussurrou 36 para Ella que o olhou com nojo.
— Velho nojento e caduco.
36 fez careta, mas seu sorriso não se abalou.
— Fofura não fique ciumenta, você sempre será a primeira. A primeira de muitos.
Ella revirou os olhos e viu os dois líderes ainda confusos, olhando ao redor, assim como ela meses antes.
Josh a encarou e memorias vieram a cabeça de ambos.


Ele sorriu e atirou.
Ella desviou com facilidade sorrindo, apesar do cansaço pelo controle de tantos BD's.
Eles lutaram corpo a corpo, mas o físico de Ella se intensificara e por fim Josh estava rendido e muito machucado.
O resto da equipe os encarava.
— Esqueça  o que viram aqui e quando nos vermos de novo não nós comprimente.
— Ella, por favor....o que houve?
Ela se virou para Sky.
— Ella morreu Sky. Morreu!
E arrastando Josh saiu em meio ao choque daqueles que um dia chamou de amigos.
— O que acontecera comigo? - murmurou Josh baixo.
—36.
— Eu gostava de..de você.
Ella o encarou.
— Sinto muito. - Sussurrou o sedando.
Ella sentiu o vazio se expandindo, mas não chorou, simplesmente pegou Josh e saiu.


Semanas se passaram e no final o maior dos vencedores fora 36, que teria suas armas supremas. Os três não seria nada além de maquinas inumanas.
O destino pode ser cruel, mas Ella aprendera que as pessoas eram bem mais.
Ella não sabia como seria dali para frente, podia ser o fim, ou simplesmente um novo começo.
Josh a detestava, mas no fim ela também se detestava, é tudo que podia fazer era seguir em frente. Afinal vivia em um estranho mundo.

Fim!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Estranho Mundo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.