—Kurt, você vai olhar os arquivos agora ou posso analisá-los?

—Eu não vou olhar isso, Tasha. Eu não preciso. É o presente de Jane que me interessa.

—Eu também confio nela, mas talvez algo lá no passado no ajude a encontrar alguma pista.

—Você pode fazer o que quiser com os arquivos.

—Obrigada. Eu informo se descobrir algo relevante.

Zapata foi pra casa levando os arquivos.

As informações da infância não abordavam os Kruger diretamente, mas a instituição onde foram abrigados. As descrições eram assustadoras. Sobre Orion, Sandstorm e Remi havia apenas o básico que todos já conheciam. Os arquivos de Jane foram os que mais surpreenderam, incluíam vídeos e relatórios detalhados do black site. Tasha se sentiu ainda mais enojada com a CIA e Nas.

“Se Weller não precisasse tanto de mim lá, eu já teria voltado para o team FBI.”

Por volta das 4:30 am seu celular notificou uma mensagem de número desconhecido.

“Te encontro no portão principal do Central Park em 15 minutos. Venha. Por Jane.”

Zapata não exitou. Em 10 minutos já estava no lugar combinado. Seu coração sabia que era Roman e que suas informações seriam relevantes.

Ele se aproximou discretamente:

—Você está sozinha.

—Claro. Onde ela está?

—Só descobri a pouco. É uma propriedade rural não muito distante daqui. Sozinho eu não dou conta e preciso tirar ela de lá rápido.

—Pode contar comigo.

—Eu não quero te colocar em risco. Preciso que convença Weller. Ele nunca me ouviria.

—Se eu não for, você pode esquecer o Weller também.

Roman não parecia contente com as condições de Tasha:

—Ok. Vamos indo. Você contata ele no caminho.

Os três se encontraram nos arredores da propriedade. Roman tinha um plano esquematizado e um pouco suicida: Tasha e Kurt criariam uma distração enquanto Roman resgataria Jane no porão da casa principal. Os três se encontrariam num anexo secreto da terceira casa da propriedade que Roman jurava ser desconhecido pela quadrilha. A partir daí era torcer para as equipes do FBI chegarem antes deles serem encontrados.

A distração surtiu o efeito esperado, os homens armados se deslocaram para a lateral direita da casa. Roman entrou facilmente, precisando abater apenas dois homens. No porão encontrou Jane desacordada e muito machucada. Ele foi rápido em tirá-la dali.

Quando entrou no anexo da terceira casa, Tasha já estava lá. Kurt entrou logo em seguida.

—Tasha, sente-se naquele canto, vou apoiá-la em você para eu poder verificar os ferimentos.

Weller começou a reforçar a porta do anexo para aumentar as chances de resistirem no caso de serem encontrados.

—Não parece haver nenhum osso quebrado. Ela tem um ferimento à bala no ombro, o sangramento está controlado, mas ela deve ter perdido muito sangue, por isso está desacordada. Vamos, Alice, acorda pra gente.

—Ela está febril e com as mãos muito geladas, Roman. Tomara que a ajuda chegue logo.

Roman começou a esfregar os pulsos de Jane e ela abriu parcialmente os olhos.

—Hey, Sis, bem vinda. Nada de dormir de novo.

— Ian...eu tô tão sozinha...por favor, me deixa ficar um pouco com a moeda...

O pedido fez o mundo de Roman desabar, ele começou a tremer e se descontrolar:

—Não tem moeda, Jane. Você precisa ser forte sem ela, entendeu...

A reação de Roman doeu demais em Jane, as lágrimas escorriam sem parar pelo seu rosto.

Kurt correu para perto dela e a puxou para seus braços:

—Jane, eu estou aqui. _ procurou aconchega-la o máximo que podia_ Fica com a gente, tá. Eu não sei que moeda é essa, mas você não está sozinha, eu estou aqui com você_ e pegou a mão dela e colocou no seu peito_ tá sentindo, Jane, eu estou aqui por você, nós três estamos e vai dar tudo certo.

Roman percorria no anexo como um tigre enjaulado:

— Eu deixei o coelhinho pra você...

Kurt sentiu o corpo de Jane enrijecer e seus dedos se cravaram no seu peito, enquanto ela se esforçava em se posicionar entre ele e Roman:

—Roman, não...

— Era pra você criar aquele coelho, Jane, refazer sua vida sem mim. Mas você só sabe me cobrar...

Tasha interfere:

—Roman, você precisa se acalmar, por favor..._ ela tenta segurar a mão dele, mas eles se esquiva do seu toque.

Kurt estreita seu abraço ao redor de Jane:

— Calma, meu amor, está tudo bem com todos nós. Tudo isso já vai passar.

—Eu estou tão cansada...

—Eu sei, eu sei. Mas você é forte e vai ficar acordada com a gente até o socorro chegar. Logo vamos estar no hospital pra cuidar de você.

—Não, Kurt, por favor... eu estou bem...só me leva pra nossa casa...

Weller tentava demonstrar calma e controle, mas seu corpo todo tremia:

—Sempre, Jane. Vamos pra nossa casa, tá bem. Lá é o seu lugar. Só fica comigo.

Através do celular de Tasha, Patterson avisou:

“As equipes cercaram a propriedade e prenderam a quadrilha. Os paramédicos já estão aí.”

Roman, que ainda estava inquieto, abriu a porta e saiu sem rumo. Tasha o seguiu e conseguiu entrar com ele no carro. Ela não teve noção de quantas leis de trânsito violaram até chegar às margens do Rio Hudson. Ele desceu do carro como um felino ameaçado, andou pela orla com as mãos sobre a cabeça, depois se sentou num banco próximo e chorou como uma criança:

—A droga da moeda está aí no fundo...

Tasha se aproximou e o envolveu em seus braços:

—Hoje você salvou a vida dela e é isso que importa.

Jane foi levada para o hospital mais próximo onde passou por uma cirurgia no ombro para retirada da bala.