Simplesmente Passado escrita por Dark Lieutnight


Capítulo 3
III - Terceira Hora


Notas iniciais do capítulo

E finalmente o último capítulo :/
É, foi um ideia curta, mas amei de coração fazer, me dediquei muito à ela e tornei essa OC oficial e futuramente VOU fazer mais coisas com ela ;D

Bom, sem mais nada à declarar.

Boa Leitura e não me xinguem no fim ^^'



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Capítulo 3: Terceira Hora: Sem Arrependimentos, Sem despedidas.

 

 

Cinco anos se passaram e a pequena Holly Sakamaki, que não era mais tão pequena, se tornava mais madura com seus doze anos, mas continuava a mesma garota infantil, com seu jeitinho maroto e divertido. A mansão nunca mais fora a mesma e os sorrisos, algo impossível de se ver no rosto dos irmãos, se tornou um gesto diário e rotineiro. Seja com Ayato competindo com ela pra saber quem é o melhor; Laito a carregando nas costas pelo jardim; Kanato e ela cantando, mesmo que Holly tivesse uma voz ruim; Reiji sendo seu professor de absolutamente tudo; Subaru e ela tentando alegrar Christa com rosas; ou cuidando de animaizinhos com Shu.

Por sinal, estava à procura do mais velho dos Sakamaki. O viu de costas no meio de uma parte afastada do pátio. Correu e o abraçou sem demora.

— Bom-dia! — Saudou feliz, até o notar levar um susto e soluçar e choramingar. — Eh? Por que está chorando? — Aflição era notável no rosto de Holly.

— Minha mãe... Descobriu sobre Puffy. — Shu se recompôs, mas a tristeza ainda não o abandonara. Puffy era o cachorrinho que ele e Holly adotaram escondido. — O levaram embora.

Holly sentiu seu coração murchar. Os três passaram bons momentos juntos. Puffy tinha crescido e se apegado cada dia mais a eles. Era maldade simplesmente arrancá-lo dali como se o abandonassem. Beatrix podia ser a mais normal das esposas e também a mais piedosa, porém ainda sim é vampira e pensa de um modo diferente. Sentados ali, os irmãos apenas deixaram que a melancolia dominasse suas almas enquanto cada um refletia em um silêncio aterrador. Holly permitiu que Shu deitasse a cabeça em seu colo. A loirinha corou de leve e sorriu tristonha.

— Seus pais eram assim, Holly? — Shu indaga mantendo o olhar na vista sem graça ao redor do jardim.

— Bem... Não. — Holly responde curta e seca. Era impossível se esquecer deles.

— Desculpe. Te fiz lembrar de algo ruim. — Shu se desculpa olhando arrependido em seus olhos azuis-celestes.

— Não. Tá tudo bem, sério. Perdi meus pais, mas a vida me deu uma nova família. Eu nunca achei que teria irmãos. — Assegurou a loira com uma de suas filosofias.

— Mas não somos humanos. — Retrucou Shu.

— E isso faz diferença? Não muda nada, pelos menos pra mim. — Holly acrescenta observando as nuvens passearem no céu. — Tô achando que não gosta que eu seja sua irmã. — A menina brincou, espantando o clima tenso. Não podiam ficar se lamentando para sempre.

— E se eu disser que é verdade? — Shu indaga seriamente. Os olhos de Holly brilharam imediatamente com a fala. O coração perdeu alguns compassos. — É brincadeira! Acreditou mesmo? Não vai chorar, né? — Confortou o loiro levantando a cabeça do colo da garota.

— Idiota! Eu quase chorei de verdade! — Holly esbraveja e o sacode com raiva.

— Eu só queria ver sua cara. — Responde o menino. Ambos voltam para a mansão e se dirigem à uma das mesas para estudar.

De todos, Shu acabou se apegando demais à Holly. Não sabia dizer o porquê. Talvez seu carinho pelas criaturas vivas, seu modo de enxergar a realidade, ou sua naturalidade em aceitar aquela nova vida. Quantas vezes impediu o tédio entrar naquela casa? Quantas vezes ajudou e animou todos com suas palavras simples, mas impactantes? Quantas novidades trouxe e continua trazendo? Cada dia, uma alegria. Cada sentimento novo, um espaço preenchido em seus corações. Ela tinha a proeza de achar o interesse em coisas antes desinteressantes. Shu sabia que não é apenas ele que a imagina assim, todos acabaram tendo um certo carinho pela Sakamaki. Na verdade, diria que agora dependiam dela. Sim, uma simples criança humana foi capaz de causar essa sensação na família de vampiros mais importante do submundo. Cativar é uma emoção gostosa, e poderosa. Mas todos a aceitaram, ou melhor ela que entrou sem permissão por ali. Se recusava a sair.

Só havia um problema: nem todos aprovaram este sentimento.

As três esposas de Karlheinz estavam reunidas na hora do chá da tarde a pedido de uma delas.

— Isto não pode prosseguir. — Cordelia se pronuncia. — Não faço ideia do que Karl pretende, mas essa menina precisa sair daqui. Já fazem cinco anos! Não me diga que ela realmente vai ser uma de nós.

— Holly não tem para onde ir. — Beatrix retruca bebendo seu chá de camomila; calma como sempre.

— Não quero saber. — Cordelia responde friamente. — A leve para um orfanato, a deixe na rua. Algum desses humanos ridículos terá compaixão dela. Só sei que aqui não pode mais viver. Ayato está mais desobediente desde que essa pirralha chegou. — A vampira estava se achando boazinha demais com a menina.

— Talvez... Tenha outra solução. — Christa opina. Holly não aparentava ser um transtorno gigante para os garotos. Sinceramente, gostou um pouco da garotinha que a entregava rosas com um motivo inexplicável. Mesmo que a mulher a tratasse mal às vezes, continuava a receber flores. — Se ela parar com seus hábitos humanos...

— Disciplina. É só isso que ela precisa. — Beatrix se impôs, querendo logo voltar para terminar seu bordado. A voz de Cordelia era irritante e desprezível para seus ouvidos.

— Ora, ora, por acaso adotou a pirralha como filha? Não se faça de piedosa Beatrix. Quem mandou aquele cachorrinho embora, sem pena nenhuma? — Provoca Cordelia. — Por que finge que gosta da menina? A educando, ensinando coisas que ela não precisa? Pra mim, você é tão cruel quanto eu. A deixa pensar que a ama como sua criança, quando na verdade quer se livrar da pestinha.

— Eu nunca disse isso. — Beatrix tinha os nervos à flor da pele. Não pensava em Holly como sua filha, mas... Algo na menina a fez querer protegê-la. Talvez fosse muito pura pra esse mundo. — Esta é a sua perspectiva dos fatos, mas não significa que é a verídica.

— Tsc. — Cordelia resmungou. Odiava essas duas mulheres. — De qualquer jeito, temos que tomar uma providência. E se vocês não fizerem algo, farei sozinha. — A mulher se retira furiosa e determinada.

Beatrix tinha uma sensação ruim. O que Cordelia ia aprontar agora?

❣ ✿ ❣

Noite. Uma das vantagens de ser uma Sakamaki, é poder desbravar as paisagens noturnas. Gostaria de mexer com e acariciar as corujinhas, mas quem disse que o preguiçoso do Shu a deixava? Ele chegou de repente após o jantar e monopolizou seu colo. Se tornou um hábito ele usar Holly como travesseiro. A expressão do loiro parecia emburrada.

— Mães... Só exigem de nós, e quando fazemos o que elas querem, dizem que foi somente nossa obrigação. — Resmunga Shu fitando o céu com seus olhos safira. Beatrix não lhe dava trégua nos deveres. Holly gostaria que ela olhasse para o lado pelo menos uma vez e enxergasse Reiji.

— Por falar nisso, tome. — Holly tirou algo do bolso do vestido e colocou em cada uma das orelhas do menino. Um objeto estranho, muito estranho. Parecia duas almofadinhas cobrindo as orelhas de Shu, uma haste em sua cabeça e um fio longo conectado à uma caixinha também esquisita. — Er... Um dos mordomos usou esse objeto e não quis mais. Antes de jogá-lo fora, eu peguei e... Achei que você pode usar quando estiver longe da sala de música.

— Mas o que é isso? — Shu jamais vira algo tão anormal. Tinha cara de ser invenção dos humanos. Holly apertou alguns botões... E a mágica aconteceu.

O aparato começou a tocar melodias clássicas. Pertinho do ouvido do loiro. Ele amava música clássica, mas aquilo lhe chocou. Como podia ouvir som sem nada e nem ninguém tocando? Onde estão os instrumentos?

— É chamado de fone de ouvido. — Explicou a loira, vendo o espanto do irmão. Se lembrou quando ela mesma descobriu o aparelho. — Ele é como uma caixinha de música. Ahn... Mais ou menos. Bem... Você pode escutar suas melodias favoritas sem os gritos do Kanato interrompendo. É tudo o que sei. — Brincou Holly. — Gostou?

Shu estava sem palavras. Então resolveu demonstrar sua gratidão com gestos.

Um selinho na ponta do nariz de Holly aqueceu suas bochechas. Nem Shu sabia ao certo por que fez isso. Sentia que um simples obrigado não era suficiente. Um sentimento lhe veio à tona, mas pensou em ser um afeto familiar como Holly explicou um dia. É, provavelmente era isso, visto que a irmã reagiu da mesma forma.

❣ ✿ ❣

Ficar doente nunca é bom. E a doença se apoderou da loirinha a obrigando a ficar quieta na cama. Não sabia exatamente o que tinha feito para ficar assim. Não andara na chuva; não tomara muito gelado; se alimentava e se cuidava. Já fazia uns dias e Holly não suportava ficar vegetando sem aproveitá-los. O bom é que os irmãos lhe faziam visitas diárias. Ela tinha ficado cinco anos a seus lados, é a vez deles ficarem ao lado dela.

Apesar de todo o carinho dedicado à menina. Ela piorava.

Apesar de ter feito o possível. Ninguém conseguia descobrir uma solução para o problema da loira. Uma tensão dominou a mansão Sakamaki, um pensamento horrível se passava pela cabeça dos garotos. Não pode ser que iam perder Holly? Foi a primeira irmã que tiveram, e única. É injusto! A vida sempre lhe presenteia com algo e depois tira.

A Sakamaki pensou na possibilidade de morrer. Não melhorava! Mesmo assim, estava feliz. Porque era um momento em que todos decidiram se unir. Chegando ao ponto dos seis passarem a dormir no quarto de Holly e trazerem comida na cama dela. Com algumas reclamações de brincadeira, a fazendo rir.

Apesar de tudo, eles ainda tinham medo. De um dia ela não mais acordar. De não a verem sorrir nunca mais.

— Sabe... — Holly começa a falar. Estavam os seis no quarto, brincando. E de repente a loira sentiu que deveria tocar nesse assunto. — Se eu morrer... Quero que me esqueçam.

— O quê? Por que está falando isso? — Indagou Shu assustado. Qual o sentido dessa vez; qual a filosofia que inventava de ensinar agora? — Você é maluca mesmo.

— E você não vai morrer. Não vamos deixar. — Assegurou Ayato meio bravo. — Então pare de dizer besteiras!

— E quando vou melhorar, Ayato? Não se sabe. — Holly admite com dificuldade. Ninguém tem coragem de dizer para si mesmo que vai morrer. Abandonar sonhos e todos os que amam. — É uma possibilidade. Apesar de eu mesma não querer pensar nisso.

— Você também não pode dizer se vai morrer. Lembra daquele morceguinho? — Relembra Laito. — Você mostrou o quanto vale uma vida. Não vai querer desistir da sua, né? — Sorriu para ela. Fora uma lição importante que aprendeu.

— Eu sei. Não quero desistir. Isso nunca! — Holly diz com toda a convicção. E logo voltou a esclarecer. — Mas me escutem. Quando uma pessoa morre, a vida te obriga a continuar. Não quero que fiquem presos no passado por minha culpa. Por isso me esqueçam, pra poderem continuar. Entenderam?

— Você mesma disse que não esqueceu seus pais. Como vamos fazer isso então? — Retruca Shu indignado com o pedido dela.

— Sim. É bom ter memórias daqueles que marcaram tanto a gente. Mas o que quero dizer é que temos que continuar sem se prender ao passado. — Explica Holly sabiamente. — Haverá novas pessoas, o mundo é grande.

— Parece até que tá se despedindo. — Ayato ressalta com um tom melancólico.

— Eu não! Sabe que odeio isso! — Holly tratou de expulsar o clima triste que ela mesma criou com aquela situação. — Ore-sama, meu leite com biscoitos! Não vai trazer?

— Sua Pombinha folgada, vá buscar! — Ordenou Ayato. Holly fingiu uma tosse de brincadeira.

— Cof, cof. Estou doente... E lembre—se que eu te dei comida na boca.

— Por causa daquela aposta!

— Então não vai dar atenção à irmã doente? — Holly fingiu chorar. Ayato começou a se desculpar e se aproximou da menina. Esta o enganou, fazendo cócegas nele.

Holly guardou o sorriso de cada um como se fosse o último. E pensar que no início, nenhum deles sabia dizer o que era felicidade, literalmente. A hora de dormir chegou. Apesar das reclamações das três mães, eles continuaram a acampar no dormitório da irmã. No meio do sono profundo, Holly despertou sem motivo algum. Se sentia triste e com uma vontade absurda de chorar. Levantou da cama devagar e olhou cada um daqueles rostos com quem conviveu por cinco anos. Sentiria falta de implicar com o "Ore-sama"; de falar com o Teddy de Kanato e se envergonhar por ele cantar melhor que ela; ensinar a Laito não olhar a roupa de baixo das garotas, nem rir das dela; das tentativas de Reiji de a tornar uma dama; de convencer Subaru a se enturmar; de ouvir Shu tocar.

— Holly? — O loiro acordou com a menina de pé.

— Ah! Só perdi o sono. — Assegurou ela se recompondo da tristeza repentina. — Me promete uma coisa, Shu? — Foi até seu colchão ao se lembrar de algo que esqueceu.

— Sim. — Estranhou o garoto sonolento. Por que isso agora? Holly pegou os fones de ouvido que ela dera e que Shu não se separava mais. Colocou em suas orelhas.

— Quando o mundo te decepcionar, ouça música. — Mandou. Shu não entendeu ao certo seu conselho, na verdade nem mesmo ela. Porém antes dele questionar, um bocejo os interrompe. — Mas tudo bem. Posso dormir com você?

— Ahn... Tá bom. — Por algum motivo, Shu também se sentia triste. E por isso deu espaço para a irmã.

— Boa noite. — A loira desejou. Deu uma última olhada nos seis antes de fechar os olhos.

❣ ✿ ❣

As flores desabrocharam na manhã do dia seguinte, os raios de sol estavam quentinhos, os sábias que Holly tanto gostava, cantavam. Shu despertou e rapidamente sacudiu a menina para ver. Provavelmente os chamaria de bonitinhos como faz com todo animal que encontra. A sacudiu várias vezes. Holly tinha o sono pesado, dormia como uma pedra!

— Vamos Holly! Os sábias vão embora! — Alertou Shu.

Mas...

Ela não acordou. Shu continuou a sacudindo cada vez mais forte.

Holly não acordou. Chamou-a cada vez mais alto. Talvez ela estivesse com os ouvidos tampados como às vezes acontecia.

Os outros despertaram também e o ajudaram. Holly não acordou.

— Ei, Pombinha! Se isso for uma brincadeira, vou te bater depois! — Esbravejou Ayato.

Porém Holly Sakamaki, nunca mais acordou.

❣ ✿ ❣

— Shu? — Chamou a voz mansa de Yui Komori.

O loiro abriu vagarosamente os olhos e se deparou com as orbes rosas da garota. Se perguntava por que se lembrou disso de repente. O que fazia mesmo? Ah sim, estava na banheira tomando banho. De roupa.

Desde aquele dia, a mansão Sakamaki voltou à ser tenebrosa. Os vampiros, que tinham aprendido como amar, voltaram a se esquecer de como o sentimento era caloroso e confortável para seus corações, agora gélidos.

Seu braço estava sendo segurado pela Komori. Seus olhos mostravam muita preocupação. Também por alguma razão, Yui lhe lembrava Holly.

Passado é somente passado assim como a irmã ensinou. Continuar é preciso, haverá novas pessoas. Entretanto, assim como Holly, cada uma ficaria em suas lembranças, não com arrependimentos ou tristezas. Sabia que os outros pensavam da mesma forma.

Shu agarrou Yui a fazendo cair na banheira e em cima dele. Afastou seu cabelo loiro e curto e sorriu de um jeito sedutor ao vislumbrar seu pescoço branquinho; sentir o aroma daquele sangue suculento e apetitoso.

“Haverá novas pessoas.”

A perda foi simplesmente passado, mas não significa que deveriam esquecer como se nunca tivesse sido especial.

 


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Notas finais do capítulo

Por que eu faço isso? Sério, não sei, eu gosto de sofrimento :V

Enfim, algumas curiosidades da Fic:

— Os fones do Shu são aqueles bem antigos, da época de 1900, são bem esquisitos. Só procurem no tio Google: o primeiro fone de ouvido :P

— O cachorrinho que Holly e Shu adotaram, o Puffy, é aquele aparecendo num dos episódios do anime.

— Quem matou Holly foi Cordelia. Ela envenenou sua comida, a fazendo ficar doente a cada dia. É um veneno especial, que mata silenciosamente. Não é possível descobrir que a vítima foi envenenada fácil, porque seus sintomas são como os de uma gripe e outras doenças simples. E é um veneno do submundo.

Até a próxima fic o/

Beijos e Abraços da Dark - See Ya!



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