Setembro escrita por Siaht


Capítulo 1
Wake Me Up When September Ends


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas e maravilhosas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, eu sei que hoje é um dia lindo e festivo (I gotta get back to Hogwarts,
I gotta get back to school ♫), mas não resisti e tive que vim postar essa história nada feliz.
Espero que gostem! ♥



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WAKE ME UP WHEN SEPTEMBER ENDS 

.

"But I'm a creep

I'm a weirdo

What the hell am I doing here?

I don't belong here"

.

.

Havia euforia no ar. Uma alegria irritante e sem propósito, contaminando o oxigênio como um vírus invencível, do qual era impossível manter-se imune. Bom, impossível a não ser que, como o rapaz, você possuísse um DNA mutante e falho. Naquele caso, o clima tornar-se-ia tóxico, lhe causando asfixia e envenenando suas hemácias. O garoto apoiou a testa à parede, forçando-se a respirar. As mãos tremiam, o estômago se dissolvia em ácido, a ansiedade queimava cada gota de sangue em suas veias e suas cordas vocais se emaranhavam em um nó, que não podia ser desfeito, bloqueando sua garganta e o sufocando lentamente.

Louis Weasley odiava 1º de setembro. Odiar, na verdade, era um eufemismo incapaz de traduzir a reação alérgica de cada célula de seu corpo àquela data. Sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos azuis e usou o que lhe restara de autocontrole e dignidade para reprimi-las. Detestava sentir-se frágil, pequeno e vulnerável. Detestava lembrar-se que se importava. Sentia o pânico dominá-lo diante a simples possibilidade de que alguém descobrisse a grande e patética farsa que era.

Fechou os olhos, incapaz de lutar contra o pranto, e deixou que as lágrimas rolassem. A porta do quarto estava trancada. E não havia ninguém em casa. Lembrou a si mesmo, permitindo-se perder o controle e despir sua armadura negra e impenetrável. Armara-se com ela há tanto tempo que, às vezes, acreditava que o sarcasmo e a indiferença faziam parte de sua alma. Ainda assim, bastava um maldito 1º de setembro para todas suas defesas se esfarelasseem, revelando a criatura pequena e imprestável que era.

Em dias como aquele tudo o que Louis queria era ser outra pessoa. Qualquer pessoa. Talvez um bruxo como todos os outros membros de sua família. Não precisava sequer ser um feiticeiro especialmente talentoso ou competente, apenas alguém com magia o suficiente para estar, trajando suas vestes de Hogwarts, parado ao lado dos pais e das irmãs na Plataforma 9 ¾ , esperando o trem que o levaria de volta a sua escola mágica e especial.

Se isso não fosse possível, não se importaria em ser um simples trouxa. O mais ordinário dos trouxas. Alguém alheio a vestígios ou evidencias de magia ou qualquer outra coisa que não pudesse ser explicado pela ciência ou razão, vivendo feliz em sua bolha de ignorância e mediocridade.

Qualquer outra pessoa – que não Louis Weasley – seria suficiente. Seria bom ou simples. Entretanto, o rapaz não fora feito para o que era bom ou simples. Sua vida fora marcada – por algum deus sádico e cruel – para o desastre e a inadequação. Independente do quanto ansiasse ser outra pessoa, estava preso aquele corpo inútil e aquela vida de fracassos e decepções. Era um aborto e não havia nada que pudesse fazer para mudar aquele fato.

Na maior parte do tempo, o garoto lidava bem com sua “condição”. Aprendera a existir entre dois mundos, sem nunca pertencer a nenhum deles, e a contar mentiras impecáveis para sobreviver. Aprendera a suprimir suas emoções e não permitir que enxergassem suas fraquezas. Aprendera a ignorar os olhares de pena e a lidar com o preconceito. Aprendera a se misturar a paisagem e se fazer invisível.

Havia coisas infinitamente piores do que ser um aborto, repetia a si mesmo, tentando se convencer. Algumas vezes tinha sucesso e seguia sua rotina nada convencional, frequentando um colégio trouxa com seus amigos trouxas, mas retornando todos os dias para sua casa bruxa e sua família mágica. Era insano e exaustivo, mas aquelas foram as cartas que o destino lhe conferiu e tudo o que restava a Louis era usá-las da melhor forma possível.

Ainda assim, quando Setembro chegava, após um longo verão, era impossível para o rapaz conter seus demônios internos. A alegria, o encantamento e a mágica se tornavam nítidos de um modo sufocante, evidenciando suas fraquezas e incompetências. Magia o sondava, tocava, dilacerava e asfixiava, mas nunca seria parte dele. Louis Weasley não pertencia àquele mundo e primeiros de Setembro estavam sempre ali,para lembrá-lo de seu desajuste perpétuo.


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Notas finais do capítulo

Porque eu amo escrever sobre abortos.
Apesar do título, a história não foi inspirada na música do Green Day. E o trecho da música no começo é Creep do Radiohead.
Espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos...
Thaís



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