Ser humano, afinal. escrita por Apaixonada sama


Capítulo 1
Poderia ser eu, humano?




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Sabe, existe uma diferença bem enorme quando você finge que não sente algo e, que não sente nada. Pode até parecer uma besteira, mas é a mais pura realidade. Muitos não sabem a diferença entre ambos e, quando sabem, apenas confundem-se... E, cegam a si mesmos dizendo que é tudo isso.

Oh, seres humanos. O quão fútil eres?

Sinto ojeriza em me tornar um de vocês.

Todos egoístas... Focados em um só objetivo.

Sinto-me acabado, desmoronando e caindo em pedaços. Como se, em qualquer momento eu pudesse ser tolamente derrotado por um simples cerrar de cílios. Apesar de sentir isso, eu não tenho medo. Sou imune a isso, o que chega a ser superficial, de tão ridículo que é.

Em dias sim, estou vivo. De aparência renovada e humor impecável, respostas sempre em mãos e ações prontas para serem feitas e decisões dispostas a serem feitas, sem nenhum tipo de dificuldade.

Em dias não, estou inerte. Tampouco renovado e, minhas palavras são destiladas de forma amarga e ácidas. Apenas movo-me quando sinto vontade e, desejo de vingar-me. Apenas existo graças a isso.

O desejo de vingança...

Só isso me mantém vivo.

Todos esses tolos... Eles têm pena de mim. Inferiorizam-me por isso... Isso... Entretanto, ainda continuam me seguindo, independente de minhas ações e sem questionamentos. Apenas fazem o que são obrigados a fazer. Aqueles ali sentem medo de morrer. Que um dia, nunca mais possam ver sua família novamente. E, eu meramente desfruto ao vê-los amedrontados.

Todos eles, mal sabem o que lhes aguardam.

Poderia ser eu, um cara mal?

Caminho no centro, temeroso de me tornar um humano.

Deixe-me te contar uma história, se é que me permites:

Há muito tempo, existia uma pequena criança. Um jovem bondoso e de pura inocência, o qual amargamente conheceu a realidade tão cruel, de forma bruta. Descobri que, todos aqueles que eu fazia questão de mencionar como amigos deixaram-me para trás... Para morrer, nas mãos do mais indômito êmulo.

Quando recebi minha piedade – o que eu nunca conheci – fiz questão de considerar o “oponente” como um mentor. Era uma pessoa plausível e incrível, de motivos bons. No entanto, ainda reservada.

Naquele lugar, nunca me explicaram quais eram o motivo de ser oposto às pessoas que um dia eu chamei de amigos. Deixaram a interpretação livre. Senti-me satisfeito, pois eu poderia odiar todos eles sem dar-lhes uma resposta agradável, ou ter que fingir um motivo verossímil.

No entanto...

Eu sentia a culpa correr pelos meus dedos.

Limpo meus dedos.

Mas nada me acontece.

Quando você começa a se acostumar com um posto nesse lugar, passas a ter um novo cargo. Fui encarregado, por fim de ser o líder de todos esses tolos, com motivos implausíveis. Porém, mesmo seus motivos sendo terríveis, eles tinham coerência. Não seguiam o motivo estúpido, denominado “vingança”. A qual eu loucamente perseguia, me desvairando e ofuscando a verdade.

Passei a fingir.

Fingir que finalmente havia me tornado um deles.

Todos confiavam em mim, o que me fazia sentir superior.

Confiar é a mesma coisa que depender de alguém.

E, isso era só coisa que fracos faziam.

Coisa que só os humanos fazem.

A noite estava nublada, assim como meus pensamentos, da mesma forma que meus olhos. As órbitas que um dia habitaram esperança e união, agora apenas existem espaços para a condenação e morte aos meus inimigos. Eu me sentia vazio e despreocupado.

Sentia-me apenas focado em um único objetivo. Como se, a minha vida apenas dependesse daquela coisa. Diferente de todos eles, eu não precisava de alguma companhia. Eu queria ficar sozinho em meu canto, delirando. Devaneando se existisse algo que eu poderia fazer, para me deixar mais poderoso. Indestrutível, o mais formidável de toda existência.

E, quando consegui obter tudo isso, passei a me divertir. Torturava as pessoas que a mim faziam raiva e, mexiam comigo. Era de certa forma, sádico e chegava ao ponto de merecer condolência.

Ah, eu era o vilão mais temido de todo universo.

As galáxias, mares, céus e todo vácuo temiam a mim.

No entanto, eu queria algo a mais.

Eu queria...

Algo.

Eis que surgiu ele.

Um rapaz moreno beirando a ruivo e com olhos frios e escuros, com sua atenção voltada para um pequeno tablete iluminado e exposto com inúmeras informações. Usava uma roupa perceptivelmente longa para o seu corpo, o que ainda havia ficado aprazível. Nunca fora de falar muito, só transmitia pequenas informações importantes e úteis. Mesmo que, eu não houvesse pedido. Ainda sim, me incitava um pouco de curiosidade. O que havia nele?

— Sou Hayden Lancelot. — Cumprimentaste-me de forma fria e impassível, me encarando de forma rápida e retornando ao grande tablete. Teclava e clicava em alguma coisa, anexando documentos; Como se usasse isso como uma desculpa para ignorar-me.

— Hm. — Mesuro de forma seca e vazia, sem muitas palavras. Pois, é a única coisa que eu achei acessível responder de volta, pois eu sabia que ele não estava interessado nenhum pouco em saber o que se passava comigo. E, eu não estou nenhum pouco motivado em saber o que aconteceu com ele.

Não sei se era ele o quê eu queria, mas parecia agradável.

Porém, eu não me importava com ele.

Inclusive, eu não ligava para mais nada e ninguém.

Porém, quando aconteceu... Aquilo...

Por que eu me senti tão vulnerável e fraco?

Quando nosso Império fora atacado, lutamos de forma brava e valente. Muitos morreram e, outros foram capturados. Saímos vitoriosos, afinal. Por fim, eu tinha finalizado a minha vingança. Mas... Por que de todos, logo você?

Logo você, o rapaz moreno-ruivo, dos olhos frios. Nomeado de Hayden. Encontrava-se sendo um dos mais resistentes. Pelejava de forma bruta e treinada, como se fosse feito para aquilo. De jeito majestoso e pasmoso, empunhava de forma certa aquele sabre leve.

No entanto, um ataque desprevenido.

O fim você recebeu.

Senti-me atordoado.

Quando minhas mãos tocaram seu cabelo ruivo, caído ao chão.

Quando meus pés mergulharam em seu sangue rubro.

Quando eu mirei seu rosto desfalecido e vazio...

Pude mirar suas vestes rasgadas e despedaçadas.

Descobri que eu levei você a ruína.

Carrego agora, seu corpo estático e frio, para onde eu pudesse considerar um enterro justo. Onde um guerreiro de verdade é carregado por aquele que nasceu para governar. E, maneio a cabeça negando esse pensamento. Quando terminei de enterrá-lo, apenas olho para seu rosto descansando em paz.

O rosto de alguém que na verdade era calmo e tranquilo. Como se, na verdade fosse sobre-humano.

E, após essa descoberta, algo aconteceu.

Eu me lamentei durante épocas...

Pois eu havia me tornado um deles.

Um humano, que foca em apenas um único objetivo.

Eu sou um...

Ser-humano.

Independente de minhas ações, afinal.


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