Fate/progress escrita por soundweaver


Capítulo 1
Prólogo ~Novo Mundo~




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Fate/progress

~NOVO MUNDO~

O magus é a luz que guia os homens em direção a essa terra desconhecida, homens já a visitaram antes deixando uma marca efêmera apagada pelo tempo e pela memória. Desta vez, o caminho é marcado a fogo e o poder mais antigo aflora em um lugar de mistério e luzes reluzentes, não tão comuns quanto na Antiga Terra.

Foi o magus o primeiro a ver o brilho distante, o brilho que nasceu de um poder indescritível. O poder dos homens que ascenderam a partir de seus próprios méritos e luta, homens que deixaram nossa terra para viver entre os espíritos dourados, reluzentes em sua dança. O magus precisa contar sobre aquele novo aspecto da Taumaturgia e selar o conhecimento em pedra – talvez tenha encontrado o que havia vindo procurar: o caminho para a verdade.

~1500~

Hoje a lua brilha intensamente, hoje é noite para assuntos que não pertencem a esse mundo, pensou Afonso. A Torre do Relógio indicava a quase meia-noite, era tempo de ir ao encontro dos Lordes, cautelosos quanto a nova descoberta.

O magus caminhou pacificamente através da grande torre. O vento noturno fazia sua grande capa vermelha e cabelos longos esvoaçarem e alguma coisa na luz o dava um certo tom vampiresco, poucas pessoas passeavam pelos corredores naquele horário – eram normalmente mantenedores e estudantes de artes um pouco mais obscuras que o normal. Faltavam apenas alguns segundos para a meia-noite quando Afonso bateu a porta daquela escusa sala de reunião.

A grande porta de madeira negra abriu-se lentamente, Afonso conseguia ver o gesto do homem na cabeceira da mesa, mexendo levemente a mão para que o colega pudesse adentrar o local.

“Boa noite.” As respostas que Afonso recebeu foram leves acenos e murmúrios, ninguém estava ali para cumprimentos, todos buscavam conhecimento sobre um poder que seria tão grande quanto o do Graal, capaz de fazer os homens chegarem mais perto do segredo do que jamais haviam chegado.

“Sente-se, Afonso.” O homem na cabeceira, Randel Barthomeloi, indicou o assento oposto ao dele. “Temos muito a conversar hoje.”

O jovem magus, ao se sentar, observou as faces obscuras que o cercavam – eram majoritariamente chefes e magos ilustres de famílias tradicionais, aqueles que mais nutrem interesse pelo tipo de poder que Afonso teria encontrado nas terras distantes.

“Acredito que devemos partir direto ao ponto.” Randel começou “O nosso caro colega Afonso de Nóbrega foi talvez o primeiro de nós magus a pôr os pés nas terras desconhecidas que muitos chamam de Novo Mundo. E como esperado, o poder do lugar foi atraído a ele e tal poder o mostrou um caminho. Não preciso dar mais detalhes pois creio que todos leram os relatos da viagem de nosso companheiro. Acredito, entretanto, que o conhecimento registrado em seus diários não informam a essência do poder dessa especificada cidade dourada que ele encontrou, portanto esta reunião foi convocada para discutir-se a verdadeira natureza do novo mistério colocado a nossa frente e analisar qual o papel desse lugar no futuro dos magi e da taumaturgia.”

Novamente os outros participantes da reunião comunicaram-se apenas com pequenos gestos e sussurros entre si. Afonso sentia que enquanto alguns estavam extasiados por essa possível nova revolução no poder, outros eram céticos e amargos quanto a um jovem mago ter sido o ator de tal feito. De repente, um homem austero anuncia-se.

“Digo que esta reunião é inútil. Ponto.” Sua voz firme impediu até mesmo que o som ecoasse pela sala “Somos magi, temos capacidades muito além de exploradores quaisquer, por que ficamos dentro de uma torre discutindo quando poderíamos estar rumo ao Novo Mundo, a procura da cidade dourada ou de que qualquer outra coisa que mudasse nossos mistérios estagnados?”

Dessa vez a reação dos presentes foi mais barulhenta, alguns falavam indignados em direção ao declamador, enquanto outros faziam burburinho e conversavam com o magus ao lado sobre como o homem havia razão. Um som grave e ensurdecedor gerado por Randel fez todos se calarem.

“Não tornaremos uma reunião de alta classe como essa em uma baderna! Agiremos como os representantes de famílias tradicionais que nós somos. Entendo seu ponto, Svenfelt, mas não precisar declará-lo de forma tão deselegante.”

“Primeiramente: precisamos ter certeza sobre a existência de um poder oculto nas florestas densas que Nóbrega encontrou e que não é apenas um truque de possíveis praticantes de algo similar a taumaturgia, sentindo a presença de um poder misterioso a eles, vindo de uma terra que eles sequer sabem que existe”.

Afonso sentiu-se no direito de falar.

“Desculpe-me, senhor mas devo me defender quanto a isso. Não sou um magus qualquer e tomei para mim a missão de ir ao Novo Mundo pois confio no que me foi ensinado. Obviamente estive prevenido quanto aos possíveis embustes que poderiam ser preparados por magi daquela terra estranha, entretanto, meu contato com as populações nativas levaram-me a crer que já não existe mais ofício mágico naquele lugar. Todos os magi que talvez existiram tornaram-se parte do mistério, junto da cidade dourada.”

O Lorde Barthomeloi calou-se por quase um minuto, sua expressão indicava um intenso pensamento e racionalização dos fatos contados. Após o bom tempo de silêncio, sua expressão relaxou e ele dirigiu-se a Afonso.

“Muito bem, Afonso. Pelo respeito que tenho a sua família e aos seus ensinamentos, forço-me a seguir o que dizes, porém, peço que relate a todos nós não a história completa, mas o caminho pelo qual você foi guiado e qual a aura do poder que você encontrou. Devo dizer que estou quase convencido a mandar um grupo de magi confiáveis e tomarei minha decisão ao ouvir suas exatas palavras sobre a experiência.”

Em um piscar de olhos, todos estavam concentrados no que Afonso diria nos próximos minutos e o jovem magus escolheu cuidadosamente suas próximas palavras…

~2015~

A missa do dia acabara de terminar, os últimos fiéis saíam da Igreja sob a visão cuidadosa do Padre Lopes. Ele observava várias pessoas passarem em frente ao portão do lugar, a praça estava movimentada por algum motivo naquele dia. Talvez fosse alguma comemoração da comunidade sobre algo histórico da cidade – o padre não se lembrava de algo parecido nos anos anteriores e naquele não poderia tomar parte, pois havia um compromisso marcado para aquele horário.

Quando o sino indicou as nove horas, Padre Lopes observou com ansiedade a entrada, esperando que uma figura conhecida fosse adentrar o local a qualquer momento.

“Você realmente achou que eu entraria pela porta da frente?” falou uma voz atrás do Padre, assustado pelo súbito aparecimento do convidado. Consternado, ele virou-se e respondeu.

“É o normal a se fazer, sabe? Entrar nos locais por onde se espera entrar.”

O visitante riu. Naquele momento, o Padre pôde analisar o estado de seu convidado – ele parecia bem mais velho do que sua própria idade e suas roupas brancas manchadas eram altamente estranhas para se usar em qualquer cidade do mundo, talvez tivesse sido sensato não entrar pela praça.

“E então, Padre? Já temos todos os participantes do Conflito? Soube que vários magi estrangeiros já chegaram no país para começar os rituais. Se o início tardar, a Associação não vai ficar feliz.”

“Felizmente, a Associação não tem dedo para meter neste assunto. O controle sobre esta guerra foi dado a nós por eles, agora é tarde para se intrometer nos trâmites do conflito.”

O sorriso idiota do outro homem começava a incomodar o padre.

“Mesmo assim, você não quer ser antagonizado pela Torre. Eles ainda podem interferir na guerra e fazer do seu trabalho algo muito difícil.”

“Continuo com meu ponto – a Associação não tem nada a fazer. Por que arriscariam afetar o poder do Eldorado? A jurisdição é toda da Igreja e ela me deu o comando. Aliás, não tem muita coisa que eu possa fazer para apressar o início, preciso que todos os Servos sejam invocados e isso não é meu dever. Posso influenciar os magi que conheço mas não são todos e sequer sei se esses conhecidos conseguirão tornar-se Mestres.”

“Não gosto do que você fala, Lopes. Tenho meu lugar na Guerra, não? A prioridade será minha e o Servo mais forte também – creio que ainda conto com seu apoio, mas sua última frase me deixou em dúvida.”

“Deixe de ser idiota, von Kessler. Seu artefato será entregue como prometido e a vantagem será sua sem qualquer questionamento. Entretanto, saiba que mesmo como regulador da Guerra, tenho pouco controle sobre o seu resultado e qualquer favorecimento meu resultará no mínimo em morte, então peço que não fique confortável e achando que ganhará por conta de uma pequena vantagem tática, você estará lutando contra magi da mais alta classe, que são preparados desde pequenos para lutar tanto nessa Guerra quanto na do Graal.”

Finalmente a expressão de Alexandre von Kessler tornou-se séria.

“Toma-me como tolo? Claro que conheço meu caminho nesta guerra. Não é porque sei que será difícil que não tenho certeza de minha vitória, a chave será minha não importa o que aconteça e tenho muitas ferramentas para garantir isso.”

Naquele momento, o Padre Lopes lembrou-se do porquê de ter decido apoiar aquele jovem na Guerra do Caminho Dourado – sua determinação e paixão pela vitória e o poder ascendido da Cidade o inspiravam e o lembravam de um Padre mais jovem, ainda encantado pelo mundo dos magi. No momento em que planejava falar mais uma coisa a von Kessler, um fiel entrou na Igreja em busca de acompanhamento.

“Acho que já é hora de nos despedimos, jovem Alexandre. Só tenho que dizer para você não se afobar, apenas siga o horário e o servo de maior poder será seu. Você pode perder tudo, menos a determinação de ganhar esta guerra.”

O rapaz apenas assentiu e, em silêncio, saiu da Igreja, desta vez pelo portão da frente.

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