— Pois bem Lynn, aqui estão os resultados da ultrassom, tem certeza que não quer saber o sexo do bebê ? - A médica questionava mais uma vez.

— Não , eu realmente quero que seja surpresa, descobriremos na hora do chá de bebê, não se preocupe Doutora Delanay. - A jovem sorriu, deixando o consultório.

Seu esposo a esperava do lado de fora da sala acompanhado por seu melhor amigo.

— E então , é menino ou menina ? - Indagou o ruivo impaciente.

— Não seja impaciente Tiel , já disse que só descobriremos no chá. - Relembrou Lynn , vendo a feição do jovem se emburrar na mesma hora.

— Está tudo bem com o bebê meu amor ? - Indagava Nathaniel enquanto entrelaçava seus dedos com os de sua esposa.

— Sim , não se preocupe. - Ela deu um sorriso doce como sempre dava quando queria acalma-lo.

Entraram no carro prontos para voltar para casa, acompanhados de Castiel no banco de trás. 

Lynn olhava o amigo pelo espelho , ainda estranhava um pouco que ele e Nathaniel tivessem superado seus conflitos do passado e fossem amigos, mas estava orgulhosa por ter uma parcela de participação nisso. 

Ao chegarem no apartamento Nathaniel os deixou na entrada e dirigiu-se ao estacionamento do prédio.

— E então , já pode me contar o que há de errado. - Insistiu o ruivo enquanto acompanhava sua amiga até o elevador.

— Como assim ? - Ela riu de forma nervosa.

— Lynn , não minta para mim , te conheço muito bem e você sabe disso. 

Adentraram o elevador e Lynn apertou o botão de seu andar.Percebeu que Castiel a encarava freneticamente em busca de uma resposta.

Suspirou antes de responder. 

— Minha gravidez é de risco Castiel, não sei se vou ficar tão bem depois do parto,tem altas chances de que eu ou o bebê não possamos resistir. 

Entregou toda a verdade para o ruivo, algumas lágrimas escorriam pela face da jovem.

Seu amigo a olhou algumas vezesmsem saber o que fazer, não estava esperando por essa notícia.Mesmo um pouco confuso a abraçou, querendo protege-la de toda aquela angústia.

— Por que está mentindo pro Nathaniel ? 

Lynn se afastou secando suas lágrimas.

— Porque eu sei que ele tentaria me fazer desistir da gravidez, e eu não seria capaz de fazer isso.

— Mas se é o melhor para você ... 

— Castiel não. - Ela o interrompeu. - Preciso que me prometa uma coisa. - Suplicou pedindo atenção. - Se na hora do parto, houver alguma complicação e tiverem que escolher entre mim e o bebê, escolham o bebê.

— Tá maluca Lynn ? 

Lynn olhou para a porta do elevador que acabara de abrir, estava no último andar.

— Castiel, você precisa me prometer. - Pediu enquanto caminhava até seu apartamento seguida do ruivo.

— Você sabia que pode fazer quantos filhos quiser ? Existe adoção e outros meios, mas só existe uma Lynn.

— E essa Lynn sente que a pessoa que está aqui. - Ela pegou as mãos do amigo e as colocou em sua barriga. - Merece uma chance de viver, conhecer o mundo, ser amada, me promete Castiel , você vai cuidar da minha filha.

— Pera ai , como você sabe que é menina ? - Questionou.

— E-eu sinto. - Ela sorriu entrando no apartamento.

— Lynn você espiou. - Ele a seguiu.

—Não espiei não.

—Espiou sim. - Insistiu o amigo.

— Tá , espiei sim,mas não conta pra ninguém. - Ela gargalhou.

— Certo,certo. - Ele sorriu.

— Você me promete que vai cuidar dela Castiel ? 

— Eu não preciso prometer Lynn, você vai ficar bem.

— Castiel...

—Certo , caso precise , o que eu acho que não vai precisar, eu prometo cuidar da sua pirralha. - Ele ironizou.

—Obrigada. - Ela o abraçou mais uma vez.

(...)

Castiel tateou sua cama em busca do seu celular que tocava freneticamente.

1:35 AM

Era o horário que marcava em sua tela.Uma nova mensagem de voz foi deixada.Era de Lynn.

Castiel se sentou na cama e desbloqueou o celular para ouvir a mensagem.

" Oi Cast - respiração ofegante - me desculpe está mandando mensagem a essa hora , mas é que minha bolsa estourou e eu estou no banheiro e ainda não acordei o Nath pois preciso falar com você, lembra da sua promessa pra mim a quatro meses e meio atrás ? Então, preciso cobrar agora , eu estou prestes a dar a luz e , sei que Clarisse vai precisar de você, e o Nath também então, me promete que vai cuidar dela como se fosse sua filha e vai ser o melhor amigo do Nath - Sua voz estava trêmula - ela vai precisar de você Castiel, eu te amo."

"Nathaniel , Clarisse está nascendo"

"Sua mensagem de voz foi encerrada,deseja ouvir novamente ? "

Castiel soltou o celular, suas lágrimas escorriam silenciosamente.

Seu celular tocou mais uma vez, mas agora era uma mensagem de Nathaniel.

"Venha para o hospital, Clarisse nasceu, Lynn não está bem, aqui eu te explico."

Castiel se levantou, e se arrumou tentando controlar seus batimentos cardíacos,desceu as pressas entrando no carro, no meio do caminho teve que parar no sinal vermelho, de repente sentiu uma pontada em seu peito, já sabia o que esperar , Lynn já estava morta.

(...)

Adentrou o hospital cabisbaixo, seus amigos se aproximaram dele para dar a noticia, mais ele os ignorou,foi até a ala do berçário, deu as informações necessárias e encontrou seu amigo com os olhos vermelhos e seu rosto inchado, ele olhava para o vidro freneticamente.

Castiel se aproximou e tocou seu ombro.

— Nathaniel.

—Não cara , agora não. - Pediu o loiro.

— Certo.

Nathaniel começou a soluçar.

— ELA MORREU CASTIEL , ELA MORREU. - Ele gritou.

— Eu sei cara - Snif - mas, você precisa ser forte.

— FORTE ? ESSA CRINAÇA ROUBOU A VIDA DA LYNN, EU PERDI A LYNN.

Castiel não tinha uma resposta,sabia que a dor era grande, e não haviam palavras para consolar o amigo.

Um silêncio se instalou no local ,até que a enfermeira se aproximou do vidro com uma bebê recém nascida.

Castiel e Nathaniel se aproximaram do vidro.

A bebê dormia tranquilamente enrolada em uma manta.

— Bem-Vinda ao mundo pirralha. - Castiel sorriu. 

— É a minha filha. - Nathaniel tocou o vidro. - Não sei se vou poder cuidar dela.

— Cara, você vai , é o que a Lynn iria querer, estamos juntos nessa,pela Lynn.

—Pela Lynn.