Segunda Chance escrita por Melody Pond


Capítulo 4
03. A verdade nua e crua




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O sol já havia nascido quando ela se levantou para tomar banho, Tessa ainda dormia enrolada em seu lençol da pequena sereia, havia se passado quase cinco dias desde de a morte de sua tia e como ela havia falado para Cisco, teria que ficar na cidade por mais uns dias antes de voltar. Tinha que resolver coisas pendentes de sua tia e resolver o que faria de agora em diante com Tessa.

Obviamente a levaria para Central City, com isso, seu brilhante plano de nunca contar nada para ninguém havia sido arruinado.

—Mamãe? - Tessa chamou, Caitlin virou a omelete antes coloca-la no prato.

—Bom dia macaquinha. - desejou sorrindo, Tess esfregou os olhos se sentando na cadeira do balcão.

—Bom dia.

—Então Tess, sei que isso tudo está sendo meio complicado para nós duas, Karen faz falta, mas temos que seguir em frente.

—Porque eu sinto que vem bomba agora. - Tessa disse com a boca cheia. Caitlin umedeceu os lábios antes de falar.

—Você vai comigo para Central City.

—E aí está. - Tess soltou o garfo sobre o prato. - Por que eu tenho que ir? Por que não posso ficar aqui? Minha vida é aqui.

—Eu sei macaquinha, mas não posso te deixar sozinha aqui. Isso é para os eu bem.

—Eu te amo, mamãe. Mas não quero deixar todos os meus amigos.

—Você pode vir visita-los quando estiver de férias, Tess, sei que isso pode parecer o fim do mundo, mas eu só estou pensando no seu bem. - disse, Tessa torceu a boca.

—Eu não sei.

A campainha tocou.

—Pensei um pouco e coma seus ovos, você vai ver que não é tão ruim assim.

Beijou a cabeça dela antes de sair para a sala, abriu a porta dando de cara com Barry.

—O que você está fazendo aqui? - indagou atónica, ele sorriu sem jeito.

—Deveria ter vindo a há alguns dias, mas Iris disse que era melhor lhe dar um tempo.

—Ah.

—Sinto muito por sua tia.

—Obrigada.

Eles ficaram em silêncio, um silêncio muito constrangedor diga-se de passagem.

—Posso entrar? - Barry perguntou, Caitlin balançou a cabeça voltando a realidade antes de abrir toda a porta e dar passagem. - O que você vai fazer com essa casa?

—Ainda não sei. - mentiu, sabia exatamente o que iria fazer, iria vende-la e todo o dinheiro seria destinado a poupança para a faculdade de Tessa, estava no testamento de Karen. - Você veio o aqui falar sobre o divórcio?

—Não, vim saber se você está bem.

—Oh. - às vezes se esquecia que Barry era um cavalheiro à moda antiga. - Obrigada por vir e eu estou bem.

—Que bom, me preocupo o com você, Cait. De verdade.

Sorriu para ele, mas então seu sorriso murchou ao lembrar do pequeno ser na cozinha.

—Barry, eu preciso te contar uma coisa. - começou sem saber exatamente como contar.

—O que?

—Senta. - disse apontando para o sofá. - Que um café?

—Adoraria.

Assentiu caminhando de volta para a cozinha, Tessa estava deixando seu prato dentro da pia quando ela entrou.

—Ok, eu aceito a sua proposta. - ela disse, Caitlin franziu a testa.

—Como?

—Eu aceito me mudar para Central City, mas com uma condição.

—Você não está em posição de ter condições, Tess. - falou colocando o pó de café na máquina.

—Eu quero saber quem é meu pai. É a única coisa que eu quero. - ela disse, Caitlin parou encarando-a, sabia muito bem o que estava se passando na cabeça da filha, para Tessa, ela havia a pego, porque Caitlin já havia falado milhões de vezes que não era necessário para ela saber quem era seu pai, então na pequena mente maligna de sua filha, elas não se mudariam porque ela nunca contaria a verdade, mas Cait tinha uma carta na manga ou na sala.

—Ok.

—Está bem, já que você não quer contar a gente fica por aqui mesmo.

—Tessa, eu disse que está bem. Eu conto quem é seu pai.

Tess a olhou abismada.

—Você está falando a verdade ou só quer me enganar?

—Ele está lá na sala. - falou e viu sua filha se engasgar com o ar que respirava.

—Aí meu Deus. Espera, o quê? Como assim lá na sala? O que ele tá fazendo aqui?

—Veio me ver.

—A quanto tempo você conhece o meu pai?

—É uma história meio complicada e eu vou te explicar, mas primeiro tenho que contar sobre você para ele. - disse. Tessa piscou perplexa. - Fiquei aqui, daqui a pouco eu volto.

—----

Barry observou a sala, havia quadros e porta-retratos, muitos tinham fotos de uma garotinha de cabelos cor de mel e olhos castanhos esverdeados. Ela era muito familiar para ele, às vezes essa garotinha aparecia com Caitlin, por outras com uma mulher mais velha de cabelos avermelhados, talvez Karen, a tia de Caitlin. Porém o que mais lhe chamou a atenção foi o quadro escrito com letras infantis Para a melhor mãe do mundo, dentro tinha uma foto de Caitlin e desta garota, parecia recente, pois o cabelo de Cait tinha o mesmo tom e o mesmo corte que ela atualmente usava.

—Barry?

Se virou assim que Cait entrou na sala, caminhou até ela e a ajudou a bandeja.

—Sua tia tinha alguma filha ou neta? - indagou, Caitlin mordeu o lábio inferior e negou com a cabeça. - Então quem é a garotinha nas fotos?

—Bem, era sobre isso que eu queria falar. - ela disse naquele tom que só usava quando era importante. - O nome dela é Tessa e ela é minha filha.

Ele franziu a testa e a encarou confuso.

—Como?

—Eu engravidei de Tess em uma viagem para Las Vegas a quase dez anos, a qual eu não me lembro de nada.

—Quem é o pai dela?

Caitlin o olhou usando aquele olhar que diz, Você é um idiota, né?. Então ele finalmente entendeu. Las Vegas. Quase dez anos. Ela não se lembrava de nada. Completo desconhecido. O casamento. A xícara caiu de sua mão se espatifando ao encontrar o chão.

—Sou eu?! - ela assentiu. - Como isso é possível?

—Você quer mesmo que eu te expliquei de onde os bebês vem?

—Caitlin! Eu quero dizer como isso - apontou freneticamente para eles dois. - Aconteceu.

—Simples dois jovens adultos bêbados em Las Vegas. Você acha mesmo que isso poderia dar certo?

—Por que você não me procurou? Ou não contou a verdade?

—Porque eu não sabia que era você. E eu não queria expor Tessa a realidade que vivemos. - Caitlin suspirou, então falou calmamente. - Ela é uma criança, Barry, não tem poderes, não sabe se cuidar sozinha.

Ele passou a mão pela nuca e a puxou pelo braço para uma abraço apertado.

—Eu sei. Eu sei. Não deixarei nada machucar ela. - prometeu. - Onde ela está?

Caitlin se afastou enxugando algumas lágrimas que insistiam em cair,sempre foi doloroso para ele vê-la chorar.

—Aqui. - ele levantou o rosto encontrando Tessa na porta que separava a sala da cozinha, ela tinha o cabelo enrolado em um coque e usava um pijama de unicórnios. Ela parecia tão pequena e frágil que ele instantemente sentiu vontade de protege-la. - Oi, eu sou a Tessa.

—Você é linda.

—É, eu sei. - ela disse ficando vermelha, ele riu. - Você é meu pai, tipo de verdade?

—Acho que sim. - falou incerto, estava nervoso e até um pouco trêmulo, olhou para Caitlin apenas fez um gesto para que Tessa se aproximasse. A garota então o surpreendeu, o abraçando. Ele retribuiu o abraço acariciando as costas dela com carinho. Fechou os olhos. - Você é tão linda.

—Acho que puxei isso a você. - ele riu, Tess se afastou, ela não estava chorando, mas ele podia ver um brilho diferente em seus olhos. - Posso te fazer uma pergunta?

—Claro.

—Você mora aonde?  

—Em Central City. - disse, a garota olhou para Caitlin e então para ele antes de correr para a escada. - Aonde você vai?

—Arrumar minhas coisas, estou oficialmente me mudando para Central City.

Franziu a testa e olhou para Caitlin, os dois riram.


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