Two Worlds - Dois Mundos escrita por HuannaSmith


Capítulo 21
Uma Acusação


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é dedicado a: "Filhote A".
Muito obrigada pela recomendação linda que você deixou pra história, eu adorei! Por isso esse capítulo vai pra você, beijos.



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** Pensamentos da Mal **

Desci o último degrau da entrada, meu coração batendo rápido e meus olhos nem sequer piscavam. Eu queria toca-la, sentir seu cheiro, mas não sabia se podia. Foi só quando ela deu um passo a frente, que eu sabia que ela queria o mesmo. Abracei Malévola com toda a força que eu tinha naquele momento, ela retribuiu na mesma proporção, passando a mão pelo meu cabelo, como sempre. 

Repousei meu queixo em seu ombro e não pude evitar de sorrir, meu coração estava saltitante, ela finalmente estava livre, livre de verdade e eu não conseguia acreditar ainda. Nós só nos soltamos porque ouvimos um barulho, um roçar de garganta, o qual eu já sabia exatamente de quem era. 

— Seja bem vinda Malévola - Ben disse do topo dos degraus e ele deu o melhor sorriso, disso eu tenho certeza - é um prazer recebe-la em meu castelo, farei de tudo para que sua estadia seja a melhor possível 

E ele falava aquele discurso enquanto descia a pequena escada elegantemente, se aproximando de mim - ficando de frente para Malévola - e finalizando com outro de sorriso da sua sessão especial de "sorrisos do rei Benjamin".

— Ele sempre é assim? - Malévola perguntou, me olhando de canto de olho 

Eu acabei rindo e fazendo positivo com a cabeça, confirmando sua pergunta. Ben ficou meio perdido, mas decidiu rir também para não ficar de fora. 

— É um prazer conhece-la... formalmente - Ben disse ajeitando seu paletó - durante todo esse tempo, a ideia de me casar com sua filha sem pedir sua benção era uma coisa que não se encaixava na minha cabeça. Eu entendia as circunstâncias, é claro, mas eu fui criado á moda antiga e...

— Você tá querendo me pedir a mão dela? Há menos de um mês pro casamento? - ela o interrompeu 

— Bom, melhor tarde do que nunca, não é? - meu noivo disse, tentando descontrair a tensão que estava reinando 

— Essa história de casamento não deu muito certo comigo, mas eu fico feliz que a Mal tenha encontrado alguém que a faça feliz - Malévola disse me olhando - eu consigo ver nos olhos dela, que ela está muito feliz - sorri com aquilo 

— Então isso é um sim? - Ben perguntou ansioso 

— Quem vai dizer sim é ela 

Nós rimos os três e depois Ben a convidou para entrar, um dos mordomos levou sua mala para o quarto e quando já estávamos dentro do castelo, no centro da enorme sala de recepção, o ex-rei Adam e a rainha Bella apareceram, ambos muito bem vestidos e elegantes de braços dados. 

Eu sei que o problema da minha mãe é com o Stefan e a Leah e, graças a Deus, esses dois estão bem longe, mas também não sabia qual seria a reação dela com os pais do Ben. 

— Estamos muito felizes em recebe-la, Malévola - Bella disse sorrindo 

— Eu e minha esposa preparamos um almoço para todos nós - Adam continuou 

— Nós também reservamos um de nossos quartos, para que você fique confortável pelo o período que desejar 

— Não irei ficar muito tempo - minha mãe disse e eu a olhei preocupada 

— Nós entendemos completamente, nada como nossa própria casa não é mesmo? - Adam disse com um sorriso 

— Você vai voltar pra Ilha, mãe? - perguntei 

— Depois conversamos sobre isso - ela disse, praticamente me ignorando - acho melhor eu ir para o quarto 

Malévola foi levada por um mordomo para o quarto, o ex-rei Adam e a rainha Bella também se retiraram, restando apenas eu e o Ben. Ele percebeu que estava pensativa e veio até mim, beijando minha testa. 

— Ei, não foi tão ruim - ele disse tentando me animar - ela até abençoou nosso casamento 

— Se a conhecesse como eu, saberia que ela não abençoa nada 

— Eu sei que fica preocupada, mas se ela quiser pra Ilha Mal... é uma decisão dela - Ben disse - e sinceramente, se ela escolher isso, não a condenarei, deve ser muito difícil viver em um lugar em que metade das pessoas te odeia e a outra metade tem medo de você

— Mas ela não pode voltar pra lá Ben, desde que começamos a relocar as pessoas, aquele lugar ficou pior do que era - expliquei - você mesmo disse que as pessoas que sobraram não querem vir pra cá. Só os piores dos piores, tudo na Ilha já deve ter sido tomado pela Uma 

— Ainda assim, continua sendo uma decisão dela 

— Mas vou fazer com que mude - disse com firmeza 

Ben apenas beijou o topo da minha cabeça e me acompanhou até a sala de refeições reais, onde uma mesa enorme, com diversos tipos de comidas, em pratos banhados a ouro e diamante, estava lindamente arrumada. 

** Pensamentos da Princesa Isabel **

— Espera, o pessoal do time fez isso com você? 

Agui não me respondeu, ele apenas direcionou o olhar para a enfermeira, que estava fazendo alguns anotações no computador, mas gora tinha parado para prestar atenção na nossa conversa. Depois ele apenas ficou olhando para frente, por algum motivo, ele não queria falar na frente dela. 

Agui pediu para ir embora, mas a enfermeira insistiu que ele passasse por lá mais tarde para fazer um raio-x. Quando já estávamos longe o suficiente, paramos de andar e eu pedi para que ele me explicasse tudo com calma. 

— Eu cheguei no horário pra fazer o teste, eles começaram a discutir quem deveria organizar o jogo, já que por algum motivo o capitão não apareceu. Eu fiquei parado olhando, não tinha porque me meter na briga, mas eles acabaram voltando-se para mim e um deles disse que não importava como o jogo seria organizado, um "esquisito" como eu jamais entraria para o time da seleção - Agui fez uma pausa - os outros começaram a concordar e vieram para cima de mim, disseram que eu não era nada sem minha magia e...

— O que aconteceu? O que você fez? - perguntei apreensiva 

— Eu não usei meus poderes, tentei lutar só com a força física, mas eles eram muitos e logo uma roda se fechou e eu não conseguia ver nada além de punhos na minha direção

— Meu Deus... - eu soltei enquanto tentava digerir tudo aquilo - precisamos falar com a diretora, ela vai puni-los 

— Com o que, Isabel? Um sermão? - Agui indagou - Eles são todos filhos das famílias mais ricas do país, são praticamente inatingíveis 

— Mas tem que ter uma solução, o que eles fizeram foi muito grave e...

— A solução é ficarmos calados - ele me interrompeu - essa galera é da pesada Isabel, denuncia-los só vai fazer com que fiquem com ainda mais ódio de mim, não podemos arriscar que armem algum tipo de vingança, precisamos proteger a OPAM 

— Espera - comecei a raciocinar, juntar as peças do quebra-cabeça - o que você falou pra enfermeira? O que disse pra ela? 

— Eu disse que tava jogando, tropecei na rede e bati de cara na trave. Se ela soubesse, com certeza comunicaria a Fada Madrinha e isso, definitivamente, não é algo que eu queira agora. Seria um risco muito grande 

Respirei fundo e comecei a conversar comigo mesma, através dos meus pensamentos. Agui é tão empenhado eu proteger a OPAM, que mesmo quase perdendo um olho, prefere deixar os culpados por isso impunes do que arriscar que a organização fico um pouco mais visível. 

E eu? O que foi que eu fiz? No segundo dia de participação já consegui revelar o segredo que a anos permanecia escondido, para um não adepto de magia. Eu sempre faço tudo errado, Agui não sabe a besteira que fez me metendo nisso, eu vou acabar estragando tudo. 

— Isabel? - ele me chamou, me tirando dos pensamentos - Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? 

— Tá preocupado comigo? Olha o seu estado Agui

— O olho não tá mais doendo e o sangue até já secou, mas eu conheço você, aconteceu alguma coisa, não foi?

Droga, ele me conhece mesmo. Aquele olhar questionador na minha direção era muita pressão, acabei não conseguindo me segurar e contanto tudo, mas era melhor que ele soubesse logo por mim do que por qualquer outra pessoa, como Bernice. 

— Eu sei porque o capitão do time não apareceu - disse 

— O que? Sério? 

— O Noah não apareceu porque... - respirei fundo - porque ele tava comigo 

Por meio segundo, percebi que Agui havia ficado surpreso, talvez até um pouco tenso, mas depois ele voltou a expressão de antes, me fazendo mais uma pergunta. 

— Ok, vocês estavam juntos. Mas e a Bernice? Não foi fazer sua inscrição

— É exatamente isso - suspirei - eu tava indo pra lá e juro por Deus que me certifiquei de não estar sendo seguida, mas quando fiz o esconderijo surgir, Noah, de alguma forma, viu tudo 

— O que? 

— Eu implorei para que ele não dissesse nada, mas ele falou que a única forma de eu conseguir o silêncio dele, era o levando lá dentro

—  E você levou? Pelo amor de Deus Isabel, me diz que não fez isso 

— E o que queria que eu fizesse, Agui? Ele já tinha visto eu usar magia e já tinha visto o esconderijo por fora...  - fiz uma pausa - Eu tentei esconder ele, mas a Bernice o viu e as coisas saíram um pouco do controle 

— Como assim? O que aconteceu? 

— Ela o ameaçou, disse que se por acaso ele contasse para alguém sobre o que viu, ela o encontraria e o mataria - expliquei 

— Isso é bem a cara dela - Agui disse - mas mesmo assim teremos que ficar de olho nele, Noah não é uma pessoa de confiança 

— Mas ele não é o filho da Branca de Neve? Não deveria ser um exemplo de bondade? - indaguei 

— Digamos que com ele, a maçã caiu bem longe da árvore

Franzi a testa com aquela classificação, aquilo não batia com o Noah que eu conheci, não que eu o conheça há anos, mas o pouco que conversei, já me pareceu ser tão bom. É claro que o que ele fez mais cedo não foi nada legal, mas acho que foi a curiosidade falando mais alto, não posso culpa-lo, ás vezes eu também sou curiosa. 

— É sério Isabel - Agui disse - confia em mim, ele não é tão bom quanto parece 

Apenas fiz positivo com a cabeça, concordando. Mas a verdade é que eu não estava, não acredito que Noah sejam uma pessoa ruim, ele foi super legal comigo no corredor quando derrubei meus livros, todos os outros ficaram rindo de mim e ele foi o único que veio e me ajudou. Acho que o Agui só tá com raiva porque os outros garotos do time bateram nele. Acredito que se Noah estivesse lá, nada disso teria acontecido. 

** Pensamentos do Capitão **

Quando finalmente estava do lado de fora do barracão, respirei o ar frio e puro da costa, ter que fingir gostar de alguém não é algo fácil, mas quando se faz por outra pessoa, ajuda a ser um pouco mais suportável. 

Faz mais ou menos um mês desde que cheguei em Auradon, tive que pintar o cabelo para conseguir tomar o lugar do Drake, que neste momento deve estar treinando junto com o *Gil e os outros para a batalha, a qual, mesmo com a mudança nos planos, espero que aconteça. 

*Filho do Gaston

A verdade é que desde que cheguei não fui mais do que uma vez naquela escola, dei meu jeito de fugir e desde então tenho me escondido perto da costa. E mesmo depois de tirar aquela cor horrível do cabelo, ainda é difícil me sentir eu mesmo desse lado da barreira. Aqui as coisas são diferentes de mais. 

Por isso, toda vez que saio daquele galpão abandonado é um alívio, mesmo não podendo fica muito tempo do lado de fora. Poder tocar na água e ver as ondas, faz com que me lembre do real motivo de eu estar fazendo tudo isso, da pessoa que eu mais amo. 

Quando a grama rala deu lugar a uma areia fina e branca, me abaixei e observei a água limpa. Ela vinha, banhava a ponta dos meus sapatos e depois voltava, nesse movimento de vai e vem. Respirei fundo, deixando o ar preencher meu pulmões, fechei os olhos e encostei a ponta dos dedos no mar. A água gelada os envolveu quase que imediatamente, depois começou a subir, cobrindo toda a minha mão, eu já podia ouvi-la. 

Parece que a arte de enganar passou de mãe para filha e esse povo é idiota o suficiente para acreditar, não vão mais mata-la— pensei

O nosso exército nunca esteve tão forte — a voz da Uma invadiu meus pensamentos, como se através da água ela conseguisse entrar dentro da minha cabeça - não iremos parar por isso, eles vão pagar pelo o que fizeram 

— Eu concordo - respondi, movimentando os dedos levemente na água - você tem falado com o Gil? 

Sim, nosso povo está sedento de vingança. O jornal real informou que não irão mais levar pessoas para Auradon, que a meta já havia sido atingida, isso fez com que ainda mais gente ficasse do nosso lado - ela respondeu 

E quando será? Não aguento mais ficar nesse lugar 

Em três dias, é o tempo que os recém chegados estarão aptos para a luta 

Nos vemos em três dias então— respondi por fim

Tirei a mão da água, secando-a na calça e me levantando em seguida. Dei uma última olhada naquele mar magnifico, pensando em como seria quando eu estivesse ali com a pessoa que mais importa para mim, sem ninguém para nos impedir de sermos felizes. Depois respirei fundo, dei meia volta e fui em direção ao galpão, tendo a consciência de que aquele pesadelo estava perto de acabar. 

** Pensamentos da Mal **

Malévola não apareceu para comer, eu mas desculpei com a Bella e o Adam, mas eles disseram que entendiam, que deveria ser difícil e que com certeza ela precisava de um tempo. Já que, rezava para que aquilo fosse verdade, e não que ela tivesse fugido e voltado para a ilha. 

Por volta de seis horas da noite, pedi para que uma das milhares de funcionárias, prepara-se um lanche em uma bandeja. Fui e voltei diversas vezes, até criar coragem para bater na porta do quarto que Lumière me disse que ela estava. 

— É a Mal - eu avisei depois de bater - trouxe um lanche 

Malévola não respondeu, então bati na porta novamente, mas outra vez não obtive resposta, o que fez meu coração bater um pouco mais rápido e minha cabeça começar em um milhão de possibilidades, todas elas ruins. 

Então resolvi entrar, equilibrei a bandeja em uma mão e abri a porta. O quarto era tão bonito quanto qualquer outro do castelo, tudo perfeitamente arrumado e limpo, literalmente cheirando a rosas, o que quase sempre me dá vontade de vomitar. 

Ela não estava em nenhum canto do quarto, mas antes que eu me desesperasse, a luz do banheiro acessa e a porta entreaberta, deixando um som de água caindo escapar, fez com que eu me tranquilizasse e deixasse a bandeja sobre uma mesa, me sentando em uma das poltrona logo em seguida. 

Cruzei e descruzei as pernas umas cinco vezes, coloquei e tirei a franja de trás do cabelo outras três, eu já nem tinha mais unha para roer. O barulho de água caindo parou e poucos minutos depois Malévola saiu do banheiro enrolada e um roupão, secando os fios escuros com uma toalha de rosto. 

Ela me viu, mas não ficou surpresa, de alguma forma, já parecia saber que eu estava ali.

— Naquela visão, seu cabelo era loiro - eu disse 

— Quando você nasceu o seu também era - ela respondeu com o que preferi acreditar ser um sorriso 

— Eu gosto do roxo - disse passando a mão no meu cabelo, que já estava passando um pouco do meu ombro 

— Ressalta os seus olhos - ela disse e eu respondi com um sorriso - a magia mexe com cada pessoa de um modo diferente, principalmente a magia negra. Pelo menos o moreno me caiu bem 

— Eu trouxe um lache - apontei a bandeja em cima da mesa - eu acabei demorando um pouco no corredor, então tá mais pra janta agora 

Malévola foi até a bandeja, pegou uma torrada e mordeu, sentando-se na cama em seguida. Sua pequena mala ainda estava no chão do quarto, tão fechada quando chegara ali. 

— Você não vai ficar, né? - perguntei desanimada, já sabendo a resposta 

Malévola respirou fundo, formou um sorriso sem dentes com os lábios e bateu de leve na cama, indicando para que eu fosse sentar ao seu lado. Levantei e fui até ela, me sentando ao seu lado. Minha mãe colocou sua mão sobre minha perna, com a palma para cima, eu a segurei e nós entrelaçamos nossos dedos. 

— Eu quero me redimir - ela disse e eu a olhei com atenção - não com essas pessoas, mas com você. Não pense que eu não estava escutando naquele tribunal, porque eu estava, não falar foi escolha minha, mas ouvi com atenção cada uma de suas palavras 

Ela respirou fundo, entrelaçando mais ainda seus dedos aos meus. 

— Me desculpe por tentar manipula-la a ser uma cópia minha, eu nunca quis isso... na verdade, eu queria que fosse melhor do que eu, queria que nunca passasse pelas coisas que eu passei - Malévola falava com firmeza na voz - mas acabei ficando tão cega de ódio daqueles que te prenderam naquela Ilha, que acabei não vendo o mais óbvio - ela puxou minha mão para perto dela - o quão linda e maravilhosa a Mal era 

Ela nunca tinha nada nem sequer parecido com aquilo, eu meio que descobri comigo mesma quando fui crescendo, mas nada é comparado a ouvir de verdade. Nós conversávamos muitos, afinal, éramos só nós duas, mas ela nunca tinha sido tão aberta comigo antes. Senti uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto, Malévola a enxugou antes que a mesma caísse. 

— Você sempre faz isso, enxuga minhas lágrimas antes que se acumulem - comentei - você vai pra  Ilha? - perguntei 

— Não, aquele lugar já deve ser território da Úrsula nessa altura, voltar só geraria mais guerra 

— Mas também não vai ficar aqui... 

Malévola fez negativo com a cabeça. 

— Meu coração está tranquilo em ver que você está bem e está feliz, mas isso... - ela disse referindo-se ao castelo, ao Ben e a ser rainha - é pra você, não pra mim 

— Mas se não vai voltar pra Ilha, pra onde você vai? - indaguei 

— Diaval vai vir me buscar mais tarde, eu vou ficar com ele - ela respondeu

— Espera, vocês dois... 

— Eu não sei direito - ela disse com um sorriso 

— Mãe! Vocês se encontraram na penitenciária quando eu não tava?

— Não - ela mentiu - quer dizer, algumas vezes... 

— Mãe! - exclamei - Não acredito... mas isso é bom 

— Como?

— Quer dizer, ele é uma pessoa legal e que me ajudou muito 

Malévola olhou para as próprias mãos e sorriu, um sorriso puro e sincero. Passei minha mão na sua, entrelaçando nossos dedos novamente. 

— Eu fico muito feliz em saber disso mãe, de verdade 

Malévola riu e levantou-se, pegando dois morangos na bandeja e me oferecendo o outro. Como sempre, devorei o morango inteiro praticamente em uma mordida, mas quando ia me levantar para pegar outro, senti que alguma coisa estava errada. 

O morango fez meu estômago embrulhar, alguma coisa começou a subir e quando chegou perto da garganta, fez com que eu levanta-se correndo e fosse até o banheiro. Me ajoelhei no chão e levantei a tampa do vaso, vomitando vestígios do lanche da tarde e até do almoço. 

Malévola veio correndo logo atrás, ela ajoelhou-se ao meu lado e segurou meu cabelo, para que eu não melasse tudo. Depois que coloquei tudo pra fora, me sentei no chão mesmo, para recuperar as forças. 

Malévola olhou para dentro do vaso, fechando a tampa e dando descarga em seguida. 

— Tá tudo bem? - ela perguntou com um olhar apreensivo 

Fiz positivo com a cabeça, fato eu já estava me sentindo melhor. 

— Deve ter sido alguma coisa que comi no almoço 

— Vou pegar um pouco de água pra você 

Malévola saiu do banheiro e foi para o quarto. Eu respirei fundo, respondo as forças, me levantei e fui lavar meu rosto na pia. 

** Pensamentos da Uma ** 

Entrei na caverna a passos lentos, Úrsula estava no fundo da mesma, banhando-se em um pequeno lago formado de água morna que caia diretamente das rochas que compunham todo aquele local. Me aproximei devagar, sentando em uma pedra. 

— O Harry me informou que eles decidiram não matar Malévola

— O que?! - o grito dela ecoou por toda a caverna, fazendo os pelos do meu braço se arrepiarem - Como podem protege-la?! O quão idiotas eles são?!

— Pelo visto, bastante - respondi com a firmeza que claramente eu não tinha naquele momento - mas não se preocupe, a guerra não vai parar por conta disso, estamos preparados e vamos seguir com o plano 

— E o quão preparados vocês estão? O suficiente para derrotar Malévola?! 

— Sim! Tanto ela, quanto aquela filinha idiota dela - respondi 

— Eu espero mesmo Uma, até porque não seria a primeira vez que você me decepciona 

Engoli em seco, mas me mantive centrada, olhando pra ela e sem demonstrar nenhuma reação. 

— Mas te garanto que se me decepcionar mais uma vez, será a última - ela completou 

** Pensamentos do Ben ** 

Ajeitei o travesseiro para que ficasse confortável e depois a cobri com o cobertor, passando o dorso da minha mão em sua testa, verificando se não estava quente, o que seria um indicativo de febre, mas graças a Deus não estava. 

— Sério Ben? - Mal disse tirando minha mão de seu rosto - Eu tô legal, tá? 

— Mas você vomitou. Tem certeza que tá bem? Não quer um pouco de chá? Posso pedir para fazerem um pouco de chá de... 

— Não sei porque fui te contar isso - ela me interrompeu, me puxando pelo braço para que eu deitasse ao seu lado 

Eu me deitei, mas ainda estava preocupado, ninguém vomita assim do nada, principalmente a Mal, que raramente fica doente. Ela tem uma saúde de ferro! Não é de ficar mau por qualquer besteira. 

— É sério, não precisa se preocupar - ela disse novamente, passando a mão no meu cabelo e tentando me tranquilizar - deve ter sido alguma coisa que comi no almoço 

— Deve ter sido mesmo, nunca vi você comer tanto - brinquei 

— O que posso dizer? A comida dos cozinheiros reais é divina 

Nós rimos e ficamos conversando por mais uma duas horas, a Mal tava um pouco preocupada com a mãe, mas eu disse a ela que Malévola era uma pessoa adulta e que sabe o que faz, se aquele era o desejo dela, nada mais podíamos fazer se não aceita-lo. Depois ela foi ficando cansado e resolvemos ir dormir. 

Mas eu não durmi logo de cara como a Mal, passei mais algum bom tempo acordado contemplando o teto, desde que Malévola voltou a forma humana, os problemas parecem ter triplicado, toda hora é a Jane ou a Fada Madrinha me cobrando alguma coisa, sobre algum lugar  ou alguém. 

Eu sabia que não seria fácil, meu próprio pai me preparou pra isso, o que eu não achava é que seria tão difícil assim, administrar tudo e ainda ter que fazer parecer que eu estou seguro e tranquilo com todas as minhas decisões, quando, na verdade, estou completamente perdido. 

A vida é feita de escolhas, mas no meu caso não é só a minha que depende delas e sim, a de milhares de pessoas. Como saber se o que escolho é o certo para todos? Como saber se o que estou decretando hoje, não irá falir amanha? Ás vezes o peso é tão grande, que simplesmente quero fechar os olhos e seguir o coração, mas logo tenho que acordar e lembrar a mim mesmo que a justiça é feita com a razão e não com a emoção. 

Me virei de lado, contemplando o sono de minha futura esposa. Ela é ainda mais bonita quando dorme, parece até um anjo, o meu anjo. Fechei os olhos e me pus a dormir ao seu lado, tentando através dos sonhos, apagar todos os problemas. 

** Pensamentos da Autora ** 

A conselheira Scarlett guardava alguns papéis em uma prateleira, ela sempre era a última deixar o escritório. Mas naquela noite, antes que o fizesse, escutou uma batida na porta, ela franziu a testa, estranhando que alguém fosse até ali tão tarde. 

Mas pensou que talvez fosse algum de seus companheiros conselheiros, que esquecera a chave de casa ou coisa parecida, então permitiu que, seja lá quem fosse, entrasse. O que ela não esperava é que a pessoa que estava atrás da porta, não fosse nenhum dos seus amigos e sim alguém com algo muito sério para reportar. 

— Você tem certeza do que está me dizendo? Sabe as consequências para uma mentira como essa? - ela perguntou seriamente, seu coração acelerado no peito, impressionada com que havia escutado 

— Sim - a pessoa respondeu com confiança e igual seriedade - minhas palavras são verdadeiras e você pode averiguar por si mesma, ficará supresa com o que vai ver 

Scarlett não acreditou por completo, mas aquela pessoa conseguiu o que queria, acender uma pequena chama de curiosidade em seu peito. Ela ainda não sabia se dividiria aquilo com todos os outros conselheiros, mas sabia que não falaria para um deles, a conselheira Evelyn, a qual Scarlett não suporta ouvir sequer o nome. 

Compartilhando ou não, de uma coisa ela tinha certeza: iria averiguar a veracidade daquela informação. 


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Notas finais do capítulo

Eai o que acharam? O que será que a Mal tem? Será quem Uma irá decepcionar a mãe mais uma vez? Quem será essa pessoa tão importante para o Capitão? E quem será a pessoa misteriosa e o que ela ou ele denunciou? Não esqueçam de comentar e favoritar a história, beijos!



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