Draco Malfoy entra no bordel com o nariz empinado e as vestes verde-escuras voando ao seu redor. Sabe que ainda não consegue imitar Snape, entretanto faz o seu melhor para chamar a atenção de todos ao entrar em qualquer ambiente porque, afinal, se não for para ser a atração principal nem sai de casa. Deixa seu melhor sorriso de canto transparecer quando várias pessoas desviam o olhar para si, e avista Blaise sentado no bar; ele tem uma risada presa nos lábios.

Caminha da maneira elegante que o caracteriza, tentando deixar claro a cada passo que é superior a todos os outros. Senta-se ao lado do amigo com um movimento rápido.

­­— Draco Malfoy, quase nem te vi entrar — ironiza ele.

Com um olhar de esguelha e soberba, Draco o ignora e pede um copo de uísque de fogo. Depois analisa o ambiente ao seu redor e franze o nariz, como se estivesse incomodado com o que vê.

— Esse lugar é indigno da minha presença.

— Meu Merlin, eu tinha esquecido como você é arrogante.

A expressão ultrajada dele faz Blaise rir mais um pouco.

— Como pôde se esquecer disso?

— Eu senti sua falta.

Um segundo de silêncio, e então Draco pega o uísque que lhe é estendido.

— Pensei que estivesse andando com Grifinórios, não Lufanos.

— Andando com os dois, na verdade. O que menos se vê nos aurores são Sonserinos, infelizmente.

— E ainda assim você vai casar com uma. Boa sorte com Pansy, vai precisar.

Trocam um olhar cúmplice. Apesar das palavras, Pansy é uma de suas melhores amigas e Draco está feliz com o casamento dos dois. No fundo, ambos merecem esse tipo de felicidade.

— Vou mesmo. E você, com quem tem andado? Faz um tempo que não aparece lá em casa.

— Hoje é sua despedida de solteiro. Vamos parar com o papo-furado e começar a olhar alguns corpos nus, o que acha?

Blaise revira os olhos e bebe mais do drinque que o bartender lhe fez. Está prestes a dizer alguma coisa quando um barulho alto lhes chama atenção para a entrada. Harry Potter e Ronald Weasley andam com passos largos, sem encarar ninguém. Vestem capas vermelhas e chamativas. Param no meio do caminho, claramente procurando por Blaise.

— Minha Morgana, eles não têm classe nenhuma — Draco murmura.

— Nem todos podem entrar num lugar como você, Dray.

— Não me chame Dray — responde antes de beber mais um gole de seu uísque. — E isso é verdade, nem todos podem ser como eu.

— Pelo menos admite que Potter ficou gostoso. Ainda gosta dele?

Draco bufou.

— Por favor, Blaise. Gostar é uma palavra tão infantil. Não estamos mais em Hogwarts.

Fica quieto depois disso. Finalmente, depois de vasculhar cada canto do lugar menos o mais óbvio (o bar), Harry deixa seus olhos se encontrarem. O resto do mundo desaparece um pouco, como sempre acontecia quando ainda estavam na escola. Uma eletricidade estranha percorre o corpo inteiro de Draco e ele sorri baixinho, erguendo seu copo num brinde sarcástico.

Os dois se aproximam e a magia do olhar é quebrada. Ronald cumprimenta Blaise como se não visse Draco ao seu lado, o que é engraçado para o Sonserino, que apenas os observa. Harry, por outro lado, estende a mão num cumprimento. Draco a analisa por um tempo antes de aceitá-la.

— Potter.

— Malfoy.

O toque é quebrado depois de alguns segundos, apesar de os olhos ainda não se desviarem. Blaise deixa uma risada irônica que os dois recém-chegados não entendem, e Draco a ignora ao terminar seu uísque de fogo; é claro que não gosta mais de Potter.

— Vamos ou não?

— Infelizmente, Dray, eu não gosto do mesmo que você. Os meninos estão lá atrás, eu vou ficar aqui com as garotas e o Weasley.

As palavras o fazem olhar para Harry com os olhos um pouco arregalados em surpresa. Recebe um dar de ombros como resposta e seu mundo inteiro dá uma cambalhota. É claro que desconfiava, porém…

— Gay, hm? — Draco pergunta.

— Bi, na verdade.

— Não posso dizer que estou surpreso.

— O quê?

— Qual é, Potter, acha que eu nunca percebi o jeito que você olhava pra minha bunda?

Deixa-o para trás refletindo sobre isso e se senta num sofá preto em frente a um palco. Um rapaz negro, talvez mais baixo do que Draco, começa a se aproximar sorrindo de forma maliciosa. Segundos depois, o sofá ao seu lado afunda. Não precisa olhar para saber quem é.

— Você percebeu isso? — Harry pergunta.

Draco quase engasga, porém consegue disfarçar bem.

— Claro que sim.

Silêncio. Seu coração quase sai pela boca, porque como assim Potter ficava encarando a minha bunda?

— Desculpa. Pensei que eu era discreto.

— Não era.

— Bom, você não pode falar muito.

Não responde, apenas o encara com uma sobrancelha erguida. Harry fica vermelho e desvia o olhar para o homem que dançava à sua frente.

— Ok, foi Hermione quem percebeu, não eu. Mesmo assim…

— Você é lerdo demais para perceber sozinho.

— Eu não sou!

E Draco lhe lança seu melhor olhar soberbo.

— Ah, Potter, é sim.

Ficam em silêncio por alguns segundos. Draco sorria novamente, porque agora está no controle. Percebe que Harry não respira mais, e ama isso. Deixa o copo de lado e se aproxima um pouco, vendo os olhos dele se desviarem para seus lábios. Lambe-os bem devagar, deixando a boca molhada.

— Malfoy?

— Sim?

— Posso te beijar?

Sem responder, Draco escora uma das mãos no ombro dele e o puxa para frente. O beijo é agressivo, mais intenso do que esperava. Harry se movimenta até estar de joelhos no sofá, com ele sentado entre suas pernas. Draco não sabe exatamente como veio parar nessa situação, porém não reclama. As mãos de Harry em suas bochechas o puxam mais para frente, a língua dele entra em sua boca e o domina. Ao se afastar devagar, Harry morde seus lábios e os puxa de leve.

Draco abre os olhos e sente o corpo inteiro em chamas.

— Nada mal pra um Grifinório.

— Cala a boca.

E se beijam de novo.