A coordenação tinha um gosto específico em deixar alunos esperando do lado de fora mais tempo do que desperdiçavam para resolver os problemas. E o toque da sineta, indicando o final de uma aula e início de outra, apenas demonstrava isso.

Se Marlene fosse coordenadora, além da escola não dar certo, gostaria de ficar observando por um vidro de apenas um lado os alunos impacientes na fileira de cadeiras do lado de fora, observando o tempo passar e outros alunos passarem debochados à frente.

Não que o fato de perder aulas a deixasse incomodada. Coitados dos que pensassem isso.

— O que você fez dessa vez?

Ela sorriu ironicamente para o companheiro de detenções.

— Você fala como se fosse noviço por aqui — retrucou.

A porta da coordenação abriu-se e uma professora olhou atravessada para eles, antes de sair, fechando a porta novamente.

— Pedi para ir ao banheiro — Sirius deu de ombros — Ele não deixou. Eu resolvi me aliviar na lixeira. E aí fui expulso.

— Ele te expulsou antes ou depois de terminar? — Marlene perguntou, risonha.

— Fui chutando a lixeira até o lado de fora. Pena que os corredores estavam vazios...

Ela riu. Era a típica coisa vinda dele.

— E você?

— Tem umas pessoas da sala de aula que acham que mandam no ar condicionado — disse Marlene — Quem está com frio, usa casaco, mas e quem está com calor? Aí uns garotos tiraram a camisa para me provocar. Eu tirei também. Como pode perceber, só eu vim para cá.

— Por que não dividimos o tempo mesmo? — Sirius lançou um olhar malicioso para ela.

A porta da coordenação abriu-se, mas não deram importância até que a secretária aproximou-se deles.

— Está te esperando, senhorita McKinnon.

Ela levantou-se, virando-se para ele.

— Você não precisa disso para me ver sem blusa.

E então acompanhou a mulher para dentro da sala.