Uma Mulher de Família escrita por Queen Lexie


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo dessa história!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741761/chapter/2

Regina acorda na manhã seguinte com um peso em sua barriga, e mesmo sonolenta, percebe que é uma mulher, mas ela dormiu sozinha na noite anterior, como a mulher foi parar ali? Ao olhar ao redor, nota que não está em seu quarto e muito menos em seu apartamento. Ela olha o relógio no criado mudo "25 de Dezembro de 2015 – 07:25 am". Ao se tocar da data, ela se assusta e tenta levantar, mas é agarrada por uma cabeleira loira que murmura: 

— Amor só mais cinco minutinhos, é manhã de natal 

Espera aí, ela conhece aquela voz. Não, não pode ser, isso é impossível, que porra estava acontecendo ali? 

Ela não teve tempo para processar porque dois segundos depois, um garotinho entrou feito um furacão no quarto segurando um bebê, que ele coloca no colo da mãe, subindo em sua cama e se pondo a pular, junto a um labrador que também se instala na mesma. 

— Mamãe, mamãe, é natal, vamos abrir os presentes! - ele gritava agitado e pulando-

— Oh deixa, pra lá - ela ouve a loira levantar e ao olhar no rosto dela constata que era real. 

— Emma??? 

— Bom dia amor! - ela a encara sorrindo-

Regina surta e pula da cama em dois segundos, vestindo a primeira roupa que vê, uma calça de moletom azul e uma camiseta da NYU com um casaco,  mas ao se encaminhar para porta é puxada pela loira que segura em sua camiseta. 

— Eu preciso de um balde de café, bem forte – ela diz e a beija antes que a outra saia correndo pela casa. 

Ao descer, Regina dá de cara com Mary e David e toma um susto, quase caindo da escada. 

— Regina querida, cuidado, você pode quebrar a cabeça desse jeito - David diz divertido ao ver a nora toda atrapalhada-

— Mary, David... Oi 

— Olá mocinha, você vai a algum lugar? 

— Sim, pro manicômio - ela murmura alto demais, fazendo ambos olharem confusos- Quer dizer, eu preciso comprar uma coisa, eu não demoro. – ela sai e ao chegar a rua se lembra que está em outro lugar e que suas coisas sumiram, a deixando mais desesperada. Ela volta até a casa correndo, quase dando de cara na porta – David, me empresta o seu carro? 

—É claro, a chave está no aparador, você sabe - ele diz e a morena logo pega o chaveiro e sai desembestada pela porta com David logo atrás-  Hey, vê se toma cuidado com a minha mini-van mocinha – o homem diz antes de Regina sair cantando pneu- O que deu nessa menina? - ele comenta consigo mesmo ao entrar em casa- 

Regina dirige até Nova York, e ao chegar na porta do prédio onde mora, é barrada, Tony não a reconhece, e o Sr. Sullivan sequer se lembra de sua existência. Ela faz um escândalo, ameaçando processar meio mundo, enquanto o Concierge e o morador do prédio se perguntavam quem era aquela maluca dando aquele pití no meio da rua em plena manhã de Natal. O mesmo aconteceu na sua própria empresa, que ela descobriu que agora, pertencia a Peter e... ROBIN? COMO ASSIM? Como aquilo aconteceu?. Ela entrou em pânico quando, ao tentar argumentar com Joe, o segurança que estacionava seu carro todos os dias, e que também não tinha idéia de quem ela era, apontou para a placa que continha a nomenclatura dos cargos importantes, e percebeu que além de não estar listada no quadro  de funcionários, não era ela a CEO da companhia e sim seu colega disperso. Ficou tão atordoada que saiu andando sem rumo e ao parar no meio da rua, não notou uma Ferrari prata que freou bruscamente, quase a atropelando. Ao prestar atenção, percebeu que aquela era a SUA Ferrari, e ao ver o vidro descer ela se surpreendeu quando avistou o rapaz do dia anterior, com um belo terno, cabelo e barba muito bem alinhados, e usando Carolina Herrera. Dava pra sentir de longe o aroma amadeirado.

— Eu posso saber que merda é essa? Por que você está no meu carro? Por que ninguém me reconhece no meu prédio e na minha empresa, e por que eu acordei numa casa em New Jersey com um fantasma, um filho hiperativo, um bebê e o irmão  gêmeo do Marley em 2015? 

—E aí Regina, tudo certo?

—Eu por acaso pareço com alguém que está com tudo certo? O QUE VOCÊ FEZ COMIGO?

— Se acalma tá legal? Entra no carro, vamos dar uma volta e eu te explico tudo, ok? – ele disse com toda a calma e Regina suspirou entrando no veículo - Tudo bem, vamos lá, coloca o cinto porque essa coisa voa- ele disse antes de acelerar.-

— Dá pra você me explicar? O que tá acontecendo? Por que eu acordei numa casa com minha ex namorada morta e aparentemente tendo filhos com ela, e um cachorro? E por que meus "sogros" parecem que contrataram uma drag do Rupaul como estilista? Isso é algum tipo de sonho? Ou então eu morri e isso aqui é um purgatório pra eu pagar pelos meus pecados sendo assombrada pelos fantasmas do meu passado?

—Regina se acalme, isso não é o purgatório, você não morreu, relaxa. 

— Relaxar? Você tem ideia de como eu estou?  E porque eu estou em 2015? Eu estava em Aspen em 2015, PELO AMOR DE DEUS!! - ela grita dentro do carro- Eu só quero sair desse pesadelo!

— Eu imagino que você esteja meio atordoada, é normal, o ano é só um detalhe, eu achei melhor que você visse seus filhos na infância. Acredite, a adolescência é bem pior, então eu tô sendo bem legal. Olha, eu tenho que dizer que você ta com moral  com a chefia, agradou muito o pessoal com a sua atitude na loja ontem, do mais baixo até o mais alto escalão da organização. 

— Ah que ótimo, então é pra eu ficar feliz por perder tudo que eu tinha de importante na vida? -ela disse carregada de sarcasmo-

— Esse é o ponto Regina. 

— O que? De que merda você ta falando ô... 

— Killian, esse é o meu nome aqui. 

— Aqui? Onde? Num universo alternativo? E porque eu tenho que morar com uma mulher morta? É algum tipo de punição por ter sido egoísta? Me fazer lembrar o quanto eu fui filha da puta? 

— Ela não está morta, não aqui, e isso é mais ou menos como um universo alternativo, é o mundo real mas apenas o mundo é real, a sua vida não. 

— Então o que é isso? 

— Isso é um vislumbre. 

— Um vislumbre de quê? 

— Isso você vai ter que descobrir, mas não se preocupe, você tem tempo. 

— Quanto tempo? 

— O tempo que precisar, e deve ser um tempo considerável, levando em conta que estamos tendo essa conversa. 

— Eu não tenho tempo pra isso, estou no meio de um negócio de bilhões de dólares, eu só quero a minha vida de volta. 

— Você tem certeza que quer a sua vida exatamente do jeito que ela é? - ele disse parando o carro e abrindo a porta. Entregou uma sacola pra ela que o olhou confusa– Pense Regina, reflita, o que você realmente quer? Quando você descobrir, nós conversamos de novo – Eu preciso ir agora, e sua família te espera- ele disse apontando a  mini-van, e Regina desceu ainda mais confusa do que entrou- Não se preocupe, tudo vai ficar bem, as respostas vão aparecer eventualmente... Te vejo em breve- ele disse antes de arrancar com o carro deixando a morena atordoada pra trás. 

Regina voltou a minivan do sogro e dirigiu de volta para Jersey, parou numa rua próxima e abriu o vidro, estava perdida e não encontrava sua casa. 

— Olá, pode me dizer onde fica a Rua Maryson por aqui – ela perguntou, com uma mapa completamente amassado na mão, a uma mulher loira que saia de um carro. Ao vê-la a mulher riu e se virou para o marido que tirava o lixo.- 

— Hey Major, achei a Regina! 

— Hey Regina, por onde andou? -o rapaz perguntou de onde estava fazendo Regina franzir o cenho " eles me conhecem?"

Rose, a amiga de Regina a levou para sua casa, e  lá começaram a conversar. Regina se sentia desconfortável já que não fazia ideia de quem era aquela mulher que aparentemente tinha muita intimidade com ela e sua suposta família. Havia fotos das duas juntas em cima da lareira de diversos momentos que Regina não tinha ideia de onde vieram. 

— Somos amigas? 

— Sim, se abre comigo, o que ta acontecendo Rê? 

— Desculpe, eu estou tendo um dia péssimo 

— O que foi, problemas no trabalho? 

— Eu acho que não 

— Bom não é a Emma, é? - Regina não respondeu e Rose apenas afirmou com a cabeça. 

—Entendi, já sei o que está acontecendo...

—Sabe? - ela perguntou receosa-

—Sei, você deve estar em algum tipo de crise existencial por causa da idade, além do fato da Emma ser mais nova que você tipo uns cinco anos.

— Emma é minha esposa...

— É, você continua repetindo isso feito um mantra, é isso aí, continua assim. 

Elas saíram para andar pelo jardim, então Rose começou a falar enquanto acompanhava a amiga até a sua casa 

— Você está no perfil das estatísticas, 30 e poucos anos, mulher e filhos, responsabilidades financeiras, e aí você pensa "Esta não é a vida que sonhei" se pergunta "Onde está o romance?" "Cadê a minha alegria de viver?" De repente cada comercial de lingerie da Victória Secrets representa uma vida que você não pode ter. 

— Eu só tenho dois filhos, né? 

— Ah vem cá... – ela a puxou pra mais perto a abraçando de lado, andando em direção a casa – as vezes até parece que desistimos dos prazeres do mundo, mas veja o que conseguiu, olha pra isso... Quatro quartos, quatro banheiros, um subsolo parcialmente terminado, cozinha planejada e um quintal enorme pras crianças. – elas pararam em frente a casa – Provavelmente você não queria estar aqui, mas se lembra quando eu quase tive um caso com o terapeuta do John? Lembra o que você me disse? 

— Não? 

— Não estrague a melhor coisa que está acontecendo na sua vida só porque não tem certeza de quem você é. 

Ela a abraçou e desejou uma boa sorte enquanto andava de volta para casa. Regina ainda relutante entrou e ficou observando tudo até se assustar com Emma ao telefone. 

— Pode esperar um segundo – ela disse a pessoa do outro lado da linha e puxou Regina  em um abraço apertado, enquanto a mesma ficou estática no lugar – Oi, não, não precisa mais ela acabou de chegar, sim, obrigada. – ela desligou o telefone, limpou as lágrimas com um lenço de papel que segurava e a olhou nos olhos. 

— Você tem ideia do que nos fez passar hoje? Você saiu de casa as 7:30 da manhã sabe-se lá pra onde e só aparece horas depois. Eu já liguei para todos os nossos amigos, eu liguei para os hospitais Regina, eu estava quase pra ter um treco de tanta preocupação. Que tipo de pessoa é você que abandona a família na manhã de natal? 

—Desculpe...

— Você está bem? - ela se aproximou da morena que ainda a olhava nos olhos -Amor fala pra mim, seja o que for daremos um jeito.

A loira disse e só o que Regina conseguia processar, era que era a Emma ali na sua frente, a sua Emma, a Emma que ela havia acabado de perder, e de quem ela correu essa manhã. Ela se lembrou de Killian dizendo que Emma não estava morta, não ali, e por um momento ela esqueceu de toda aquela loucura e se jogou em seus braços. 

— Você, você está aqui, você está viva! - Regina dizia com a voz abafada no pescoço de Emma que não entendia a atitude da mulher- 

— Sim eu estou, mas acho que hoje você tirou o dia pra tentar me matar de preocupação – ela apertou seus braços em volta da mulher – Por favor, não faça mais isso, eu fiquei muito assustada amor. 

— Desculpe, eu estou tendo um dia ruim. 

— Tudo bem eu desculpo você, mas você perdeu o natal Rê, perdeu os olhinhos brilhantes do Henry ao ver a bicicleta que você montou com cada especificação que ele queria, perdeu os biscoitos, as panquecas, o chocolate quente com canela, perdeu nossa tradição há 9 anos. E por mais que eu te perdoe eu ainda estou chateada. 

—Desculpe...

—Tudo bem, mas da próxima vez vê se não me causa um derrame!

Regina tira um sino de bicicleta da sacola que foi dada por Killian, e olha confusa para o objeto. Começa a fazer barulho sem entender a finalidade daquilo, Emma apenas observava, quando Henry chegou montado na bicicleta que ganhou, olhando para mãe estranhando aquilo

— O que é isso? – ele se aproxima tirando o sino na mão de Regina que o olha receosa – Eu gostei, obrigada mamãe – ele sorri e sai com o sino na mão enquanto Regina o olha indignada. 

— Hey, isso é meu, devolve meu sino – ela olha pra Emma – ele pegou meu sino. - ela diz fazendo Emma revirar os olhos-

— Bom pelo menos você está bem, nós estamos bem, mas temos que nos arrumar, temos a festa dos Thompson pra ir e não podemos nos atrasar – ela sai deixando Regina ainda atordoada. 

Elas se arrumaram, apesar da aversão de Regina ao próprio guarda roupa, e foram para a casa dos Thompson. Ao chegarem foram recebidos por Kristin, a anfitriã, que anunciou a chegada das duas e começou seus gracejos para cima de Regina, que estava mais preocupada em entender quem eram aquelas pessoas e quando ela voltaria pra vida real. 

Ela começou a conversar com Rose e mais algumas amigas enquanto Emma conversava com um grupo de amigas sobre o trabalho dela de defensora pública. 

— Então você se formou mesmo advogada? 

— Regina, você está bem? 

— Estou, eu só... Estou orgulhosa de você, só isso – ela disse fazendo Emma sorrir. 

—Sabe, você está muito estranha hoje, mas obrigada de qualquer forma - ela se aproxima da morena e lhe abraça, a beijando com carinho em seguida- Que foi? Ela pergunta ao ver o olhar brilhante da mulher-

—Nada, eu só... É bom te beijar ainda depois de tanto tempo- ela diz fazendo Emma sorrir-

—É mesmo? - Regina afirma com a cabeça- Eu também gosto de te beijar, desde a época em que você usava óculos e tinha crush em líderes de torcida- ela disse divertida fazendo a morena rir-

—Hey! Não eram líderes de torcida, era A líder de torcida... A garota mais incrível, com o sorriso mais lindo que já vi - ela disse fazendo Emma alargar o sorriso- E em minha defesa, eu tinha astigmatismo, precisava deles pra sobreviver!

—Eu sei... Eu sempre te achei uma gracinha... Nem acreditei quando você me convidou pro baile - ela disse sorrindo-

—E eu não acreditei quando você aceitou - Regina disse e Emma riu- O que você viu em mim?

— O que??

—É sério Emma, o que você viu em mim? Eu era nerd, gostava de música clássica e era nada popular. Porque você aceitou ir ao baile de formatura comigo? - Ela perguntou fazendo Emma suspirar-

— Porque com você eu sempre podia ser eu mesma. Você não me bajulava ou me tratava feito uma princesinha e eu amava isso. Eu era apenas a Emma, e quando eu descobri que gostava de meninas, você era minha parceira de laboratório e era só na sua boca que eu pensava. Você não faz ideia das fantasias que eu tinha com você usando aquele jaleco de laboratório e óculos - ela sorri sensualmente fazendo Regina gargalhar-

—Meu Deus! Eu perdi tipo o que? Dois anos de sexo selvagem? Não acredito! 

—Foi exatamente o que eu te disse quando te contei essa história! - ela respondeu e sentiu os braços de Regina lhe envolvendo- Tem certeza que está tudo bem? Você não vem sendo você desde hoje cedo.

—Tenho, desculpe por isso, estou apenas um pouco cansada.

—Tudo bem, mas você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?

—Uhum... Eu sei... Feliz Natal Querida!

—Feliz Natal amor! - Emma respondeu antes de ser beijada novamente-

Ao chegarem em casa mais tarde, Emma pegou a coleira para Regina levar o cachorro pra fazer suas necessidades.

— Toma, leva o Bolt, eu vou acordar a mamãe. 

— Ah não, nem pensar!

— O cachorro é seu Regina.

— Não é não.

— Tem razão, o cachorro é das crianças, então eu vou acordar a Meg pra levar ele pra passear, ok? – ela disse sarcástica e subiu as escadas enquanto Regina bufava indignada 

Meia hora depois, Regina tremia de frio enquanto levava o cão pela rua, na verdade era arrastada, já que ele era enorme e ela estava exausta. 

— Então Bolt, porque você não faz cocô logo então nós dois podemos nos aquecer em casa. Se é que eu vou lembrar o caminho de casa. Você se lembra né garoto? 

Algum tempo depois, Regina entrou em seu quarto vagarosamente, viu Emma dormindo feito um anjo na cama, e ao olhar pro lado viu um pijama de flanela que ela jamais usaria, perfeitamente dobrado esperando por ela. Ela o pegou, o vestiu depois de suspirar em desaprovação, e se deitou, torcendo pro dia seguinte ser menos cansativo.

 
 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijo nas crianças!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Mulher de Família" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.