Bad Liar escrita por Larissa Verlindo


Capítulo 1
I was walking down the street the other day...


Notas iniciais do capítulo

Como assim?! Mais uma? Pois é, povo. Mais uma. IAUEHIAUHEIUH' Eu tento me segurar, eu juro que tento. Mas é mais forte que eu, AAA.

Essa short nasceu de um desafio proposto no grupo Thalico Shippers e eu achei tão legal que resolvi levar para frente. Ao contrário do que ando escrevendo atualmente, essa fanfic vai ser mais leve, beeeeeem romântica e sem muitos dramas. Às vezes faz bem escrever algo assim, né?!

ENTON, espero muito que vocês gostem e aprovem essa história! ♥

P.S: percebi que minha escrita está passando por umas mudanças bem loucas, então aceito comentários sobre, viu?



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“I was walking down the street the other

day, trying to distract myself”

Pedalo com mais força, querendo alcançar o máximo possível de velocidade. Minhas mãos estão preparadas para puxar o freio o mais rápido possível, caso aconteça algum imprevisto durante a descida. Quando já estou perto do final, me permito fechar os olhos e sentir o vento beijando minha face com ferocidade, afastando os pensamentos indesejáveis que assolam a minha cabeça nas últimas semanas. Pedalar e descer ladeiras em alta velocidade é o meu mais sagrado refúgio. O vento me estabiliza. A adrenalina me mostra uma outra realidade. Não há nada que não possa ser resolvido quando eu estou descendo a lomba.

Pelo menos, não havia. Até agora.

O alivio de uma mente vazia não está durando muito. Não que eu me importe: irei descer a ladeira até que meu corpo e mente voltem ao normal. Mesmo que isso signifique que eu tenha de ficar a noite inteira aqui.

Suspiro ao chegar ao fim da ladeira. O maldito pensamento indesejado continua a me pressionar. Viro o guidão da bicicleta vermelha, preparando-me para dar a volta na quadra até chegar ao ponto alto da rua pela quarta vez seguida. As pernas já reclamam pelo esforço físico feito – mesmo que eu esteja acostumada a pedalar por aí, subir uma lomba vezes seguidas não é fácil e exige muita força de vontade.

Bem, força de vontade para me livrar dessas ideias idiotas é o que eu mais tenho.

“But then I see your face. Oh, wait! That’s someone else.”

Estou virando a esquina quando minha visão nubla e tudo o que eu posso notar, além da dor no meu corpo, é um amontoado de pernas, braços e metal. Aconteceu tão rápido que mal consigo processar e entender o que realmente se passou.

— Ai! Foi mal. Tentei parar o skate a tempo, mas não consegui. E você estava distraída demais para ouvir meu aviso.

Eu abro os olhos, procurando pelo dono da voz. Por um momento, ao enxergar o garoto com os olhos semicerrados de dor, o meu coração dá um salto e tenho a certeza de que estou amaldiçoada. Só quando ele se ergue do chão soltando um resmungo que eu posso me sentir aliviada de novo.

Por todos os deuses sagrados, penso, eu estou definitivamente enlouquecendo. Tenho certeza disso.

O rapaz junta o skate intacto do chão e alterna o olhar de mim para a bicicleta – agora sem uma roda – estiradas no chão.

— Olha, eu...

— Tudo bem — interrompo. Não está tudo bem, de fato. Meu bumbum dói e minha perna e cotovelo estão ralados. Além disso, essa é a minha bicicleta, o meu único refúgio e objeto favorito, e agora está destruída. Mas continuar a olhar para o rosto dele, um rosto tão semelhante com o dos meus problemas atuais, faz com que um arrepio estranho suba pelo meu corpo e mais pensamentos inúteis comecem a surgir. É pior, muito pior, continuar aqui. — A culpa foi minha. Desculpa ter te atropelado.

O garoto balança a cabeça, tranquilo e já recuperado do tombo, soltando uma gíria qualquer enquanto se afasta em cima do skate.

Eu olho para o desastre aos meus pés. Vou ter que carregar uma bicicleta quebrada nos ombros até em casa. Maravilha! Antes mesmo que eu consiga fazer algum movimento, ouço o toque padrão do meu celular ecoar pela rua. Pego o aparelho no bolso do moletom que estou usando e não posso conter a risada irônica que escapa pelos meus lábios. Na tela, o nome do principal culpado.

Nico di Angelo.

5 semanas atrás

Não consigo entender e isso me deixa frustrada e irritada. Quíron é considerado pela grande maioria, se não todos, o melhor professor do curso, aquele que dá as melhores aulas. Não há ninguém – exceto, é claro, eu – que não consegue entender o conteúdo que é ensinado por ele. Não que eu desgoste do professor, não. Pelo contrário: me sinto muito agradecida por ele ter me dado três décimos a mais para que eu ficasse na média, no semestre passado. E realmente o acho um cara bacana, apaixonado pelo o que faz. O problema sou eu, que não consigo compreender algo tão simples. Lírica pode ter mil teorias, todas diferentes umas das outras, mas não tem como ser tão complicado assim. Ainda mais quando a turma inteira tem notas boas.

Com um suspiro, continuo anotando os resumos que Quíron escreve no quadro branco sobre Mallarmé. Tem um mês até a prova e já tenho consciência de que vou acabar penando para estudar e entender o suficiente para ir bem.

Me viro para o fundo da sala, dando uma checada em um dos meus colegas, invejando-o. O que é um pouco estranho, porque o conheço há muito tempo e nunca pensei que um dia acabaria tendo inveja dele; do garoto que eu via apenas como melhor amigo do meu irmão. Nico di Angelo frequenta minha casa desde o início do colegial, quando se tornou amigo de Jason por acordá-lo antes que tomasse uma bronca da professora. Nunca conversei muito com ele, apesar de nós três – eu, ele e meu irmão – estarmos sempre juntos. Posso jurar que isso foi, e é, coisa do meu irmão. Volto a olhar para a frente da turma. Ter inveja das notas de alguém não vai fazer com que minha média melhore.

Dando uma rápida espiada no relógio em seu pulso, o professor Quíron sorri para os alunos, dispensando-nos para o intervalo. Antes que todos os estudantes saiam rápido da sala – tal coisa nunca muda, independentemente de sermos colegiais ou universitários –, ele chama a dois nomes. Nomes que eu conheço bem demais, já que um deles pertence a mim e o outro, ao di Angelo.

Trocamos olhares confusos e nos aproximamos da mesa do professor Quíron.

— Sim, professor? — pergunto, curiosa demais para me conter.

Não que seja tão estranho assim eu ser chamada pelo professor, já que ele está sempre de olho no meu desempenho. Mas é incomum ele me chamar junto de Nico.

— A nossa prova está se aproximando. — Ele se ajeita na cadeira, enquanto nós dois acenamos em concordância. Sei muito bem disso, infelizmente. — Nico, você é um dos meus melhores alunos, você sabe disso. E você, Thalia, é a minha... ãh... a minha aluna mais esforçada, embora tenha alguns contratempos.

É, tá. Sei muito bem que esse não é o termo correto para me descrever. E sei também que Quíron é um professor legal demais para jogar a minha burrice na minha cara e na de Nico.

— Enfim — continua —, o que quero dizer é que estou preocupado com o seu desempenho, Thalia. — Abro a boca para dizer que, mesmo que não pareça, eu realmente estudo e tento melhorar. Quíron me cala antes, levantando a mão. — Eu sei que você estuda e que está tentando aumentar sua nota. Sinceramente, às vezes acho que sou eu quem não está ensinando direito.

— Eu... Sinto muito.

— Não, não. Não precisa se desculpar. — Sorri. — Esse tipo de coisa acontece. Mas você entende que não posso deixar as coisas do modo que elas estão, não é?! Decidi, então, que um tutor além de mim seria bom para você. E como eu sei que você e Nico já são amigos há tempos, pensei que não haveria problemas.

Uma exclamação mínima deixou os meus lábios. Não é como se eu e Nico fossemos melhores amigos. Sendo sincera, nós dois estamos mais para conhecidos muito próximos, visto que a maior conversa que tivemos foi sobre Jason estar doente.

De canto de olho, analiso a figura alta do garoto parado ao meu lado. Ele não parece surpreso, bravo ou qualquer outra coisa, diferente de mim. Penso que talvez Quíron tenha dito algo para ele antes, avisando-o do seu dever para comigo.

Odeio ser um estorvo.

— Bem... Nico tem suas tarefas. Não quero ser um problema.

— Tudo bem. — A voz dele se sobressai sobre a minha. — Tudo bem. Não vai ser problema nenhum te ajudar. Eu já estou quase sempre na sua casa, mesmo.

É, penso, está sempre lá em casa, mas com Jason e não comigo.

O sorriso amistoso do nosso professor não deixa brechas para uma possível recusa. Maldição. Então, acabo lembrando dos meus pensamentos de momentos atrás, sobre ter inveja das notas do di Angelo.

 Ah, o ditado “cuidado com o que você deseja” nunca foi tão verdadeiro assim.


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Notas finais do capítulo