Os raios de sol atravessavam a janela do quarto de Marinette, anunciando o início da manhã daquela quarta-feira. A azulada ouviu o quinto toque do despertador, pegando seu celular para ver se poderia dormir mais um pouco. Quando olhou os números no relógio digital, levantou-se rapidamente da cama.

— Socorro! Eu estou muito, muito atrasada! — Exclamou, enquanto corria pelo quarto.

— Bom dia! — Disse Tikki, espreguiçando-se.

— Bom dia! — Respondeu a menina, arrumando-se depressa. Assim que terminou, desceu as escadas correndo e quase caiu. — Oi, mãe, oi pai! — Deu um beijo rápido em Tom e Sabine, recebendo um olhar confuso dos mesmos.

— Oi, filha, por que tanta pressa? — Perguntou a mulher.

— Estou muito atrasada, tchau! — Disse, saindo de casa e correndo até o Colégio Françoise Dupont. A menina chegou na sala de aula ofegante, mas achou estranho o local estar praticamente vazio. — Bom dia, Alya. É… onde está todo mundo? A aula já começou há quarenta minutos. Espere, onde está a professora? — A morena riu.

— Eu adiantei o relógio de seu celular ontem, enquanto estávamos fazendo o trabalho. — Disse, ainda rindo.

— Ah, fala sério! Não acredito que você me fez acordar mais cedo! Por isso meus pais acharam tão estranho quando eu saí correndo de lá.

— Bom, pelo menos você chegou na hora certa. — A azulada fez uma careta e viu seu amor secreto chegar ao local. — Então, já decidiu se você vai? — A menina não respondeu, pois estava perdida em seus devaneios enquanto encarava o modelo — Marinette?

— Bom dia, meninas. — Disse Adrien.

— Bom dia. — Respondeu Alya.

— B-bom d-dia. — A azulada gaguejou e o loiro sentou-se ao lado de Nino.

— Marinette, já decidiu se você vai? — Perguntou a morena.

— Aonde? — Falou, ainda olhando para seu amado.

— À festa da Chloé. — Marinette encarou a amiga.

— Não, vou pensar.

— Você está pensando desde o dia em que recebeu o convite e isso foi há mais de um mês!

— A festa será que dia mesmo?

— Sábado.

— Que sábado? Este sábado? — A morena assentiu.

— Então, você vai?

— Não sei, não estou com muita vontade de ir.

— Por quê?

— "Por quê?" E você ainda pergunta? A Chloé me odeia, nem sei por que ela me convidou.

— Porque ela convidou a escola inteira.

— Você vai?

— Claro.

— Pensei que não gostasse da Chloé.

— E quem é que gosta? Só vou por causa das celebridades.

— Celebridades?

— É, a filha do prefeito convidou vários famosos, não vou perder isso por nada! Já pensou se consigo entrevistar o Jagget Stone?

— Entrevistar? Pensei que seu blog falasse só sobre a Ladybug.

— O Ladyblog não é o meu único blog, tenho um do Jagget, um que falo sobre as HQs da Majestia, outro sobre séries, outro sobre filmes, outro… — Foi interrompida.

— Quantos blogs você tem?

— Acho que uns sete. — A menina riu. — O que foi?

— Nada não.

— Ah, qual é, Marinette? Vai, por favor!

— Desculpa, Alya, mas eu não vejo nenhum motivo para ir, estudo com a Chloé há anos e ela me detesta, nunca me convidou para nenhuma festa e agora, do nada, resolve me chamar? Isso está muito estranho.

— Motivos? A escola inteira vai, várias celebridades vão estar pertinho de você e… — aproximou-se da azulada — o Adrien vai estar lá. — Cantalorou baixo, para que o modelo não escutasse.

— O Adrien? Ele confirmou? Não tinha uma sessão de fotos marcada para o mesmo dia? — Disse no mesmo tom.

— Parece que foi cancelada, ontem, depois que você foi para casa, eu ouvi seu príncipe encantado falando com o Nino que iria à festa.

— Sério? — A morena assentiu.

— Essa pode ser sua chance de se aproximar dele, não desperdice. — A azulada sorriu e Alya já esperava a resposta da amiga, mas o sorriso de Marinette se desfez rapidamente.

— Não, eu não posso fazer isso. Não posso ir por causa dele, isso é errado, é uma festa de aniversário, tenho que ir pela aniversariante e…

— Ah, pare com isso! Todo mundo vai e eu tenho certeza que também não gostam dela. Vamos, Marinette, não quero ficar sozinha. Essa vai ser a festa do ano, ou melhor, a festa do século!

— Você não disse que a escola inteira vai estar lá? Então você não ficará sozinha.

— É, mas eu quero que você vá. — A menina mordeu o lábio inferior, pensativa.

— Está bem, está bem, eu vou. — A morena sorriu e a abraçou. — Mas você vai me ajudar a escolher o meu vestido e o presente dela, o que é muito difícil, já que ela tem tudo.

— Claro, sem problemas. — O sinal anunciou o início da aula de história e a professora chegou ao local, fazendo com que as amigas parassem de conversar sobre a festa, já que teriam que apresentar o trabalho feito no dia anterior. As aulas continuaram normalmente, até que foram interrompidas pelo ataque de mais um vilão akumatizado, que foi vencido com facilidade por Ladybug e Chat Noir. Quando a batalha terminou e tudo voltou ao normal, o sinal já tinha anunciado o fim das aulas. Marinette despediu-se de Alya e foi para casa. Os dias passaram e, na sexta-feira, depois do colégio, as duas amigas foram procurar o vestido da azulada. Entraram em diversas lojas, mas nada parecia agradar a menina, que encontrava defeito em todas as roupas que provava.

— E este? — Perguntou a morena, apontando para uma peça.

— É brilhante demais.

— E aquele ali? — Mostrou outro vestido.

— Muito colorido.

— Nossa! Olha esse! O que achou? — Disse, pegando mais uma roupa.

— Não gostei da estampa.

— Ah, Marinette! Assim fica difícil! Você conseguiu comprar o presente da Chloé, o que eu achei que era muito mais complicado, e não conseguiu escolher um simples vestido.

— Esse é o problema, não quero "um simples vestido", ele tem que ser perfeito. Você mesma disse que essa vai ser a festa do século.

— Pensei que você não ligasse para isso. — As meninas saíram da loja.

— Várias celebridades vão e… o Adrien vai estar lá, já pensou se o Gabriel Agreste vai? Meu vestido tem que ser incrível!

— Bom, já entramos em todas as lojas e você não gostou de nada. Quer ir em outro shopping?

— Não precisa, você deve estar cansada e está ficando tarde.

— Mas o que você vai fazer? A festa é amanhã!

— Não se preocupe, vou dar um jeito. — As duas despediram-se e foram para suas respectivas casas. No dia seguinte, Marinette pegou seu caderno e tentou desenhar um vestido, mas não conseguiu fazer nada que fosse do jeito que queria. Resolveu ir para seu lugar favorito na cidade: a torre Eiffel. Lá, tentou diversas vezes, rabiscando o que não ficava bom e amassando os papéis. — Nada fica do jeito que eu quero!

— Relaxa, você vai conseguir. — Disse a kwami, dentro da bolsa, fazendo a menina sorrir. Ela tentou de novo e finalmente desenhou o que tanto queria. Quando voltou para casa, começou a costurar o vestido, assim que terminou, colocou-o em um manequim e ficou muito feliz com o resultado. Começou a se arrumar, deixando os cabelos soltos e aplicando um batom vermelho, com uma maquiagem mais leve nos olhos, pegou uma bolsa para sua kwami, caso acontecesse algo, e seu celular. Colocou o vestido e olhou-se no espelho, sorrindo. Logo em seguida, desceu as escadas e despediu-se dos pais, a casa de festas não era muito longe dali, por isso foi andando até o local. Quando chegou, não encontrou ninguém que conhecia e sentou-se em uma cadeira, ficando sozinha na mesa. Ela estava preocupada, será que aconteceu alguma coisa? Alya disse que a escola inteira estaria lá. Quando iria ligar para sua amiga, a viu chegando.

— Oi. — Disse a morena e Marinette levantou-se.

— Oi.

— Nossa, você está incrível!

— Obrigada, você também.

— Onde conseguiu o vestido?

— Eu que fiz.

— Sério? — Ela assentiu — Ficou maravilhoso. — As duas sentaram-se e conversaram. Aos poucos, as pessoas foram chegando, incluindo as celebridades que Alya tanto falara. Quando menos esperou, a azulada viu Adrien chegar ao local, ele estava incrível, como sempre. O loiro percorreu os olhos pelo local e sentou-se ao lado de Nino, que chegou junto com ele. A morena tentou convencer Marinette a falar com seu amado, mas ela não aceitou. A conversa parou assim que Alya viu Jagget Stone chegar. — Não acredito! É ele! Vamos lá, preciso fazer a entrevista.

— Agora? — Perguntou a azulada, ainda encarando o modelo.

— É, por que não? — Percebeu que a menina estava perdida em seus pensamentos sobre Adrien. — Ah, já entendi. Olha, nada vai acontecer se você ficar só olhando. Precisa fazer alguma coisa!

— Eu já disse que não vou falar com ele! Eu vou gaguejar e ele não vai entender nada. — Uma música lenta começou a tocar e Chloé chegou na pista de dança, deslumbrante.

— Uma música lenta! É a sua chance, chame-o para dançar! — Falou Alya.

— Ficou maluca? Eu não sei dançar, vou acabar pisando no pé dele!

— Pare de ser tão pessimista e tome uma atitude antes que seja tarde demais! — A aniversariante andou até a mesa em que Adrien estava e parecia conversar com ele. — Você vai?

— Aonde? — Falou, encarando a loira.

— Me ajudar na entrevista com o Jagget.

— Não, desculpe, prefiro ficar aqui.

— Então tá, eu já estou indo. — A morena andou até o local em que o cantor estava e Marinette ainda observava Chloé conversando com o modelo.

— O que ela quer com ele? — Disse para si mesma. Sua pergunta foi respondida quando a filha do prefeito segurou o braço do loiro e este levantou da cadeira, indo com ela até a pista para dançar a música lenta. A azulada continuou encarando os dois durante alguns minutos, esperando que se separassem, mas isso não aconteceu. Pensou em seguir o conselho da amiga e tomar uma atitude, mas qual? Não conseguiria falar com ele, muito menos dançar. Direcionou seu olhar para a aniversariante, não podia negar que a loira estava incrível com aquele vestido e ela dançava tão bem, conhecia Adrien há muito tempo e falava com ele sem gaguejar. Por um momento, sentiu inveja de Chloé. Não só dela, mas de todos que conseguiam conversar com o modelo normalmente. Voltou a encarar os dois dançando, assim que a música lenta terminou, a filha do prefeito abraçou o loiro e uma música mais animada começou a tocar. A pista de dança encheu rapidamente e a multidão impediu Marinette de observar seu amado. A menina levantou-se da cadeira e conseguiu vê-lo, ele dançava ao ritmo da música encarando seus amigos. A azulada lembrou-se das palavras de sua amiga, precisava tomar uma atitude, essa era sua chance. Começou a andar rapidamente até a pista de dança, desviando das pessoas. Quando finalmente encontrou seu amor secreto, Chloé atirou-se nos braços dele, com a intenção de beijá-lo. Precisava fazer alguma coisa, aquilo não poderia acontecer, Marinette tentou se aproximar deles, mas acabou sendo empurrada por um convidado, que pediu desculpas. A menina novamente os perdeu de vista, começou a procurá-los, pedindo licença para os que dançavam, mas não os encontrou. — O que estou fazendo? — Disse para si mesma. Mesmo se os encontrasse, o que faria para impedir? Empurraria Chloé para separá-la de Adrien? Era a festa dela, não poderia fazer isso. A azulada voltou para sua mesa, cabisbaixa. Encontrá-los não ia fazer diferença alguma, com certeza os dois já estavam se beijando nesse momento, era tarde demais. Queria ter falado com ele antes, mas não aproveitou sua chance enquanto podia. Por que não seguiu o conselho de Alya? Pensamentos negativos invadiram sua mente e ela deixou uma lágrima cair, colocando a cabeça sobre a mesa. Mas não percebeu que o loiro tinha visto aquilo. O modelo empurrou a aniversariante e saiu da pista de dança, deixando a filha do prefeito furiosa.

— Oi. — Disse ele, aproximando-se de Marinette, que quase caiu da cadeira com um susto. — Está tudo bem? Eu nem te vi quando cheguei. — A azulada enxugou as lágrimas rapidamente.

— S-sim, estou… ótima. — Gaguejou.

— Não parece, posso sentar aqui? — Ela assentiu, nervosa. — O que aconteceu? Parece que estava chorando.

— O quê? Não foi nada, é que… eu… tenho um pouco de… alergia a… maquiagem. — Mentiu.

— Ah tá. — Uma música do Jagget Stone começou a tocar. — Você… quer dançar?

— E-eu? Dançar com você? — Ele assentiu — É que… eu não sei dançar.

— Ah, fala sério! Todo mundo sabe dançar! Vamos! — A menina não conseguiu recusar o convite de seu amado, levantando-se receosa. Os dois andaram até a pista de dança, que já estava lotada. O loiro começou a dançar, fazendo com que ela perdesse ainda mais a concentração. Logo, alguns de seus colegas de classe chegaram ao local e tentaram animar a azulada. Sem querer, a menina esbarrou em um garçom e o homem acabou derrubando suco no vestido de Chloé.

— Me desculpe, eu não queria… — Marinette foi interrompida.

— Olha só o que você fez! — Gritou a filha do prefeito, chamando atenção de todos. — Qual é o seu problema?

— Eu sinto muito, eu não vi o garçom e…

— Você nunca vê nada! Vive caindo e esbarrando nas coisas! — Colocou as mãos na mancha, na tentativa de limpá-la — Você estragou tudo, sua desastrada! Esse vestido foi feito pelos melhores designers de moda da cidade, não é como o seu, que parece que acabou de sair do lixo! Não sei por que te convidei, eu sabia que você iria destruir a festa!

— E eu não sei por que eu vim! Quer saber? Eu não fico mais nem um minuto nesse lugar! — Disse, saindo da pista de dança.

— Ótimo, a festa fica muito melhor sem você! — Falou a aniversariante. A azulada estava quase passando pelo portão, quando foi interrompida por alguém que segurou seu braço.

— Marinette, espere! — Era Adrien. A menina o encarou, sentindo seus batimentos cardíacos acelerarem e suas bochechas queimarem, desviou o olhar para que o modelo não percebesse. — Por favor, fique.

— Me desculpe, mas eu não vou. A Chloé me detesta e agora eu dei mais um motivo para isso, não vou ficar em uma festa de uma pessoa insuportável, metida e egoísta como ela. — Estava com tanta raiva da filha do prefeito que nem percebeu com quem falava.

— Se não vai ficar por ela, fique por mim. — Seus olhos se encontraram e a azulada não conseguia acreditar no que acabara de ouvir. — Quero te mostrar uma coisa, venha comigo — Ela ainda estava atônita, mas o seguiu. Os dois andaram em silêncio por trás da casa de festas, que tinha um enorme jardim. Quando chegaram em um local que não estava guardado por seguranças, abriram uma porta e subiram algumas escadas. Marinette estava animada e, ao mesmo tempo, receosa, para onde estavam indo? E por que Adrien queria que ela ficasse? Não conseguia parar de pensar na possibilidade de aquilo tudo ser um akuma, uma ilusão, como as de Volpina. Assim que os degraus terminaram, a menina percebeu que ali era o último andar do local, de onde conseguiam ver toda a cidade e que estava completamente vazio.

— Isso é… incrível. — Disse, observando as luzes parisienses.

— É mesmo. — Concordou o loiro.

— Desculpe perguntar, mas… por que me trouxe aqui?

— Você disse que não queria ficar na festa, então aqui estamos. — Ela sorriu.

— Como sabia desse lugar? E por que ninguém vem aqui?

— O dono dessa casa de festas era amigo do meu pai, então, mesmo que eu nunca tenha vindo a uma festa de verdade, ele me mostrou tudo. E… não sei por que ninguém vem aqui, é tão bonito.

— Verdade. — Escutaram uma música lenta tocar. Mesmo sendo alguns andares acima da festa, dava para ouvir. — Nossa, eu amo essa música. — O modelo ficou em silêncio durante alguns segundos, logo depois, virou-se para a azulada e segurou sua mão.

— Me concede essa dança? — Perguntou.

— O q-quê? E-eu já disse que não sei dançar. — Gaguejou, nervosa.

— Então está na hora de aprender.

— M-mas e se eu pisar no seu pé e…

— Ah, se acalme, vai ficar tudo bem. — Ele sorriu.

— Não, é que… você não entende, eu… — Foi interrompida.

— Feche os olhos.

— O quê? Mas…

— Feche os olhos. — Repetiu e a menina obedeceu. — Concentre-se na música, em seu ritmo, sinta a melodia. — Ficaram em silêncio enquanto ela tentava fazer o que o loiro pediu — Está pronta? — Marinette assentiu e o modelo a envolveu pela cintura, puxando-a para si. A azulada imediatamente abriu os olhos e respirou fundo, estava muito nervosa. Adrien começou a dançar no ritmo da música e ela tentou segui-lo, mas acabou pisando em seu pé e soltando-se dele.

— Me desculpe, eu sabia que isso não daria certo, eu sou mesmo uma desastrada.

— Relaxe, está tudo bem. — Ele sorriu e os dois voltaram a dançar. A menina estava um pouco insegura no começo, mas, aos poucos, foi se acalmando quando percebeu, já estava rodopiando. Assim que a música terminou, estavam ofegantes e muito próximos um do outro. — Não sabe dançar? Tem certeza? — Os dois sorriram, mas continuaram na mesma posição e ela lembrou-se das palavrss de Alya: "é a sua chance, não desperdice". Foi quando percebeu que aquela era sua oportunidade, poderia beijá-lo e declarar seu amor por ele. Começou a aproximar seu rosto ao do modelo, que permaneceu imóvel, mesmo sabendo o que iria acontecer. Faltava poucos centímetros para que seus lábios se tocassem quando pensamentos negativos invadiram a mente da azulada. O que estava fazendo? Poderia estragar tudo. A menina começou a recuar alguns passos e forçou um sorriso para disfarçar, foi quando ouviu um som vindo de seu celular. Andou até o aparelho, que estava dentro de sua bolsa, em cima de uma mesa e leu a mensagem da amiga mentalmente.

— É a Alya, está me procurando. Acho que vou voltar para a festa e… falar com ela. — Falou, cabisbaixa, estava com vergonha do que acontecera, não o beijou porque não tinha coragem, sentiu-se fraca e incapaz. Percebeu que nunca conseguiria ser mais do que uma amiga para seu amor secreto. Adrien a encarava atentamente e, assim que a menina se virou para ele, direcionou o olhar para seus lábios. Ela realmente estava linda naquela noite, na verdade, sua colega de classe era muito bonita, por que nunca tinha reparado isso? Sabia que ela iria beijá-lo quando terminaram de dançar, mas, por algum motivo, a menina não fez aquilo. "Por quê?", o modelo se perguntava. Viu que a azulada tinha percebido o que ele estava fazendo, então tentou desviou o olhar, mas não conseguiu. Seus olhos se encontraram e o loiro voltou a encarar os lábios de sua colega de classe. Sentiu algo estranho, um desejo que nunca imaginou que teria com Marinette, pensou que sentia isso apenas por sua parceira e amor secreto, Ladybug, mas nunca por sua amiga. Sem saber o porquê e sem pensar nas consequências, a puxou para si e selou seus lábios com um beijo. A menina surpreendeu-se, mas logo cedeu, fechando os olhos.

— Me desculpe, eu… não sei por que fiz isso. — Falou o loiro, assim que se separaram. Estava preocupado, agiu por impulso, sem pensar no que iria acontecer.

— Não, foi… ótimo, quer dizer… está tudo bem. — Ficaram em silêncio durante alguns segundos.

— Bom, então… vamos voltar?

— Claro. — Os dois desceram as escadas e voltaram para a festa, em silêncio. O modelo gostaria de esclarecer o que aconteceu para a menina, mas ele também estava confuso, ainda não sabia por que razão tinha beijado sua colega de classe. Andaram até a pista de dança, encontrando seus amigos. Outra música de Jagget Stone começou a tocar e todos dançavam animadamente. A azulada encarou seu amor secreto, seus olhos se encontraram e ambos sorriram.

Depois da festa, as coisas não ficaram muito diferentes, Marinette não declarou seu amor pelo modelo e Adrien continuava apaixonado por Ladybug, tentando se aproximar dela trajado de Chat Noir, mas alguma coisa mudou. Sempre que encontrava sua colega de classe, lembrava daquela noite em que viveram momentos inexplicáveis. Dois meses tinham passado e ele ainda não conseguia explicar para si mesmo o motivo que o levou a beijar sua amiga. Tentava descartar a possibilidade de estar apaixonado por Marinette, mas alguma coisa lhe dizia que estava errado. A azulada também não entendia o porquê de Adrien ter feito aquilo, afinal, o modelo nunca demonstrou seus sentimentos por ela.

Nem sempre as coisas acontecem do jeito esperamos, a vida pode nos surpreender, de uma maneira boa ou ruim. Quando aceitou ir à festa, Marinette nunca imaginou que dançaria com seu amor secreto, muito menos que seria beijada por ele, pensou que, no máximo, tentaria falar com seu amado e talvez, apenas talvez, iria declarar seu amor por ele, mas não foi bem isso o que aconteceu. Assim que viu o modelo dançando com Chloé, achou que era tarde demais, nunca conseguiria se aproximar dele, mas ela percebeu que tudo tem seu tempo, assim como os dois descobririam toda a verdade na hora certa.