The Horror Tales: Wicked Place escrita por Jo Chastone


Capítulo 2
A Garota




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FLASHBACK – ROSELAND GRACE, 1973.

Annalise Backory uma elegante mulher de cinquenta anos de idade estava no comando do internato há mais de vinte anos. Ela convocou uma reunião com as garotas da casa e com a Sociedade em uma noite quente de julho de 1973.

— Eu gostaria de declarar nesta reunião que estou me afastando do posto de diretora de Roseland Grace por problemas de saúde. Entretanto, quero que fiquem tranquilas, pois finalmente escolhi minha sucessora, aquela que eu sinto que evoluiu, resgatou todos os ensinamentos do internato e enfrentou seus medos.

As garotas se olharam, naquela época era mais de vinte meninas formando a academia. Entre as favoritas da Sociedade estava Philomena Crow, Stency Krosleigh e Kate Tronsfield, porém como foi convocada uma reunião de emergência, a Sociedade não sabia o que pensar.

— Kate Tronsfield. – anunciou Annalise enquanto erguia uma taça de vinho.

Sussuros e murmúrios tomaram conta da grande sala de jantar da mansão. Os três membros da Sociedade, Clifford Stennis, Primrose Delassi e Mimi Menendez esbanjaram um lindo e brilhante sorriso no rosto.

Ao contrário deles, Philomena parecia desapontada. Ela não aceitava a derrota, achava que era melhor que Kate.

— Eu não sei o que você fez para conquistar a diretoria, mas eu vou descobrir. – ameaçou Crow, enquanto agarrava o braço de Kate.

— Do que você está falando, perdedora. – Kate sorriu levemente para a inimiga.

º

A reunião acabou. As garotas estavam dormindo, porém uma mente culpada não descansa nem no travesseiro mais macio de todos. Gregory Grasels, o segurança da diretora não estava se sentindo totalmente bem com a situação. Conseguiu entrar no quarto de Kate e acordou a garota. Seu nervosismo era evidente e Kate já sabia o que a esperava.

— O que foi Gregory? Você não consegue se acalmar?

— Annalise disse que estava doente. Eu disse! Eu disse! A quantidade de veneno que colocamos na comida dela nos últimos seis meses foi muito alta. Ela vai morrer! Isso é assassinato e não era para ser assim. – Gregory falou para Kate em meio a gaguejadas e pausas leves para se acalmar.

— Nada vai acontecer Gregory. Nada, ok? Eu vou te proteger.

Do lado de fora do quarto, Philomena Crow ouvia toda a conversa.

º

 

ROSELAND GRACE, NOVA ORLEANS, 2013.

Em uma calorosa tarde do verão do estado da Lousiana, a Robideaux Street, rua em que a mansão ficava, estava movimentada. A casa vizinha de Roseland Grace estava ganhando novos moradores, os Fosters.

Christopher Foster, o filho mais velho, desceu do caminhão de mudanças levantando a parte da frente do sofá da família, enquanto seu pai, James Foster, levantava atrás. Jonathan Foster, o filho mais novo, estava levando a televisão para dentro com a ajuda de sua mãe, Emilia.

Da sacada do segundo andar do internato, Emma e Mackenzie observavam os novos moradores.

— Eles são fofos, especialmente esse que está ajudando a mãe. Eu gostei do estilo dele. – Emma falou com um grande sorriso no rosto.

— Tanto faz. Aquele ali do sofá pode ser meu amor de verão.

— Qual dos dois, Mackenzie?

— Não sei. Ambos são bonitos, Mas não me enrole, Kate brigou com você por estar bisbilhotando nos arquivos?

— Sim. Ela os tirou da minha mão... – Emma quis desconversar, mas não funcionou. Mackenzie parecia interessada.

— Então, qual o motivo de sua mãe ter vindo para cá?

— Ela fez um aborto. Ela tinha 17 anos na época e logo depois teve uma overdose de medicamentos... E ela nunca me falou isso, ela sempre parecia me julgar pelo fato de que ‘’eu tinha tudo e ainda tinha depressão’’.

— Um pensamento bem medíocre não é? – Mackenzie falou enquanto tirava um cigarro da bolsa e acendia. – Escuta, às vezes ela só queria te proteger. Ela quis deixar esse passado negro de lado e focar em você. Não queria te assustar. Às vezes nossos pais falam merdas como essa pra nos proteger. – continuou.

— E os seus pais Mackenzie? Eu nunca ouvi nada sobre eles e eu acompanhava tudo sobre você.

— Você é uma fã? – A atriz abriu um sorriso que ia de orelha a orelha.

— Não muito. Eu sou fã do Jake Kassidy, seu ex. – Emma falou com uma expressão tímida no rosto.

— Jake, meu ex-traficante.

— Como é?

— Escuta aqui, meus pais não merecem entrar nessa conversa ok? Minha mãe sempre foi alcoólatra, meu pai fugiu quando eu tinha cinco anos. Após a vinda do meu padrasto pra nossa casa tudo piorou. O filho da puta usava drogas. AS MINHAS DROGAS!

— Mas agora você está mudando certo?

— Tentando, na medida do possível. Eu tento não ser má com as pessoas como eu era em Los Angeles. Eu realmente cansei do padrão ‘’atriz patricinha mimada e grossa’’. Eu quero mudar.

Após Mackenzie dizer isso, Emma lembrou o quanto a imprensa era ruim com a atriz e a massacrava sempre que possível. As duas se abraçaram e Emma disse que tudo ficaria bem.

PURPLE BALLROOM, ROSELAND GRACE.

Um dos cômodos mais exóticos de toda mansão de Roseland Grace era sem dúvida o Purple Ballroom. Local de muitos bailes, festas de aniversário e casamentos nas épocas passadas, agora o salão estava abandonado e Kate usava como refúgio.

— Sabia que encontraria você aqui. – Philomena disse enquanto acendia as luzes.

— O que você quer? – Kate se virou com uma vela na mão.

— Não sente medo daqui?

— Gosto de vir aqui para meditar. O que você quer?

— Você é patética. Clichê. Você é como um cachorro, sempre volta para o seu vômito.

— Do que está falando? – Kate parecia realmente sincera.

— Annalise Backory. Depois de todos esses anos você tocou no nome da melhor diretora que a Sociedade teve.

— Meu Deus, Philomena. Não superar algo por anos é aceitável, agora décadas? Você quer que eu peça desculpas também pela vez que roubei seu namorado?

— Elijah Gray! – gritou Philomena

— Era Woodstock, meu amor. Ele me queria desde sempre.

Um breve silêncio ecoou no salão. Os rostos nos quadros que retratavam as antigas festas no local pareciam estar encarando as duas. Kate se sentou em uma pequena poltrona perto da lareira enquanto Philomena ficava de pé em sua frente.

— Eu venho pensado muito em Annalise, sabe? Foi uma época difícil.

— Imagino para Gregory.

— Não ouse Philomena, não mesmo. Temos preocupações maiores.

— Do que você está falando Kate?

— A nova garota. Emma, a filha da rebelde Sue. Ela viu a ficha da mãe. Já descobriu os segredos da própria família e não vai demorar pra descobrir sobre a Sociedade, a ligação de todos e sobre essa mansão.

— Eu realmente não acho uma péssima ideia elas saberem da verdade, elas possuem o direito. – Philomena falou em tom de deboche.

— Você está me fazendo de palhaça? Acha que isso é uma brincadeira? A Sociedade, essa mansão, tudo tem algo obscuro, algo maligno. Se elas descobrirem o que elas guardam e decidir liberar aqui, estamos mortas.

— Vinte anos. Você escondeu esse segredo de Charlotte por vinte anos.

— Sim, bruxa de cabelo azul. E quando minha filha soube, ela escolheu ficar.

O clima estava ficando sério, mas tudo seria interrompido de uma vez por todas. A porta se abriu bruscamente.

— Estou interrompendo algo? – disse Charlotte.

O silêncio tomou conta novamente. Kate e Philomena ficaram de cabeças abaixadas com medo de Charlotte ter ouvido a conversa.

— Bom, agora juntem suas merdas e se arrumem. Desçam para o almoço rápido. – continuou Charlotte.

SALA DE ESTAR, ROSELAND GRACE.

Após o almoço, Weenie, Mackenzie, Nelly e Emma se reuniram na sala de estar. Emma ainda parecia nervosa para puxar algum assunto com elas.

— Vocês são um tédio! – exclamou Philomena.

— Se vistam, coloquem roupas alegres, eu tenho algo para mostrar a vocês. – continuou a psiquiatra.

CENTRO DE NOVA ORLEANS – TARDE.

Philomena levou as garotas até um antigo hotel que ficava em uma área cheia de construções da década de 40 na cidade.

— Era aqui que a Sociedade se encontrava para reuniões. Sempre muito cuidadosos eles não queriam chamar a atenção.

— Que tipo de reuniões? – questionou Weenie.

Ohh...— por um minuto Philomena parecia estar em uma enrascada. – Para projetos sociais obviamente. É uma sociedade muito rica e eles arrecadavam para a caridade.

— Veja meninas, a Sociedade faz muito bem para todas nós. Eles ajudaram na fundação de Roseland Grace e eles até ajudam a manter até hoje. – continuou Philomena.

— Então... Somos partes da Sociedade? – Mackenzie perguntou.

— Em partes, sim.

— Eu não sei. Minha família não parece bem dessas pessoas que ajudam os outros. – disse Weenie.

— Nem você. – respondeu Nelly.

— Vadia, eu vou te matar.

— HEY! Somos irmãs ok? Todas. E é por isso que eu trouxe vocês aqui.

Philomena pediu para as meninas sentarem em um banco que havia em frente a construção. Ela pediu para todas prestarem bem atenção em tudo o que ela ia dizer.

— O que eu vou dizer é real. Acreditem vocês ou não. É tudo real.

FLASHBACK – NOVA ORLEANS, 1946.

Philomena continua falando:

— Era 1946. Em um Estados Unidos pós Segunda Guerra. A nossa Sociedade já estava aqui por vários anos, mas muitas pessoas estavam se incomodando com isso. Era uma guerra de eras.

— Mark? Você vai fotografar hoje? – a garçonete do Makett’s Bar perguntou para Mark, o fotografo.

— Claro, minha donzela. A arte da fotografia não acaba.

Mark fotografava de tudo. Os casais sentados nas mesas de bar. As prostitutas com os antigos soldados. Homens e mulheres gays que se encontravam no local como um refúgio. Era para um projeto pessoal, dizia ele.

Ele nunca deixava aquele bar, mas havia um motivo especial.

Naquela noite, uma linda mulher de vestido vermelho estava no bar. Mark se sentou junto com ela e tentou puxar assunto.

— O que uma linda mulher como você faz aqui sozinha?

— Eu estou esperando alguém. – respondeu a donzela, encantada.

— Um rapaz de muita sorte creio eu.

— Vamos para uma reunião de uns amigos. Ele diz que eu realmente preciso ir. Eu não entendi direito, ele disse que é importante...

‘’Uma Sociedade pela qual você faz parte agora. Meus descendentes fizeram, eu faço e agora você também faz.’’ — Ele sempre fala isso. – continuou.

— Parece muito importante.

— Olha, ele está ali. Hey, James!

— Jane! Meu amor!

— James, esse é...?

— Mark. Desculpa não me apresentei. Mark, o fotógrafo.

— Bom Mark, é um prazer, mas estamos com pressa.

— Calma amigão. Eu realmente gostei de vocês. Jane e James. Uma dupla e tanto. São um casal?

— Namorados. – respondeu Jane.

— Ótimo! É disso que eu estou a procura. Sai de casa querendo fotografar algo romântico nessa caótica e brilhante cidade. Vamos lá fora para uma foto apenas, depois prometo para de encher vocês dois.

O casal riu. Pareciam realmente interessados e concordaram.

— Sorriam para foto! – falou Mark enquanto se posicionava.

Jane e James tiraram a foto em frente ao bar. Mark saiu de trás da câmera e mostrou a foto a eles.

— Aqui. Viram? Agora o sobrenome de vocês. Vou tentar mandar essa jóia para o jornal da cidade.

— Maddox. – respondeu James.

— Oh sim. Senhor e Senhora Maddox. Você não deveria corromper essa jovem donzela sabia?

— Como é? – James se surpreendeu com o que ouviu.

— Sociedade? Sério? Arrastando ela para esse lixo?

— Você não sabe merda nenhuma.

— Vamos. James meu amor, vamos. – Jane tentou acalmar o namorado.

James parou em frente a Mark. O jovem rapaz ia falar alguma coisa porém foi impedido, Mark sacou uma faca e esfaqueou a barriga do jovem várias vezes.

— James? James, querido??? – Jane não sabia o que estava acontecendo. James estava de costas para ela, parado em frente a Mark.

Sangue começou a cair do corpo de James. Jane viu uma poça no chão, até que Mark fez um movimento brusco rasgando o estômago de James, tudo o que estava ali caiu no chão.

Jane estava sem reação. Não gritou. Não correu. Ela chorava, tentou se virar para correr porém era tarde; Mark pegou em seu braço e cortou sua garganta.

— Livrando essa cidade do lixo.

Disse Mark, enquanto pegava suas coisas e ia embora.

PRESENTE – NOVA ORLEANS, 2013.

As meninas pareciam intrigadas com a história. Uma lágrima caiu dos olhos de Philomena enquanto ela contava a história.

— O que houve com ele? Mark? Jane e James eram da Sociedade, essa nossa Sociedade? – perguntou Nelly.

— Sim. Jane e James Maddox eram novos na Sociedade. James descobriu o seu passado não fazia muito tempo, ele tinha uma irmã, Eleanor, que contou tudo pra ele e amava Jane.

— Mark não foi preso. A Sociedade chegou nele antes.

FLASHBACK – NOVA ORLEANS, 1947.

Era mais uma noite de trabalho no Makett’s Bar para Mark, ele estava a procura de modelos para sua fotos e de vítimas também.

— Mark acabou de chegar esse bilhete para você. Uma mulher em um vestido vermelho deixou aqui. Ela saiu logo em seguida. – disse uma garçonete.

Em um bilhete rosa com uma pequena flor ao fundo desenhada a mão estava escrito:

‘’Me encontre na Robideaux Street, perto do Hotel Principal. Tenho informações sobre a Sociedade.’’

Mark rapidamente pegou sua mala; em um lado estava a sua máquina de fotografia e do outro a faca que ele sempre utilizava nos crimes. Ele achava que estava indo para mais uma caça, mas dessa vez ele não era o caçador.

O endereço era da mansão Roseland Grace. Ao chegar lá, o assassino viu que o portão da casa estava aberto, porém tudo estava escuro. Ele passou pelo portão, observava o lindo jardim de frente e a plantação de abóbora e o espantalho logo ao lado, era outubro, o Halloween se aproximava.

Ao entrar na casa o silêncio era torturador, Mark podia ouvir sua própria respiração e cada passo que dava a madeira do chão rangia de um jeito assustador.

— Alguém aqui? – Mark gritou.

— Sabia que você viria. – disse a dama de vermelho.

— Graciosa. Imagino que você tenha informações para me dar.

— Jane Maddox.

— O que? – Mark parecia confuso.

— Só mais uma das vitimas. Mas a mais dolorosa de todas. Ela e James. Ela estava grávida sabia?

— Mais um membro da Sociedade não seria bem vindo aqui. – ele fez uma pausa. – O que quer garota?

— Você. Sua morte. – nesse momento a garota sacou uma faca que estava em uma mesa ao seu lado, cortou a garganta de Mark e pegou um livro com uma pedra branca em sua capa:

— ESSE LIVRO SERÁ SUA PRISÃO PELA ETERNIDADE. OUVIRÁ O MUNDO CRESCER AO SEU REDOR, MAS NÃO FARÁ PARTE DELE. É SUA PRISÃO. SUA PRISÃO.

PRESENTE, NOVA ORLEANS – 2013.

— O livro que ela usou está guardado em algum lugar da casa. Ninguém nunca ousou em procurar isso. Dizem que há mais segredos escritos lá. Segredos da casa e da Sociedade. – finalizou Philomena.

— Então, somos todas de uma Sociedade? – concluiu Weenie, confusa.

— Sim, e vocês precisam aceitar e abraçar isso. Caso contrário será nossa extinção. – disse Philomena.


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Notas finais do capítulo

Segundo capítulo de Wicked Place! Espero que gostem. Vou postar o terceiro capítulo amanhã ou no sábado e depois o restante será postado semanalmente às terças!
Beijos e boa leitura ♥



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