11. Encantada

Era muito bom poder ver Finnick novamente, eu acordei até sorrindo ao me lembrar de que meu melhor amigo iria me visitar, vesti um short branco e uma blusa azul, deixei os meus cabelos soltos e passei uma discreta maquiagem, eu estava mais animada no café da manhã e notei que Peeta ficava me olhando com um olhar um tanto desconfiado, eu senti um pouco incomodada com seu olhar, mas tentei evitar encará-lo.

Nunca cheguei há ficar muito tempo sem ver Finnick, eu estava acostumada a conversar com ele, encontra-lo no minimo semanalmente, ele era como um irmão mais velho e sei que ele me via da mesma forma também, um sorriso surgiu em meus lábios ao me lembrar das vezes em que eu saia escondida de casa para ver Finnick, sinto falta dos nossos passeios, na maioria das vezes as conversas eram tensas, resumia-se em ele me reprimir por eu continuar vivendo com Cato, mas eu sentia falta até mesmo de suas broncas.

Finnick chegou logo pela manhã, um sorriso iluminou em meu rosto assim que o vi estacionar o carro próximo a casa grande, desci as escadas correndo, corri e o abracei assim, ele correspondeu o meu abraço e assim que me olhou, sorriu levemente.

— Eu sei que você me ama, mas controle-se, tem pessoas assistindo... – ele disse num tom brincalhão, eu olhei para trás, para avistar a família de Peeta olhando para nós, com um olhar desconfiado, Peeta estava próximo a Annie e me olhava com um olhar estranho, como se não estivesse gostando muito da presença de Finnick.

Ele cruzou os braços e se aproximou de nós, parecia querer disfarçar, pois logo sorriu levemente:

— Iai quanto tempo Finnick, se lembra de mim? – Peeta falou e Finnick sorriu para ele.

— Claro cara, Peeta Mellark, como eu iria esquecer? – eles trocaram sorrisos e aperto de mão. – Eu confesso que fiquei meio surpreso quando Katniss me contou que estava na sua casa, mas fico feliz que você tenha a ajudado! – Finnick disse.

— Ela sabe que sempre poderá contar comigo, vem vou te apresentar a minha família! – disse Peeta e então ele apresentou Finnick primeiro para sua vó, depois para sua mãe, mostrou os seus dois filhos, Rick e depois Annie. Notei que Finnick e Annie trocaram sorrisos meio interessados um para o outro, logo eu sorri, eu sabia que Annie fazia o tipo de Finnick, e pela expressão no rosto dela, ele também parecia fazer o tipo dela. – Bom, se quiser posso te mostrar a fazenda! – disse Peeta do seu jeito extremamente simpático, parece que aquele desconforto que Peeta demonstrara ter ao ver Finnick já havia passado, agora ele já estava o tratando como se fosse dois amigos de infância, Finnick concordou em conhecer a fazenda então logo os dois saíram, antes Finnick disse: “Eu volto logo” para mim, eu concordei e fiquei observando os dois se afastarem, conversando como se fosse grandes amigos.

Discordei com a cabeça completamente indignada.

— É teu namorado? – escutei Annie perguntar, rapidamente a olhei.

— Não! Finnick é um velho amigo meu, na verdade somos como irmãos... – eu disse a ela.

— Que bom! – Annie falou sorrindo, e eu encarei-a com as sobrancelhas franzidas. – É, quer dizer, é que Peeta pareceu ter ficado com ciúmes, tanto que já quis até puxar ele para ficar longe de você!

— Não, claro que não! – eu disse, meio sem graça com o comentário dela. – Ele, só, bem, ele sempre foi muito simpático com todo mundo, só está fazendo o mesmo com Finnick!

— Acredita mesmo nisso? – Annie perguntou e deu risada. – Eu posso te garantir que eu conheço mais o Peeta do que você! – ela falou, e em seguida afastou-se, observei ela voltar até a vó de Peeta e começou a falar com ela, e então depois desviei o olhar, comecei a olhar para o céu, parei o olhar no sol que estava começando a nascer e fiquei um tempo ali, pensando no que Annie havia insinuado. Que Peeta estava com ciumes de mim.

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Fiquei um tempo na sala observando a simpática família de Peeta, Lourdes estava com Alex no colo e contava a história dos três porquinhos para ele, enquanto ele ouvia com bastante atenção, Annie estava conversando com Rose, eu não conseguia ouvir o que elas falavam, mas parecia um assunto interessante, pois toda hora elas sorriam uma para a outra ou dava risada, Rick estava lendo jornal, Logan estava distraído brincando com seu carrinho de controle remoto e Molly estava na cozinha fazendo café, eu estava sentada na poltrona da sala, observando tudo em silencio, teve um momento que Logan se aproximou de mim, com um sorriso no rosto.

— Olha só, como meu carrinho corre tia! – ele falou para mim, fiquei meio surpresa por ele me chamar de tia, e então o carrinho que estava sendo controlado por ele venho na nossa direção e bateu bem no meu pé.

— Uau! Ele é muito bonito! – eu disse, o pegando na mão, ele era todo vermelho.

— Eu pedi para meu pai um caminhão, ele é bem grande e corre bem mais do que esse, ele prometeu que assim que for a cidade vai comprar para mim, sabe tia eu vou morar aqui e o Alex também! – o sorriso dele ficou mais aberto, ele falava bastante rápido. – E nós vamos a praia, vamos também andar de cavalo, o papai falou também que vai levar nós quatro para andar de barco, vamos pescar, você gosta de pescar?

— Eu... Bem, eu nunca pesquei! – eu disse, sorrindo para ele, ainda estava meio confusa quando ele falou “quatro”, incluindo eu também nessa nova vida dos dois.

— Eu vou pegar um peixão ai eu dou para você se você não conseguir pegar nenhum... – ele disse, e eu não pude evitar sorrir para ele, ele era uma gracinha, dei um beijo no rosto dele e acariciei o seu cabelo. Ele era tão bonitinho, tão frágil, eu não pude evitar pensar em como Glimmer é cruel por bater em crianças tão indefesas.

— Que gracinha, eu garanto que você vai pegar mesmo um monte de peixe! – eu disse para ele colocando novamente o carrinho no chão, olhei em volta da sala e percebi que a maioria dos parentes de Peeta estava olhando para mim, com olhares curiosos, talvez se perguntando o que Logan e eu estávamos conversando, todas sorriam, com a exceção de Rick que estava distraído com o seu jornal e sequer nos olhava.

Eu engoli um seco e levantei-me da poltrona, pedi licença e subi a escada rapidamente, fui para o quarto parecendo que queria fugir de algo, e eu queria mesmo, eu queria fugir daqueles olhares delas.

Era estranho perceber que todos achavam que Peeta e eu tínhamos alguma coisa, era errado, pois nós não tínhamos e devo confessar que isso me incomoda um pouco, fico sentindo-me como uma aproveitadora, como se eu estivesse me aproveitando desse momento frágil que ele está passando e não era assim, a ultima coisa que eu queria era me aproveitar da bondade de Peeta.

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Eu fiquei ainda alguns minutos dentro do meu quarto, até então Finnick dar o “ar de sua graça”, finalmente parece ter abandonado um pouco o seu novo amigo, para dar atenção a mim.

— O que foi? Cansou de bater papo com seu novo melhor amigo?  - perguntei, assim que ele entrou no meu quarto, eu estava próxima da janela, então logo me virei e o olhei com os braços cruzados.

— Sério que você está com ciúmes? – Finnick perguntou, aproximando-se de mim. – Agora a minha duvida é, você está com ciúmes de mim ou do Peeta? Ah deve ser dos dois, não é?

— HAHA! – eu fiz sem nenhum humor. – Eu não estou com ciúmes de ninguém, só que eu pensei que você veio me visitar e não visitar o Peeta!

— Ele é um cara legal, eu só fiquei algum tempo conversando com ele, alias ele me parece que gosta muito de você... – Finnick disse, e sorriu maliciosamente para mim, ah não, ele também? Assim eu não vou suportar.

Discordei com a cabeça extremamente inconformada.

— Qual é Finnick? Eu não acredito que você está falando isso para mim! – eu disse, desviando o olhar para janela, fiquei observando o céu azul, ele estava limpo, sem sinal de nuvens. Finnick se aproximou mais e parou ao meu lado.

— Eu estou dizendo o que eu percebi, está na cara que ele gosta de você, na verdade você sabe que ele sempre gostou de você, desde o ensino médio, você que sempre fugiu dele, e eu nunca consegui entender isso Katniss, na verdade eu acho que você sempre teve medo de se apaixonar... – ele disse, olhei-o com as sobrancelhas franzidas. 

— Eu não tenho medo de me apaixonar porque eu não acredito que alguém se apaixona por outra pessoa, é tudo interesse Finnick, você pode se interessar por alguém porque acha essa pessoa bonita, ou porque acha essa pessoa simpática, ou porque sabe que juntos poderiam viver uma vida estável, mas é como um contrato! Você se une com outra pessoa para dividir a mesma casa, o mesmo quarto, a mesma cama e ter filhos, para novamente o ciclo se repetir! – eu disse, olhando ainda fixamente para o céu.

— Você acredita mesmo nisso? Qual é Katniss, não me diga que esse é seu mecanismo de defesa? – ele perguntou para mim, e eu o olhei com as sobrancelhas arqueadas, notei que ele estava me olhando com um leve sorriso no rosto.

— Mecanismo de defesa? – perguntei.

— É o seu meio para não se decepcionar, você pode fingir que acredita em tudo isso, você pode fingir que não acredita no amor, mas, isso não vai impedir que você se apaixone, não acreditar no amor não vai fazer com que ele não exista Katniss... – Finnick disse, e não sei porque, mas meu estomago revirou-se no mesmo minuto. – Eu te conheço e eu consigo ver nos seus olhos que você está encantada pelo Peeta... Talvez você sempre esteve e por isso que fugia dele e continua fugindo, você morre de medo de se entregar...

Eu entreabri os lábios e continuei encarando Finnick, as vezes eu sentia vontade de soca-lo, era terrível vê-lo falando sobre meus sentimentos com tanta certeza, ele parecia querer fazer eu acreditar que ele conhece mais a mim do que eu mesma me conheço.

— Finnick você... – eu comecei, mas me calei ao ouvir o barulho da porta se abrindo, Finnick e eu olhamos rapidamente para trás e deparamos com Peeta, ele parecia levemente envergonhado, olhou para mim e depois para Finnick.

— É me desculpe, eu continuo com essa péssima mania de abrir sem bater! – ele disse, mas tive a impressão de que ele fez isso de proposito. – É, Finnick, Katniss, a Annie e eu vamos andar de cavalo, vocês não querem ir?

— Interessante, nunca andei de cavalo, quero sim! – Finnick disse sorrindo, já eu senti no mesmo segundo meu coração disparar. Peeta sabe muito bem do meu medo de cavalo, o fuzilei com o olhar, mas ele apenas sorriu e deu de ombros. Imbecil.

Logo finnick já foi indo em direção a porta, eu continuei parada no mesmo lugar, ainda não acreditando no convite que peeta fez, finnick ao ver que eu não saia do lugar, virou para trás para me olhar.

— Vem, vamos katniss! - ele me chamou, então eu suspirei e comecei a segui-lo.

Enquanto caminhávamos em direção ao estabulo, eu pude perceber que Finnick e Annie começaram a conversar bastante, logo eles foram andando um pouco mais a frente, enquanto Peeta e eu ficamos um pouco mais para trás.

 - Não fique com raiva de mim, quem teve a ideia foi a Annie, ela queria conversar com o Finnick! – Peeta se justificou, depois que notou que eu estava irritada com essa ideia de dar um passeio de cavalo.

— Ah sei, e você não gostou nenhum pouco da ideia não é? Pois você as vezes parece que adora me torturar... – eu o acusei.

— Eu já disse que eu só estava te ajudando a perder o medo dos cavalos e você está indo muito bem... – ele disse, eu o olhei com as sobrancelhas franzidas.

— Acho que não tanto, pois estou com medo! - eu respondi.

— Relaxa eu te ajudo a subir no cavalo... - ele falou, embora isso não tenha mudado muita coisa.

— é, Peeta, os seus filhos vão morar aqui na fazenda com você? – perguntei a ele, mudando de assunto.

— Sim, pelo menos até Glimmer aparecer... – Peeta respondeu.

— E você não acha que será estranho se eu continuar aqui? Eles podem confundir as coisas, Logan já estava falando que iriamos fazer um monte de coisas juntos, e estava me incluindo, eu fico com medo de eles confundirem e acharem que nós somos, é, bom, um casal! – eu fiquei levemente sem graça em falar isso e então percebi que chegamos ao estabulo, Annie e Finnick já foram entrando e Peeta e eu ficamos parados, na frente do estabulo, virados um em direção ao outro.

— Eu sei Katniss, eles estão realmente animados, porque não puderam ter muito isso com a mãe deles, não tivemos muita oportunidade de sairmos nos quatro, de vivermos como uma família de verdade, eu sei que eu não posso pedir que você finja ser mãe deles, seria demais, eu sei, mas eu queria que pelo menos eles pudessem contar com você como uma amiga, eles são muito carentes, pois não tiveram uma vida fácil e você pode imaginar como é para duas crianças não terem o amor de uma mãe, olha Katniss eu tenho que confessar que eles se apegam fácil as pessoas e confesso que eu tenho medo deles se apegarem a você e depois você querer ir embora e machucar eles com isso, mas por outro lado, eu também não quero que você vá, eu queria que pudéssemos viver alguns dias como se fossemos uma família, fazer coisas que as famílias fazem, eu queria dar isso a eles!

Meu coração disparou e eu ainda estava tentando digerir o que ele queria dizer com aquilo, por acaso ele estava querendo que eu assumisse o papel da Glimmer? Não seria algo muito sério?

Realmente fiquei com medo do que aquilo queria dizer, mas eu não consegui falar nada, apenas imaginei-me fazendo coisas que mães fazem com os filhos, ler histórias, coloca-los para dormir, sair juntos, até imaginei nós quatro em um barco, conversando, dando risada, como realmente as famílias fazem, e a ideia por mais estranha que pareça não parecia ser ruim.  Mas ao mesmo tempo é assustadora.

— Vamos? – ele perguntou, fazendo-me acordar dos meus pensamentos, eu apenas concordei com a cabeça, e nós dois então entramos no estabulo, e enquanto aproximávamos de Finnick e Annie que continuavam conversando, minha cabeça girava e as palavras de Peeta se repetiram em minha mente, repetiu, repetiu e repetiu, para minha sorte ele não cobrou a minha resposta, porém eu sei que em algum momento ele poderá cobrar.

Continua...